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História Dont Let Me Go - Casal de Conto de Fadas


Escrita por: Mrscurly

Notas do Autor


Olá, lindas e lindos do meu coração!
Prometi e cumpri, fim de semana e mais um capítulo novo para DLMG.
Obrigada a todas que comentaram e favoritaram, e espero que gostem desse capítulo.
Obrigada também à minha mimosa (MrzMalik, me processe) que revisou esse capítulo pra mim mais uma vez.
Boa Leitura.

Capítulo 33 - Casal de Conto de Fadas


Fanfic / Fanfiction Dont Let Me Go - Casal de Conto de Fadas

Meus olhos se abriram.

Tão rapidamente como ao acordar com o despertador alto, ou após o clímax assustador de um pesadelo; mas naquele momento, eu poderia garantir que todo o meu ser estava em completa paz, e quando olhei para o teto, foi como se a tintura branca houvesse transformando-se em uma tela de cinema, onde momentos da noite anterior passavam.

Não me lembrava em qual momento paramos de observar o céu estralo do telhado do prédio, mas provavelmente o Sol já encobria as estrelas quando voltamos para meu quarto.

Agora, sentia meu corpo todo leve como uma pena, contra o edredom fofinho que cobria meu corpo, coberto apenas por minhas roupas íntimas, pois meu vestido encontrava-se amarrotada em cima de uma poltrona, junto com as roupas de Harry.

Ao pensar em Harry, e na noite maravilhosa que tivesse ontem, virei meu rosto para encontrar o rosto sereno do homem que dormia ao meu lado, com um dos braços relaxados por cima de minha barriga.

Um sorriso bobo formou-se em meus lábios, e eu simplesmente não conseguia entender como ele conseguia ser tão lindo.

Meus dedos, em um movimento impulsivo, percorreu a maçã de seu rosto, indo demoradamente para os cachos compridos que caiam aos montes pelo rosto de Harry. Com cautela, enrosquei nossas pernas nuas, e colei meu corpo o mais perto que consegui, sem acorda-lo.

Deixei beijos suaves em sua testa e bochechas, sentindo o cheiro de suor da noite passada misturado com o perfume que ele sempre usava.

Foi quando senti um sorriso se abrindo contra minha bochecha, e, rapidamente, afastei meu rosto, vendo olhos verdes observando-me de muito perto. Minhas bochechas coraram.

− Você não estava dormindo, não é mesmo, espertinho? – sussurrei, fechando os olhos ao sentir sua mão acariciando meu rosto.

− Não – ele respondeu, selando nossos lábios rapidamente em um beijo carinhoso. – O carinho que você fazia estava bom demais, não queria que parasse.

Com um sorriso no rosto, rolei até conseguir ficar sobre seu corpo, prendendo minhas pernas em seu tronco e levando minhas mãos até seus cabelos emaranhados.

− Não precisa acabar – murmurei, com nossos lábios praticamente colados.

As mãos geladas de Harry acariciavam minhas costas, enquanto eu unia nossos lábios em um beijo intenso, com nossas línguas acariciando uma à outra, sem nos importarmos de abafar os pequenos gemidos de prazer que nos escapavam, ao mesmo tempo em que minhas mãos puxavam com força os cabelos de Harry, e que seus dedos desciam e subiam pela minha coluna.

A temperatura parecia subir um grau a cada mordiscada que um de nós deixávamos no lábio do outro, ou a cada sorriso malicioso que era aberto em meio ao beijo, deixando tudo tão íntimo entre nós dois, como uma piada interna que apenas nós dois sabíamos.

O ar se fez necessário entre nosso beijo excitante, e eu apenas afastei nossos lábios o suficiente para tomar uma lufada de ar e começar a descer meus lábios pelo queixo bem desenhado de Harry, mordendo com leveza antes de ir em direção ao seu pescoço quente, deixando ali todos os chupões e beijos molhados que não havia conseguido dar na noite passada.

A respiração quente de Harry batia em meu ouvido, enquanto seus ofegos me deixavam cada vez mais excitada, fazendo com que mordidas fossem intercaladas entre os beijos e os chupões, levando Harry a apertar minha cintura com mais força.

