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História A Última Gota - Parte II - Capítulo oito


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Espero que gostem (:

Capítulo 9 - Parte II - Capítulo oito


Uma floresta! F-l-o-r-e-s-t-a! To feito.

A cornucópia está bem a minha frente, recheada de coisas, dentro dela vejo uma espada me esperando. A área da cornucópia é um grande descampado, as arvores formam um circulo envolta, mas a mais próxima deve estar só a uns 400 metros. O circulo de arvores se quebra no que imagino ser o norte, onde há um lago calmo. É praticamente idêntico à Arena do ano passado, exceto pelo ar. Pesado e úmido.

A contagem começa num painel acima do chifre de metal. São sessenta segundos e quem sair da plataforma antes disso explode. Observo os outros tributos e automaticamente caço meus aliados. Violet está na minha diagonal. Aquela é a Violet que ontem conversou comigo durante quase toda a madrugada? Que riu comigo? Acho que não, sua expressão é séria, totalmente diferente e tensa... Parece que a noite de ontem aconteceu à séculos. Ryan está a uns dois ao lado esquerdo dela, Revlon três a minha esquerda.

“45...”

A espada, eu preciso daquela espada.

“30...”

Meus olhos se encontram com os de Violet rapidamente e ela volta a focar num machado que está do lado de fora da Cornucópia. Sei que aquele machado é pra ela.

“20...”

Já escolho os que vão morrer primeiro, distrito doze que me aguarde.

“10...”

É agora.

“9...8...”

A espada, eu tenho que pegar a espada. Ela está lá para mim, para que eu dê o meu show.

“7...6...”

Tenho que tomar cuidado, outros vão querer me matar antes que eu chegue lá. Todos sabem o que eu quero, todos conhecem meu jogo.

“5...4...3...2...1...0”

O gongo soa e saio correndo o mais rápido que posso, em segundos chego a Cornucópia, minha mão alcança a bainha espada e eu me viro, quero começar a brincar. Um garoto do nove está a minha direita correndo para uma mochila amarela. Corro atrás dele que se vira, tropeça e cai. Minha espada perfura seu abdômen e o sangue espirra no chão todo enquanto ele se debate. Procuro os tributos do doze, mas não os vejo, avisto a menina do seis pegando comida dentro da cornucópia. Vou andando até ela e com um só golpe corto seu pescoço. Distração mata, acho que ela não sabia disso.

Na mesma hora uma faca se finca do meu lado e quando me viro só tenho tempo de me abaixar, porque outra afunda perto de onde estaria minha cabeça. Uma menina do distrito onze está com uma dúzia de facas na mão, mas antes que eu possa sair dali e fugir de suas facas ela congela com uma mão erguida, outra lamina já preparada. Seu corpo cai inerte no chão, com as costas abertas.

Violet está parada com um machado ensangüentado nas mãos. Ela me olha com uma expressão intensa e depois sai correndo atrás de um garoto.

Saio correndo de novo, mas só pego o garoto do dez e ele cai no chão com minha espada fincada em suas costas. Retiro-a, limpo o sangue na calça e então percebo que a cornucópia está vazia. Não totalmente, agora só estamos ali eu, Violet, Revlon e Kaya.

Os cabelos de Violet estão bagunçados, sua roupa, suas mãos e o machado que ela pegara estão cheios de sangue. Ela vem até mim arrastando-o pelo chão enquanto pula cadáveres aqui e acolá.  A Violet inocente deixou de existir totalmente, está morta, morta pela nova Violet assassina.

Revlon tem uma adaga suja nas mãos, seu rosto está arranhado e tem manchas de sangue. Parece que ela teve de lutar com alguém.

Kaya está segurando uma clava cheia de pregos numa das mãos e uma faca na outra, a manga de sua blusa está destruída.

- É impressão minha ou matamos absurdamente pouco? – ela pergunta vendo o estrago em sua roupa.

- Não, não é impressão sua. – diz Violet. – Parece que eles aprenderam a escapar daqui. Nem deixaram a brincadeira ficar boa.

- Uma pena... o banho de sangue é tão divertido! – exclama Ryan saindo de trás da cornucópia, ele tem uma foice com sangue nas mãos, mas parece incrivelmente intacto. – Quem vocês pegaram?

- Masculinos dez, nove e a menina do seis. – digo.

- A menina do cinco e o garoto do doze. – diz Kaya.

Não posso evitar sorrir, a garota quente e o conquistador não conseguiram safar um dos seus.

