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História Falling in love for the last time. - Tattooed Heart.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, meninas. Vou postar o capítulo antes no aniversário da ídola porque vocês sabem, depois ninguém vai fazer outra coisa além de chorar por ela. UHSUHSAASUHUHAS Espero que gostem, escrevi com carinho, como sempre. Não tenho muito para dizer. Qualquer erro, conserto depois. Amo vocês. ♥

Capítulo 52 - Tattooed Heart.


Fanfic / Fanfiction Falling in love for the last time. - Tattooed Heart.

 

Camila POV.

Aquela manhã estava abafada, mas o meu corpo estava pior ainda. Eu comecei a me secar depois de passar quase trinta minutos embaixo da água quente. Qual é o problema que algumas pessoas têm, inclusive eu, de tomar banho pelando mesmo quando está calor? Eu realmente esperava que o distúrbio não fosse muito grave.

Vesti um conjunto vermelho de calcinha e sutiã e sai do banheiro, deixando o vapor quente fugir pela porta. Quando pisei no quarto novamente, encontrei Lauren sentada na beirada da cama, de costas para mim. Seu corpo ainda nu colocou um sorriso em meus lábios. Eu podia enxergar nitidamente os arranhões que desciam por seus ombros, sua coluna até o começo da bunda. Eu suspirei falsamente triste, eu não havia sido muito boazinha com ela na noite passada. Seus cabelos estavam tão bagunçados que se assemelhavam a um ninho de pássaros, aquela maravilhosa desordem pós-sexo. E que sexo. Mordi o lábio inferior e me aproximei devagar para não chamar a atenção. Subi na cama e me coloquei de quatro, avançando para as suas costas sorrateiramente. Lauren estava tão concentrada no que mexia que não virou a cabeça para me encarar, nem mesmo sei se ela percebeu que eu estava de volta. Uma vez perto, fiquei de joelhos e aproximei a boca de seu ombro esquerdo, espiando por cima dele enquanto fechava os lábios na pele macia em um pequeno beijo. Ela tremeu levemente e abriu um sorriso preguiçoso, sem retirar os olhos do Iphone em suas mãos.

: - O que você está fazendo?

Perguntei beijando a pele outra vez. Corri o nariz pela curva de seu pescoço e inalei com força para apreciar seu cheiro. Lauren suspirou prolongadamente, um arrepio gostoso eriçando os seus pelos.

: - Conversando com algumas pessoas no Twitter. – Ela mordeu o lábio inferior quando eu empurrei o seu cabelo para cima de seu ombro direito, deixando sua nuca livre. Beijei a região entre sorrisos, orgulhosa de mim por causar aquelas pequenas reações nela. – Você demorou no banho e como eu não tinha muito o que fazer, vim dar um pouco de atenção a eles.

: - Hmmmm. – Murmurei levando minhas mãos até suas costelas, descendo para a cintura e rumando para a barriga. – Fez muito bem. Acredito que estejam se perguntando o que diabos você faz acordada a essa hora exalando bom humor.

Lauren riu baixinho e repousou suas mãos sobre as minhas em sua barriga, depois de largar o Iphone ao seu lado na cama. Beijei o pé de seu ouvido uma, duas, três vezes.

: - Você acha mesmo que eles não sabem o motivo do meu bom humor todas as manhãs nos últimos meses? – Subi minhas mãos atrevidamente e aconcheguei os seus seios entre elas, suspirando ao sentir os mamilos graciosamente duros contra as minhas palmas. Suspirei em deleite. – Céus! Camila... Eles poderiam lhe agradecer por isso todos os dias.

Foi a minha vez de rir enquanto massageava as duas bolas perfeitas e macias, colando meu corpo ao dela ao sentir sua cabeça cair para trás, apoiando-se em meu ombro direito.

: - Eles andam de joelhos por mim, eu fiz algo que ninguém mais conseguiu fazer.  – Beijei sua bochecha. – Eu tirei a chatice de você.

: - Você não me respeita mesmo.

Lauren praticamente ronronou entre um sorriso, apertando suas mãos em cima das minhas para intensificar a massagem gostosa que eu mantinha na região.

: - Respeito? Eu não sei mais o que é respeito a partir do momento em que você me pede para te foder com força. – Apertei seus mamilos entre os meus dedos, arrancando um pequeno gemido de sua garganta. Eu ri em sua orelha. – Você não pode me falar sobre respeito.

: - Eu te odeio.

Ela riu completamente mole e eu observei salivando quando sua língua deslizou entre seus lábios, umedecendo.

: - Só Deus sabe o quanto.

Em um movimento rápido, escorreguei para o seu lado esquerdo e deixei que suas costas caíssem para trás, afundando no colchão. Lauren riu surpresa e me encarou com a sobrancelha erguida, a respiração levemente alterada.

: - Qual foi o propósito dessa provocação?

: - Que provocação?

Fiz-me de desentendida e deslizei os dedos pelo cabelo, o jogando para o lado. Lauren estreitou seus olhos para mim, eles brilhavam em um verde vivo e escuro, aquela coloração cheia de desejo. Eu amava a tonalidade clara em que eles ficavam pela manhã, mas amava mais ainda quando conseguia trazer para eles a cor forte outra vez. Bastava um toque.

: - Camila, não brinque comigo.

Perdendo parcialmente o meu controle, desci o olhar por seu corpo. A barriga lisa, o quadril largo, o sexo rosado e convidativo que suas grossas coxas afastadas me deixavam ver. Ela não poderia fechar as pernas e me poupar? Era difícil namorar Lauren e fazer outra coisa que não fosse sexo. A vontade de sair da cama era nula.