− Acho que... – ele começou a dizer, com a respiração entrecortada, enquanto eu me separava dele, roubando-lhe alguns selinhos. − ...não deveria dizer então que seu canguru está na minha mala.

Rapidamente, ajeitei-me em seu peito, mordendo os lábios e batendo palmas como uma criança feliz, tentando fazer com que meu cabelo não caísse por cima do meu rosto.

Harry me conhecia bem demais, sabia que qualquer surpresa me deixava eufórica.

− Posso ver? – perguntei, controlando minha voz para que não saísse em um falsete animado.

− Preferiria que você voltasse a me beijar, porque você está muito gostosa mordendo o lábio, só de roupas íntimas e com os cabelos selvagens. – Ele levantou o tronco, apoiando-se pelos braços e roubando-me um selinho. – Mas pode ver.

Saí da cama como uma bala, indo até onde havíamos jogado a mala de Harry na noite passada, encontrando várias cuecas sujas e camisas emboladas, mas apenas depois de desbravar toda uma mala de roupas sujas e limpas, encontrei uma sacola de cor vibrante com um pequeno canguru estampado em branco.

Harry já estava sentando ao meu lado, quando me acomodei na ponta da cama, tirando o laço que fechava a sacola.

Meus olhos brilharam com o grande canguru de pelúcia que praticamente pulou em meu rosto, vestindo uma camisa praiana com flores, e uns óculos de Sol no topo da cabeça. Com toda certeza era o único bichinho de pelúcia da qual eu vira, que parecia um surfista.

− Que coisa mais fofa! – berrei, abraçando e esmagando o pobre bichinho. – Vai ficar ao lado da Sailor Moon.

Apontei a boneca que encarava-nos com um sorriso da minha escrivaninha, junto com milhares de pastas, papéis e livros.

− Que bom que gostou. – Ele abraçou-me de lado, beijando minha bochecha, enquanto eu estava ocupada demais arrumando a pequena camisa do meu novo canguru. – Na verdade, eu estava com um ursinho normal nas mãos, já na fila do caixa, quando Liam apareceu com esse canguru, dizendo que você gostaria mais.

− Liam estava totalmente certo – respondi, beijando-lhe a ponta do nariz, antes de ajeitar perfeitamente minha nova aquisição fofinha ao lado dos livros de Nicholas Sparks e dos boxes de séries.

− Então, talvez agora possamos voltar para a cama, e você poderia continuar a deixar marcas em meu corpo – Harry disse, apontando o próprio pescoço avermelhado em certas regiões e para os braços marcados de unhas.

− Você é um pervertido, Harry Styles – acusei, voltando até a mala dele, apenas para resgatar uma blusa limpa e a vesti, vendo-a bater muito para cima da metade da coxa. – Mas eu estou com fome, e acho que por sorte sobraram alguns pedaços da torta de pêssego de papai.

Puxei-o pela mão em direção à cozinha, rindo das tentativas de Harry de me agarrar por trás e me levantar do chão, entretanto eu debatia-me toda, fazendo que ele me soltasse mais uma vez. Mas, foi apenas no momento em que chegamos na sala, que um grito ensurdecedor fez com eu me assustasse, soltando um grito tão alto quanto o original.

Assim que finalmente saí de trás das costas de Harry, lugar em que me escondia do susto, voltei meu olhar para a pessoa maluca que ainda gritava em plenos pulmões, encontrando Hazel ainda de pijamas, olhando-nos assustada enquanto jogava almofadas em nossa direção.

Felizmente não haviam tantas almofadas.

− Por que está gritando, Hazel? – berrei, por cima de sua voz estridente, que agora cobria o rosto com o controle da televisão, ou tentava.

− Vocês são dois pervertidos! – ela gritou em resposta, apontando tanto para mim quanto para Harry, que olhávamos para ela com expressões confusas. – Ainda é de manhã, e eu realmente não queria começar o dia vendo Harry seminu.

− Eu estou de cueca – Harry se defendeu, levantando as mãos para cima, em rendição.

− E é exatamente a última coisa que eu gostaria de ver na minha vida – Hazel resmungou, olhando para nós dois com uma expressão de nojo que me fez gargalhar.