- Só o garoto do quatro. – diz Ryan. – Foi mal Kaya.

Ela da de ombros.

- Ele era um fraco. Revlon qual foi seu saldo de sangue?

- A do oito, ela me deu trabalho, sabia lutar bem. Violet?

- A do onze e o menino do seis.

Silencio.

- Perai, - diz Violet. – não ta faltando alguém?

Todos paramos pra contar e realmente está, só estamos em cinco.

- Owen e Jay... – digo a raiva já borbulhando. – O moleque fugiu com a irmã, disse que ia se aliar só pra se safar do banho de sangue.

- Eu vou atrás dele... – diz Ryan.

Violet o detém.

- Não vai ser preciso.

Um garoto de camiseta laranja vem andando do meio das arvores até nós com uma lança nas mãos.

- Onde você tava, idiota? – pergunta Revlon ríspida.

- Peguei o do onze. – ela diz baixo. – Ele correu pra floresta.

Nós nos olhamos desconfiados, até que os canhões começam e nós ficamos em silencio. Cada um conta mentalmente.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze... Onze tiros ao todo, onze mortos até agora.  Onze?

- Onze... – Violet sussurra. – Cadê a sua irmã, Owen?

Ele abaixa a cabeça e a voz sai embargada.

- Onze, a menina que tava com as facas.

Silencio pesado, Jay havia morrido. Ninguém ali havia ficado amigo dela, na verdade nem a queríamos na aliança, mas ela era irmã de Owen. A dor dele pesa a voz. Imagino se fosse comigo, se Gabe fosse para a arena e morresse, eu morreria junto.

Violet levanta a cabeça de Owen com uma mão e balança a cabeça negativamente.

- Considere como se ela já estivesse vingada, - ela mostra o machado em sua outra mão. – eu mesma matei a onze com isso. Agora fique firme por ela, ok?

Seu tom de voz era calmo e sua expressão que antes estava tensa se abrandou. Com certeza ela teve o mesmo pensamento que eu e imaginou suas irmãs no lugar de Jay.

Owen assentiu e Violet se afastou dele em direção à Cornucópia.

- Agora temos que dividir as coisas! – ela gritou já um pouco distante.

Nos encaminhamos para o chifre de metal dourado. Há de tudo lá: mais armas, comida, recipientes de água, sacos de dormir, barracas de acampar, remédios, isqueiros... Existem mais coisas afastadas mais perto da floresta há mochilas espalhadas também, mas com coisas mais insignificantes, quanto mais longe da Cornucópia menos valor tem.

- Porque não ficamos aqui, acampamos e deixamos tudo aqui dentro?

Violet lança um olhar critico à Revlon.

- Pra vir alguém e destruir tudo? Cato sabe bem como isso aqui funciona, decidimos que é melhor levar tudo o que precisarmos.

Revlon e os outros me olham.

- É, eu e Violet conversamos e decidimos que é melhor pegarmos tudo e dividirmos entre nós, têm umas mochilas bem grandes, cada um leva duas ou quem sabe três... É melhor. Menos arriscado.

Kaya e Owen assentem e começam a procurar mochilas – to gostando desses dois. Revlon parece ligeiramente irritada por eu ter tirado sua razão, mas segue os outros mesmo que relutante. Ryan olha pra mim e diz rabugento:

- Vocês bem que podiam avisar quando decidirem coisas. Ou pelo menos consultar os outros...

Ele ainda tem remorso porque eu e Violet aumentamos a aliança sem pedir a opinião dele e de Revlon.

- E porque faríamos isso? – retruco. – Eu já estive aqui uma vez, acho que sei mais que você.

- Acha que vai ser o líder, então?

- Eu não acho, eu vou. Sou eu quem sei tudo disso aqui e não você, caso esteja pensando em liderar todo mundo....

Ele dá um passo em minha direção. Minha vontade é de cortar o pescoço dele agora mesmo, eu já havia sentido que ela me daria trabalho. Um Ryan morto resolveria minha vida agora.

- Qual é?! Vocês já vão brigar?! – exclama Violet se colocando entre nós.

Ryan se afasta.

- Desculpa, Violet. – ela diz calmo à ela. – Mas só acho que algumas coisas têm que ser decididas por todo mundo já que estamos numa aliança.

Ela cruza os braços para ele.

- Você não ta gostando da idéia?

- Não, é que...

