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História Falling in love for the last time. - Anytime you need a friend.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Oi, meninas. Então, o que tenho para dizer hoje é rápido. Esse capítulo encerra essa fase da estória, no próximo eu já vou fazer aquela pequena, bem pequena passagem de tempo. Eu escrevi com amor e carinho, não se desesperem, ok? SAHUSAUHSUHAS apenas se emocionem assim como eu. Quando chegar na cena em que elas estarão no quarto da Dinah, por favor, escutem "Anytime You Need a Friend" com elas cantando, é só o que eu peço. Eu amo vocês. ♥ ps: Qualquer erro eu conserto depois.

Capítulo 47 - Anytime you need a friend.


Fanfic / Fanfiction Falling in love for the last time. - Anytime you need a friend.

 

O tempo parecia passar lentamente. Meus braços, minhas pernas, minha respiração, todos os meus sentimentos fazendo com que eu me sentisse drogada. Pessoas estavam ao meu redor, mas era como se eu estivesse sozinha. Estava vestida, mas era como se estivesse nua, sentia frio, muito frio. Poderia ser apenas o ar condicionado forte daquela sala pálida, mas eu sabia que era mais do que isso.

Minha cabeça trabalhava de forma intensa, um latejar irritante nas minhas têmporas, meus dedos movendo-se sobre elas em vão. Eu respirei fundo para buscar o controle, mas eu me dei conta de que nada havia funcionado quando senti a mão de Camila pousar sobre a minha coxa, apertando levemente. Virei a cabeça e encontrei seus olhos, pupilas dilatas rodeadas por íris brilhantes, não era um brilho de admiração e muito menos de felicidade, tudo o que refletia neles se resumia em pavor.

: - Calma. – Ela disse baixinho apenas para que eu escutasse, acariciando a minha coxa por cima do vestidinho azul que eu usava. – Tenta se acalmar.

Olhei para baixo e fixei meus olhos em sua mão delicada, colocando a minha por cima e segurando com firmeza. Balançando a cabeça em positivo repetidas vezes, engoli a saliva que se formou em minha boca, mordendo o lábio inferior com força. Camila e eu não dissemos mais nada, não tínhamos mais o que dizer uma a outra. Eu sabia que estava prestes a ter um ataque de pânico, eu sentia os músculos da minha barriga se contorcerem, o ar não passava da minha garganta, eu estava suando. Meu corpo tremia tanto que eu me segurei com a mão livre no banco onde estava sentada. Eu nunca havia sentido tanto medo na minha vida.

Allyson, Normani, Dinah, Sinu e Alejandro estavam espalhados pela salinha apertada, Sofi ficou na mansão com María, uma senhora mexicana que contratamos há algum tempo pra cozinhar para nós de vez em quando. Eu não queria dizer à Camila, mas a minha vontade era de levantar e correr, correr para o começo de tudo, correr para o passado, me enfiar embaixo das cobertas do X Factor e permanecer no calor do desconhecido.

: - Lauren?

Eu abri meus olhos quando ouvi a voz mais do que familiar chamar a minha atenção. Todos os olhares alcançaram a porta, onde eu encontrei meu pai. Meu coração acelerado deu um solavanco só quando eu me levantei correndo para me jogar em seus braços.

: - Pai.

Resfoleguei em seu peito, o abraçando com tanta força que o senti perder o ar.

: - Estou aqui, querida. – Ele disse enquanto esfregava as minhas costas, beijando a minha bochecha. Eu não chorei, não por falta de vontade, mas porque não consegui, estava em choque demais para colocar lágrimas nos olhos. – Se acalme.

: - Eu estou com medo. – Admiti em fraqueza, minha voz saindo abafada contra a sua camisa, me odiando completamente por não conseguir me manter como deveria. – Com muito medo.

: - Vai ficar tudo bem.

