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História A Última Gota - Capítulo nove


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Espero que gostem (:

Capítulo 10 - Capítulo nove


Acordo com Kaya me chamando pra vigiar, ainda está escuro mas ela me diz que deve amanhecer logo. Fico escorado numa arvore, enfiado dentro de um saco de dormir porque a temperatura parece ter caído abaixo de zero durante a madrugada. Owen sai da barraca em que Revlon e Kaya estão dormindo e me pede pra ficar com a minha. Digo a ele que sim e então me ocupo em arrancar gramas que estão em volta de mim.

Ontem durante a noite escutei vozes vindas da barraca onde Violet dorme com Ryan, eles conversaram muito - e alguns momentos pareciam estar brigando - até que foram dormir e eu fiquei me perguntando o terá sido o assunto.

 

Ou eu me desligo demais ou realmente estava muito perto de amanhecer porque lentamente tudo vai tomando uma cor alaranjada e quando dou por mim já deve ser mais ou menos sete e meia. Revlon é a primeira a acordar, ela me da bom dia e pergunta se mais alguém acordou, eu digo que não e nós ficamos no silencio. O segundo a sair é Owen, ele me agradece por eu tê-lo deixado usar a barraca, a terceira é Kaya. Acho que ficamos por volta de mais uma hora ali e então saíram Ryan e Violet, juntos.

- Até que enfim acordaram. – resmungo.

- Dormimos demais? – Violet pergunta preocupada.

- Não, - Kaya diz séria para depois rir. – não para um casal de pombinhos.

Há uma zoação geral e eu me contento em ficar calado. Violet vem e se senta ao meu lado, não percebendo minha irritação.

- Pode ir parando, não rolou nada. – ela reclama.

- Não gente, é sério. – defende Ryan se espreguiçando. – Eu só tive de esquentar Violet por conta do frio.

Eu me viro para Violet enquanto os outros gritam.

- Violet, isso é verdade? – pergunto tentando me manter impassivo.

- É claro que não. – ela desmente rindo. – Ryan é que é mentiroso.

Ele ri.

- Só to querendo descontrair.

- Aqui não é lugar de descontração, ou você mata... Ou morre. – acho melhor Ryan ficar com a segunda opção.

Todos se calam e o sorriso no rosto de Violet some, como aconteceu no dia em que discutimos por conta de Ryan, talvez eu tenha pegado pesado demais.

- Eu vi uma macieira lá trás ontem, vou pegar algumas. – ela diz. – Kaya, vem comigo?

Kaya concorda e as duas saem, voltando vinte minutos depois carregadas de maçãs. Nós comemos algumas e começamos a desmanchar o acampamento. Pegamos nossas mochilas e seguimos, dessa vez pro leste. Andamos talvez por horas e nada de tributo pra caçar.

- ... E o pior, acendem fogueiras a noite! Isso é praticamente um sinalizador pra gente! – comenta Violet no meio de uma conversa sobre “pessoas idiotas na arena”. – Tipo assim, - então ela faz uma imitação engraçada. – Oi, to aqui! Vem me matar por favor?

- Mas, infelizmente, eles não são mais tão burros assim. – diz Owen.

- Não ficaram no banho de sangue, se esconderam direito... – digo.

- Acho bom não irem generalizando que todos são espertos... – diz Ryan parando, puxando uma lança.

Pegadas bem a nossa frente. Abaixo e as toco. Úmidas ainda e pequenas para serem de garoto.

- Acabou de passar e é uma garota.

Olho para os outros, todos já de armas na mão.

- Hora de matar. – diz Violet puxando o machado.

Nós seguimos as pegadas rapidamente e elas terminam numa clareira, perto de uma arvore. Não há ninguém ali e o único barulho é o do canto dos pássaros.

- Que merd... – Revlon é interrompida por um assobio.

Nós olhamos para cima e vimos uma garota. Camiseta verde, distrito nove.

- Filha da mãe. – chia Violet, ela tirou o xingamento da minha boca.

A garota ri debochada, a dez metros do chão. A arvore é daquelas grandes e de galhos grossos, ela pode ficar lá encima o quanto quiser que seu peso, a julgar pelo tamanho, será suportado.

- Como estão, carreiristas? Mataram muito? – ela pergunta.

- Nem tanto, vamos começar por você. – digo.

- Por mim? Ham-ham, acho que não. Você sabe muito bem como essa história acaba não é, dois?

Meu pressentimento não é bom, aconteceu algo mais ou menos parecido no ano passado. Katniss se refugiou numa arvore, eu tentei subir pra pega-la e cai de uma altura de cinco metros. Decidimos passar a noite vigiando, esperando que ela descesse, mas acabou que todos dormimos e ela se aproveitou disso pra jogar um ninho de vespas teleguiadas em nós. Perdemos Glimmer.