− Talvez devêssemos voltar para o quarto e fazer algum barulho, Harry – cantarolei, segurando o riso enquanto via Haz arregalar os olhos.

− Bem alto – ele completou, abrindo no rosto uma expressão maliciosa.

− Eu pensava que vocês dois eram um casal fofo, mas são dois maliciosos! – Hazel reclamava, enquanto tanto eu como Harry ríamos até ficarmos vermelhos e sem ar.

Hazel revirou os olhos, voltando a assistir o programa de celebridades apresentado pela ruiva siliconada, enquanto Harry e eu íamos para a cozinha, ainda rindo como duas crianças. Quando parei na porta da geladeira, percebi que meus olhos estavam úmidos com pequenas lágrimas de riso que me escaparam.

Vi Harry sentar na bancada da cozinha, enquanto eu me debruçava para dentro da geladeira, afastando os pacotes de comidas dos mais variados restaurantes que haviam sobrado de noites passadas e algumas garrafinhas de água, mas não encontrei o pote em que meu pai havia guardado os pedaços de torta.

− Hazel! Você comeu a torta de pêssego que estava na geladeira? – gritei, fazendo com que Harry pulasse da bancada.

− É claro! É a torta do seu pai, sabe que não consigo resistir. – Revirei os olhos ao ouvir aquilo, percebendo que não havia mais nada para comer, que não precisasse ser preparado.

Fui em direção à Harry, parando entre suas pernas, envolvendo seu pescoço com os braços e deitando minha cabeça em seu peito, sentindo meu corpo mexer em compasso com sua respiração calma. Eu poderia passar o da inteiro daquela forma caso não estivesse com tanta fome.

− Eu estou com fome, mas acho que tenho preguiça demais que cozinhar alguma coisa – murmurei com minha boca colada no peito de Harry, entre as tatuagens de pássaros.

− Podemos sair para tomar café em algum lugar – ele respondeu, acariciando meus cabelos lentamente. – Mas você não deveria estar no trabalho?

Lembrei-me de que era uma segunda feira preguiçosa, e naquela hora, eu já estaria sentada na minha saleta da redação, com o barulho dos teclados martelando em minha cabeça.

− Pedi uma folga para Simon hoje, por causa do seu aniversário ontem – expliquei, afastando meu rosto de seu peito e lhe roubando um selinho rápido. – Sabia que não conseguiria ir trabalha no dia seguinte.

− Faz sentido – ele murmurou, tomando meu rosto em suas mãos, acariciando minha pele arrepiada. – Mas e Hazel?

Ouvi um grito vindo da sala, ao qual consegui distinguir como sendo um: “Justin Timberlake, você é um tesão!” Sabia o quão Hazel se empolgada vendo seus programas, mas ainda sim gargalhei baixinho.

− Eu não sei exatamente como é a grade de horários da Hazel, que ela mesma fez, mas acho que hoje ela se deu uma folga – expliquei, ouvindo mais uma vez um grito empolgado, sem conseguir distinguir as palavras. – Mas não íamos sair para comer? Ainda quero passar no orfanato hoje, preciso conversar com Martha.

− O que houve? Cassie está bem? – O tom preocupado de Harry fez com que eu abrisse um pequeno sorriso, vendo minha mente viajar para uma cena que parecia me perseguir com mais frequência a cada dia.

− Ela está ótima, mas fui no orfanato quando você estava viajando e parece que apareceu um casal interessado em adotar Cassie, e eu tenho medo de que eles a levem para longe de mim. – Resumi toda a história, na tentativa de não me abater. – Isso é egoísmo?

Minha mente passou a ser tornar uma divisão entre o que parecia o melhor para Cassie e o que eu realmente achava que era o melhor para ela.

− Claro que não, amor, você é apegada com Cassie, não quer se separar dela, mas tem que pensar que ela é uma menina que merece uma família.

Assenti com tristeza, guardando para mim o pensamento dolorido que me invadiu: “Eu deveria ser a família dela.”