Pela primeira vez na minha vida eu ouvi uma insegurança na voz de meu pai. Ele não estava dizendo aquilo só para mim, também estava dizendo para ele.

: - Eu não sei se...

Eu comecei a dizer quando me separei dele para erguer a cabeça, perdendo a minha fala quando encontrei minha mãe de pé atrás do meu pai. Só com o olhar que ela me lançou eu pude sentir todos os tapas que desejava me dar. Expressão fechada, olhos faiscando, lábios travados e braços cruzados embaixo dos seios. Ela não se moveu, eu não me movi.

: - Michael, Clara. É bom vê-los, pena que a situação não é uma das melhores.

Eu ouvi a voz de Alejandro atrás de mim, meu pai saindo da minha frente para cumprimentá-lo. Era eu e ela, mãe e filha como duas desconhecidas. Naquele momento eu só desejei um abraço, um bem apertado como aqueles que ela me dava quando eu era apenas uma criança com medo do escuro. Eu desejei deitar no colo dela, fechar meus olhos, receber cafuné na cabeça e adormecer sob seu canto. Eu desejei ouvir palavras de consolo, compreensão, apoio, amor. Eu desejei um sorriso triste, mas um sorriso. Eu desejei a minha mãe de volta, mas tudo o que recebi foram suas costas quando ela se virou para andar até a janela. Suspirei dolorosamente e abaixei a minha cabeça, esfregando as mãos suadas em meu vestido.

: - Você quer um pouco de água? – A voz mansa de Camila encheu os meus ouvidos, seus dedos delicados correndo a parte interna do meu braço direito até encontrar a minha mão, onde ela pegou entre as suas para iniciar uma carícia. Ela estava sendo tão forte, eu a invejei tanto, tanto, mais do que posso dizer. Eu sabia que por dentro ela estava estraçalhada, mas ela permanecia de cabeça erguida sem transparecer completamente todo o abalo emocional. Eu apenas fiz um breve gesto de negação com a cabeça, olhando em seus olhos. – Quer um pirulito para adoçar a boca? Eu trouxe alguns na bolsa, você sabe como eu gosto deles.

Eu sorri com a sua tentativa de interagir comigo e neguei novamente, me aproximando mais um pouco.

: - O que você quer então? Me diga, eu faço qualquer coisa para te acalmar um pouco, eu não posso mais suportar te ver na beira de um ataque de pânico. Eu estou quase tendo um só por vê-la assim.

: - Eu quero você. – Coloquei para fora e senti a minha garganta secar. Minhas mãos tremendo, os olhos de Camila levemente úmidos. – Só... Abraça-me.

Eu não precisei pedir mais uma vez, quando pisquei novamente ela estava em meus braços, me fazendo apertá-la contra mim com toda a minha força. Ignorei qualquer presença naquele ambiente, ignorei os olhares de minha mãe, ignorei o silêncio que se formou, ignorei a dor de cabeça, ignorei o demônio que surrava em meu ouvido para que eu desistisse de tudo. Eu ignorei cada palavra escrita fora da linha, na folha que eu havia escrito a minha história com Camila não havia espaço para imperfeições. Ela estava nos meus braços, logo eu era a Lauren segura de si outra vez. Como alguém poderia me dizer que não valia a pena lutar? Não existia nada que eu quisesse mais.

Não se dizer por quanto tempo ficamos ali esperando, quase vinte minutos de atraso do horário marcado. O local que estávamos era um prédio comercial no centro de Los Angeles, foi tudo o que me permiti saber, o resto não me importava. Às 15:00 em ponto fomos chamadas para dentro de uma sala de reuniões, aquela foi a última vez que eu olhei no relógio. Uma mesa enorme estava colocada no centro, cadeiras de couro preta ao redor. Grandes janelas de vidros cobertas por persianas cinzas, a luz do sol daquela tarde entrando pelas brechas entre elas. No topo da mesa estava L.A Reid, sentado em uma cadeira que parecia afundá-lo. Ao lado direito eu enxerguei Simon, do lado esquerdo um senhor que aparentava uns cinquenta anos, nunca havia o visto. Outros dois homens um pouco mais jovens também estavam presentes, como o senhor que nos encarava, eu nunca os vi antes. Jodi não estava lá, eu achei estranho, mas agradeci mentalmente.

