Medo. Ele me sufoca e me cobre, me tira a visão e meus pensamentos ficam nublados. Enquanto corro, é somente nisso que penso, sem saber onde estou e sentindo cada vez mais sucumbindo ao medo.
Está tão escuro. Sinto dificuldade em correr, algo pesado em meu corpo me deixa lenta, não consigo correr o suficiente. Nunca parece rápido o suficiente quando o medo te domina.
A escuridão some de repente. Do escuro vou para um lugar iluminado e cheiro de pessoas.
Meus olhos vagueiam pelo lugar, pelos candelabros com velas e cristais no teto, pelas mulheres bem vestidas com seda, os homens as tirando para dançar no meio do salão. Todos sorriem, todos parecem felizes nessa aura quente e diferente, com uma música calma de violinos e piano ao fundo, todos com suas bebidas e risadas ecoando pelo salão iluminado pelos lustres.
Olho para mim mesma. O peso que senti antes é um vestido vermelho sangue, sua saia pomposa me rodeia bordada e perfeita. Sorrio, é lindo, mas há algo estranho, não parece certo...
Algo frio toca minha nuca e sobressalto-me, virando-me rapidamente, e um homem alto me olha.
Seu cabelo negro cai perfeitamente ao redor do seu rosto, seus olhos castanhos parecem refletir o dourado das velas e seus lábios cheios e rosadas estão repuxados em um sorriso de lado.
- Me daria a honra dessa dança, senhorita? – Ele pega minha mão e pressiona seus lábios frios contra meu pulso, seus olhos nunca se desviando dos meus.
- Claro, senhor.
Ele sorri e me conduz pela cintura até o meio do salão. Ele segura minha mão direita e a outra pousa em minha cintura, guiando-me em uma dança calma. Meus olhos se perdem ao redor, nas pessoas, nas roupas, em tudo, que parece tão certo e errado ao mesmo tempo...
Volto a olhar em seus olhos quando ele puxa meu rosto para si, mas logo o olhar é cortado seus olhos descem. Fixo-me nele, em seu rosto é tão modo belo que imagino se ele é real.
Realmente não consigo parar de olhá-lo, e ele correspondia me olhando profundamente, mas repetidas vezes seus olhos descem para o meu pescoço.
- Algum problema senhor?
- De modo algum, senhorita, porque perguntas?
- Não pude deixar de reparar que o senhor olha repetidas vezes para o meu pescoço.
- Oh. – Ele diz sorrindo e então murmura: - Estava admirando seu colar.
Desço meus olhos para o meu colo e não encontro colar algum. Franzo minha testa e olho para ele.
- Foi uma desculpa muito esfarrapada, perdão. – Ele responde meu olhar, e então seu rosto se aproxima do meu: - Você quer a verdade?
- Sim.
- Eu quero você.
Fico olhando para ele, autônima, sem reação. Ele sorri mais ainda e pega minha mão, me guiando para longe da pista, das pessoas, para um canto do salão onde estamos sós.
- A senhorita me daria essa honra?
Sua voz é sedutora, e vejo-me envolvida por ele. Ele se aproxima, seus olhos quentes e com volúpia, seus dedos frios acariciando minha bochecha e descendo até minha nuca, sua outra mão em minha cintura me puxando para si.
Ele me inclina levemente e deposita um beijo casto em meu pescoço, seus lábios frios fazendo-me arrepiar totalmente, e quando seus olhos se voltam aos meus, vejo novamente a pergunta neles.
- Sim.
Ele sorri e fecho os olhos quando sinto seus lábios frios em meu pescoço. Sua língua fria passa pela minha pele, e então sinto uma dor aguda no local.
Mas antes dele descer seu rosto para meu pescoço, em seu sorriso eu os vi, dois dentes se saindo pontiagudos. Dois caninos longos e pontiagudos.
A dor se dissipa e ele volta-se pata mim, seus lábios sujos de sangue. Ele sorri e então me beija nos lábios, e sinto o gosto de sangue em minha boca. O gosto é bom.
Acordo sobressaltada. Sento-me na cama e olho para o despertador, os números 3:30AM brilhando no escuro. Estou suando e ofegante, mas volto-me a me deitar, caindo na inconsciência novamente.
Olho pela janela do meu quarto. Ela está com uma brecha aberta, aquela que eu nunca consigo fechar porque está emperrada.
Mas então dedos aparecem e a levantam, um corpo passando por ele e eu sorrio enquanto ele vem até mim na cama, suas mãos segurando meu rosto e seus lábios nos meus, seu corpo caindo sobre o meu na cama.
Nossos lábios se separam em um estalo gostoso que ecoa pelo quarto, e observo seu rosto. Seu cabelo negro caindo úmido sobre sua testa e seus olhos brilhantes me olhando com ternura.
Ele veio, penso enquanto corro meus dedos pelo seu cabelo.
- Eu disse que viria. – Ele diz sorrindo, tomando meus lábios novamente.
Seus beijos descem pelo meu queixo e meu pescoço. Seguro seu cabelo em meus dedos e suspiro enquanto ele suga minha pele, suas mãos percorrendo meu corpo e quando uma segura a parte interna da minha coxa e a aperta, solto um gemido pelos meus lábios.
Pela segunda vez acordo sobressaltada. Não me lembro exatamente do primeiro sonho, mas do último eu definitivamente me lembro.
Levanto-me, irritada por ainda ser cinco e meia da manhã, mas eu definitivamente não tentarei voltar a dormir e ter sonhos com um cara que mal conheço!
Começo a arrumar a casa, descontando minha frustração no piso tentando me distrair, mas apesar de um pouco, não consegui tirar os sonhos da minha mente.
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