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História Falling in love for the last time. - Melhores intenções.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Oi, meninas. Bom, deixa eu dizer só uma coisa aqui rapidinho. Eu vou andar mais devagar com Falling, ok? Vou prolongar o quanto eu puder para não terminar logo, ainda falta um pouco, mas eu quero ir o mais devagar possível, não vejo necessidade de correr com a estória. Quero detalhar bastante todas as situação, para que nada fique sem explicação, então... Não se preocupem, eu vou colocar uma lerdeza ai. USAUSAUSAHUASH Enfim, espero que gostem, escrevi com carinho como sempre. Qualquer erro eu conserto depois. <3

Capítulo 46 - Melhores intenções.


 

Lauren POV. 

O nosso último show naquele país foi o mais emocionante, eu não sei dizer com exatidão quantas vezes eu chorei em cima daquele palco. Era uma mistura de amor, orgulho, saudades... Uma saudade tão grande que a vontade de não ir embora só me corroía. As meninas estavam da mesma forma, sorrisos no rosto e corações apertados. Nós cantamos todas as músicas como nunca antes, jogando todas as emoções que sentíamos em cima. Se eu pudesse pegaria todos aqueles cartazes e levaria comigo para casa, todos os balões vermelhos em formato de coração, todas as fitinhas personalizadas, todas as camisas, todos os sorrisos, todas as lágrimas. Eu só queria ficar ali para sempre.

Depois do show, nós nos amontoamos no camarim para comemorar rapidamente a passagem maravilhosa pelo Brasil. Antônia e Manuela juntaram-se a nós, fazendo todas as meninas derreterem ao mesmo tempo. Foi uma briga para ver quem é que segurava a neném primeiro, vez ou outra eu tinha que lembrá-las de que Manuela não era uma boneca. Quando chegou a vez de Camz, ela me olhou aterrorizada por alguns segundos, me pedindo ajuda silenciosamente. Eu ri de sua expressão temerosa e me aproximei, colocando uma de minhas mãos nas costas de Manu, que olhava concentrada para o rosto de Camila.

: - Ela é tão pequena, eu tenho medo de deixá-la cair, sou tão desastrada.

Camila comentou completamente imóvel, parecia ter medo de se mover e acabar derrubando a neném. Sorri gentilmente para ela e me coloquei ao seu lado, levando a mão livre até suas costas em uma carícia leve.

: - Não vai deixá-la cair, não precisa ficar com medo. Segure-a de um jeito mais confortável.

: - Isso não é confortável?

Ela me perguntou apavorada e arregalou os olhos. Eu soltei uma risada um pouco alta e neguei com a cabeça.

: - Camz, você nem mesmo parece respirar. – Ela riu sem graça e abaixou seus olhos para Manu. – Olha, coloque um braço ao redor das costas dela e a mão livre atrás da cabecinha. Segure-a contra o seu peito, mas não precisa apertar muito, se não vai sufocá-la.

Expliquei calmamente enquanto a ajudava com os movimentos certos, livrando Manuela da posição desconfortável da qual se encontrava. Logo algumas mechas do cabelo de Camila estavam entre suas mãozinhas, puxando daqui, puxando dali. Ela estava concentrada no que fazia, parecia que não iria querer sair daquele calor tão cedo.

: - Ela gostou do seu colo. – Comentei deslizando a ponta do dedo indicador pela bochecha de Manu, vendo Camila sorrir com a língua entre os dentes, o nariz se enrugando automaticamente. Eu adorava aquela expressão. – Não é, bebê? Diz pra Camz que você amou o colinho dela. É quentinho, não é? Eu sei disso.

Com sua atenção virada para mim e com as mãos ainda emboladas nos cabelos de Camila, Manu riu de uma forma deliciosa, enchendo o meu peito de uma paz desconhecida.

: - Eu quero um bebê. – Com calma e delicadeza, Camz depositou um beijinho na testa dela, a embalando de um lado para o outro. – Em que botão aperta para pular até o dia em que você vai me dar uma igual? Eu quero sentir esse cheirinho todas as manhãs ao acordar.