: - Você é tão fraca. Não pode se conter? Eu apenas massageei os seus seios.

Provoquei erguendo as sobrancelhas como ela, engolindo a saliva rapidamente. Era um inferno tocá-la, era como um pedido silencioso para ficar exaltada. Mas eu precisava tocá-la o tempo todo, eu simplesmente não podia manter as minhas mãos longe dela. No meio da nossa rotina eu sempre arrumava um jeito de sentir sua pele, fosse com pequenos toques com as pontas dos dedos, ou um abraço disfarçado junto com as outras meninas. Era uma necessidade, não capricho. Nós nos tocávamos o tempo todo porque nos necessitávamos, não havia forma de passar um longo dia de trabalho sem sentir o seu calor ao menos uma vez.

: - Eu não posso me conter e nem você. – Ela rebateu sorrindo sensualmente, deitando sobre seu estômago, exibindo aquela linda e grande bunda pra mim. Respirei sentindo o meu corpo responder a aquela visão de imediato. – Seus olhos estão me devorando, Camila. Qual é a moral que você tem no momento?

: - Merda! Nenhuma.

Eu respondi resfolegando, me colocando de quatro sobre o colchão para engatinhar na direção dela. Lauren sorria para mim por cima do ombro direito, seus cabelos desgrenhados caindo em seu rosto, cobrindo de forma sexy parte de seus olhos verdes. Parei na altura de suas coxas e curvei o corpo para baixo, arrastando o nariz em sua nádega esquerda.

: - Você pode manter as suas mãos longe de mim agora?

Ela perguntou com a sua natural voz rouca de todas as manhãs, acompanhada da familiar excitação. Meu cabelo caía para o lado de seu quadril, criando uma cortina acastanhada. Meus lábios fechavam-se vezes seguidas na pele quente de sua bunda, trilhando beijos molhados por toda a região.

: - Não.

Respondi preguiçosamente, sentando-me em suas pernas e massageando com as duas mãos o que minha boca não podia tocar.

: - Você pode parar de me lamber?

Eu sabia o que ela estava fazendo, eu a conhecia perfeitamente bem para saber que iria me colocar por baixo na situação. Mas ela não teria nenhum trabalho pela frente, eu já estava completamente de joelhos naquela altura do campeonato. Ela gemeu toda gostosa quando eu lhe dei um chupão na outra nádega, marcando em um vermelho forte a pele alva. Lauren abaixou a cabeça e a enterrou nos lençóis de sua cama, empinando o quadril e se oferecendo pra mim.  

: - Não, eu não posso. – Murmurei antes de arrastar a minha língua para cima, fazendo o meu caminho molhado até as duas covinhas lindas que ela tinha no final das costas. – De jeito nenhum eu posso tirar a minha boca de você agora.

: - E por que, Camila? Me diz o motivo.

Seu tom arrastado enviou vibrações por todo o meu corpo, a calcinha rendada vermelha que cobria o meu sexo implorando para ser arrancada. Nem mesmo parecia que passamos a madrugada toda transando em cima daquela cama. Era insana a forma que eu a desejava.

: - Porque eu sou fraca. – Gemi frustrada comigo mesma contra a sua coluna, minha língua vagando curiosa pela pele levemente salgada por causa do suor. O corpo da garota embaixo de mim tremia timidamente, eu podia apostar que ela já estava quente e molhada entre as coxas. – Porque eu sou completamente vulnerável a você. Porque você me deixa louca com apenas um olhar. Porque eu quero foder com você o dia inteiro. Porque quando você me olha nos bastidores de algum show ou programa a minha vontade é de arrancar a tua roupa e te ter ali mesmo, de ser sua em qualquer cadeira ou canto. Porque eu sou irracionalmente apaixonada por você e não posso parar o desejo que cresce em mim.

: - Você não precisa parar. – Ela gemeu satisfeita quando eu me deitei em suas costas, beijando seu pescoço e orelha. – Porra! Você não pode parar.

Em questão de segundos ela estava rebolando o quadril embaixo do meu, sua bunda deliciosa mantendo um contato perfeito com o meu sexo coberto pela renda. Eu gemi me perdendo em um sorriso, subindo as mãos para entrelaçar nossos dedos sobre o colchão.

: - Você está atrasada.

Sussurrei em seu ouvido apenas para lembrá-la de seu compromisso, deixando-a ciente caso quisesse continuar o que nós começamos. Com calma eu acompanhei os seus movimentos, sentindo arrepios cortarem a minha coluna.

: - O tatuador pode esperar. – Eu soltei uma risada completamente excitada contra o seu cabelo, ouvindo-a me acompanhar enquanto se virava rapidamente embaixo de mim. Encaixei-me entre suas pernas e choraminguei pelo contato de nossos sexos. Como eu havia dito, ela estava completamente molhada e eu podia sentir todo aquele melado atravessando a renda da minha calcinha. Céus! Eu não estava atrás naquela questão. – Mas eu não.

Eu não precisei dizer mais nada para ter a sua boca na minha, sua língua ansiosa me invadindo e tirando o meu raciocínio. Com Lauren as coisas eram sempre daquele jeito, quando você menos esperava tudo já estava explodindo sem aviso prévio. Nós parecíamos um casal recém-casado, daqueles que se mudam para uma casa nova e batizam todos os cômodos. Éramos jovens, saudáveis, nossos hormônios trabalhavam intensamente 24 horas, nada mais justo do que descontar a tensão que eles causavam em cima de uma cama ou fora dela. Caminhando para um bom orgasmo, não havia nada mais certo para nós.

