História More Than This - De volta à Londres.

- Oh, me desculpe, pensei que fosse outra pessoa – desculpei-me envergonhada. – Me desculpe.

Que mico, que gorila, que king kong. Espera um pouco, vou fazer uma cova na areia e me enterrar nela.

  - Tenha um feliz anos novo – respondeu o cara que estava aparentemente drogado.

Como é possível de costas se parecer tanto com o Harry e de frente se parecer com outra pessoal totalmente diferente?

Eu sou tão estúpida, como consigo essa proeza? É obvio que não poderia ser ele, por motivos simples e inquestionáveis a lista começa da seguinte maneira:

1º – Ele está com a Taylor.
2º – Mesmo que ele viesse no avião mais rápido do mundo não conseguiria chegar aqui a tempo.
3º – Algumas horas atrás um monte de gente, provavelmente fãs, que estava com ele, no local onde ele passou a virada de ano, registrou o momento em que ele beijou a loura fora do prazo de validade.
4º – Ele não largaria ela para vir para cá. Aliás, ele nunca viria para cá, mesmo que soubesse onde eu estou.
5º – Ele não me ama.

  - Vira, vira, vira – Matt me entregou um copo de caipifruta.

Virei tudo de uma vez.

  - Aêêê – gritou comemorativo.

*

Nós ficamos lá por muito tempo, o céu já estava clareando, o sol estava nascendo e mesmo assim ainda havia uma quantidade consideravelmente grande de pessoas na praia.

  - Vamos embora, suas irmãs estão com sono, já é de manhã e não tem mais nada pra ver.

  - Vá para casa com as meninas e os outros que eu vou ficar com a Kath e o Matt e o Wilmer – minha tia respondeu para minha mãe.

Claro que minha tia vai ficar, ela está bêbada e o que bêbado quer é ficar onde há bebida.

  - Eles estão bêbados, tem que ir para casa – minha mãe apontou para mim e para Matt.

  - Estamos bem – respondi.

Ela se sentiu contrariada mas de qualquer forma foi embora.

Agora nós conseguimos chegar perto do palco e tudo o que tinha era um Dj tocando baixo algumas músicas carnavalescas e pessoas que invadiram o palco dançando lá em cima.

A parte legal de ficar até mais tarde e achar as coisas perdidas.

  - Perdi cinquenta reais e achei uma carteira com 500 – Matt me mostrou.

  - Se tiver documentos vamos devolver.

  - Se tiver documentos vamos jogar no mar – ele respondeu.

  - Menino, que ideia é essa? – minha tia o repreendeu.

  - Olha, sem documentos – ele mostrou – é minha agora.

*

  - Passou a noite inteira na praia e agora não quer acordar. – Minha mãe puxou meu cobertor tirando o de mim. – Vai, acorda logo que vai ter almoço aqui e seus tios vieram.

Continuei deitada.

 - Levanta, levanta, levanta – berrou. – Vamos Katherine, levanta – puxou-me pelo pé.

  - Não quero – respondi colocando o travesseiro sobre o rosto para proteger meus olhos da claridade.

  - E você tem que querer alguma coisa? Vamos, levanta.

  - Vai Matheus, você também, levanta – ela chamou-o.

*

Quem me dera que os almoços em família fossem algo legal. Tudo o que eles sabem fazer é conversar entre si e você acaba ficando totalmente alheio do assunto e quando é mencionado em algo provavelmente é um assunto chato como por exemplo perguntar qual profissão eu quero seguir. Como se eu soubesse.

Recebi 8 mensagens.

“Feliz ano novo”

“Pra você também Els.”

E mais quatro dos garotos semelhantes a essa.

“Feliz natal”

Harry me mandou.

“Opa, feliz anos novo”

Corrigiu-se.

“Feliz anos novo, eu te amo.”

“Vá para o inferno”

Respondi.

Ele respondeu instantaneamente:

“Uau, essas são suas primeiras palavras dirigidas à mim esse ano?”

“Vá beijar sua namorada e me deixei em paz.”

“Eu vou provar que te amo”

“Não quero prova de nada. Vá atrás dela e me esqueça.”

*

Já no segundo dia do ano fomos comprar as passagens de volta para a madrugada do dia 4.

Gabriela estava louca para que eu fosse visita-la, porém, não me sentirei bem vendo minha amiga com o aspecto de quem engoliu uma melancia de mãos dadas ao lado do safado do Luan.

