História Dont Let Me Go - Cinco Garotos e Uma Proposta

- Como estão indo os preparativos para o Natal no orfanato, querida? - A voz de papai vinha da cozinha, onde ele preparada a famosa “carne com babata assada do papai Frank”.

Eu me encontrava sentada no sofá da sala, vestindo apenas camiseta, shorts e tênis. Meu cabelo estava uma bagunça e eu me afogava no pote de sorvete que eu tinha encontrado na geladeira.

Três dias tinham se passado desde a reunião de Simon com os diretores da Daily e, desde aquela infeliz segunda feira eu fiquei toda deprimida, sem conseguir passar pela MTV e sentir um aperto no peito toda vez que eu via o clip de Kiss You.

Hazel e Simon tentavam de toda forma me animar, falando que Cassie iria ficar feliz com qualquer presente que ganhasse.

Mas no fundo eu sentia como se eu tivesse falhado com a minha pequena.

E agora eu estava aqui, esperando pela comida deliciosa de papai para que eu me sentisse melhor. Sempre que eu tinha algum problema, eu corria para a minha antiga casa, pedindo para que papai cozinhasse para mim.

- Estão indo bem, papai. Martha até me ligou ontem, perguntando se eu iria mesmo lá na manhã de Natal ajudar com os presentes. – Digo, com um suspiro cansado.

- E como está a... Martha? - Papai começa a se enrolar com as palavras. – Quero dizer, ela está bem?

Descobri a algum tempo que papai gostava de Martha e aquilo me deixou realmente contente, pois eu nunca pensei que depois de divorciado e com seus cinquenta anos, papai iria se interessar em alguém novamente. Por isso, toda vez eu insistia para que ele me acompanhasse nas visitas do orfanato, mas ele corava violentamente e dava uma desculpa.

- Ela está ótima e até perguntou do senhor um dia desses... – Sorri ao ouvir o barulho de algumas panelas caindo no chão.

- Ah é? Bem, fale para ela que qualquer dia desses eu passo lá para dar um “olá” e ver como a minha Cassie está.

O homem alto, com cabelos castanhos claros ralos, um pouco gordinho e com olhos claros iguais aos meus saiu da cozinha, secando as mãos em um pano de prato e vindo se sentar ao meu lado.

- Eu não consegui realizar o desejo da Cassie, papai. – Sussurrei, deitando minha cabeça em seu colo e sentindo ele afagar meus cabelos, como sempre fazia.

- Não fique assim, Nora. Não é porque você não conseguiu realizar o pedido dela que você tem que se martirizar pelo resto da vida, querida! Você tem sorte de ter aquela menina em sua vida e ela também tem muita sorte de tê-la na dela.

Papai sempre sabia o que falar para me deixar melhor. Era incrível isso.

- Você é o melhor, papai. Eu já falei isso? - Pergunto, sorrindo e levanto minha cabeça para olha-lo.

- Você sempre fala isso, Nora. – Ele se levanta e me puxa pela mão. – Agora vamos comer, antes que a comida esfrie.

Nos sentamos na pequena mesa da cozinha e com um sorriso bondoso no rosto, papai me entregou um prato com uma porção generosa de sua comida. Levava a primeira garfada a boca, quando o som estrondoso da campainha nos assustou.

- Pode ficar, querida, eu vejo quem é. – Passei se levantou e foi até a porta, me deixando ali sozinha.

Tudo o que eu ouvi foram algumas vozes agitadas e logo em seguida, Simon entrou invadindo a cozinha e praticamente se jogando em cima de mim.

- Nora... Vamos... Nós temos... Que... Ir. –Sua voz estava ofegante e sua testa estava encharcada de suor.

- Simon, meu filho, você não quer sentar e tomar um copo de água? - Papai perguntou, me olhando questionador, mas eu apenas dei de ombros.

- Obrigado senhor Hayes... Mas eu e a Nora temos que ir!

- Simon, respire! Explique essa história melhor!

Comecei a abanar o garoto, que estava com o rosto completamente vermelho. Simon deu uma longa respirada antes de começar a falar.

- Nós temos que ir para a Daily agora mesmo, Nora! – Ele sorri de orelha a orelha. – Eu consegui uma entrevista com a One Direction!

Meu queixo caiu e meus olhos se arregalaram, sem acreditar no que Simon tinha dito.

- Mas... E os diretores? Eu pensei que... – Um sorriso enorme se abria em meu rosto.

- Quem liga para os diretores? O que importa é que eu consegui a entrevista e nós precisamos correr pois eles vão estar na redação da Daily em meia hora!

Olhei para papai, ainda incrédula, e recebi seu sorriso carinhoso e um aceno com as mãos para que eu fosse logo.

- Vá logo, querida. Boa sorte.

 Ele beijou minha testa, antes de eu correr para a sala, pegar minha bolsa e voltar para a porta, onde Simon me esperava, impaciente.

- Eu amo você, Simon. – Gritei, saindo pela porta e acenando para papai que ria de nós.

- Eu sei, Nora, mas é melhor você guardar se folego para os dez quarteirões até a Daily.