Nós nos olhamos profundamente, era como um laço que não queríamos desfazer, um momento único e apenas nosso. Olhar Camila com aquele neném no colo me fez viajar até um futuro que eu queria para mim, que eu planejei para nós. Éramos jovens, ainda tínhamos muito para viver, mas a família que eu sempre quis ter desde que me conheço por gente, eu teria com ela. Se fosse para ter filhos, que fosse com ela, tudo só valeria a pena se compartilhado com a mulher que eu amava. Sentar na varanda em uma tarde de Outono, observar as crianças brincando no quintal enquanto tomamos um chá quente preparado com carinho. Colocá-los para dentro ao cair da noite, banhá-los e esperar que durmam para só então nos acomodarmos em nossa própria cama, para dar início em mais uma sessão de prazer protagonizada por nós, completamente apaixonadas e insaciáveis, desfrutando do amor que nos envolve da melhor forma depois de um dia em família. Era aquilo que eu queria para a minha vida além de Fifth Harmony, e era por aquilo que eu lutaria.

Sorri para ela e mordi o lábio inferior, ajeitando o lacinho que Manu tinha na cabeça.

: - Se esse botão existisse, você acha que eu já não teria clicado há muito tempo? – Perguntei sem deixar de sorrir, observando aquele brilho maravilhoso em seus olhos castanhos. – Mas enquanto esse dia não chega, eu te compro uma boneca.

: - Idiota. – Camila jogou a cabeça para trás e riu, minha risada favorita no mundo. Para ser sincera, tudo nela tinha o título de: minha coisa favorita no mundo. – Mas não é uma má ideia.

: - Não acordam de madrugada, já é um avanço.

: - Ei, meninas, olhem pra cá. – Dinah chamou nossa atenção do outro lado do camarim, tinha um copo de plástico em uma mão e uma câmera preta profissional na outra. – Quero tirar uma foto desse momento pra colocar na sala lá de casa, só falta a de vocês, nós já tiramos.

: - Precisava gritar? Assustou a Manu.

Eu resmunguei com um sorriso, esfregando as costas da neném. Dinah rolou os olhos e se aproximou um pouco, bebendo um gole do líquido em seu copo.

: - Tu vai ser uma mãe insuportável, daquelas que se a criança der um espirro já está levando para o hospital.

: - Vai mesmo. – Camz riu baixinho e cheirou a cabeça de Manu, que tinha um olhar esperto para Dinah. – Ainda bem que eu vou estar lá para controlar isso.

Ela disse corando um pouco, onde eu logo me curvei para o lado e depositei um beijo em sua bochecha, deixando-a mais vermelha ainda.

: - E ainda bem que eu vou estar lá para ensinar essa criança a viver de verdade, falando Bah Felicia sempre que for preciso. Com essa dinda aqui no comando, queridas, qualquer criança cresce na malandragem.

Dinah disse se gabando enquanto dava um daqueles sorrisos sarcásticos, o que nos fez soltar uma risada alta.

: - Ok, capitã, para de falar merda e tira logo essa foto.

Coloquei meu braço direito gentilmente ao redor dos ombros de Camila, segurei na mãozinha esquerda de Manu com a minha e colei minha bochecha na de Camz.  

: - No três, casal. – Dinah avisou erguendo a câmera. – Um, dois, três...

Sorrimos abertamente e Dinah tirou a foto, sorrindo com o resultado. Ficou mesmo maravilhosa, com certeza eu teria uma no meu quarto em um porta-retrato bem bonito.

Ficamos mais um bom tempo ali conversando, ouvindo as histórias de Antônia com o fandom e mimando Manu. Jodi entrou no camarim depois de um tempo e nos avisou que já estava na hora de partir, não nos dando nenhuma chance de um último abraço nas pessoas que fizeram parte da nossa passagem por ali. Despedimos-nos rapidamente e com lágrimas nos olhos, sem olhar para trás. Se eu olhasse, com certeza pegaria as minhas coisas e ficaria, nunca mais sairia daquele país.

Mais tarde estávamos em um voo fretado na direção de Los Angeles, ninguém dizia nada, acho que o êxtase pelo show maravilhoso que fizemos ainda nos envolvia. Mas para falar a verdade, o meu silêncio e o de Camila tinha um nome: Tensão. Ela ficou nos meus braços a viagem inteira, toda a lateral esquerda do meu corpo se encontrava dormente por conta de seu peso. Camila levantou poucas vezes apenas para ir ao banheiro, dormiu a maior parte do tempo. Como eu não queria acordá-la, fiquei na mesma posição até pousarmos em Los Angeles às seis da manhã.