 

Às dez da manhã, Lauren, Mani e eu estávamos sentadas nas poltronas confortáveis de um Studio de tatuagem no centro de Los Angeles. Com os poucos dias que se passaram desde a festa da Teen Vogue, Lauren decidiu que já estava na hora de fazer uma das tatuagens que tinha em mente. Ela não queria ter que passar por isso sozinha, então eu fui também, Mani nos acompanhou para não dar motivo de falação. Não havia ninguém mais no Studio além de nós, talvez fosse pelo horário em que Lauren marcou, já que tínhamos um show para fazer mais tarde. Enquanto minha namorada se ocupava em chupar um pirulito para calar o nervosismo, Mani folheava um livro que continha milhares de fotos de tatuagens, desenhos muito bem feitos e exuberantes.

: - Você vai quebrar a cadeira se continuar balançando as pernas desse jeito.

 Eu avisei sentada ao lado dela, rindo da expressão que ela torceu em seu rosto.

: - Eu estou um pouco nervosa.

: - Isso não é novidade.

Neguei com a cabeça e pousei a mão sobre sua coxa descoberta, acariciando de leve. Lauren vestia um short jeans claro, uma blusa preta sem mangas da banda “1975” e coturnos. O rayban preto segurando os seus cabelos para trás no alto de sua cabeça. Definitivamente, eu amava aquele estilo.   

: - Laur, já decidiu em que lugar vai fazer?

Mani perguntou tirando os seus olhos das fotos.

: - Nas costelas, embaixo do seio esquerdo.

Lauren passou o pirulito para o canto direito da boca, criando uma pequena protuberância em sua bochecha.

: - Cara, isso vai doer.

Normani torceu o nariz e eu estreitei os meus olhos para ela, reprovando seu comentário.

: - Obrigada por me deixar mais calma, Mani. Você sempre foi um amor.

Suspirando prolongadamente, Lauren deixou sua cabeça cair para trás, fechando os olhos quando encontrou a parede preta.

: - Eu estou sendo realista, você precisa entrar lá sabendo que vai doer. Mas você não quer? Então aguente. – Mani riu e negou com a cabeça, voltando os seus olhos para o livro. – E você vai tatuar a frase de “Wicked Game” mesmo, ou optou por outra?

: - Não optei por outra.

: - Eu gosto dela.

Eu comentei sorrindo abertamente, mordendo o lábio inferior para tentar calar a euforia.

: - É claro que gosta, Mila, a tatuagem é pra você. – Normani resmungou iniciando uma pequena risada, me dando uma piscadela. Senti minhas bochechas arderem, podia jurar que estava mais vermelha que um tomate. Desejei erguer o vestido azul que vestia para esconder o rosto. – Quem me dera arrumar um namorado que fizesse algo no corpo em minha homenagem. Isso é tão romântico, um ato de coragem também.

: - Não é tudo sobre mim, eu posso dizer.

: - Começa comigo e termina em você, Camz. Acho que é uma divisão bem justa entre nós duas.

Lauren sorriu para mim e entrelaçou os nossos dedos sobre sua coxa, fazendo com que eu me perdesse em seus olhos por alguns segundos. Quando ela me disse o significado do que iria tatuar, eu mal podia conter a felicidade enorme que fazia o meu coração acelerar. No começo fiquei um pouco receosa, com medo de que ela se arrependesse. Mas ela me dobrou completamente quando disse que nunca se arrependeria de algo, se esse algo me envolvesse e me fizesse sorrir. O que eu poderia dizer para fazê-la mudar de ideia? Nada. Eu estava louca para colocar beijos em sua pele tatuada e ter a certeza outra vez do quanto era importante em sua vida. Ela teria gravado em suas costelas o trecho que me mandou por wpp há algum tempo, nas duas semanas que passou em Miami quando o céu resolveu cair sobre nossas cabeças. Eu nunca vou esquecer da noite em que ela me mandou aquela mensagem, foi a primeira noite das muitas que passamos separadas. Eu soube com aquelas palavras que não importava o inferno que estávamos passando, ela sempre se encontraria em mim e eu sempre me encontraria nela.

: - Pode me explicar o significado dela? Bem, você disse que ele começa em você e termina na Mila. Deixe mais claro para mim.

Mani fechou o livro de fotos e curvou o corpo para frente, completamente interessada no que Lauren tinha para lhe contar. O ar condicionado forte começou a me deixar arrepiada, por isso cheguei um pouco mais para o lado e encostei o meu braço em Lauren, a procura do calor familiar que me aquecia a noite embaixo do edredom.

: - Eu decidi tatuar “The world was on fire and no one could save me but you” porque há muito significado para mim dentro dessa frase. Eu sou uma completa confusão desde que me entendo por gente, eu nunca consegui focar em algo sem antes queimar completamente em dúvidas, sabe? Encaixando isso na frase, eu posso te dizer de forma básica que o meu mundo está em chamas constantemente, eu me perco dentro da minha cabeça muitas vezes com assuntos diversos, há sempre uma chama me queimando e me fazendo pensar mais do que eu deveria, me fazendo sofrer, muitas vezes, de forma desnecessária. Eu preciso de alguém que apague as minhas chamas quando eu precisar, alguém que apenas me dando carinho, me olhando, estando ao meu lado me puxe para fora de toda a minha confusão. Um alguém que seja basicamente o meu ponto de paz, o meu refúgio, a minha liberdade. E esse alguém é a Camila. É ela quem me salva do meu incêndio particular.

