De repente eu estava com... Vergonha? Sim, estava envergonhada. Por quê? Porque, nunca havia usado uma blusa tão curta e que me deixasse tão exposta. Sei lá, sempre fui tão acostumada a usar meus jeans, uma camiseta qualquer e sapatilhas ou all star. Não me importava de usar saltos, maquiagem, ou estar sempre impecavelmente linda. Naquele momento, eu estava incrivelmente linda, mas carregando as mesmas inseguranças e dúvidas da garota que anda por aí com calça jeans e camiseta de banda de rock. Toda a minha autoconfiança desceu ladeira abaixo, como a água da chuva desce escorrendo por uma ladeira.
Eu estava empacada na rua, sem coragem de me mexer um centímetro se quer. Mas ué, cadê aquela garota que estava achando que a entrada da casa era a sua passarela? Ela se escondeu, quando mais se precisava dela. Traíra. Senti-me mais vermelha que pimentão, e isso não era nada bom.
Mexi no cabelo, sem graça. E só em lembrar que, ainda havia fugido de casa, era estranho pensar que tudo o que eu queria agora, era estar nela.
- Vamos lá garotas, hora de arrasar! – disse Juliana, puxando a mim, que ainda estava imóvel, e à Gabriela, que estava eufórica dando pulinhos. Eu só conseguia pensar que preferia ter ficado em casa.
Assim que Gabriela tocou a campainha da casa, mais 5 garotas chegaram para a festa. Eu achava que estava muito exposta, e até arrumada demais, mas uma delas estava com um vestido social branco, com uma renda bege por cima arrastando a borda no chão e, pelo tilintar que fazia quando ela andava, presumi que estava de salto alto. O cabelo preso em um coque muito bem feito na nuca e uma maquiagem forte com um batom nude. Era estranho, parecia que eu estava encarando a modelo de uma capa da vogue. E, o mais estranho ainda, era que a roupa que ela usava certamente não era a apropriada para a festa em que íamos.
Gabi e eu nos encaramos, ela sussurrou algo como “Era traje formal ou a festa é temática?”.
A porta se abriu. Uma garota loira, com um belo sorriso, pediu para que entrássemos.
Dentro da casa não havia nenhuma decoração especial. Observei que havia pouca gente, dez pessoas talvez. Talvez. Todos estavam bebendo.
- É isso? – perguntei e não pude deixar de esconder o tom desapontado da minha voz.
- Mas é claro que não! – a loira disse me puxando até os fundos da casa. Juliana e Gabriela nos seguiam. Percebi que Gabriela já tinha uma garrafa cheia de vodka na mão.
Quando chegamos ao final, senti-me abobalhada. Estava lindo! Havia uma grande tenda azul marinho, cobrindo o que antes deveria ser uma área aberta. Parecia um grande campo de futebol coberto. Havia um DJ, com todo o equipamento, em cima de um palco, onde haviam 4 garotas dançando. Do outro lado pude avistar um... Open Bar? Uau, era um Open Bar sim, com barmans! E até garçons transitando entre as pessoas.
Estava lotado.
Senti que não pertencia àquele lugar.
As luzes brilhavam pulsantes em tons de azul e verde. Havia uma luz branca, bem clara, vinda de algum lugar, e se não fosse por essa luz clara, o lugar estaria bem escuro com as luzes verdes e azuis piscando e dançando tremulas pelo espaço coberto. A música tocava alta demais, a ponto de estourar meus tímpanos. Algumas máquinas de fumaça formava uma leve neblina. Podia jurar pela aparência de algumas pessoas que, as mesmas, já estavam bêbadas.
- Você quer? – Gabriela gritou mais alto que a música.
- Agora não – gritei em resposta, no entanto, ela já estava enfiando o bico da garrafa na minha boca e virando para que eu bebesse. Quando estava bebendo o terceiro gole seguido, tive que cuspir. Naquele momento, minha garganta ardeu com a bebida forte, que desceu me rasgando por dentro. Eca era horrível.
- Fresca – gritou ela.
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Juliana sorria enquanto dançávamos apenas eu e ela. Gabriela havia sido chamada para dançar, não devia fazer nem 2 minutos.
- Quer beber?
- Pode ser – respondi a Juliana.
- Eae gata, que tal irmos dançar? – um garoto alto e esguio, talvez bonito, chamou Juliana para dançar.
- Você se importa? – ela perguntou para mim.
Não, não vá. Não me deixe aqui sozinha, por favor, não!
- Claro que não me importo, vai lá e se divirta! – Tentei transparecer que não me importava mesmo, acho que deu certo, porque só deu tempo de vê-la fazendo com a boca um “oh my God”.
E lá estava eu sozinha. Boa, Katherine, não faz nem dez minutos que você chegou e já esta sozinha. Isso deve ser um dom. Nada do que eu havia planejado estava acontecendo.
O garçom passou com um copo grande e colorido, divertido até, começava rosa depois ia para o vermelho, azul e, por fim, amarelo.
Agora já não estava mais sozinha, tinha como companhia aquele copo colorido. Conforme eu bebia, e a cor mudava, o gosto ficava mais forte. Era doce, porem tinha um forte gosto de álcool no final.
Seis garotos já haviam me chamado para dançar, mas eu nunca fora uma boa dançarina, e provavelmente iriam rir de mim se o fizesse. Eu atraia olhares de vários homens e me sentia envergonhada. Depois de três copos coloridos, decidi me divertir.
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