Puxei Harry de volta para o quarto, indo em direção ao banheiro para tomar um banho rápido, quando uma mão envolveu meu braço, impedindo-me de continuar andando.

− Não vai me chamar para o banho? – A voz rouca de Harry me fez arrepiar, sentindo seus lábios colados em meu ouvido.

− Só se você se comportar – respondi, virando para ele e sendo acolhida em seus braços, selando nossos lábios rapidamente antes de puxá-lo para o banheiro.

Despimo-nos rapidamente, e eu me senti sendo puxada por Harry, pela cintura, indo parar exatamente onde a água gelada caía, soltando um gritinho estridente, enquanto ele envolvia minha cintura com os braços e selava nossos lábios em um beijo lento e demorado, enquanto a água deixava nossos corpos cada vez mais escorregadios.

Passamos longos minutos apenas nos beijando e abraçados, terminando o banho logo depois que consegui lavar meu cabelo descentemente, sem Harry tentando me puxar para mais um beijo enquanto minha cabeça era um emaranhado de espuma e mechas loiras.

Vestia minha calça jeans preta enquanto observava Harry buscando roupas limpas em sua mala, empilhando camisas e calças em uma mão, enquanto a outra segurava a toalha presa em seu quadril, entretanto quando Harry levou a mão pega pegar um par de meias, o nó se desfez e a tolha caiu, deixando para mim aquela bela visão.

Abri um sorriso malicioso, colocando a regata branca e levinha que eu segurava, indo em direção à Harry, apertando sua bunda, indo pegar minha escova de cabelos logo em seguida.

− Ei! – ele protestou, vestindo a cueca enquanto me olhava com um falso olhar indignado.

− Você tem uma bela bunda, não fique tão comovido. – Revirei os olhos, vendo-o rir baixinho enquanto vestia a calça rasgada e a blusa preta de mangas até os cotovelos.

− Depois eu sou o pervertido – Harry resmungou, passando as mãos pelos cachos, deixando-os bagunçados como sempre.

− Você é – conclui, terminando a trança em meus cabelos e calçando as sapatilhas.

Voltamos para a sala, e enquanto pegava minha bolsa e minhas chaves, Hazel parecia muito ocupada jogando vídeo game para nos perceber.

− Hazel, nós vamos sair para tomar café, você quer ir junto? – perguntei, balançando as mãos em uma tentativa de lhe chamar a atenção.

− Estou jogando meu novo God of War, Nora, ninguém vai me tirar dessa casa hoje. – Enquanto falava, Hazel mexia o controle do Xbox com uma violência desnecessária.

− Você está passando muito tempo com o Simon, sabe disso não é? – Olhei cética para minha amiga vidrada na tela da televisão, pegando a mão de Harry e indo até a porta.

− Também amo você, Nora. – Foi a última coisa que ouvi antes de fechar a porta e entrar no elevador que Harry segurava.

O caminho até a pequena padaria que Harry estava me levando foi tranquila, ele estava no volante e uma música animada tocava no rádio, a capota estava abaixada para o dia ensolarada e meus pés descansavam em cima do painel, enquanto meus braços estavam para o ar e minha voz cantava alto a música.

A padaria se espremia entre grandes prédios de uma avenida, e na calçada, um senhor de boina varria a entrada com capricho e zelo.

− Mais tranquilo que o Starbucks – Harry disse, estacionando o meu carro em uma vaga apertada.

Sentamos em uma mesinha delicada perto das janelas, e rapidamente uma senhora gorducha e de cabelos brancos veio em nossa direção, sorrindo como uma avó. Pedi o pedaço de bolo mais calórico que ela tinha, junto com xícara de chocolate quente, sendo acompanhada por Harry no pedido.

Ficamos conversando com o velho senhor enquanto esperávamos pelo pedido, e ele nos contou a história daquele lugar, que nasceu de um amor proibido. Ela era portuguesa, filha de um fazendeiro muito rico, e ele trabalhava para a família, escondendo o amor que tinha pela filha mais nova.

Eles queriam se casar, mas o pai não permitia.