Quando Lauren terminou sua explicação, eu tinha os meus olhos fixos em seu rosto e Mani sua boca aberta. Ela olhou para nós com as sobrancelhas erguidas, suas bochechas graciosamente coradas. Apertei sua mão e sorri quando encontrei o seu olhar, meu coração batendo no céu da minha boca por ouvir tanto amor em suas palavras. Normani ergueu sua coluna e respirou fundo.

: - Nossa! Isso me deixou realmente sem palavras. – Mani abriu um sorriso maravilhoso e nos olhou com carinho, como se soubesse que não havia verdade maior que aquela. – Eu realmente estou com vontade de chorar. Seria pagar muito mico aqui?

: - Seria. – Eu disse rindo e elas me acompanharam. – Espere até chegar em casa.

: - Com certeza. – A garota mais velha mordeu o lábio inferior e olhou para o seu colo, olhando para nós novamente. – E isso foi lindo, Laur, você realmente não poderia ter um motivo melhor para marcar o seu corpo com essa frase. Encaixa-se com as duas, é perfeito para a situação e muito doce. Eu estou animada para vê-la ai.

: - Porra! Eu também.

Lauren xingou e se afundou na cadeira, esfregando minha mão com seu polegar. Mani eu e rimos em compreensão e fizemos um rápido sinal de negação com a cabeça.

: - Acalma-se ou ficará tudo borrado, Lo.

Alertei beijando o seu ombro.

: - Eu estou tentando.

: - É só uma pequena agulha.

Mani rolou os olhos, virando-se de lado na poltrona.

: - Só uma “pequena agulha”, Normani? Você já viu fotos na internet dessa agulha? Por Deus! Eu nã...

: - Lauren?

Nós três viramos na direção da grossa voz que encheu a sala. Um cara alto, branco, com os braços cobertos por tatuagens e uma aparência de 35 anos, nos encarava com um sorriso. Segundo Lauren, ele era o melhor tatuador de Los Angeles, já havia tatuado muitos famosos e ela seria mais uma na contagem. Trocamos um rápido olhar e a vi se levantar, respirando fundo antes de pegar a mão que ele lhe oferecia. Eu quis arrancar aquele pirulito de sua boca, já estava começando a me irritar com a forma que ela o movia de um lado para o outro, causando um barulho chato entre os dentes. Ela poderia se acalmar. Ou não?

: - É uma honra tê-la aqui em meu Studio. Fico feliz que tenha me escolhido como seu tatuador. É importante que se sinta segura e eu espero que confie em mim.

: - Eu confio, com certeza. – Eles riram juntos e largaram suas mãos. Lauren tinha um sorriso lindo nos lábios ao retirar o pirulito da boca. Estava nervosa, mas eu podia ver a felicidade brilhando em seu rosto. Logo, eu estava feliz também.  – Já ouvi coisas maravilhosas sobre o seu trabalho e eu aprecio muito. Tenho alguns amigos na música que fizeram tatuagens com você e elas ficaram encantadoras. Tenho certeza que irei voltar para fazer outras.

: - Eu vou contar com isso. – Ele sorriu novamente e tocou no ombro dela, estendendo uma mão na direção de um longo corredor. – Vamos lá? Suas amigas podem entrar, se quiserem. Se não me engano, posso chamá-las de Camila e Normani, certo?

 Ele sorriu gentil e tratamos logo de retribuir, concordando timidamente com a cabeça.

: - Você me parece bem informado sobre Fifth Harmony.

Mani comentou, arrancando uma risada de nossas gargantas.

: - Oh, sim. Eu tenho duas filhas e elas são completamente apaixonadas por vocês. Lutei bastante para fazer com que elas ficassem em casa essa manhã.

: - Isso foi péssimo. – Eu disse torcendo o nariz, sorrindo de canto. – Não teria problema se tivesse trago as meninas, seria um prazer conhecê-las.

Lauren estendeu sua mão para mim e me entregou seu pirulito, onde eu logo tratei de enfiá-lo na boca. Tirou o rayban e fez a mesma coisa, fazendo-me entregá-lo a Normani para que ela pudesse guardar em sua bolsa.

: - Acredite, tenho certeza que Lauren não iria querer enfrentar uma sessão de tatuagem com duas adolescentes chorando na cabeça dela. Não seria nada confortável.

Nós rimos todos juntos quando começamos a andar na direção do corredor.

: - Não mesmo. Ele tem razão, Camz, um Studio de tatuagem não é um bom lugar para dar atenção a alguém.

Lauren comentou um pouco mais a frente, seus olhos atentos aos quadros com fotos de tatuagens pendurados na charmosa parede preta.

: - Elas vão ao show de vocês hoje à noite, vão conhecê-las.

: - Isso me parece muito bom.

Mani disse de forma afetuosa logo atrás de mim. Seria legal conhecer as filhas do cara gentil que rabiscou a minha namorada, mesmo que ele praticamente tivesse que ver os seios dela pra isso. Rolei os olhos com o meu pensamento e ri sozinha quando entramos na sala. Tudo o que eu esperava era que não levasse muito tempo.