Quando me levantei da poltrona, não conseguia mexer o meu braço esquerdo, uma dor tão grande que eu torci o nariz e gemi baixinho quando começamos a andar para fora do avião. Coloquei o meu rayban preto e passei a mão direita rapidamente pelo cabelo, dando uma melhorada no meu aspecto amassado. Peguei a minha mochila e a de Camila, já que ela parecia dormir em pé. Com muito custo, ergui o braço esquerdo e coloquei a mochila dela no ombro, fazendo o mesmo com a minha do outro lado. Antes que pudéssemos sair, Jodi parou na nossa frente e olhou para nós, nariz em pé e olhar ameaçador.

: - Vocês duas... – Com o dedo indicador da mão direita, ela apontou para Camila e eu, fazendo-me respirar fundo e pedir paciência. – Distância, já fui avisada da presença da imprensa no saguão, por isso vamos passar direto. Lauren, vai na frente, Camila sai por último.

Sem querer começar o dia com uma briga desnecessária, me virei para Camila e suspirei, ganhando um sorrisinho triste como resposta. Seu cabelo estava completamente bagunçado, onde ela fez uma trança rápida para amenizar a situação. Se ela soubesse o quanto ficava linda daquele jeito.

: - Toma. – Tirei a mochila do ombro e a entreguei, fazendo uma careta de dor, chamando sua atenção. Ela não falou nada, mas o olhar que me lançou deixou bem claro que eu teria que falar sobre isso mais tarde. – E olha por onde anda, você ainda está dormindo em pé.

Eu disse baixinho depois de selar um beijo em sua testa, mas minha vontade mesmo era de beijar outro lugar.

: - Chega dessa melação, Lauren. – Jodi resmungou soltando o ar pelo nariz ferozmente. Qual era o problema dela? Falta de sexo? Acho que ela tinha inveja por eu ter alguém pra me fazer gozar. Eu sorri internamente com meu pensamento. – Antes que saiam, fiquem sabendo que às 15:00 temos uma reunião marcada. Seus pais já estão avisados e estarão lá. Dinah, Normani e Allyson também estarão presentes. Não quero atrasos, não vou poder acompanhá-las até lá, vou direto do hotel. Portanto, eu quero as cinco prontas às 14:20, um carro vai buscá-las em casa. Entenderam?

Eu fiquei parada olhando pra cara dela completamente imóvel, o meu coração batendo tão rápido que eu fechei a boca com medo de que ele saísse. Teríamos uma reunião com a presença dos meus pais, dos pais de Camila, das meninas e sabe-se lá Deus quem mais. Levando os fatos em consideração, a situação era pior do que eu imaginava. Eu acho que perdi a cor do meu rosto, foi como se eu sentisse o sangue descendo para os meus pés, que começaram a formigar intensamente.

Meu pai não havia me ligado, não até aquele momento, nem mesmo os pais de Camila. Será que haviam contado a eles o motivo daquela reunião? Foi só então que eu me lembrei que desligamos nossos celulares quando entramos no avião, o que me fez sacá-lo do bolso imediatamente quando recuperei meus movimentos. As meninas olhavam-se entre si, expressões amedrontadas e nervosas. Liguei meu Iphone e esperei que iniciasse.

: - Cinquenta e duas ligações perdidas do meu pai.

Eu sussurrei para o acaso engolindo a saliva que havia se formado em minha boca. Virei o rosto para o lado e vi Camila fazendo o mesmo com seu Iphone, o lábio inferior mordido com força e os olhos arregalados.

: - Minha mãe parece um pouco desesperada. – Sua voz saiu sufocada, seus olhos se ergueram para mim. – Quase quarenta ligações perdidas. Isso não é nada bom.

: - Camila, eu não estou interessada em saber se é bom ou se não é, eu só quero que coloquem na cabeça de vocês que ás 14:20 eu quero todas cinco arrumadas. Entenderam bem?

: - Já entendemos, Jodi. – Foi a vez de Dinah falar, levando a mão até meu ombro direito, onde apertou gentilmente. – Vai, Lauren... Não vamos prolongar isso, em casa conversamos.

Concordei meio sem saber o que fazer e troquei um rápido olhar com Camila, ajeitando a mochila nas costas antes de descer do avião. Um de nossos seguranças me acompanhou durante todo o caminho até o carro que nos levaria para casa, algumas fotógrafos estavam ao redor, mas não se aproximaram muito. Tentei fugir dos flash’s o máximo que eu pude, entrando no carro e batendo a porta.