- Ryan, a idéia foi minha, tudo bem? Não foi do Cato, ele só concordou, então não vai descontando nele o que deveria ser descontado em mim.

A expressão de Ryan muda completamente e ele gagueja. Eu detenho o impulso de sorrir ao ver Violet brigando com ele e... Me defendendo, não que eu precise de defesa mas...

- Então, por mim tudo bem. Se foi sua...

Ele sorri pra ela e sai. Percebo que ainda estou segurando a espada com força. Não sei o que me incomodou mais, se foi Ryan querer se impor a mim ou ele abaixar a crista somente para Violet.

- Vamo’ Cato, temos que arrumar tudo. – a voz dela me acorda.

Achamos várias mochilas enormes, enchemos com o máximo de coisa que podíamos e cada um pega alguma arma. Eu já tenho uma espada e pego uma lança para caso precise. Ryan está com uma foice e pega um facão curvo. Revlon prende duas adagas ao cinto. Kaya pega sua clava e sua faca e Owen duas lanças. Todos já terminamos de pegar as armas enquanto Violet ainda remexe em tudo, ela está se armando até os dentes. Coloca uma dúzia de facas dentro do casaco, duas adagas no cinto, pendura um arco e uma aljava com umas dez flechas nas costas e leva seu machado na mão. Assim que ela se vira todos estão encarando-a, mais parece que está indo para uma guerra.

- Que é? Eu dou conta de todas. – ela encolhe os ombros e nós rimos.

Violet ainda avista uma espada e coloca-a junto com as flechas em suas costas.

- Você não vai conseguir andar com tanto peso, baixinha. – digo rindo.

Ela revira os olhos para mim, rindo também.

 

Saímos da Cornucópia cheios de coisas, pelo calor que faz ali retiramos os casacos.

- Pra onde a gente vai? – pergunta Kaya.

- Água... – aponto para o lago.

Assim que chegamos lá Owen se debruça pra beber, mas eu o paro.

- Espera ai, não pode ir bebendo. Pegou iodo, Violet?

Ela me estende uma garrafa de metal com um liquido escuro e arroxeado.

Nós enchemos todas as garrafas e colocamos iodo. Nós praticamente limpamos a Cornucópia e encontramos mais ou menos vinte garrafas. Cada um pega três e Revlon se oferece para guardar outras duas sobressalentes. Depois decidimos seguir por dentro da floresta no lado oposto ao do lago.

A floresta é densa e cheia de arvores altas, algumas mais e outras menos largas, mas também há muitas clareiras. Parece que quanto mais ficamos na arena mais quente fica, esse será o empecilho dessa vez, o ar pesado e quente demais. Tudo parece úmido e ao mesmo tempo seco, vai demorar pra acostumar com isso.

- Nenhum sinal de tributo até agora? – pergunta Owen.

- Não. – responde Ryan. – Eles se esconderam direito.

- Eles deixaram de ser burros, isso sim. – diz Violet. – Vai ser difícil encontrar, mas nós achamos.

- Nós caçamos a noite, deve ser mais fresco. – sugiro.

- E eles vão estar dormindo, vai ser como tirar doce de criança. – ri Revlon.

Ryan, que pegou o facão, vai na frente cortando as plantas no nosso caminho, mas quanto mais entramos na floresta mais limpa ela fica, quando nos damos conta existem apenas arvores espaçadas e arbustos de frutas, como a floresta da arena do ano passado. Querendo ou não, nós, por sermos aliados, vamos conversando e nos ligando lentamente. Descubro que Owen tem mais duas irmãs em casa e que ele programava chips e outras coisas eletrônicas e minúsculas no seu distrito – e isso com apenas dezessete anos-, Kaya perdeu seu irmão mais velho nos jogos quatro anos atrás e Revlon, além de treinar, trabalhava no reconhecimento de pedras preciosas no seu distrito. Ryan e Violet vão mais atrás e ele conta a ela episódios em que se meteu em brigas e como sempre saiu inteiro e ganhando ou como treinava. Lá se vai o resto de bom humor que me restava, ele me tira do sério, mas eu consigo frear a vontade de quebrar seu pescoço

Kaya vai do meu lado, um pouco mais afastada. Ela tem um jeito engraçado, é quieta, na dela, meio esquiva.

- Você não gosta dele né? – ela sussurra pra mim certa hora.

- Dele quem?

- Do machão ai atrás.

Me viro e vejo Ryan fazendo uma imitação patética de como deu uma gravata em não sei quem.