Mas Deus, eu estava completamente enganada. O que era para demorar somente vinte minutos levou quase uma hora e meia. Tudo por quê? Porque Lauren fez a maior vergonha da vida dela dentro daquela sala preenchida pelo som das agulhas. Eu tive os dedos das mãos esmagados por ela durante todo o processo. Ela foi avisada de que era um lugar doloroso para se tatuar, por conta das costelas, mas não escolheu outra opção. A partir do momento em que se deitou de barriga para cima naquela maca, foi como se alguém estivesse a esfaqueando. Ela não gritava e chorava, apenas gemia de dor, xingava e pedia para que ele parasse quase sufocada, praticamente quebrando os meus dedos. Mani ria o tempo todo, tirando fotos e fazendo vines para que pudesse jogar na internet em um futuro próximo. Eu estava ficando surda com o barulho daquela maquininha, já não sentia a minha mão e a minha cabeça por conta da dor. Mas estava lá ao lado dela, não iria sair até que aquela tortura acabasse. O meu coração estava apertado por vê-la sentindo dor, mas sabia que não havia outra forma de passar por aquilo. Fiquei o tempo todo fazendo um carinho discreto em sua cabeça, sempre dizendo que logo acabaria, mesmo que eu não soubesse quanto tempo ainda iria durar. Steven, como eu descobri que se chamava, foi completamente paciente com Lauren, avisando quando pegaria uma região mais delicada e pedindo desculpas logo depois. Aos poucos eu fui vendo a frase ficando nítida embaixo de seu seio esquerdo, sobre as costelas salientes. Apesar de estar completamente avermelhado ao redor por conta da ferida, eu sorri apreciando a sua beleza. Quando Steven finalizou o seu trabalho, Lauren respirou aliviada e soltou a minha mão, me rendendo uma careta de dor por sentir os meus dedos livres novamente. Ficou sensacional, as letras pretas bonitas marcando a sua pele branca, a deixando mais sexy do que o normal. Eu suspirei extasiada, imaginando as noites em que me excitaria quando ela tirasse a blusa na minha frente.

Depois de receber algumas recomendações de Steven, tirar algumas fotos para o álbum de famosos que ele já havia tatuado e pagar por seu trabalho excelente, saíamos de lá quase desmaiando de fome. Estávamos com o carro de Lauren, mas como ela estava choramingando demais, Mani foi dirigindo até um restaurante Italiano ali perto para que pudéssemos almoçar. Paramos na entrada do restaurante para tirar algumas fotos. Se o demônio da Jodi soubesse que saímos sem seguranças, provavelmente nos mataria. Bem, logo ela iria saber, não demoraria muito e as fotos estariam na internet. Mas quem estava ligando?

Encostei-me na cadeira quando terminei de comer, erguendo o guardanapo de pano para limpar a boca.

: - Eu amo comida Italiana. Cristo! Está entre as minhas preferidas.

Mani comentou depois de beber um pouco de coca-cola, imitando o meu gesto e limpando a boca.

: - Nada como um bom espaguete.

Respondi suspirando de satisfação e coloquei os meus olhos em Lauren, que ao meu lado, se dividia entre mastigar e fazer caretas.

: - Ainda está doendo?

Perguntei desejando tocá-la, mas estávamos em público e chamar a atenção era a última coisa que eu queria.

: - Está ardendo só. Como se eu tivesse sido arranhada vezes seguidas no mesmo lugar.

: - Se Dinah estivesse aqui, com certeza iria dizer que Camila te arranha as costas toda noite e você não reclama.

Nós rimos juntas e eu observei as bochechas de Lauren ganharem um tom avermelhado. Ela ficava tão linda com vergonha.

: - Graças a Deus que ela não está. Até porque ela teria razão.

: - Ei! – Chamei sua atenção e neguei com a cabeça enquanto ria, me ajeitando na cadeira. – Chega desse assunto na mesa.

: - Você vai postar fotos da tatuagem no instagram, Laur?

Normani perguntou desviando o foco do assunto passado, me aliviando.

: - Agora não. Do jeito que nossos fãs são, saberão que é relacionado à Camila e isso irá repercutir demais. Não quero mais problemas com L.A e companhia. Vou esperar mais um pouco, até que...

Lauren não precisava dizer quando pretendia revelar sua tatuagem, nós entendemos no mesmo instante onde ela queria chegar com as palavras que deixou de dizer. Nós três nos entreolhamos e suspiramos, onde Mani concordou com um sorriso pequeno, cúmplice e triste ao mesmo tempo. Disposta a não deixar que aquele almoço virasse uma total melancolia, puxei outro assunto, animando as duas quando começamos a discutir sobre cinema e outras coisas a mais. Ficamos mais algum tempo ali, a vontade de sair daquele local aconchegante e cheiroso diminuindo cada vez mais. Chegamos em casa pouco tempo depois, o dia ainda seria longo para nós.

 

Estava colocando algumas coisas dentro da bolsa que levaria para o show aquela noite, quando comecei a ouvir uma gritaria direto da sala. Os cômodos eram distantes, isso só me alertava sobre a intensidade dos gritos e risadas. Ergui as sobrancelhas e fechei a bolsa, a colocando em um dos ombros antes de começar a andar para fora do quarto. Caminhei pelo longo corredor e ganhei o topo das escadas, olhando para baixo. Lauren estava deitada no meio do chão da sala, Dinah sentada sobre seu quadril. Suas grandes mãos prendiam as mãos da minha namorada contra o chão, ao lado de sua cabeça. Lauren gritava e sacudia as pernas, tentando tirar Dinah de cima dela sem sucesso. Abri um sorriso com a cena e não me interessei em atrapalhar, apenas me deixei ouvir o que elas provavelmente discutiam.

: - DINAH, POR FAVOR. – Lauren gritou enquanto ria sem parar, pelo tom fraco de sua voz, reconheci que estava sem fôlego. – DINAH!

: - Abre a boca logo, Jauregui.

Dinah rebateu se curvando mais sobre Lauren, fazendo com que ela virasse o rosto para o lado com os olhos fechados.