Camila estava ao meu lado, eu não ousei soltar a mão dela. Trocamos um olhar rápido quando L.A se levantou, ajeitando a gravata vermelha que completava seu terno perfeitamente alinhado.

: - Boa tarde. – Sua voz elegante soou um pouco alta. – Queiram se sentar, por favor.

Usando a mão esquerda ele apontou para as cadeiras livres, indicando o que deveríamos fazer. Em silêncio nós tomamos os nossos lugares. Camila ao meu lado, Dinah ao lado dela, Normani ao lado de Dinah e assim vai, até meu pai sentado do outro lado. Simon olhou para nós e sorriu discretamente, o incômodo era nítido em sua expressão. Eu não retribuí o sorriso, não conseguia fazer nada mais além de tremer. Eles conversaram algo entre si por alguns segundos, talvez alguns minutos antes de L.A limpar a garganta e começar a ditar tudo o que eu nunca consegui esquecer.

: - Bom, eu sei que vocês estão cientes do motivo dessa reunião. Sendo assim, eu pretendo não enrolar muito e ser direto. – Coloquei minha mão embaixo da mesa e peguei na mão de Camila, entrelaçando nossos dedos. Ela tremia, assim como eu, mas eu queria mantê-la perto para me lembrar do motivo de estar ali. – Diante de todos os fatos que eu tenho em mãos, tudo foi muito bem pensado antes de qualquer decisão ser tomada. Nós passamos horas tentando encontrar a solução para um problema que vocês não querem colaborar nenhum pouco. Veja, eu não tenho nada a ver com a vida pessoal de vocês desde que ela não atrapalhe os meus negócios e as estruturas do grupo. Acontece que esse relacionamento está estremecendo as colunas, eu temo que nós possamos começar a perder um capital que não podemos. A imagem do grupo está ficando manchada por causa disso e não é admissível. O público de vocês não é feito apenas de jovens em suas fases homossexuais ou algo parecido, crianças também fazem parte dessa jogada, os pais dessas crianças compram os seus produtos, eles jamais iriam permitir seus filhos idolatrando um grupo onde existe um casal gay. Vocês conseguem entender o ponto que eu quero chegar?

Se eu conseguia entender o ponto que ele queria chegar? Naquele momento tudo o que eu entendia era que iria chorar dentro de alguns minutos. A tensão naquela sala era nítida, ninguém dizia nada, todos apenas olhavam-se entre si em poucos intervalos. Eu queria virar a cabeça para olhar Camila, mas não tinha coragem, então tudo o que fiz foi permanecer com os meus olhos fixos na madeira escura da mesa na minha frente.

: - Eu sei que vocês decidiram seguir com isso, foi o que nos levou a tomar essa decisão. Nós não podemos obrigá-las a escolher outro caminho, vocês possuem o livre arbítrio. Mas nós também não podemos prejudicar o resto das meninas, seria completamente injusto. É por isso que devido aos fatos e as cláusulas presentes no contrato que vocês assinaram, é com grande lamento que eu anuncio o desligamento de Camila e Lauren de Fifth Harmony.

Eu fechei meus olhos e não ouvi mais nada. Meu coração ainda batia, mas eu me sentia morta, não havia quaisquer vestígios de vida em mim. Eu senti o sangue descendo embaixo da minha pele como se estivesse correndo na direção do carpete que forrava o chão, as lágrimas que antes não conseguiam sair, naquele momento, jorrando sob minhas pálpebras fechadas como um rio feito por correntezas bravas.

 

Camila POV.