Justaram economias por meses, até que em uma noite, ele raptou a moça do quarto, fugindo juntos para o porto, onde um barco para a Inglaterra já estava para sair. Compraram a padaria de um aposentado, e criaram os cinco filhos com a renda daquele pequeno lugar, que continuava intacto desde aqueles tempos, exibindo fotos em preto e branco da grande família.

Quando a velha senhora chegou com os pedidos, eu segurava um pequeno guardanapo úmido, secando as pequenas lágrimas que me fugiam.

− Aproveitem a comida, queridos – a velha mulher disse, abraçando o marido de lado e recebendo um beijo na bochecha, saindo em direção ao balcão e nos deixando a sós.

Olhei para Harry e ele sorriu com covinhas para mim, pegando minha mão por cima da mesinha, unindo nossos dedos.

− Quero que nós dois sejamos igual eles – ele murmurou, beijando a palma de minha mão.

− Quer me raptar do meu pai no meio da noite? – perguntei, fazendo um biquinho que o fez gargalhar.

− Espero que não seja realmente necessário, com toda certeza nós seríamos pegos antes de chegamos à esquina. – Gargalhei, confirmando com cabeça aquela ideia maluca. – Mas quero que nosso amor continue forte como o deles.

− Vai ser – confirmei, antes de levar a xícara até os lábios.

Despedimo-nos com carinhos do casal, saindo para o dia ameno que fazia, voltando para o carro e indo em direção ao orfanato.

Segunda não era um dia com muito movimento no orfanato, mas assim que paramos na porta do grande prédio, percebi um sedã estacionado não muito longe de nós, e nenhuma criança brincava no jardim, o que só podia significar que estava havendo uma visita.

Segurei a respiração, tentando controlar minha vontade de sair correndo.

− Está tudo bem, amor. – Harry devia ter percebido meu nervosismo, pois apertou minha mão enquanto entravamos no orfanato.

Os corredores estavam vazios, o que me fez pensar que todos estavam no grande salão principal, mas o cheiro de cookies denunciou Martha, e puxei Harry em direção à cozinha, entrando e vendo a mulher de cor tirando uma enorme fornada de biscoitos com gotas de chocolate.

− Nora! Harry! O que fazem aqui em uma segunda feira? – Ela veio em nossa direção, tirando as luvas térmicas com gatinhos, abraçando-nos de uma vez só.

− Eu estou de folga hoje e pensamos em fazer uma visita – comecei a dizer. – Mas também queria conversar sobre...A adoção de Cassie.

Pelo olhar que Martha havia me lançado, soube que as notícias não seriam as melhores para mim, e rapidamente sentei-me no balcão da cozinha, com Harry ao meu lado, abraçando-me.

− Eles estão aqui agora, Cassie está muito empolgada e os arrastou para o salão principal, estavam brincando da última vez que fui olhar, parecem felizes, Nora – Martha disse, cruzando os braços e suspirando pesadamente.

− E eles já falaram alguma coisa sobre oficializar a adoção? – perguntei, desesperada, sentindo os dedos de Harry acariciando meus braços.

− Ainda não entraram com o processo de adoção, é uma coisa muito burocrática, mas o advogado deles já veio aqui semana passada – ela explicou, nos entregando um pratinho com cookies.

− Vai acontecer mesmo, não é, Martha? – Senti minha voz ficar cada vez mais fina, e minha respiração estava descompassada.

− Eles parecem muito certos sobre a Cassie. – Ela desamarrou o avental, colocando os outros cookies em uma forma maior.

− Isso não deveria estar acontecendo. – Desabei, tampando o rosto com as mãos e soluçando.

− Nora, talvez nós podemos fazer alguma coisa – Harry quebrou o silêncio, embalando-me em seus braços. – Tudo isso vai demorar, você terá tempo com Cassie, e podemos conversar com o casal e pedir para você visitar ela depois da adoção.

− Harry tem razão, Nora...

Levantei o rosto, sem me importar com as lágrimas gordas que caiam pelo meu rosto, e encarei Harry, olhando fundo nos seus olhos verdes.

− Não era isso que eu queria para ela – sussurrei, vendo seu rosto adquirir uma expressão espantada, e soube que naquele momento ele havia entendido tudo.