- Dois raios não caem duas vezes no mesmo lugar, nove. – diz Revlon. – Assim como dois ninhos de vespas não aparecem na mesma situação.

A garota da de ombros.

- É verdade, distrito um, não há nenhuma teleguiada aqui. – ela diz. – Mas... quero ver vocês me pegarem.

A infeliz esta desafiando a gente, na maior cara de pau.

- Ta brincando com a sorte, nove. – chia Violet.

- Quem vai ser o primeiro?

Todos nos afastamos da arvore e formamos um meio circulo. Kaya é a primeira a tentar, mas ela pisa num galho fraco e quase cai esparramada no chão. Revlon tenta, está indo bem, mas escorrega.

- Sobe, Cato. – manda Violet.

Eu a olho desconfiado, ela sabe que sou pesado e que não dou conta de subir até onde a garota está sentada, ela mesma disse que não eu não poderia dormir numa arvore a noite por conta do peso.

- Vai, pega ela. – ela diz, seus olhos intensos, como o do predador avistando a presa, ela quer matar. Ela sabe que eu não vou conseguir, eu sei que não vou conseguir, mas vou mesmo assim.

Começo a subir, me apoiando nos galhos mais grossos mas o medo – é, medo – me faz ir devagar, me lembro da dor que senti até hoje. Paro, por um instante, olhando pra baixo.

Violet não nem um pouco boba, entendo o que ela pretende. Eu sou apenas um chamariz, a garota está preocupada comigo, que estou em seu campo de visão, enquanto Violet também sobe na arvore a toda velocidade. Ela é boa, escala com facilidade e já está quase me alcançando, ela pula de um galho para outro com uma agilidade incrível. Continuo subindo para deixar a garota desatenta ao movimento às suas costas, todos lá embaixo já sacaram a jogada e sorriem vitoriosos.

A baixinha já me passou a tempos e faltam apenas alguns metros para que ela chegue na nove, sinto os galhos se tornando frágeis demais pra mim mas tenho que continuar subindo ou Violet vai ser descoberta. Ela agora sobe mais lentamente, tomando cuidado com o barulho. Faltam três metros no máximo pra ela mas, eu não consigo mais, aqui é alto e se eu cair, morro.

- Os galhos estão finos demais, vou ter que descer. – grito, recomeçando a descer.

A garota ri escandalosamente.

- Não tem como me pegar, carreiristas, eu sou a vitoriosa desse ano...

Descer é bem mais fácil que subir e em poucos momentos estou no chão. A garota debocha de nós enquanto só observamos o show, ela nem se dá conta de quem tem um faltando. Faltam alguns galhos pra Violet, imagino o pessoal da Capital vendo essa cena, eles devem estar indo a loucura. Violet rasteja até a nove, como uma loba, uma loba atrás da presa, é isso que ela é.

- Eu vou vencer isso! – a garota exclama. Suas ultimas palavras.

A garota está mais na ponta do galho de modo que Violet se senta atrás dela sem ser notada e... Já era. Violet prende o pescoço da garota numa gravata e ela se debate, mas a baixinha agüenta firme.

- Não, desculpa nove, não foi dessa vez. – diz Violet maldosamente antes de jogar a garota no ar. São dez metros de queda, batendo em galhos e então o cadáver cai no chão.

Não é nada agradável de se ver, o corpo todo desconjuntado, acho que não deve ter nada inteiro dentro dela mais, tudo deve ter se partido na queda. Seus olhos estão vidrados e sua boca escorre sangue pegajoso. Todos aplaudimos enquanto Violet desce. Assim que toca o chão Ryan corre para ela e a ergue num abraço.

- Seu primeiro assassinato depois do banho de sangue! – ele exclama, a pondo no chão. – E foi horrível, to orgulhoso.

- Mandou bem. – elogia Revlon, me viro pra ela e me assusto. Ela parabeniza Violet mas tem um olhar estranho sobre ela. Revlon repara que a estou encarando e então se vira.

Nós pegamos novamente as mochilas e continuamos seguindo, agora com novo animo já que finalmente matamos alguém. No meio do caminho Violet escuta som de água e nós achamos um rio, não muito largo, correnteza fraca. Só nessa hora percebemos que nossas garrafas estão praticamente vazias. Decidimos sentar ali e almoçar, Ryan e eu ficamos de pescar alguma coisa, enquanto Owen fica de acender a fogueira. Pegamos três e então dá metade de um peixe pra cada, comemos o peixe assado sem nos preocupar com o tempo, mas sofremos por conta da temperatura quente.

A noite nós paramos em outra clareira pra dormir, mas fica decidido que vamos voltar pro redor da Cornucópia de manhã já que achamos que entrar tão fundo na floresta não vai dar em nada. Violet diz que vai ser a primeira a vigiar. Não vou muito em favor disso, o primeiro turno é o mais puxado, me ofereço para ficar com este mas ela nega. Owen vai pra barraca de Ryan, onde acho que ele ficará até de manhã.