: - Eu não vou abrir.

Eu quis rir quando ela rosnou por trás dos dentes, se debatendo como uma criança pirracenta. Fosse lá o que Dinah estava tentando fazer com ela, provavelmente ela havia feito primeiro.

: - Eu vou abrir a sua boca a força.

: - EU NÃO VOU COMER O SEU CHICLETE.

: - VOCÊ ME CUSPIU, AGORA EU VOU CUSPIR EM VOCÊ.

Como assim cuspiu? Que diabos estava acontecendo ali? Comecei a rir enquanto descia as escadas.

: - O que está acontecendo aqui?

Perguntei largando a bolsa sobre o sofá, me aproximando das duas com as mãos na cintura. Quando Lauren me viu, eu podia ler um pedido mudo de socorro na expressão de seu rosto.

: - Mantenha-se longe, Chancho. Não quero ter que cuspir em você também.

Dinah me olhou rapidamente, voltando a deitar Lauren no chão quando a mesma ergueu um pouco o tronco.

: - Camz... Me ajuda.

Lo choramingou apavorada, o riso nervoso rasgando a sua garganta.

: - Por que vocês estão se cuspindo? Estão com espírito de porco?

Perguntei risonha e rolei os olhos, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

: - Tua namorada cuspiu suco de laranja na minha cara. Agora eu vou cuspir o meu chiclete na boca dela.

Fiz cara de nojo e torci o nariz.

: - Foi sem querer. – Lauren fez beicinho e eu automaticamente fiz também, uma dó da carinha que ela fazia aquecendo o meu peito. – Eu juro. Eu não consegui prender a risada e voou suco no seu rosto. Eu não queria cuspir em você.

: - Abre a boca. – Dinah rosnou outra vez.

: - Cheechee... Solta ela.

Pedi rindo da cena e neguei com a cabeça. Era hilário o fato de eu estar me metendo no meio de uma briga de titãs. Eu era quem no meio daquelas duas? Era capaz de desmontar até mesmo com um peteleco.

: - Só depois que ela provar do meu chiclete. Qual é? Nem será tão ruim assim, ainda está com açúcar.

: - Não, não, por favor. – Eu observei suspirando de amores quando Lauren piscou os olhos rapidamente, uma expressão quase chorosa. – Me desculpa.

: - Como é?

Pelo tom que Dinah usou, sabia muito bem o que ela queria.

: - Vamos, Cheechee, deixe a minha Lo em paz.

Eu ri e toquei em seu ombro, discretamente a puxando para trás.

: - Camz, eu estou sufocando.

Lauren resmungou em um incentivo para que eu tirasse Dinah de cima dela.

: - Eu perguntei o que você disse, passiva. Responda!

: - Desculpa.

: - O quê?

Lauren bufou prolongadamente e curvou a coluna, levando a cabeça para trás.

: - ME DESCULPA.

Dinah sorriu abertamente ao ouvir Lauren gritar, largando suas mãos no mesmo instante. Eu suspirei aliviada, estava vendo a hora em que ela realmente daria um jeito de cuspir o chiclete na boca de Lauren. Nunca podemos subestimá-la.

: - Muito bem. Mas saiba que só vou te poupar dessa porque Camila pediu com jeitinho, caso contrário iria fazer as duas dividirem o meu chiclete.

: - Deus me livre!

Levei as mãos ao ar como um agradecimento a Deus por me poupar. De forma rápida elas se colocaram de pé, me fazendo notar que já estavam arrumadas para o show. Lauren se aproximou de mim e envolveu seus braços em minha cintura, me puxando para ela. Eu sorri com o lábio inferior mordido, largando os meus braços em seus ombros.

: - Obrigada por me livrar dessa, eu realmente não queria ter que provar outra saliva além da sua.

Eu ri sentindo minhas bochechas corarem e esfreguei o meu nariz contra o dela, selando os seus lábios.

: - De nada.

: - Eu ouvi isso, vadia. E saiba que não vou esquecer.

Lauren rolou os olhos, mas eu sabia que ela só rolou porque estava de costas para Dinah, impedindo que ela notasse. No melhor dos casos, Lauren tinha muito amor pela própria vida.

: - Onde estão as meninas?

Perguntei espiando por cima do ombro esquerdo da minha namorada enquanto ela se ocupava em cheirar o meu pescoço, subindo as mãos por minhas costas.

: - Terminando de se arrumar. Bem, ao menos Ally estava quando fui lá em cima.

Dinah comentou despreocupada enquanto ajeitava a calça de couro preta que usava. Apenas fiz um sinal de positivo com a cabeça e me arrepiei levemente com o beijinho que ganhei na curva do pescoço. Sorri fechando os meus olhos e logo recebi lábios macios sobre os meus. Circulei sua nuca com as mãos e abri a boca, permitindo que sua língua invadisse de forma lenta e gostosa. Nós não aprofundamos o beijo, apenas ficamos em uma carícia quase externa de línguas e pequenas chupadinhas nos lábios inferiores. Como eu me esquecia do mundo ao meu redor sempre que começava a beijar Lauren, só fui me tocar de que Dinah estava cantando quando voltei a abrir os meus olhos. Lauren sorriu para mim e acariciou a minha bochecha, erguendo o queixo para depositar um pequeno beijo em minha testa.

: - Eu te amo.

Suspirei satisfeita e retribui o beijo em seu maxilar.

: - Eu também te amo, Lo. E você está linda com esses suspensórios.

Ela sorriu abertamente e largou a minha cintura para tocar os suspensórios caídos ao lado de seu quadril, presos na calça jeans que usava.