  - Deveríamos ir ao cinema aproveitar um pouco – minha tia sugeriu.

Concordamos e fomos ao cinema: apenas Matheus e minha tia estavam gostando do filme. Minha mãe não foi, Wilmer fazia aviãozinho de papel com o guardanapo, Karen e Megan jogavam no celular e eu, bom o filme estava tão chato que eu acabei cochilando.

  - Esse filme foi demais! O melhor que eu vi na minha vida – Matheus comentou enquanto os créditos rolavam na tela.

Despertei assustada.

  - Sim, e na parte em que eles acharam a árvore da vida e todos rejuvenesceram, foi demais – minha tia contou.

  - O que vocês acharam? – Matheus perguntou empolgado.

  - Achei demais, nossa, muito legal. E quando acharam a arvore, caramba, muito emocionante, adorei – fingi entusiasmo.

Acho que não soou muito convincente.

Aproveitamos e fomos ao shopping, comprei algumas lembrancinhas para levar para meus amigos.

No fim da tarde, ao entrar no Twitter, acabei encontrando fotos, tiradas por fãs ou talvez paparazzi, de uma suposta viagem que Harry fez com a Taylor para comemorar o ano novo. 

Bela forma de provar seu amor hein, Styles.

*

Pela manhã eu fui a primeira a acordar, quatro de janeiro, graças à Deus! Está vinda para o Rio ao mesmo tempo que está sendo boa está sendo decepcionante. Confuso? Está sendo boa em razão de que eu estou com a minha família e estou me divertindo bastante, e decepcionante pelo fato de eu estar sentindo saudades de Londres, sentindo saudades das pessoas, dos meus amigos, do meu apartamento, do friozinho, de tudo.

Aproveitei para arrumar minhas malas em tempo recorde. Terminei lá umas 9h da manhã e já coloquei um biquíni: Meu último dia no Brasil e eu quero aproveitar o sol.

  - Para onde você vai? – minha mãe perguntou sentada na sala de estar com uma tia e Wilmer, tomando o café da manhã.

  - Para a praia – respondi.

  - Já arrumou sua mala?

  - Sim senhora.

  - Coma algo antes de ir.

Comi um sanduiche e bebi um copo de suco de uma vez só e corri para que não desse tempo de meus irmãos acordarem, me verem e quererem ir comigo.

*

Voltei pra casa as 15h. Por favor, não me toquem, estou sensível, estou queimada, acho que fiquei mais do que deveria.

  - Onde está sua blusa? – minha mãe perguntou ao me ver sem ela, apenas com a parte de cima do biquíni.

  - Não consegui vestir – respondi.

  - Porque?

  - Estou toda queimada – choraminguei.

Ela riu.

  - Tente convencer o seu irmão a voltar direto pra faculdade, por favor? – pediu.

  - Como assim? – perguntei adentrando a cozinha onde ela estava preparando o almoço, ainda, e pegando um copo d’água.

  - Ele está com uma ideia de ir para Londres com você e sua tia e passar alguns dias na sua casa. Disse que quer conhecer a cidade – ela me contou.

  - Ué, ele não comprou a passagem dele de volta pros Estados Unidos?

  - Não, e ele está se arrumando para ir comprar a passagem para Londres. Tente fazê-lo mudar de ideia – pediu.

Fui para o meu quarto.

  - E aí, camarão – Matt me zoou.

  - Nossa, que engraçado, pera, deixa eu rir: rá – revirei os olhos irônica. – Que história é essa de que você vai pra Londres comigo hoje?

  - Minha mãe tem uma boca – balançou a cabeça.

  - Hein? – insisti.

  - Nem tente mudar isso, eu vou e pronto acabou – bateu pé.

  - Matheus, olha, você tem que volta pra faculdade, pros seus jogos...

  - Kath, as aulas só começam dia 21 deste mês, dá tempo de conhecer Londres. Poxa, eu quero tanto ir – fiz beicinho.

  - Tá, tá, tá bom, você vai – me rendi.

  - Estou indo lá comprar a passagem, tchau.

*
Megan e Karen saem mais cedo que nós, o voo delas está marcado pra 23:45 e o nosso pra 00:30. Vamos sair de casa 22:30 e esperar até nossos voos.

  - Vou levar um casaco de algodão caso faça frio. Não vou aguentar vestir uma jaqueta com a pele neste estado – choraminguei.