Eu apago assim que coloco a espada mais junto do corpo e só acordo no meio da madrugada com barulho estranhos, baixos, mas estranhos. São zunidos. Já devem se passar das quatro da manhã.

Desço o zíper da barra e me deparo com Violet atirando facas numa arvore próxima. Ela ainda não foi dormir e parece bem acordada. Sem perceber que a estou observando ela tira a meia dúzia de facas da casca da arvore e volta a sua posição. Seus movimentos são assustadoramente iguais aos de Clove, ela divide as facas, três pra cada mão, sacode os ombros, relaxando, fecha os olhos e com um suspiro os abre, mirando o alvo com uma expressão mortal. Uma por uma as facas vão se enfiando num nó na casca da coitada da arvore, com uma perfeição incrível.

- Boa mira. – digo esperando que ela se assuste, mas acho que não a peguei de surpresa dessa vez.

Ela sorri.

- Evra me fazia atirar quantas vezes fosse preciso, as vezes até virávamos a noite. Ela não ficava satisfeita enquanto eu não atingia o centro, milimetricamente medido, três vezes, uma faca sobre a outra.

E então ela tira mais três facas do casaco e joga, bem no centro do nó de outra arvore, elas fincam uma atrás da outra, juntas.

- Eu nunca consegui atirar bem, a coisa das facas era com a Clove.

- Sabe, não é lá essas coisas de difícil. Isso é treino e, no início, concentração. Depois pode deixar a concentração de lado... Quer aprender a jogar facas, Cato? Posso te ensinar...

Encaro Violet por um tempo e depois sorrio.

- Você pode tentar.

Me levanto e Violet me entrega meia dúzia de facas. Nós paramos frente a frente.

- Você tem que sentir a lâmina, - ela diz baixo. – dominar ela. Ela não vai te cortar a não ser que você deixe.

Ela passa os dedos tranquilamente sobre o fio de corte das facas em minhas mãos. Ela tira uma delas e a manuseia com facilidade, girando-a nas mãos, a faca parece não ter corte algum.

- Sua vez.

Seguro uma faca relutante, deslizo os dedos sobre sua lamina sentindo algo ligeiramente áspero. Ela não me cortará, a não ser que eu deixe. Experimento alguns giros e nada de corte. Violet sorri.

- Agora, você tem que se ligar com a faca. Ela vai atingir o que você quiser e só. Atira.

Há um nó um pouco maior numa arvore à minha direita, miro no centro dele e lanço uma faca. Ela erra o centro por alguns centímetros.

- Nada mal. – Violet encoraja.

- Nada mal mesmo, eu errava meio metro. – digo. – Achava que ia me cortar arremessando.

Ela sorri.

- Acho que ta na hora de você dormir, não é? – pergunto.

Ela assente.

- Vou chamar o Ryan, você já ficou noite passada.

Entrego as facas e ela as põe no casaco. Seu machado está do lado do saco de dormir, ela o pega e vai em direção a sua barraca. Entro na minha e durmo novamente só acordando de manhã. Tomamos o caminho de volta para a Cornucópia assim que todos terminam de comer o “café da manhã”, mas a noite vem e nós ainda não chegamos a ela. Paramos no meio das arvores mesmo, não nos preocupamos em procurar uma clareira já que agora elas são mais raras e as arvores mais juntas. Acho que estamos perto. O hino de Panem vem e não mostra um único morto. “Eles vão ficar entediados” penso sobre a população da Capital, e quando eles ficam entediados... Bem, la vem bomba.

- Um dia inteiro andando, nenhum tributo pra matar... – diz Revlon irritada.

- Eles vão aparecer. – responde Kaya. – Eles têm de aparecer.

- Amanhã ainda cedo chegamos na Cornucópia, montamos um acampamento definitivo lá... – começo.

- Mas mantemos a coisa de cada um levar um pouco dos suprimentos, ficamos lá durante o dia, caçamos à noite. – termina Violet. Ela pensou exatamente da mesma maneira que eu.

-Eu aprovo. – diz Kaya.

Owen também concorda mas Revlon e Ryan se mostram um pouco rabugentos de novo, mas, pouco me importa. Eu quero matar, quero sangue, mas ta difícil.

- Eu fico com o primeiro turno. – avisa Revlon.

Todos nós já deixamos tudo meio organizado pra sair cedo no dia seguinte, combinamos de rumar para a Cornucópia assim que o sol estiver nascendo, não queremos perder tempo. Menos mortes, pior pra nós, pode ser que os Idealizadores mandem algum presente macabro se pessoas não morrerem logo e... Eu não quero esses “presentes”, principalmente se forem bestantes.


Notas Finais


Ta bom... E os comentários agora, cade? Falem comigo!


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