História More Than This - Starbucks.

  - Então... Pode falar – falei assim que entramos no elevador.
 
  - Falar o que? – ele perguntou.

  - Você disse lá dentro que queria falar comigo...
 
  - Ah sim, não era nada. Era só pra você vir comigo
 
  - Ah, entendi – pude perceber que deixei meu desapontamento escapar pelo tom de minha voz.

  Permanecemos em silencio dentro do elevador enquanto eu me balançava sobre meus calcanhares. Por algum motivo eu sentia algo estranho. Eu estava em um espaço pequeno e apertado e praticamente presa junto com o Harry. Isso era estranho porque por apenas um segundo eu senti algum tipo de atração por ele.

  Como uma corrente elétrica passando pelo meu corpo e como se o corpo dele fosse um imenso ima. Eu me sentia atraída e aquilo era extremamente estranho.
  Eu olhei-o rapidamente pelo canto do olho e ele fitava o teto com as mãos no bolso da frente. Até que ele era bonito...
Há quanto tempo nós estávamos dentro desse elevador? Pareciam ter se passado horas.

  - Primeiro as damas – ele disse gesticulando com a mão para a porta aberta.

Graças a Deus saímos desse elevador. Tudo parecia mais claro aqui fora. E claro que agora eu sabia que estava apenas delirando lá dentro.
  Segui para a porta de saída.

  - Aonde você pensa que vai? – Harry perguntou.

  - Para a rua? – indaguei.

  - Mas nós vamos por aqui – ele respondeu.

  - Mas a saída é por aqui Harry.

  - Mas nós vamos de carro.

  - Você disse que não era longe – retruquei.

  - E não é.

  - Então porque o carro? – perguntei. Acho que eu realmente só estava discutindo porque tinha medo dele dirigindo e por eu acho que tinha medo de ficar dentro de um pequeno espaço sozinha com ele novamente.

  - Porque está chovendo, provavelmente tem fãs  e paparazzi lá fora que nunca deixaram a gente ir andando. – Droga! Ele tinha um bom argumento.

Eu o segui e adentramos a garagem. O carro dele era um dos primeiros estacionados. Um Ranger Rover. Uau, era lindo. O carro dele parecia se destacar mais sob todos os outros que ali estavam estacionados.

  Eu fui até o lado do carona e esperei que o Harry fosse abrir a porta para mim. Ele simplesmente apontou a chave para o carro apertou no botão para destrancar e passou direto até o lado do motorista. Nossa, que cavalheirismo.

  - Não vai entrar? – ele perguntou.

Eu revirei os olhos e entrei no carro sem vontade.

Eu olhei para ele pelo canto do olho tentando disfarçar ao máximo que pude. Deixei meu cabelo cair sobre o ombro enquanto o fitava. Ele ligava o carro e eu não perdia nenhum de seus movimentos.

  - Katherine, eu sei que você está me olhando – ele disse e pós o meu cabelo atrás da orelha. O meu coração parou e eu não fui capaz de mover nenhum músculo – eu vi como você estava nervosa dentro do elevador, como suas bochechas estavam coradas. E alias você fica linda quando esta envergonhada. – ele afagou a minha bochecha que provavelmente devia estar corada.

  Eu permaneci em silencio envergonhada. O que eu fiz de errado? Eu tentei ser discreta ao máximo que eu pude.

  Nós saímos da garagem e eu dei outra olhadela de canto de olho para ele. Ele estava sereno, os cantos de sua boca estavam curvados em um sorriso suave enquanto fitando a estrada à frente.  Ele tinha razão, realmente havia fãs e paparazzi na rua. Sem contar com a chuva que caia impiedosamente forte.

  - Você ama essa vida não é mesmo? – perguntei quebrando o silencio.

  - Ter essa vida, tem vantagens e desvantagens – ele dizia pensativo – isso é tudo o que eu sempre sonhei, eu amo as minhas fãs, a minha carreira, amo ser paparicado e amado por todos. Isso é ótimo, eu tenho tudo o que eu quero. Mas isso pode parecer cômico, mas ao mesmo tempo, que eu tenho tudo, eu não tenho absolutamente nada. Eu posso entrar em uma loja ver alguma coisa material super legal, e super cara; varias pessoas querem aquela coisa mas nenhuma delas pode comprar por que é caro, mas eu posso. Agora o amor, a verdade, você não pode comprar.     Eu não posso comprar o amor verdadeiro. Eu sei que muitas pessoas só estão comigo pela minha fama, pelo meu dinheiro, pelo o que eu tenho e por quem eu sou. Elas não se importam com o que eu penso, elas acham que eu sou maravilhoso só por ser famoso. Aos olhos dessas pessoas eu não tenho nenhum defeito e nem posso ter. Eu sou inquebrável e não tenho sentimentos. Mas não é bem assim. Eu tenho sentimentos, opiniões e sou como qualquer outra pessoa. Você me entende?

  Eu apenas assenti com a cabeça. Eu acho que não esperava ouvir isso dele.

  - Bom, é ótimo entender que alguém me compreende. E eu acho que o que mais me chamou a atenção em você, foi você não se importar comigo ou com quem eu sou. Isso é bom. Eu acho que dessa forma eu posso me abrir com você e você pode me compreender. – ele falava tudo rápido demais enquanto encarava a estrada pelo pára-brisa.