Ouvir não me era mais permitido, meu corpo estava imóvel sobre aquela cadeira que parecia me puxar para baixo, um buraco aberto no chão esperando que eu caísse dentro. Meus lábios separados recebiam as lágrimas que desciam de meus olhos, a dor sufocante queimando o meu peito, rasgando a minha garganta. Eu repeti na minha cabeça um milhão de vezes aquela frase, a frase que deu por encerrado todos os meus sonhos. Eu contei inúmeras vezes os meus batimentos cardíacos para me certificar de que ainda estava lá, pois eu não me sentia mais presente. Um filme em imagens turvas e sons abafados encheu a minha mente, cenas do começo de tudo, cenas do que não teria continuação. O meu medo sempre foi ter que voltar para a minha antiga vida, o meu antigo tormento, e lá estava eu... Entrando de cabeça no poço escuro que guardava as minhas histórias de terror.

 

Lauren POV.

Eu odiava ter tido razão por todo aquele tempo, eu odiava ter guardado esperanças a toa quando eu sabia para onde estávamos caminhando. Eu queria me mover, mas eu não conseguia, eu queria me pronunciar, mas havia perdido a voz, eu queria ouvir, queria enxergar, mas nem mesmo conseguia abrir meus olhos. Alguém havia dado pause na minha vida, fazendo-me ficar congelada naquela cadeira sem intenção de levantar. Os meus sonhos foram cancelados, eu fui chutada para fora do barco que eu comandava sem hesitação. Eu me lembrei amargamente da minha audição, minha eliminação, da formação do Lylas, 1432 e Fifth Harmony. Eu queimei feito brasa sem conseguir pedir por ajuda com a lembrança de cada passo que nós demos, nós cinco, nossa família, almas iguais habitando corpos diferentes.

 

Camila POV.

Nosso encontro inesperado, nossa união, nosso teste, nosso passo para frente, nossa luta, nossa mudança de fase, nosso início de carreira, nosso sucesso, nossa casa, nossas viagens, nossas risadas, nossos abraços em grupo, nosso cansaço depois de um show, nossas fotos espalhadas pela casa, nossas histórias contadas com carinho e alegria, algumas cobertas por lágrimas e tristeza. Nossa família, tudo, tudo sendo reescrito com um ponto final. Eu sacudi a cabeça de um lado para o outro tentando focar em algo que me puxasse de volta, uma conversa estava acontecendo ao meu redor, mas eu não conseguia sair do desespero que corroía o meu corpo. Eu queria falar com Dinah, com Mani, com Ally, com Lau...

A sensação que tive foi como se tivesse levado um tapa na cara, meu coração batendo tão rápido que me fez resfolegar. Lauren, o meu motivo era Lauren.

 

Lauren POV.

Procure algo que te traga de volta, procure na sua alma, procure no seu coração, procure, Lauren. Eu me dizia mentalmente enquanto tentava vencer a dor de cabeça, a agonia em meu peito. Olhe no seu coração, você vai encontrar. A voz na minha cabeça me respondeu, me obrigando a passar lentamente as imagens do filme que não parava de repetir no meu subconsciente. Eu te amo. A frase veio como um flash, eu lutei contra a pressão que me atingia para ouvi-la novamente. Nunca em dezessete anos ele bateu assim por alguém, nunca. Sabe qual foi a primeira vez que ele bateu desse jeito? Quando nos vimos nos bastidores do The X Factor.  Eu sacudi a cabeça para as lágrimas descerem com mais força, forçando as minhas lembranças a seguirem o caminho que eu queria. Aquela voz, a voz não parava. Nós juramos em Paris que ninguém iria nos separar, e não vão. Eu não vou deixar, você não vai deixar. Nós juramos, nós, eu e Camila... Camila.