− É o melhor para ela, Cassie não deveria passar toda a infância dentro de um orfanato – Martha disse, solene, pegando a forma de cookies. – Nenhuma criança deveria.

Soube que aquela conversa estava encerrada, portanto ajudei Martha a levar a comida para o salão, sendo seguida por um Harry silencioso.

Meu coração apertou quando vi Cassie sentada ao lado de um casal muito bonito, brincando com a boneca dada por Harry. A mulher era ruiva e tinha cachos sedosos, o rosto branco e cheio de sardas deixava-a com a aparência de mais jovem, e o homem era charmoso, com o cabelo castanho perfeitamente penteado, e com sorriso nos lábios enquanto fazia cócegas em Cassie.

Mas no momento em que os olhos da menina se encontraram com os meus, ela abriu ainda mais o sorriso, deixando a boneca e o casal para trás, e correu em minha direção.

Abri os braços para acolhe-la em meu colo, afundando meu rosto em seus cabelos castanhos claros.

− Nora! – Seu gritinho infantil me fez sorrir, beijando-lhe as bochechas.

− É tão bom te ver, minha princesa – murmurei, acariciando suas bochechas coradas.

 − Harry! Você voltou! – Cassie saltou do meu colo para o de Harry, agarrando com força o pescoço dele.

− Estive com saudade de você, pequenina – Harry disse, tocando com carinho o nariz da menina, que fez uma careta e sorriu.

− Nora disse que você estava naquele país com nome engraçado – ela disse, brincando com os colares que pendiam no peito de Harry, uma mania que se parecia muito com a minha.

− Estávamos fazendo um show – ele explicou, tocando as mechas lisas do cabelo da menina, olhando rapidamente para mim com um sorriso.

Seu olhar com milhares de significados encheu meu peito.

− Viu os “cangulus”? – As palavras se embaralharam na boca da pequena menina, e eu sorri.

− Vi vários, e até trouxe um para você. – Harry me pegou desprevenida com aquilo, deixando-me surpresa em saber que ele havia lembrado de Cassie.

Parecia que havia mais uma garota especial em sua vida, o que me fez querer abraça-lo e beijá-lo bem ali. Ele havia tomado Cassie como sua assim como eu.

− Onde está? – ela cantarolou, batendo palminhas, mas Harry fez uma cara triste.

− Ficou na casa de Nora. – Ele fez um pequeno bico fofo. – Posso te trazer na próxima vez?

“Clalo” – Cassie respondeu, abraçando Harry. – Obrigada.

− Não a de quê, princesa. – Com um beijo na bochecha da menina, Harry a colocou no chão, e ela correu em direção ao casal, que agora vinha em nossa direção.

 Em minha mente, eles seriam como os monstros malvados dos contos de fadas, mas a mulher sorriu com carinho para mim e o homem cumprimentou Harry com um aperto de mão.

− Nora, esses são Frances e Johnny – Martha nos apresentou, com um sorriso simpático.

− Você é a Nora de que tanto minha pequena Cassie diz? – Sua voz era melodiosa e ela não parecia nem de longe a bruxa dos contos de fadas, mas sim a rainha de um castelo.

Entretanto, a palavra “minha” que saiu de seus lábios fez com que eu tivesse vontade de fazer uma careta, mas consegui apertar sua mão estendida e sorrir.

− Exatamente, faço visitas nos sábados e ajudo Martha com as crianças. – Cumprimentei Johnny com outro sorriso e aperto de mãos. – Cassie também vem falando de vocês com frequência.

− Deve estar contente em saber que queremos dar uma família para Cassie – Johnny disse, pegando Cassie em seu colo, beijando-lhe a cabeça.

− Claro que sim. – Percebi que minha voz saiu baixa e raspada, e meu sorriso já não existia, mas graças a Harry que me abraçava de lado, conseguimos salvar a situação.

− É muito bom ver que ela está tão feliz – Harry disse, apertando minha cintura onde sua mão tocava.

− Nosso advogado voltará aqui ainda essa semana, Martha, conseguimos entrar em contato com a assistente social do bairro e ela virá junto, para acertar os papéis com você. – Frances sorriu, acariciando os cabelos de Cassie, voltando a olhar para nós. – Sabem como tudo é muito burocrático nesse país.

