História More Than This - Quando o amor destrói.

Povs Kath

  - Pegue o resto das coisas que eu vou subir com a minha mala e já ir adiantando as coisas lá em cima – avisei a meu irmão assim que saímos do táxi.

 Sai do elevador e dei três passos em direção ao meu apartamento, antes que pudesse dar o quarto, a porta do apartamento ao lado se abriu.

É ele.

Nós conversamos, ele estava chorando?

Ele me contou que terminou com a Taylor. Sério isso? Sério mesmo? Não posso acreditar!

Depois de um tempo de conversa ele perguntou:

  - E você veio sozinha? – perguntou.

  - Sim. – respondi por impulso – É, não – me corrigi.

  - Veio com quem?

  Estava prestes a falar que vim com o meu irmão, mas “Nós terminamos” não saia da minha mente, fui totalmente pega de surpresa quando me contou que ele e a Taylor não estão mais juntos. Talvez seja por isso que ele estava chorando: seus olhos e nariz estavam vermelhos.
 Bom, ou talvez ele não estivesse chorando e sim usando algum tipo de substancia química ilegal...
Cogitei perguntar se havia chorado mas achei que seria indelicado da minha parte, ainda mais agora que estou convicta de que era isso que ele estava fazendo já que terminou com a Taylor. Talvez o termino da relação tenha sido doloroso para ele...

 Seus olhos esperavam uma resposta, olhei por sobre o ombro e encontrei meu irmão, desastradamente, tentando retirar as malas do elevador.

  Estou preenchida por uma felicidade incrível, independente do quão egoísta isso soe: ele terminou com ela!

Encarei Harry mais uma vez antes de respondê-lo e pude notar que seus olhos ainda estão   marejados devido ao choro, de imediato me senti mal por estar feliz.
 Como eu posso ter ficado feliz com o rompimento do namoro? Tudo bem que o normal é ficar feliz, mas ele estava chorando, ele estava triste com isso. Minha felicidade se transformou em raiva: como ele pôde dizer que me ama se neste exato momento está chorando pela outra?

 
Mais que depressa aproveitei a situação para o deixar ainda mais desapontado, bom, isso se ele ainda se importar comigo, claro.
Tive uma ideia louca, talvez a mais louca da minha vida, espero que dê certo, preciso que ele morda a isca.

 -  Ele é o amor da minha vida, a pessoa mais especial do mundo para mim! – Merda, e agora?

  - O que? – Seus olhos se arregalaram.

Deu certo.

 Matt olhou para mim com a cara mais engraçada do mundo, naquela hora eu não sabia se sentava e ria do desespero dos dois ou se agarrava meu irmão e continuava com essa mentira, lógico que eu não o beijaria, ele é meu irmão, mas brincar com Harry realmente me faz bem, lógico que não chegaria ao pés do que ele fez comigo, mas daria um gostinho.

Matt entendeu o recado e me abraçou pela cintura. Harry ficou nos encarando e antes de bater a porta, enfurecido, soltou:

  - Se divirtam!

Entramos em casa, nos segurando para não rir, fechei a porta e deslizei sobre ela, até o chão, gargalhando alto. Matt se contorcia no sofá.

Depois de nos recuperarmos ele perguntou:

 - E então namorada? – arqueou a sobrancelha.

Comecei a rir mais ainda e ele me acompanhou.

  - Eu não sei como eu vou fazer agora. Sério! Vamos ter que nos fingir de namorados pra todo mundo! – olhei-o fingindo pavor.

 - Eu vou ir embora daqui à 5 dias Kath!

  - Mas você disse que ia ficar aqui até o dia 21 – choraminguei.

  - Negativo, eu disse que as minhas aulas começam dia 21. Eu preciso voltar antes pra colocar as coisas no lugar e já estar totalmente preparado pra voltar às aulas.

Suspirei decepcionada.

  - Pra quem não queria nem que eu viesse pra cá... – ele riu – Olhe como o mundo da voltas, agora você está toda tristinha só porque eu tenho que voltar.

Revirei os olhos.

  - Ok, nosso namoro vai durar 5 dias – conclui.

  - Por mim tudo bem. Que horror, sou namorado da minha irmã – franziu o rosto.

  - Matt, eu quero que isso dê certo, mas, nada de beijos!

  - Nem unzinho? – brincou.

  - Eca.

  - Como pretende fazer isso dar certo?

  - Sei lá, podemos ficar de mãos dadas na frente dele, você pode cheirar meu cabelo, beijar meu pescoço... Não, beijar meu pescoço não, isso vai ser estranho, faça menção de que vai beijá-lo. Passe o braço ao redor do meu ombro essas coisas.

  - Vai ser estranho... mas eu topo.

  - Caso ele pergunte: “Vocês são namorado?” não responda – pedi. – Dê de ombros, sei lá, só não diga que sim nem que não.

  - Como quiser.

*

Depois de arrumar as coisas em casa, decidi ir a um restaurante me encontrar com Eleanor, Louis e Niall.