- Como percebeu?

Ela encolhe os ombros.

- Gosto de observar as pessoas.

Passamos uma meia hora caminhando quando Revlon exclama.

- A gente já pode beber água?

- É... Acho que já. Vamo’ parar um pouco.

Nós deixamos as mochilas encostadas numa arvore e nos sentamos no chão. Cada um bebe metade de uma garrafa em alguns goles.

- Nós temos que decidir onde dormir. – lembra Kaya.

- Por mim a gente dorme no lugar onde a gente cansar, quantas barracas tem ai Owen?

Ele abaixa a garrafa.

- Acho que três.

- Cada barraca tem capacidade duas pessoas no máximo e sempre vai ter alguém vigiando. – diz Revlon com cara de riso. – Eu fico com a Kaya.

Eu, Ryan e Owen olhamos para Violet automaticamente, ela nos olha repetidamente e só cai na real depois de alguns momentos.

- Quê?... Ah não! Porque sou eu quem tenho de dormir com eles?

Nós rimos.

- É, vai ter que dormir com alguém aqui, gracinha. – diz Ryan com uma voz mansa de me irrita.

- Eu posso pegar o primeiro turno da noite. – se oferece Owen.

- Eu durmo em uma barraca. – digo.

- Eu durmo em outra. – diz Ryan. – Escolhe, Violet. Eu ou o Cato.

Ela olha pra nós dois repetidas vezes.

- Vou com você. – diz para Ryan.

Eu me aborreço. Não é o fato de ela ter escolhido dormir com ele que me deixa nervoso, mas o que ele está fazendo, cercando Violet desse jeito e o pior, está funcionando. Ryan está jogando todo seu charme e lábia e Violet está caindo como um patinho. E porque ela? Será que Ryan está apenas seduzindo Violet pra ser mais fácil matá-la? Violet é uma adversária mais que forte, talvez essa seja a maneira que ele encontrou para acabar com ela. Isso aconteceu numa das primeiras edições que eu me lembro de ter visto. Eu automaticamente me alarmo com isso, algo não me deixa permitir que Ryan tente fazer alguma coisa à Violet.

- Oh-oh, Cato, acho que você vai dormir sozinho hoje. – ri Revlon.

Ryan ri para Violet, mas ela olha pra mim.

- Por mim tudo bem. – minto.

Depois de alguns minutos nos organizamos e recomeçamos a andar, andamos por horas até que começa a escurecer.

- Temos que achar uma clareira. – digo.

- Acho que tem uma por ali. – avisa Kaya apontando para nossa esquerda.

E tem mesmo, uma clareira grande. Armamos as três barracas lá e decidimos fazer uma fogueira, eu saio sozinho pra pegar a madeira, é melhor, assim ninguém corre o risco de sofrer um ataque de raiva meu. Por mais que eu venha tentando controlar, meus rompantes ainda acontecem vez ou outra.

Quando volto nós acendemos a fogueira e ficamos ao redor dela, calados, e assamos alguns pedaços de carne que pegamos na Cornucópia. Quanto mais escurece mais frio fica e ai que percebo a jogada, os dias são quentes e as noites são frias demais, mesmo estando na frente de uma fogueira sinto calafrios ás vezes.

O hino de Panem toca e o selo da Capital aparece no céu que na verdade é uma grande tela. Então vêm os mortos, é mostrada a foto do tributo e embaixo o numero de seu distrito. A primeira é Jay, depois o parceiro de distrito de Kaya, a garota do cinco, os dois do seis e a garota do oito, os garotos do nove e do dez, os dois do onze e o menino do doze.

Ficamos talvez em torno de uma hora em silencio e então Revlon é a primeira a avisar que vai dormir. Owen se ofereceu pra ficar de vigia então digo a ele para acordar qualquer um de nós quando estiver cansado. Revlon e Kaya ficam com a barraca na esquerda, Violet e Ryan pegam a da direita e eu fico na do meio. A noite é tão fria que precisamos pegar sacos de dormir térmicos mesmo estando dentro de barracas. Não quero nem imaginar como deve estar a coisa do lado de fora.

Ajeito uma das minhas mochilas como travesseiro e entro num saco de dormir, mas mantenho a espada segura numa das mãos. Não tenho vontade de dormir, mas me forço por saber que agora horas de sono serão mais preciosas que tudo.


Notas Finais


Calet ta fraquejando agora hein... Comentários por favor?? kkkk Beijos!


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