Eu sai do meu transe no mesmo momento em que senti um aperto forte na minha mão, fazendo-me olhar para baixo por trás das lágrimas pesadas que me cegavam. Camila. Eu encontrei o que eu procurava, ela esteve bem ali o tempo todo, ela não soltou a minha mão em nenhum momento, ela me segurou por todos aqueles minutos intermináveis como havia me prometido. Ela não me soltou, eu não conseguia parar de repetir aquilo para mim. Mesmo que eu tivesse me perdido por alguns instantes, sua mão ainda me segurava, pronta para me puxar de volta quando eu gritasse por ajuda. Eu soube naquele momento mais uma vez que eu daria tudo de novo, eu me sacrificaria quantas vezes fosse preciso.

 

Camila POV.

Apertei a mão de Lauren e me virei para olhá-la, encontrando seu olhar penetrante. Alívio era tudo o que eu enxergava em seus olhos, como se eu tivesse acabado de salvá-la de uma trilha onde se encontrava perdida, assim como ela havia feito comigo. Eu percebi que durante todo aquele curto tempo em que ficamos em silêncio, que nossas mãos permaneceram conectadas, nossos dedos entrelaçados mantendo a promessa que havíamos feito uma para a outra. Lá estávamos nós, nos segurando quando tudo ao nosso redor parecia andar em câmera lenta. Olhando dentro dos meus olhos ela podia ver o que significava pra mim, ela não poderia me dizer que não valeu a pena lutar porque eu estava lá, eu estava lá por ela. Ninguém poderia me dizer que não valeria a pena morrer por isso. Não existia no mundo amor igual ao dela, nenhuma outra pessoa poderia me oferecer amor igual. Não existe lugar certo, a não ser que você esteja lá o tempo todo, até o fim.  Eu disse silenciosamente encarando aquela imensidão verde que derretia na minha frente, eu não precisava erguer a minha voz, Lauren sabia, ela sabia que tudo o que eu fazia, eu fazia por ela.

 

Lauren POV.

O meu caminho estava lá, as minhas escolhas, os meus motivos para continuar, eu podia enxergar tudo nos olhos de Camila. Ela chorava, mas eu observei com o coração em batidas dolorosas quando ela colocou um sorriso triste do canto dos lábios. Eu respirei fundo e apertei seus dedos com mais força. Na minha cabeça todo o surto recente havia ido embora sem deixar rastro, a partir do momento que ela olhou para mim novamente eu lembrei quem eu era.

Eu poderia ter dinheiro, eu poderia ter sucesso, eu poderia ter o grupo, eu poderia ter todos os bens que alguém é capaz de ter, mas se eu não tivesse Camila... Eu não teria nada. A música era o meu sonho, mas Camz era o amor da minha vida. Seguir ao lado dela não era uma opção para mim, nunca foi, segurar na mão de Camila e seguir o meu destino era uma necessidade, e era por aquela necessidade que eu respiraria. Você não pode me dizer que não valeu a pena tentar. Eu pisque para que as lágrimas que restavam caíssem, acariciando seus dedos incansavelmente. Seus olhos não me deixaram, era como se ela não pudesse parar de me olhar. Você sabe que não podíamos evitar, você sabe que não há nada mais no mundo que possamos querer. Camila sorriu novamente, eu sabia que ela estava decifrando os meus pensamentos, eu sabia que ela estava ouvindo o que eu dizia em silêncio. Eu lutei por você, eu menti por você, eu andei em uma corda bamba por você, eu poderia morrer por isso. Respirei fundo e estreitei levemente os meus olhos, segurando a linha invisível que nos prendia. Você sabe que é verdade, tudo o que eu faço, eu faço por você.

Como em uma resposta as minhas mudas palavras, Camila apertou a minha mão e sacudiu a cabeça positivamente de forma discreta, me dando a força que eu precisava para me colocar ereta naquela cadeira. Era hora de encarar as consequências de cabeça erguida.

