Não sei se minha impaciência era realmente visível ou se eles jogaram verde comigo.
Perguntaram pelou menos umas 10 vezes se eu estava impaciente e depois de eu negar todas às vezes eles começaram a cochichar entre si.
- Acho que a Katherine está com ciúmes – Niall sussurrou para Liam.
Ótimo, eles interpretaram minha impaciência como ciúmes! Não estou com ciúmes.
- Ciúmes de quem? – Liam sussurrou de volta.
- Não sei, mas olha a cara dela
- Provavelmente deve ser do Harold – Niall riu.
- Eu tenho certeza que é do Harry – Louis cochichava para Niall.
Os cochichos não paravam e eu estava começando a ficar irritada com isso.
- Se vocês estão cochichando para que eu não ouça, fiquem sabendo que eu estou ouvindo e estou me irritando com isso, então, podem parar? – Eu praticamente gritei e algumas pessoas que estavam ao nosso redor nos encararam assustados.
- Então ta – Niall ergueu as mãos em um gesto de rendição.
Eu voltei meu olhar para Harry que ainda rodopiava com a menina. Eu estava impaciente. Não enciumada. E era diferente.
A dança parecia estender-se e eu podia jurar que não haviam se passado minutos e sim horas. Meus pés já doíam em cima do salto alto e eu tinha vontade de procurar uma garrafa de vodka. Talvez se eu tomasse um bom copo de vodka com energético a minha impaciência passasse... Ou não.
O ritmo da música diminuía aos poucos e eu estava convicta de que agora estaria chegando ao fim.
Eu me mantive distraída em meio aos flashes e palmas. Logo Harry vinha em nossa direção. Mencionando a cada segundo o quanto havia ficado nervoso por ter tamanha responsabilidade nas mãos. Segundo ele, a dança era difícil e ele não estava certo se havia decorado a dança sim ou não. Eu bufei e me dirigi à cadeira mais próxima. Joguei-me na mesma.
- Não acredito Katherine! Você ainda está com ciúmes? – Niall perguntou rindo.
Eu tive vontade de fazer um gesto obsceno para ele com meu dedo. Mas limitei-me a apenas revirar os olhos.
- A Katherine estava quase avançando em cima da aniversariante – continuou Louis.
- Sim, eu nunca vi uma garota tão enciumada – Liam riu.
- Mas eu não sei o que está rolando entre vocês dois para que a Kath tenha tido ciúmes – Zayn disparou.
- Quantas vezes eu vou ter que falar? EU. NÃO. ESTAVA. COM. CIÚMES –
pronunciei cada palavra lentamente dando um longo intervalo entre cada uma.
- Tá legal e eu sou o Louis Tomlinson da One Direction – o Louis brincou irônico. Os outros meninos caíram na gargalhada e eu não suportava mais ficar ali.
Levantei-me e parti rumo ao gramado.
Sentei-me na grama na beira do lago enquanto olhava para a lua pensativa. Eu só queria ser capaz de voltar a ter minha antiga ida de volta.
- O que foi isso? Você está meio estranha... – Eu me assustei com a voz que surgia da escuridão. Reconheci a voz rouca e olhei para o lado. Harry agachou-se apoiado sobre os calcanhares.
- Eu estou normal. – respondi indiferente. Eu mal o conheço, não posso confiar a ele meus problemas.
- Normal? Pelo o que eu vi, e ouvi dos meninos, você não está normal. Por que eu sinto que você não esta falando a verdade? Está realmente com ciúmes ou como eu desconfio você está me escondendo algo? – ele agora se sentou na grama ao meu lado. Arqueou a sobrancelha esquerda assim que terminou de falar.
- Olha, eu não estou com ciúmes e eu estou normal. Afinal você nem me conhece direito para saber se eu estou normal sim ou não e também eu nem te devo satisfações! – Porque eu estava tão irritada? E porque ele é tão curioso?
- E por que está tão irritada? Vamos lá, conte-me, o que houve? Foi por culpa da dança? Mas você mesma me disse, que eu não sei nada de sobre você, e você nada de mim. Não entendo os motivos, eu te fiz algo? Os meninos fizeram algo que você não gostou? Aquelas brincadeiras bobas deles te incomodaram?
- Não, não foi nada disso. Não adianta te explicar. Você nunca vai entender. Não tem nada haver com você, nada haver com eles. Nada Haver com ninguém. O problema sou eu. Ninguém pode me ajudar. Então não adianta nem eu explicar a você – eu agora tentava conter minha irritação, mas para falar a verdade, porque eu estava mesmo irritada? Eu não sei, não sei explicar o por quê disso.