Meu irmão ficou em casa fazendo não sei o que.

Quando cheguei fui recebida com abraços calorosos, acusações de traição feitas por Louis e Niall; por só ter contado à Eleanor onde estive.

 Eles me fizeram contar absolutamente tudo da viagem, até os mínimos detalhes eles fizeram questão de saber.

  - Mas você deveria ter nos avisado, Kath. Nós realmente nos preocupamos com você. Dizer pra Eleanor e não nos dizer nada... isso me deixou muito mal, parece que não confia na gente, tudo bem que você queria sumir, mas isso foi irresponsável da sua parte, nunca mais faça isso, deixar-nos sem noticia fez mal pra nós. Harry teve um ataque preocupação, nunca o vi daquele jeito. E o Zayn... ele não sabia o que fazer, não sabia o porque, ele ficou péssimo. Você deveria ter avisado, ou pelo menos ter avisado à mim. Isso não é coisa que se faça – Niall me repreendeu pela primeira vez na vida, me assustei quando o fez.

Como estou ao seu lado, aproveitei para dar-lhe um abraço forte, talvez sirva como desculpas.

  - Ah Niall, eu te amo! – sorri abraçando-o forte, contente por saber de sua preocupação – Prometo nunca mais fazer isso. Me desculpe.

Eles logo trataram de me manter informada, fizeram questão de mencionar todas as festas que eu perdi. Todas as que eles julgaram ter sido as melhores dos últimos tempos.

 Conversa vai, conversa vem e meu celular vibrou em cima da mesa.

Matt.

  - Esperem um instante, preciso atender – pedi.

  - Oi.

  - Vai demorar muito? – ele perguntou com uma voz tediosa.

  - Acho que não, por quê?

  - Eu estou com fome.

  - Matt, têm comida na geladeira.

  - Têm dois iogurtes fora da validade, um pacote de pão de forma mofado e 3 ovos, tinham 4 mas eu quebrei um e estava podre, acho que os outros também estão.

  - Pensei que a minha geladeira não estivesse tão precária... Vá na rua e compre algo para comer.

  - Se eu soubesse para onde ir. Eu não conheço Londres, se eu conhecesse não estaria te ligando. Estou com fome.

  - Tá, eu levo algo pra você comer.

  - Tchau, te amo namorada.

  - Idiota, também te amo, tchau.

Voltei minha atenção para mesa onde todos me encaravam perplexos.

Louis com seu doce jeito de se intrometer:

  - Quem é esse Matt que você, e porque ele está na sua casa?

Comecei a rir sem parar só de lembrar da reação de Harry.

  - Meu irmão. – eu ri – Vocês se queixaram de mim, acham que eu não confio em vocês, – comecei – irei dar um voto de confiança: O Matheus, Matt, tanto faz, é meu irmão, mas o Harry acha que é meu namorado, então por favor, por favor não acabem com a graça! Ele vai embora daqui cinco dias. Então nesse tempo ele vai ser meu namorado, namorado de mentirinha, óbvio, mas é segredo. Por favor, não me desmascarem – implorei.

Eles gargalharam diante do absurdo que ouviram.

  - Você falou que o seu irmão é seu namorado? – Eleanor perguntou achando aquilo estranho porém engraçado.

  - Na verdade eu joguei a isca e ele mordeu.

  - Como assim? – Niall perguntou sem entender.

  - Eu disse que ele é o amor da minha vida, a pessoa mais importante do mundo para mim. Não disse que ele é meu namorado, mas sei que com o “amor da minha vida” foi a essa conclusão que o Harry chegou. Agora eu só não posso dizer nem que sim nem que não.

Eles prometeram guardar segredo e até me ajudar caso preciso.

Quando já estávamos indo embora, Louis tocou no assunto que era de interesse crucial para mim:

  - Harry agora está na pista! – jogou os braços para o alto.

Não ele não está na pista! Ah espere, está, sim ele está.
 
 - Não por muito tempo, afinal são só cinco dias até seu irmão vazar – Niall comentou brincalhão e como brinde ganhou um tapa no braço.

  - Nem doeu! – resmungou enquanto passava a mão sobre o local.

  - Você quer que doa? – perguntei semicerrando os olhos.

  - Na verdade doeu muito! – respondeu fazendo careta, o que nos fazendo rir.

  - Mas Niall tem razão, só depende de você, ele terminou com a Taylor por causa de você – Louis contou.

Ah Louis, pare de me iludir dessa forma.

  - Não Lou, o Harry não sente nada por mim, se sentisse nunca teria me feito sofrer, ele não terminou com a Taylor por minha causa, eles só terminaram! Talvez porque ele também tenha traído ela com outra.

  - Pense do jeito que quiser Kath! – Louis parecia lamentar.

 Logo fomos embora, Niall me deixou em casa.

Quando saí do elevador, ao chegar no meu andar, o avistei Harry encostado na porta da minha casa e com o que parecia ser meu vestido, aquele que deixei em sua casa na última vez em que passamos a noite juntos, em suas mãos.