: - Mas não se preocupem com isso, elas não ficarão desamparadas. – Simon disse com os braços sobre a mesa, um olhar tão desolado como todos ali presentes. – Nós sabemos que Lauren e Camila juntamente com as meninas fizeram o que Fifth Harmony é hoje.

: - Vocês não vão faturar menos com esse desligamento, Simon? E como ficará? Vão substituí-las, eu imagino.

Alejandro perguntou enquanto Sinu chorava ao lado dele, assim como as meninas. Meu coração estava doendo como nunca antes, eu quase não conseguia olhá-las. Minha mãe me encarava fixamente, seus olhos vermelhos denunciavam as lágrimas e sua raiva. Eu desviei o olhar para minhas mãos sobre a mesa.

: - Vamos ter que fazer as substituições, é claro, não podemos seguir com esse desfalque.  – L.A disse enquanto se levantava, começando a andar atrás de sua cadeira. – E é claro que vamos perder alguns números com a saída de Camila e Lauren, afinal, querendo ou não elas possuem fãs fiéis. Mas o lado bom de tudo isso, se existe um lado realmente bom, é que os verdadeiros vão permanecer. Fifth Harmony não é apenas Lauren e Camila. Eles vão ficar pelas outras, Dinah, Allyson e Normani estarão lá independente de qualquer coisa, eu duvido que eles vão abandoná-las. Vão sentir a perda? Vão. Não vai ser o mesmo? Lógico que não, mas eles estarão lá pelas três que ficaram e é disso que precisamos. Logo nós perderíamos muito mais se deixássemos que vocês seguissem com essa relação dentro do grupo. Entendem?

: - Eles não vão aceitar isso. – Dinah sussurrou em lágrimas ao lado de Camila, negando com a cabeça enquanto fungava. – Não vão.

: - Eles não têm escolha, Dinah, ou era isso ou o fim de Fifth Harmony. Eu tenho certeza que nem Lauren e nem Camila desejam o fim para vocês também.

: - Nunca. – Eu me pronunciei pela primeira vez, chamando a atenção de todos para mim. Engoli a saliva que se formou em minha boca e respirei fundo, me ajeitando na cadeira. – Essa escolha foi feita por mim e Camila, jamais faríamos com que elas pagassem por algo que nós fizemos. O grupo vai continuar, vocês vão seguir e fazer valer a pena por todas nós. Sempre estaremos lá, nós vamos em todos os show’s para vê-las, nós vamos encontrá-las sempre.

Eu ouvi os soluços de Ally e Mani, meus olhos enchendo-se de lágrimas novamente. Camila deitou a cabeça no ombro de Dinah, que a abraçou com força.

: - Não sofram por antecedência, meninas. Vocês ainda vão cumprir o contrato até o fim da agenda que já está programada, que tem duração até exatamente dia 15 de Agosto do ano que vem. Estamos em Novembro, ainda há muito para viverem juntas.

Simon disse tentando um sorriso, mas não obteve uma resposta positiva.

: - E nossos fãs, quando ficaram sabendo disso?

Mani perguntou limpando o nariz com as costas das mãos.

: - Uma semana antes de vocês entrarem de férias, no começo de Agosto. Não queremos causar tumulto e é melhor tudo correr silenciosamente. Nenhuma palavra sobre o assunto, fiquem normais, é a última regra que eu estou colocando para vocês.

: - Isso é tudo?

Meu pai perguntou um pouco irritado, mas parecia conformado.

: - Sim, senhor Jauregui, isso é tudo. – L.A respirou profundamente e negou com a cabeça. – Antes de liberá-los eu quero dizer que sinto muito por toda essa situação, mas eu realmente não tive outra escolha.

: - Nós podemos entender, acredite.

A voz de minha mãe inundou o ambiente totalmente gélida, sendo assim a única coisa que ela disse durante toda a reunião antes de afastar a cadeira e se levantar.