  - Leve dois, soube que lá está nevando – minha tia alertou.

Eram 21h da noite e estamos nos preparando para sair de casa e ir a uma pizzaria.

  - Vou sentir tanta falta dos meus bebes – minha mãe estava chorando.

Não reconheço minha mãe, ela era uma tão rude, coração de pedra e agora está assim, como manteiga derretida.

*
Jantamos e seguimos para o aeroporto. Quando fomos para a sala de espera para o embarque, nossa mãe não podia ficar conosco e então a choradeira começou.

  - Voltem logo, a mamãe ama tanto vocês, queria que não tivessem que ir – ela nos abraçava e nos beijava.

Acho que a distância fez com que ela desse mais valor.

Nos despedimos, choramos e fomos para a sala de embarque. Foi doloroso deixa-la para trás.

Ocupamos nosso tempo jogando adedonha.

O voo de Megan e Karen foi anunciado pela segunda vez mas elas simplesmente não queria nos deixar.

  - Vocês realmente precisam ir agora – minha tia falou.

  - Eu não quero ir – Karen choramingou agarrada a mim.

Nessas alturas não tem pele ardida que vá protestar contra um abraço de despedida.

  - Eu prometo ir te visitar – bom, talvez eu vá, eu acho.

  - Você promete, Kath?

  - Prometo – respondi. É, talvez eu realmente possa ir visita-la.

Estou chorando mais uma vez, todos estamos chorando, por quê despedidas são tão difíceis?

Então elas embarcaram e só sobramos Matt, minha tia, Wilmer e eu junto com os outros que vão embarcar para Londres.

O tempo parece se arrastar.

Acabei cochilando no ombro de minha tia.

*

  - Kath, chegou a nossa hora – ela me cutucou.

Eu despertei e peguei minha bolsa.

*
Matt sentou ao meu lado e minha tia e Wilmer na frente.

Oito, cansativas, horas de voo até Londres é o que me espera.

  - Está tão frio – reclamei com a malha fina do algodão.

Matt se levantou e pegou sua mochila no porta-malas no teto acima de nossos acentos.

  - Tome – ele me entregou uma manta.

  - Ah, eu te amo Matt – apertei sua bochecha.

Estou com tanto medo de voltar e encarar novamente tudo aquilo que tentei ao máximo evitar nesses últimos dias.

Irei rever Zayn com sua namorada, Els e os garotos: sinto tanta saudades deles.

E verei Harry com sua namorada.

Não, você não vai pensar no Harry, não vai! Katherine, você é forte, você consegue. Quer saber, vai dormir que é o melhor que você faz, exato, durma. Nana neném que a cuca vai pegar.

Aconcheguei-me no banco agarrando o mini travesseiro que trouxe, coloquei meus pés em cima da cadeira e a inclinei para trás. Matheus fez o mesmo. Dividimos a manta e nos aconchegamos um pertinho no outro.

Será uma longa viagem.

*

Fui acordada pelo cheiro de sanduiche.
 

Estou faminta.

Peguei um e comi bebendo um copo de suco. Quando terminei, retomei o sono.

*

Acordei quando senti que estávamos pousando. Matheus se acordou quando me mexi para subir a tampa da janela.
Ainda é cedo mas o céu está nublado e não neva.

Fomos os primeiro a desembarcar.

Mesmo que eu tenha dormido a viagem inteira, ainda me sinto com sono.

Esperamos nossas bagagens naquela esteira, o que pareceu uma eternidade.

Saímos da área de desembarque e eu percebi uma movimentação estranha no aeroporto. Muitas garotas, principalmente adolescentes, e vário paparazzi espalhados olhando de um lado para o outro como se procurassem alguém.

  - Ele está por aqui em algum lugar, eu o vi entrando aqui – uma garota comentou com a outra.

  - Eu também vi quando ele saiu do táxi, e umas cinco garotas tiraram foto com ele e postaram no Instagram. – outra respondeu.

  - Tem algum famoso por aqui – minha tia comentou.

  - Tá parecendo mesmo – fiz pouco caso.

  - Veio me buscar, que lindinho, eu disse que não precisava – Matt brincou.

  - Ele está sem malas e está por aqui na área de desembarque – a garota que estava na minha frente comentou.

  - Seja lá quem for, veio buscar alguém – Wilmer concluiu.