- Eu não vou saber se você não contar – ele me incentivou.
- A minha vida é muito confusa. Eu não sou daqui, nem gosto daqui. Eu sou brasileira – a surpresa passou pelo seu rosto e eu juro que vi seus olhos brilharem de expectativa – Eu tinha uma vida diferente. Gostava de sair, curtir a noite com as minhas amigas. Gostava de ir à balada e só ir pra casa quando o sol nascia. Eu sinto saudades disso. E agora eu sei que a minha vida não será mais a mesma. Isso – eu gesticulei ao nosso redor com o dedo – não se compara a minha antiga vida. A vida qual eu sinto saudades – eu disparei tudo falando de uma vez só rapidamente. Ele parecia concentrado como se tentasse compreender cada palavra dita. Eu ainda não sabia por que contei tudo para ele. Eu mal o conhecia. Mas lá no fundo, apesar de tudo, eu senti um alivio imenso. Como um peso retirado das costas.
- Acho que eu compreendo... Você se sente melhor agora? Sua expressão mudou completamente... Você parece... Aliviada – ele analisava minha expressão. Eu senti o sangue fluindo para minhas bochechas enquanto corava.
- Sim. Acho que sinto como se um peso estivesse sido retirado de minhas costas – respondi enquanto esticava minha perna sob a grama me inclinava para trás apoiando-me sobre meus braços. Ergui minha cabeça olhando para Lua. Sim eu realmente me sentia mais leve.
- Então... Por que você não queria me contar? – ele perguntou e logo depois pude ver que ele estava na mesma posição que a minha. Eu sorri com isso.
- Porque não te interessa. Você nem me conhece.
- Agora eu conheço. E agora que você me contou isso, eu conheço mais um pouco.
Eu não respondi. O silencio se estendeu e nenhum dos dois ousou interrompe-lo, mas posso dizer que estava começando a me incomodar.
- Porque não esta com a Ashley? – perguntei quebrando o incômodo silêncio.
- Ashley? – ele esfregava o queixo pensativo.
- Sim, sua namorada – cuspi as palavras. Como ele não pode lembrar-se de sua própria namorada?
- Namorada? – ele riu histericamente.
- Sim, sua namorada. Qual a graça? – eu me estressei com ele que já estava com a mão na barriga como se sentisse dor.
Revirei os olhos.
- Porque eu não tenho namorada! – ele agora praticamente rolava na grama.
- Não tem? – eu estava confusa.
- Não.
Estranho.
- De onde você tirou isso? – ele perguntou agora mais calmo.
- A Ashley me disse que era sua namorada – eu disse arqueando a sobrancelha só para enfatizar.
- Eu não sou namorado dela. Nem nunca fui. E muito menos pretendo ser.
- Kevin volta aqui! – eu me virei para trás para ver o que era. Louis corria pelo campo atrás de um pombo que corria, saltava, voava e voltava para o chão e por fim iniciou vôo sumindo no horizonte escuro.
- Não acredito que você ainda não superou – Harry sorria.
- E vocês ai sozinhos? Eu desconfiava que havia algo rolando. – ele sacudia o dedo indicador na nossa direção – Harry passa para cá agora. E você também Katherine. Precisamos conversar. O Harry está me traindo desde quando?
- Kath querida, temos que ir. Amanhã de manha eu acordo cedo. – minha tia apareceu encostada no palco com Ashley ao seu lado. A loira me fuzilou com os olhos.
Harry se levantou primeiro e logo depois estendeu a mão para me ajudar. Eu me pus de pé e fui até minha tia. Graças a Deus iríamos para casa.
Louis puxou Harry pelo braço enquanto o arrastava para a tenda. Louis me deu um breve aceno e Harry um sorriso caloroso.
- Então, o que achou da One Direction – perguntou minha tia.
- É eles são legais.
Nossa conversa não passou disso. Quando chegamos em casa, eu tomei um banho rápido. Estava louca para cair na cama e dormir. Mas a pior parte disso, era que a cama era grande demais para só uma pessoa dormir nela. Era mais que solitário. Eu vesti meu pijama e como a noite estava gélida eu nem liguei o ar.
Me deitei bem no meio da cama e me senti sozinha. O quarto era grande demais, silencioso demais, solitário demais.
Tive que ligar o ar condicionado, mesmo com o frio iminente, eu não conseguia dormir no silencio e precisava do zumbido que o aparelho produzia. Eu não tive sonhos.
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