: - Acha que está sexy ou...

: - Sexy. – Mordi o lábio inferior descendo os meus olhos por seu corpo, balançando a cabeça em positivo lentamente. – Muito sexy.

: - Certo.

Ela riu de forma deliciosa e me envolveu em seus braços novamente, me abraçando com força.

: - Cuidado com a tatuagem, amor.

Lembrei-a tomando cuidado para não tocar suas costelas.

: - Não se preocupe, ela está muito bem protegida aqui embaixo.

: - Estou pronta. O carro já chegou?

Ally perguntou no final da escada, fazendo com que eu me virasse para olhá-la.

: - Ainda não.

Comentei enquanto Lauren me abraçava por trás, apoiando o queixo em meu ombro.

: - Jodi ligou e avisou que em 15 minutos estaria aqui. Já deve estar chegando.

Jodi. Só de ouvir o nome daquele demônio meu estômago revirava. Rolei os olhos e respirei fundo, observando Mani descer para se juntar a nós.

: - Eu realmente espero poder usar roupas maravilhosas na sessão de fotos para a Teen Vogue amanhã. Será que vamos poder trazer algumas peças para casa? - Nós rimos da pergunta de Mani, fazendo com que ela ficasse com um ponto de interrogação no meio da cara. – O quê?

: - Você está parecendo até a Lauren. Sai da pobreza, mas a pobreza não sai de você.

Dinah comentou rindo bem atrás de nós. A risada de Lauren ficou perdida na pele do meu pescoço, onde ela novamente se ocupava em cheirar. Lembra quando eu disse que era a necessidade que fazia com que nos tocássemos o tempo todo? Então...

: - Assim você até me ofende, Dinah.

 Mani riu rolando os olhos e entrou no nosso pequeno circulo.

: - Desculpe, Manibear. Eu realmente amo você, não foi a minha intenção te xingar.

: - Dinah, vai se foder.

Lauren rosnou contra a minha bochecha, me dando um beijinho no lugar logo depois.

: - Lauren, sem xingar, eu ainda estou aqui.

Ally repreendeu cruzando os braços embaixo dos seios. Tão bonita como uma pequena Barbie. Como ela conseguia ser tão fofa? Dinah riu da cara que Lauren fez e abraçou Normani de lado, beijando sua bochecha.

: - Desculpa, Allycat.

: - Vocês são tão chatas.

Resmunguei negando com a cabeça, me separando de Lauren apenas para entrelaçar os nossos dedos. Antes que eu pudesse continuar a falar, as quatro explodiram em uma risada, fazendo com que eu corasse imediatamente. E usando da nossa perfeita harmonia de sempre, encerraram o assunto em um coro.

: - Olha quem fala, Camila.

 

Quando o carro chegou para nos buscar, sentei-me junto com Ally, pois curiosamente Lauren e Dinah resolveram sentar juntas na ida para o local do show. As duas eram tão estranhas que eu realmente não sabia quem me colocava mais louca. Por Deus! Estavam se matando e se cuspindo há pouco tempo atrás, e do nada estavam praticamente se lambendo nos bancos da frente. A verdade é que Laurinah mantinha uma relação entre amor e ódio, entre tapas e beijos, entre veneno e antídoto. Apesar de nunca saber o próximo passo que uma das duas daria, eu sempre acabava sorrindo quando elas resolviam passar um tempo juntas. Aquilo não acontecia sempre, na maioria das vezes elas estavam se implicando, mesmo que estivessem distribuindo amor. Eu suspirei ao deitar a minha cabeça no ombro de Ally, ficando em silêncio para que pudesse ouvir a conversar que as duas mantinham mais na frente.

: - Você já me perdoou?

Eu ouvi Lauren perguntar sob uma risada, fazendo-me sorrir. Não podia vê-las, apenas os topos de suas cabeças.

: - Não. – Dinah riu daquele jeito divertido que me deixava imensamente alegre. – Mas eu vou perdoar. Eu estou te amando muito hoje.

: - Por quê? Eu cuspi suco na sua cara, você deveria estar me odiando.

Ally suspirou ao meu lado e passou seu braço direito ao redor do meu corpo, me acomodando melhor em seu ombro. Aquilo era tão engraçado, era eu quem deveria estar a aconchegando contra mim.

: - Você me deixou feliz. – Houve um pequeno silêncio, e eu me encontrei mais ansiosa do que imaginei para ouvir a continuação. – Quando você me disse que iria fazer a tatuagem relacionada à Camila, eu não imaginei que ela teria tal significado. Pensei que seria algo bobo, algo clichê e normal de relacionamentos que envolvem muito amor como o de vocês. Mas não foi assim, e eu estou feliz porque isso me fez descobrir que você está caminhando para um lugar melhor. Você entende o que estou querendo dizer?

Eu umedeci os meus lábios com o outro pequeno silêncio presente. Assim como eu, sabia que Ally prestava a atenção na conversa.

: - Não sei se estou certa do que você está tentando me falar.

Lauren respondeu com o tom de voz um pouco mais baixo.