Retirei o rayban e encostei a cabeça no banco, fechando meus olhos e respirando fundo. O que eu sentia não tinha nem explicação, a merda daquele momento era muito maior do que a merda de alguns meses atrás. E o pior é que eu tinha noção de onde aquilo terminaria. Lutei contra as lágrimas que queriam invadir meus olhos, segurei a respiração e contei até dez mentalmente, ouvindo a porta do carro se abrir e Ally entrar com Mani.

: - Vai ficar tudo bem, Laur.

Mani disse se aproximando de mim, passando seu braço ao redor de meus ombros para me aconchegar em seu peito.

: - Não vai não. – Eu soltei uma risada nervosa e dolorosa, nenhum tom de humor, apenas tristeza. – Vamos ser realistas. Até vocês vão participar dessa reunião, acha mesmo que tudo vai acabar bem?

: - Isso não quer dizer nada. – Ally suspirou completamente exausta. – Nós precisamos ter fé. Lutamos tanto para chegar até aquilo, Lauren, nós trabalhamos duro e se não fosse a nossa fé, em nem sei onde estaríamos. Precisamos nos agarrar á ela.

: - É difícil. – Afundei meu rosto no peito de Mani e me agarrei em sua blusa como se algo terrível me puxasse pelos pés. Não iria chorar ali, não iria mesmo. – É difícil continuar tendo fé quando tudo parece ir contra você. Quanto mais fé você tem, mais as coisas te derrubam, é assim que acontece comigo.  

Mani beijou minha cabeça e esfregou minhas costas, não voltei a ouvir a voz de Ally, acho que ela ficou sem saber o que me dizer. Depois de mais alguns segundos, Camila entrou no carro com Dinah, olhou-me por cima do banco e suspirou, seus olhos assustados e perdidos, só senti vontade de abraçá-la.

Imitando a minha posição com Mani, Dinah passou seus braços ao redor do corpo da minha pequena, segurando-a como se ela fosse um bebê. Eu sorri, eu adorava a proteção que ela mantinha sobre Camila, daquele jeito eu sabia que se algum dia acontecesse algo comigo, Dinah cuidaria dela para mim.

O caminho até nosso condomínio não foi muito longo, apenas o trânsito dificultando as coisas. Assim que chegamos, saímos do carro e praticamente voamos para dentro de casa. Dinah foi a primeira a se jogar no grande sofá em L que cortava a nossa sala, seguida de Mani. Ally ficou pela cozinha olhando com o que abasteceram nossa geladeira. Camila praticamente se arrastou até ao meu lado e me abraçou, enterrando sua cabeça em meu peito. Coloquei meus braços ao redor dela com firmeza, deslizando meu nariz por seus cabelos para me perder em seu cheiro.

: - Lar doce lar, nada como estar em casa depois de dormir em hotéis por longas semanas.

Mani comentou com os olhos fechados, a cabeça para fora do sofá e os pés sobre o encosto.

: - Nossa, nem me fala, eu não via a hora de estar dentro de casa novamente. Nosso cheiro, nossas coisas, nossas fotos em todos os cantos. – Ela riu olhando ao redor. – Senti falta de tudo.

: - Eu também. – Eu disse baixo contra a bochecha de Camila, sentindo sua respiração calma acariciar o meu pescoço. Subi minha mão direita por suas costas em uma pequena carícia, fechando meus olhos para senti-la melhor contra mim.  – Vamos subir? Tomar um banho bem quentinho e dormir um pouco, precisamos descansar.

: - Uhum.

Ela resmungou contra a minha pele, sacudindo a cabeça em positivo.

: - Vem.

Beijei sua testa e a separei de meu corpo, segurando em sua mão direita para entrelaçar nossos dedos. Começamos a caminhar na direção da escada, onde eu passei meus olhos rapidamente ao meu redor. Tantas saudades eu senti daquele santuário feito para Fifth Harmony, aquela mansão era completamente desenhada para nós. Eu já comentei sobre uma das paredes da sala ser toda coberta pela nossa foto de capa do EP de Better Together? Qualquer fã ficaria louco perto dela, viraria local marcado para o registro de fotos.

Mordi o lábio inferior em nostalgia e olhei para as meninas, que nos encaravam com uma expressão preocupada. Ally surgiu na sala segurando um pote de morangos, caminhando na direção do sofá.