: - Nos vemos em breve, senhora Jauregui. – Simon se levantou junto com os outros homens ao recolher alguns papéis. – Sr. e Sra. Cabello, meninas, a reunião está encerrada.

A reunião e a presença de Camren nos dias de Fifth Harmony, em breve, muito em breve.

 

A noite estava caindo quando nos reunimos no quarto de Dinah, apenas a luz do abajur estava acesa, deixando o ambiente pouco iluminado. Camila e eu recusamos qualquer conversa com nossos pais pelo decorrer da noite. Eles sabiam que precisávamos de um momento só nosso, em família. Sentadas sobre o tapete preto felpudo, nós formamos uma pequena rodinha. Camila deitou a cabeça em meu ombro direito, entrelaçando nossos dedos sobre sua coxa. Fechei meus olhos e cheirei seu cabelo, vacilando quando as batidas do meu coração se aceleram drasticamente. Dinah foi a primeira a erguer a voz.

: - Nós sabemos que essa foi a melhor escolha que vocês poderiam fazer depois de tudo o que passaram, mas eu não consigo me conformar.

Dinah soluçou no final de sua frase, escondendo o rosto entre as mãos. Fechei meus olhos com força apenas por impulso, pois as lágrimas já estavam me cegando.

: - Eu não quero aceitar que vamos ter que seguir sem vocês.

Mani negou com a cabeça e curvou as pernas, abraçando os joelhos. Camila tremia nos meus braços, eu a apertei com mais força quando ela começou a soluçar no meu pescoço.

: - O que vai ser de nós sem vocês? Nós nunca nos separamos por um longo tempo. O que nós vamos fazer nesse grupo faltando um pedaço? Não faz sentido continuarmos.

Ally esbravejou por trás de toda a sua calma, nos olhos que eu tanto amava toda a dor que Camila e eu sentíamos formadas por lágrimas, que Mani e Dinah choravam.

: - Vocês vão continuar. – Eu fiz uma pausa para controlar os meus soluços, respirando fundo e erguendo um pouco a cabeça. – Não é uma opção desistir, entenderam? Vocês precisam seguir em frente, é o sonho de vocês, é a vida de vocês. Camila e eu não podíamos fazer diferente, mas vocês podem e vão.

: - Não, Lauren, não. – Foi a vez de Mani esbravejar, suas lágrimas furiosas pingando incansavelmente sobre seus joelhos. – Eu não quero continuar sem vocês, nós não queremos. O nosso sonho só valerá a pena se estivermos juntas, nós cinco do jeito que sempre foi. Eu não quero lidar com novas pessoas, eu não quero fingir que gosto delas. Eu quero você, eu quero a Mila, eu quero a nossa família como ela deve ser. Eu não escolho isso.

: - Mani...

Meus lábios tremiam tanto que eu levei a mão até a boca depois de lamentar, abaixando a minha cabeça.

: - Eu não quero. – Ela tornou a dizer escondendo o rosto entre os joelhos. – Eu não vou continuar.

: - Você vai.

Camila se soltou de meus braços e sua voz estava em um tom mais alto. Dinah, Ally e eu olhamos para ela, menos Mani. Com certa raiva Camz limpou as lágrimas dos olhos, arrastando-se pelo tapete até se ajoelhar na frente de Mani. Troquei um olhar cúmplice com Dinah, onde ela abriu os braços para que eu me acomodasse. Foi o que eu fiz, deixando-me chorar no calor que eu tanto amava. Ela me embalou de um lado para o outro, a cabeça de Ally deitando no meu colo, seu rosto se escondendo na blusa do meu pijama.   

: - Olha pra mim. – Camila pediu colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. – Normani, olha pra mim.

Relutante, Mani ergueu o rosto e encarou a garota em sua frente, seus lábios tremendo sem pausa. Meu coração estava estraçalhado. Será que havia um jeito de juntar os pedaços?