: - Veja, Laur, você está admitindo para si que é uma completa confusão. Você está admitindo que precisa de ajuda para ser uma pessoa mais clara, mais leve, sincera consigo mesma. – Uma pausa e logo a voz de Dinah enchia o ambiente novamente em um tom baixo e doce. – Você admitiu o pouco que precisava admitir há muito tempo, mesmo que ainda falte uma parte dessa aceitação. Eu sei que você está caminhando para esse momento, aos poucos, mas está. Você deu um grande passo hoje, além da prova de carinho e amor que deu pra Chancho ao marcar sua pele com uma pequena homenagem pra ela, você admitiu que é uma perfeita bagunça. Mas sabe o melhor? Você quebrou o grande muro que te envolvia. Durante quanto tempo eu tentei fazer você ver que não havia erro algum em aceitar apoio? Por quantos dias no nosso passado eu não te ofereci ajuda e você simplesmente jogou na minha cara que era auto suficiente? Laur, por quantas vezes você manteve o orgulho no topo da cabeça apenas para não abaixar a guarda e dizer: “Chega! Eu preciso de um abraço”? Meu Deus! Eu simplesmente perdi as minhas contas. Quando eu vi essa tatuagem em você eu me senti como uma mãe se sente diante das conquistas de um filho. Você está a poucos passos de alcançar a verdadeira liberdade, Jauregui, eu realmente não posso conter a minha alegria ao saber disso.

Tudo o que eu consegui ouvir depois foi o meu coração batendo acelerado contra o meu peito. Definitivamente, escutar aquelas palavras de Dinah para Lauren foi a melhor coisa que me aconteceu naquele dia. Eu não sabia dizer se estava emocionada de tanta felicidade ou pelo fato de descobrir, assim como Dinah, que Lauren estava chegando ao final do longo caminho que vinha percorrendo. Era como ter o coração tatuado por frases que expressavam alívio.

: - Você vai continuar aqui de qualquer forma? – A voz de Lauren estava tremida e eu podia quase que insanamente visualizar seus olhos verdes brilhando em lágrimas. – Eu sei que eu errei muito com você e as outras, mas eu realmente gostaria de saber se você vai permanecer aqui dessa vez. Você se foi depois de um tempo, você cansou de tentar e eu não te julgo, no seu lugar teria feito o mesmo. Mas agora... Agora você vai ficar? Talvez eu não tenha o direito de lhe pedir isso, não como Camila tem. Mas eu gostaria que você não desistisse de mim dessa vez, eu realmente sinto falta dos abraços que recusei.

: - Eu não poderia ir para lugar algum. – Eu mordi o lábio inferior com as lágrimas sambando nos olhos quando percebi pela brecha entre os bancos, Dinah se mover, puxando Lauren contra o seu corpo. – Está tudo bem agora, eu estou aqui, não estou? Eu não vou desistir de você outra vez, eu errei em fazer isso no passado. Desculpe-me. Eu estarei lá no final, ok? Eu prometo que a partir de hoje eu vou lhe dar todos os abraços que você um dia recusou. Não porque eu acho que precisamos recuperar o tempo perdido, mas sim para começarmos outra vez. Apesar de tudo o que está escrito para nós e as meninas, eu não vou largar mais a sua mão. Você confia em mim?

: - Confio.

Lauren choramingou de forma abafada contra Dinah. Eu sorri ao fechar os meus olhos, limpando discretamente um pouco da umidade presente no local. Ally esfregou o meu braço e beijou a minha testa, me aconchegando melhor. Eu queria que Mani estivesse sentada ao meu lado direito, mas ela estava concentrada em seus fones de ouvido logo atrás de nós.

: - Isso. Agora pare de chorar, está bem? Isso não combina com você, não com a Lauren ativa que diz ser. – Eu ri baixinho e Lauren também, fungando um pouco. – Eu te amo. Não se esqueça disso.

: - Eu também te amo. – Meu peito estava aquecido, uma espécie estranha de amor me corroendo por dentro. Era bom demais ver duas das pessoas que você mais amava no mundo, se amando no mesmo ponto. – Agora você pode ajeitar a minha maquiagem? Não quero fazer o show no papel de um panda.

: - Você fica bonita de panda. Olhos verdes ficam sexys em qualquer fantasia.

: - Idiota.

Dinah riu e ganhou um tapa no braço, me fazendo rir junto.

: - Passiva.

Eu respirei fundo e neguei com a cabeça, esticando o meu braço direito para o lado e abraçando a cintura de Allyson.

: - Ally?

Chamei baixinho, fazendo com que ela tirasse os olhos da janela e abaixasse seu olhar.

: - Sim, Mila?

: - Você acha que Deus pode mudar o destino das pessoas?

Perguntei mantendo os meus olhos na estrada do lado de fora, a cabeça contra o peito da mulher mais baixa que me segurava.  

: - Deus pode fazer qualquer coisa, Mila. Mas uma vez traçado por ele, é só esperar para ver o que vai acontecer. Ele não erra nunca, ele não borraria as linhas que escreveu o seu destino. – Ally suspirou e esfregou o meu braço outra vez. – Sabe, minha mãe me disse isso quando eu fiz essa mesma pergunta à ela quando era mais nova.

: - E o que você fez quando recebeu essa resposta?

: - Eu confiei nele. – Ally me respondeu como se estivesse falando sozinha, quase um pensamento audível. – Em Deus.

Eu repeti na minha cabeça aquela mesma frase dez vezes seguidas. Talvez Deus tivesse algo bom esperando por nós no final daquele doloroso caminho. Afinal, qual era o meu destino? Qual era o destino de Lauren? Não importava o que eu fosse ver no fim dos meus passos, eu estava entregando os pontos de tudo para quem havia escrito o tempestuoso caminho da minha vida. Apenas para Deus.

: - Eu te amo, Ally.

Sussurrei fechando os meus olhos, sentindo-a me abraçar com mais força.

: - Eu também te amo, Mila.  

O que é viver sem fé? Se Deus sabe o que faz, tudo o que precisamos fazer é confiar nele. 



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