: - Depois nós conversamos sobre isso, ok? Só preciso dormir um pouco e vocês também.

Informei já subindo as escadas com Camila atrás de mim.

: - Tudo bem, Laur. – Mani bocejou e sentou-se. – Só saibam que estamos aqui.

: - Nós sabemos, é a nossa única certeza.

Camila disse para elas com um sorriso acolhedor, recebendo três do mesmo jeitinho em troca.

: - Até mais tarde, Camren. – Dinah nos encarou seriamente, levantando-se do sofá. – O barco ainda está flutuando, ok? E eu estou no comando. Não ousem abandonar a tripulação, ou eu mato vocês antes dos tubarões.

Apontando o dedo indicador para nós, ela estreitou seus olhos e esbravejou, fazendo com que soltássemos uma risada baixa.

: - Sim, capitã. Como quiser. – Camila bateu continência para Dinah e sorriu, passando na minha frente e me puxando pela mão. – Até mais tarde.

Acenei para elas e segui minha namorada para cima, entrando no longo corredor que dividia nossos quartos. Caminhamos juntas e de mãos dadas até a porta do meu, parando uma de frente para a outra. Analisamos-nos por um curto tempo, um sorriso nascendo no canto dos meus lábios quando me dei por satisfeita.

: - No meu quarto ou no seu?

Perguntei erguendo minha mão direita para colocar uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. Ela sorriu com a língua entre os dentes e suspirou, o cansaço traçado em seu rosto.

: - No meu, saudades da minha cama. – Com calma ela se aproximou, segurando meu rosto entre as mãos e depositando um selinho em meus lábios. Eu queria mais, mas ela cortou o contato. – E eu sei que você gosta dela.

: - Eu amo a sua cama, ainda mais quando você está em cima dela.

Eu  disse massageando a carne de sua cintura com as mãos. Apesar do clima, a tensão era nítida em nossos corpos e olhares, nem eu e nem ela queríamos tocar no assunto que trataríamos mais tarde.

: - Pega uma peça de roupa. – Eu suspirei quando a ponta de seus dedos desceram por meu pescoço, seus olhos seguindo o caminho. Minhas mãos quentes em sua cintua ansiosas para acariciá-la mais intimamente. – Eu vou esperá-la no banho.

Dando um sorriso pequeno, Camila beijou a minha bochecha e se afastou de mim, me dando as costas para começar a andar até seu quarto. Suspirei frustrada pela perda de contato e sorri, colocando a mão na porta.

: - Eu já estou indo.

Sem virar para me olhar, ela apenas fez um sinal de “ok’” com a mão por cima do ombro, sumindo em seu quarto logo depois. Entrei no meu ainda com um sorriso no rosto e suspirei, as meninas tinham razão, nada como estar em casa novamente. Andei por meu quarto tocando quase tudo com as pontas dos dedos, reconhecendo cada cantinho que eu decorei. Olhei para a minha cama e a vontade de me jogar em cima dela foi grande, mas eu preciso mesmo dizer que gostava mais da cama de Camila? Acho que não.

Coloquei meu celular em cima da mesinha do meu not e destravei o visor. Meu pai não havia me ligado mais e eu decidi que não retornaria a ligação, não estava preparada para falar com ele, precisava descansar a mente primeiro antes de qualquer coisa. Além do mais, logo eles estariam ali, pra que começar o assunto por telefone? Interrompi meus pensamentos com um balanço de cabeça e caminhei até o meu closet, pegando uma camisa branca com alguns quotes e uma cueca boxer preta. Eu já disse que amava cuecas? Não? Então, depois que ganhei aquelas no programa da Ellen, sempre que queria ficar mais confortável eu colocava uma. Camila era fã de carteirinha.

Peguei tudo o que precisava para a minha higiene e caminhei para fora, cruzando o corredor na direção do quarto de Camila. A porta estava aberta, facilitando a minha entrada. A cama estava arrumada com os travesseiros e o edredom, pronta para dormimos. Diferente do meu, o quarto de Camz era pintado com cores claras e aconchegantes, delicado como ela.

Coloquei minhas coisas em cima da cama e escutei a ducha ligada, o som da água corrente vindo do banheiro. Para adiantar o meu trabalho, levei as mãos até a barra da blusa de mangas compridas que eu usava e a passei por minha cabeça, ficando apenas de sutiã e calça jeans. Joguei a peça em qualquer canto e fui entrando no banheiro. Parei um pouco depois da porta e observei Camila de costas dentro do box, o cabelo preso em um nó no alto de sua cabeça para não correr o risco de ser molhado.