: - Você vai levantar a cabeça e seguir em frente. E sabe por que você vai? Porque você merece, Dinah merece, Ally merece, nossos fãs merecem... Eu mereço, Lauren merece. Veja só, Mani, olhe para tudo isso que nós construímos juntas, olhe pra você, olhe as tuas fotos, olhe o teu sorriso realizado, tua força, tua luz. Não deixe que isso se apague, não se deixe levar pelo desespero. Lauren e eu estaremos lá sempre, se não for pessoalmente será na cabeça de vocês, dentro do peito, porque eu sei que sempre estarão pensando em nós. Ninguém vai preencher os nossos lugares dentro de vocês, nunca. Nós cinco seremos Fifth Harmony pra sempre. Eu só quero vocês mostrem para todo mundo que ninguém foi capaz de quebrar nosso laço, eu quero que vocês esfreguem na cara de quem tentou, que não conseguiram fazer com que deixássemos de ser quem somos. Façam valer a pena por tudo o que lutamos, por Lylas, por 1432 e por Fifth Harmony. No final seremos nós, Mani, sempre será apenas nós.

: - Eu te amo, Mila. – Mani disse soluçando antes de puxar Camila para um abraço esmagador, cheio de sentimento e promessas. Dinah, Ally e eu sorrimos entre nossas lágrimas. – Eu te amo muito, muito.

: - Eu também quero.

Dinah resmungou fazendo beicinho.

: - Eu também.

Ally riu enquanto chorava, tentando em vão limpar as lágrimas.

: - Eu vou viver por vocês todos os dias da minha vida.

Camila disse quando nos juntamos a elas no nosso antigo abraço em grupo, nos apertando, sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

: - Nós somos uma família, ninguém vai destruir isso.

Dinah resmungou beijando a minha cabeça, logo depois a de Mani.

: - Eu amo tanto vocês, tanto, tanto. Eu não saberia quem sou hoje se vocês não tivessem entrado na minha vida.

Ally disse quase sem voz, seu choro impedia que ela fizesse qualquer coisa.

: - Eu morreria por vocês. – Mani soluçou. – Mesmo às vezes sentindo vontade de matá-las.

Nós rimos nos apertando cada vez mais, estávamos quase uma em cima da outra.

: - Vocês vão estar comigo sempre, não importa a distância, não importa o que aconteça. Basta lembrarem que eu faria qualquer coisa para vê-las sorrindo. Eu nunca imaginei que pudesse amar quatro pessoas mais do que qualquer coisa na minha vida.

Foi a minha vez de dizer no meio de todos aqueles corpos cheios de calor e amor, nossas almas conectadas por uma linha invisível que se esticava além do que podíamos imaginar. Como em uma promessa que jamais seria esquecida, nós começamos a cantar ao mesmo tempo o refrão da música que embalou um dos momentos mais sofridos para nós, o dia em que corremos o risco de sofrer a tão indesejada eliminação no The X Factor.

Anytime you need a friend I will be here.
You'll never be alone again, so don't you fear.
Even if you're miles away, I'm by your side.
So don't you ever be lonely, love will make it alright.

A dor era a mesma, a angustia parecia ainda maior, as lágrimas que molhavam nossos rostos tinham o mesmo gosto, os olhares cúmplices que trocávamos a mesma insegurança, nossas vozes ecoando embargadas pelo quarto possuíam o mesmo desespero, o mesmo lamento. Mas uma coisa fazia a diferença, daquela vez uma parte iria embora, diferentemente do inesquecível dia no palco do The X factor, parte de nós teria que pular do barco. Naquele dia, no quarto de Dinah, Camila e eu estávamos nos despedindo silenciosamente do nosso sonho, Fifth Harmony para nós ficaria apenas dentro do peito, a nossa história que foi escrita em linhas tortas ficaria para sempre nas folhas do meu caderno, o mesmo que eu ousadamente chamava de vida.

 


Notas Finais




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