 Ele estava em um silencio absoluto, algumas lágrimas corriam com leveza pelo seu rosto.

Senti um aperto no coração, era como se alguém estivesse o segurando com força e o próximo ato era ateá-lo ao chão e em seguida pisoteá-lo.

Sentei-me à sua frente, ele levantou o olhar e me encarou.

Seus olhos tão vazios que de alguma queriam demonstrar algo.

Nem um tapa poderia ser mais doloroso que isso.

Ele abaixou o olhar novamente e uma lágrima caiu no chão. Naquele exato momento tive vontade de largar todo meu orgulho e toda a raiva que sinto, para dizer a ele o quanto ainda o amo, pedir para que esqueça tudo de errado que fizemos e ficarmos juntos de uma vez porque eu ainda o amo, e se ele não me ama, acho que isso não é problema: posso fazê-lo me amar. Só preciso que fiquemos juntos novamente.

Não sei por quanto tempo ainda irei aguentar isso, ficar longe dele me corroí aos poucos.

Inclinei-me para frente e enxuguei suas lágrimas com cuidado.

Meu coração bateu forte assim que meus dedos tocaram sua face.

Depois de respirar fundo, levantou-se.
Fiz o mesmo.

Nos encaramos por um breve instante e logo fui surpreendida quando me envolveu em seus braços com um forte abraço, daqueles que podem ser capaz de fundir nossos corpos.

Minhas pernas estão bambas e sei que só estou de pé ainda porque ele está me segurando firme. Não sei se estou respirando, não quero movimentar um musculo sequer.

Senti uma vontade absurda de chorar. A tristeza foi se alimentando de mim  e não pude evitar, no mesmo segundo que a vontade surgiu, as lágrimas transbordaram dos meus olhos.

Um choro diferente, o motivo eu não sei explicar, talvez seja porque estou o fazendo no ombro da pessoa que me magoou da pior maneira possível.

Agora choramos um abraçado ao outro ambos incapazes de pronunciar uma palavra sequer.
Um abraço tão barulhento por um silencio invejável, dizíamos tudo apenas nos abraçando.

Inspirei fortemente preenchendo meu pulmão com seu perfume inebriante e aproveitei ao máximo para sentir mais uma vez o calor de seu corpo. Talvez essa seja a última vez que o faça.

Como foi que nós nos separamos mesmo? Parece que já se passou uma vida e mesmo assim ainda não consigo me conformar com a perda, tampouco consigo deixar esse sentimento inexplicável de lado. Eu o amo com todas as minhas forças, mesmo com tudo o que ele fez, simplesmente não consigo parar.

Acariciei seu rosto, sua pele macia que meus dedos ansiavam para tocar. Enrosquei meus dedos em seu cabelo e o aproximei ainda mais de mim, um abraço tão forte que chega a doer.

Aquilo foi sentimentalmente mais doloroso do que devia ser.

Desgrudei-me de seu corpo, contra minha vontade, e o empurrei gentilmente para o lado para que eu fosse capaz de abrir a porta do meu apartamento.

Corri para dentro assim que abri a porta.

 Deitei no sofá e me agarrei a uma almofada, ali mesmo fiquei e chorei todas as mágoas desse amor tão errado, mais uma vez, chorei por tudo que ele me fez passar, por toda a dor, toda a humilhação, todas as palavras que me fizeram chorar durante noites, mas também chorei por tudo o que eu fiz, tudo o que eu disse, definitivamente por tudo.

 Minha parte forte insistia que eu estava errada: ele me humilhou, pisou em mim, caminhou pro lado oposto sem peso na consciência, sem remorso, e agora vem chorar no meu ombro? E ainda me faz chorar em seu ombro! Eu sempre quis dar a ele o melhor de mim , Harry me ensinou a amar, mas me ensinou a amar ele.

*

 Acordei no outro na minha cama. Na minha cama? Matt!

Sentei-me e encontrei uma mensagem na mesinha de cabeceira.

“ Kath, fui dar uma volta, não passe o dia chorando, saia também!
                                  Beijos Matt.”

Levantei-me, ainda está cedo, ignorei o frio e resolvi ir dar uma volta.
Agasalhei-me e saí sem rumo.

Tranquei a porta e fui esperar pelo elevador.

Que demora desgraçada!

Assim que a porta se abriu dei de cara com Harry, de óculos  escuros, ele apenas me deu um aceno breve indiferente e desviou de mim que fiquei parada que nem um poste no mesmo lugar. Ele entrou em casa e fim. Foi só isso, amargo.

  Nunca me doeu tanto, juro, todas as outras vezes que ele me tratou com indiferença foram apenas meras feridas, isso foi como estar me afogando. Foi sombrio.

 Amar é bonito, exceto quando ele está te destruindo. É como se eu fosse feita de palha e esse amor de fogo. Sinto que está se desfazendo, me faz ficar sem força, sem rumo, tão esgotada e triste que não sei nem explicar.