− Precisamos ir agora – Johnny cortou Frances, olhando para o relógio e colocando Cassie no chão. – Estamos de mudança para uma casa maior, com mais quartos e espaço para nossa pequena menina.

− Vão voltar? – Cassie perguntou, sorrindo para o casal.

− Assim que der, anjinho – Frances respondeu, beijando a testa de Cassie e despedindo-se de nós.

Quando Martha voltou para o salão principal, depois de levar o casal até a porta, apoiei meu rosto no peito de Harry e tentei esconder o choro.

− Nora, está “cholando”? – A voz de Cassie estava baixinha e senti sua mãozinha puxando meu jeans.

Limpei o rosto e recebi um beijo rápido de Harry, voltando para Cassie com um sorriso.

− Estou, meu amor, mas é um choro de felicidade, você vai ter uma família em breve. – Agachei-me até ficar em sua altura, abraçando seu corpinho.

− Papai e mamãe são muito legais. – Tentei controlar o que aquelas palavras fizeram comigo.

Passamos a manhã inteira com Cassie, brincando com a menina elétrica, e depois de nos despedirmos, voltamos para meu apartamento, já sem a mesma felicidade de manhã. Nem mesmo Harry conseguiu me consolar, portanto ficou apenas acariciando minha perna, enquanto dirigia.

Hazel deveria ter saído para comer, pois o apartamento estava vazio, mas a televisão ainda mostrava uma cena do jogo sanguinário, ainda pausado onde ela havia parado.

Desabei no sofá e afundei meu rosto em uma almofada, vendo Harry ir em direção ao quarto, voltando rapidamente com um grande envelope branco em mãos.

− O que é isso? – perguntei, vendo-o sentar ao meu lado, puxando-me para o seu colo.

− É uma coisa que eu venho planejando desde que nos conhecemos, e agora que finalmente estou de férias, talvez possamos realizar um sonho seu – ele murmurou, entregando-me o envelope.

− Meu sonho? – Olhei-o assustada, sentindo meu coração bater.

− Lembra-se do nosso jogo de perguntas e respostar? – Sorri, lembrando-me da tarde que passamos sentados na porta do meu apartamento. – Você disse que o lugar que você mais queria conhecer era a Irlanda.

Arregalei os olhos, praticamente rasgando o envelope em minhas mãos, encontrando ali duas passagens para Dublin e reservas para hotéis e até para um carro. Tudo estava ali em minhas mãos, e eu fiquei pensando a quanto tempo Harry vinha planejando tudo aquilo.

− Harry! – Minha voz saiu em um misto de emoção e espanto, e eu tapei minha boca, olhando-o com meus olhos brilhando, vendo-o sorrir e acariciar minha bochecha.

− Diga que gostou, está tudo pronto, só precisamos ir, o voo é para sexta feita e passaremos uma semana lá. – Ele beijou minha testa, descendo para a pronta do nariz até chegar em minha boca, onde deixou um beijo. – Sei que você tem seu trabalho, mas não é fácil para mim ter férias, e talvez Simon posso lhe dar mais alguns dias de folga.

− Harry, onde foi que eu encontrei você? – cortei-o, tomando seu rosto com as mãos. – Você é perfeito.

Selei nossos lábios mais uma vez, iniciando um beijo intenso, onde nossas línguas brigavam por hegemonia. Minhas mãos acariciavam seus cachos e ele passava as mãos pelas minhas pernas em volta de sua cintura.

Depois de alguns minutos, apenas aproveitando a sensação daquele beijo, Harry nos separou, olhando-me sério.

− Mas, e Cassie?

E foi quando percebi que, caso aceitasse a viagem, estaria entregando Cassie para o casal, pois não teria como eu fazer coisa alguma para lutar por minha menina, enquanto estivesse na Irlanda com Harry.

Continua...


Notas Finais


Hey, hey!
Espero que tenham gostado desse capítulo, pois DLMG está chegando na reta final! OMG, estou chorosa.
Não deixem de comentarem o que acharam, e até final de semana que vem!
Xoxo, Gabi G.


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