  Por algum motivo um meio sorriso bobo estampava o meu rosto e eu não entendia bem o por quê, mas de alguma forma eu me sentia meio especial. Eu me conhecia bem para saber que eu não era como essas pessoas. E mesmo que eu não gostasse tanto dele assim, eu gostava da companhia dele. Nós ainda poderíamos ser amigos. Eu achava que ele era um daqueles que não se importava se estava com pessoas falsas ao seu redor. Simplesmente gostava de ser paparicado. De certo modo eu não era uma pessoa que ligava para a riqueza dele, ou pela fama. Fala sério eu também tenho dinheiro... bom ainda não tenho, mas quando eu tiver 18 anos eu vou ter...
  De qualquer modo eu me sentia privilegiada, ele gostava da minha companhia. Isso era algo bom. Eu acho.

Harry saiu do carro e eu só percebi que havíamos chegado quando ele bateu a porta assim que saiu. Eu me atrapalhei com o cinto, mas logo estava livre. Ele andava rápido até ficar deixado da marquise e me esperou. Eu andei lentamente apreciando a chuva.

  - Você provavelmente vai pegar um resfriado – disse enquanto segurava a porta para que eu entrasse.

  - Ou não – eu respondi enquanto entrava.

  - O que você vai querer? – perguntou.

  - O que você vai pedir? – perguntei.

  - Café com leite, caramelo e espuma de baunilha em cima.

  - Eu vou querer o mesmo – eu pedi. – quanto custa?

Ele me olhou incrédulo.

  - Não acredito que você esta me perguntando isso.

  - Porque?

  - Por que eu que ofereci, então eu tenho que pagar.

  - Não é só por que você tem dinheiro que tem que ficar pagando as coisas pra mim. Eu posso muito bem pagar – respondi irritada.

Ele me encarava boquiaberto.

  - Vamos fazer o seguinte, você vai procurar um lugar pra gente se sentar longe da porta e ontem não tenha espelho, vai se sentar lá e me espera. Pode ser? – ele perguntou.

  Eu revirei os olhos.

  - Ok – respondi bufando.

   Marchei até uma mesinha nos fundos do estabelecimento, estava meio cheio, mas as pessoas estavam absortas demais para notarem nossa presença. Ou pelo menos a presença do Harry.
  Eu olhava-o enquanto ele esperava darem o que ele pediu.

  Três garotas que estavam sentadas correram até ele, e ele sorria feliz para elas, eu não pude deixar de sorrir também enquanto o via abraçá-las, tirar fotos, dar autógrafos. Ele olhava para mim às vezes e sorria enquanto falava com elas.

  Logo ele chegou com uma bandeja. Tinha dois cupcakes, os nossos cafés dentro de um imenso copo. Eu peguei o canudo e o coloquei no buraco em cima da tampa. O Harry olhou pra aquilo e sorriu malicioso. Eu tive vontade de dar um soco na cara dele para ele parar de ser tão malicioso.
  Permanecemos num silencio agradável, o tempo passava e eu mal percebia.

Estávamos sentados um de frente para o outro. Totalmente absortos, olhávamos a movimentação ao nosso redor. Meu copo de café não chegava nem na metade, eu peguei meu cupcake e dei uma mordida grande. Harry me olhou por cima do copo de café que bebericava. Eu me senti corando enquanto ele tentava sustentar meu olhar. Eu fui a primeira a desviar.
  Uma moça uniformizada veio com uma bandeja de papelão com cinco copos em cima.

  - Obrigado – Harry agradeceu a ela. Eu podia ver que ela estava estonteada com a beleza dele, e não pude deixar de abaixar a cabeça e sorrir. Assim que levantei a novamente Harry estava me olhando. – O que foi? – perguntou.
 
 Balancei a cabeça negativamente.

  - Podemos ir? – ele perguntou.

  - Claro.

  - Pode segurar meu café?

Assenti com a cabeça.

Ele pegou a bandeja enquanto seguíamos para a porta de saída do estabelecimento. Não sei, mas eu acho que estávamos sendo perseguidos. Eu tinha a singela impressão de que tinha alguém nos seguindo.

  A chuva já havia diminuído e enquanto seguíamos para a padaria para levar o que o Niall pediu o Harry começou a rir histericamente.

  - O que foi? – perguntei.

  - Nada – ele respondeu rindo.

  - Fala logo seu idiota!

  - Não é nada.

  Eu bufei.

  - Eu só acho que o Kevin deixou uma lembrancinha na sua bota – ele riu ainda mais alto.

  - O que? – eu perguntei sem entender e logo olhei para a minha bota. Mas que merda, um pombo havia defecado nela. – Mas que merda! – exclamei.

E as lagrimas escorriam pelo rosto de Harry.

  - Para nem teve graça – reclamei envergonhada.

  - Fica aqui, eu já volto – ele disse enquanto ria. Correu para fora até a padaria.

Eu peguei meu café no porta copos e beberiquei o resto. Ele não demorou muito, voltou com uma sacola de papel que jogou no meu colo e logo estávamos nos movimentando de novo. Não demorou muito para chegarmos ao estúdio. Harry deixou seu carro na rua desta vez.
 
  Nós subimos com o elevador cheio, eu com o saco de papel e os dois copos de café e o Harry com a bandeja.

  Os meninos tomaram o café e brigaram com Niall por ele ter comigo três sanduíches. Eu assisti a gravação da minha tia com as garotas do Pink Sky e vi ao ensaio dos meninos as horas se passavam e o ensaio deles acabou já se passavam das oito da noite. A minha tia disse que iria ficar lá até mais tarde mas eu estava me divertindo tanto com os garotos e não queria ir embora sozinha, decidi ir depois com eles.