Dou risada, segurando em sua mão e o puxando pelas ruas movimentadas de Londres, enquanto as pessoas nos encaravam como se fossemos loucos.

Nunca corri tanto na minha vida.

Minhas pernas estavam bambas e no momento em que pisamos na redação eu tive vontade de me jogar no chão e morrer.

Eu estava indo para a minha primeira entrevista toda suada e melecada, mas espero que os anos de faculdade tenham servido para algo.

No elevador, enquanto tudo o que se ouvia era nossas respirações ofegantes, me voltei para Simon e agarrei seu pescoço, deixando um beijo demorado em sua bochecha extremamente vermelha.

- Não sei o que eu faria sem você, Simon! – Eu estava quase pulando de alegria.

- Me agradeça depois que eu recuperar meus pulmões, Nora. – Apenas dou risada.

Parada na frente de uma porta onde Simon disse que iria ser a entrevista, eu comecei a ficar nervosa, ouvindo vozes animadas dentro da sala.

- E se eles não aceitarem, Simon? - Pergunto baixinho.

- Pelo menos nós tentamos, não é? - Ele sorri, arrumando os óculos.

- É. – Antes de abrir a porta, dou um suspiro e olho para Simon. – Se você não estiver casado até os 35 eu prometo que me caso com você!

- Nora!

Dou risada com a cara feia de Simon e apenas giro a maçaneta, entrando na pequena salinha, onde cinco garotos que estavam sentados em um sofá de couro me encararam.

Os garotos que eu reconheci dos clips e das notícias do programa de fofoca favorito de Hazel sorriram para mim, enquanto eu me jogava na poltrona na frente deles, sentindo minhas panturrilhas gritando.

- Você está bem? Parece que está pronta para morrer! – A voz esganiçada de um dos garotos, que eu  achava que se chamava Louis, me fez olhá-lo.

Era óbvio que eles riam de mim, afinal, qualquer um faria isso se uma garota descabelada, vermelha e suada aparecesse na sua frente.

- Ah, oi. – Minhas bochechas coraram. – Eu... Estou bem sim, obrigada.

Não sei o porquê de eu estar tão nervosa.

- Bem, prazer eu sou o Louis e estes são Harry, Liam, Niall e Zayn.

Os outros garotos sorriram para mim e deram um “oi” em coro.

- Eu me chamo Nora, Nora Hayes. – Digo, ficando muda logo em seguida.

Dois pares de olhos azuis, dois pares de olhos castanhos e um par de olhos verdes me encaram, esperando eu me manifestar, mas tudo o que eu fiz foi sorrir nervosamente.

- Então, Nora...- O garoto de olhos verdes e cabelos encaracolados, de feições angelicais, tentou me incentivar a falar.

Chacoalhei minha cabeça e sai do transe em que eu me encontrava.

- Ok, me desculpem, é minha primeira vez e eu estou nervosa. – Digo, antes de começar a desembestar a falar. – Eu sei que falaram para vocês que isso iria ser uma entrevista, mas na verdade não é. Eu na verdade estou aqui para implorar uma coisa a vocês.

Novamente tudo ficou em silencio e os garotos começaram a se entreolhar, sem entender nada.

Finalmente o garoto loiro, de olhos azuis e bochechas vermelhas quebrou o silencio com uma pergunta.

- Por acaso você não está pensando em pedir para que a gente faça um streap tease, não é? - Seu sotaque irlandês engraçado me fez cair na gargalhada.

- O que? Claro que não! Juro que não sou nenhuma fã maluca que quer sequestra-los para transformar vocês em escravos sexuais.

- Isso é bem tranquilizante. – O moreno de topete disse, rindo junto com os outros.

- Então explique para nós o que você quer, Nora. – Dessa vez foi a vez do outros moreno, com cabelos curtos, falar.

Tomei folego antes de começar a contar toda a história.

- Eu faço trabalho voluntário há dois anos em um orfanato no subúrbio londrino e, todos os anos, no Natal, nós fazemos as crianças escreverem cartas para o Papai Noel com os seus pedidos, para que pessoas possam “adotar” as cartas e presentear a criança com o seu pedido. Eu sempre adoto a carta de uma garotinha, chamada Cassie, que tem quatro anos e esse ano ela fez um pedido um tanto “especial”, que foi conhecer a banda favorita dela, a One Direction.

Peguei minha bolsa do chão e procurei a cartinha de Cassie que estava ali desde a minha útima visita ao orfanato. Desamassei um pouco o papel e entreguei para o garoto de olhos verdes, que começou a estudar o desenho junto com os outros.

- Louis! Ela fez sua bunda igualzinha! – O loiro disse, apontando no papel e dando uma risada escandalosa.

- Fica quieto, projeto de irlandês! – Louis respondeu, dando um tapa na cabeça do pobre garoto.

Enquanto os meninos se dobravam de rir com o desenho de Cassie, fiquei estudando seus belos rostos.

“Eles são mais bonitos pessoalmente.”

Balancei minha cabeça, tirando aquele pensamento e pigarreei, tentando chamar a atenção deles. Dou um sorriso nervoso.

- Então... Vocês vão me ajudar com isso?

Continua...