Comecei a abrir a minha calça enquanto a observava, não queria fazer barulho e chamar sua atenção, por isso não fiz movimentos bruscos. Quando finalmente estava nua, fiz o mesmo nó em meu cabelo e me aproximei devagar. A água corria por suas costas, sumindo no meio da fenda que dividia suas nádegas. Eu nunca iria conseguir me acostumar com a perfeição daquele corpo, não tinha palavras para expressar o que eu sentia ao vê-la nua, era algo inenarrável. Distraída com o sabonete, ela não notou a minha presença em suas costas, o que me permitiu envolver sua cintura com os braços e puxá-la contra o meu peito assim que fiquei perto o bastante. Camila tremeu e seu coração disparou, um pequeno grito saindo de sua garganta. A segurei firmemente e colei meus lábios em sua orelha direta.

: - Shiu! – Sussurrei enquanto ela ofegava. – Sou eu. 

: - Não pensei que fosse outro alguém. – Ela disse arrepiada, largando o sabonete no chão para colocar suas mãos sobre as minhas em sua barriga. – É que... Você me assustou.

: - Desculpe, não era a minha intenção.

Beijei o pé de seu ouvido e acariciei sua barriga, seu corpo molhado moldado no meu me fazendo suspirar sem pausa.

: - Eu sei qual é a sua intenção.

A risadinha que Camila soltou me fez rir junto, minha boca deslizando por sua nuca causando arrepios nela e em mim.

: - Ah, sabe? Qual é, então?

Perguntei a empurrando um pouco para frente, fazendo seu corpo alcançar o jato de água quente que saia da ducha. Ela suspirou profundamente, minhas mãos acariciando suas coxas debaixo da água.

: - Me dar banho?

Perguntou de forma sarcástica com a voz um pouco falhada, sua mão direita se erguendo até que seus dedos estivessem acariciando minha nuca. Beijei seu ombro e sorri, fechando meus olhos para aspirar seu cheiro.

: - Claro. Mas antes eu escolho outra coisa, você sabe... Só vou conseguir dormir direito se estiver muito relaxada.

: - Eu acho que você precisa relaxar mesmo, parece um pouco nervosa.

Usando da ousadia que eu amava, Camila roçou sua bunda no meu quadril, forçando de forma deliciosa contra o meu sexo. Eu arfei na curva de seu pescoço e empurrei um pouco mais para frente, repetindo o contato.

: - No momento... – Deslizei meus lábios por seu pescoço até a orelha, onde mordi o lóbulo delicadamente. Eu vi seus lábios se separarem em um suspiro, logo depois o inferior ficando preso entre seus dentes. Beijei a pele quente e sussurrei. – Muito nervosa.

: - Hmmm.

Foi tudo o que eu ouvi de Camila antes de sentir meu corpo chocando-se na parede atrás de mim, ela foi tão rápida que eu nem consegui registrar o fato dela ter se virado. No segundo depois estávamos nos beijando como se o mundo fosse acabar, uma fome sem medida que fazia meu peito arder junto com as pontadas que eu recebia entre as pernas.

Tudo o que menos fizemos naquele box foi tomar banho, como não conseguíamos nos controlar quando estávamos sozinhas e sem roupa, transamos de pé fora e embaixo da água por umas quatro vezes seguidas. Um desespero tão grande que cada orgasmo me fazia ajoelhar no chão. Não sei por quanto tempo nós ficamos ali, eu só fui me tocar de que havíamos parado de transar quando me joguei na cama dela de costas e com os braços abertos, deixando meu corpo afundar no colchão. Estava exausta, meus dedos doloridos, meus lábios doloridos, minha língua dolorida, tudo em mim doía como se um carro tivesse me atropelado. Mas eu não estava reclamando, claro que não, eu estava dolorida por uma boa causa.

: - Agora sim eu estou pronta para enfrentar qualquer coisa.

Resmunguei sentindo o colchão afundar ao meu lado, um cheiro doce e gostoso invadindo a minha respiração.

: - Depois desse momento no box eu enfrento o Diabo por você.

Eu ri baixinho quando senti seu corpo se acomodando ao meu, me fazendo aconchegá-la de costas para mim, me encaixando atrás para que pudéssemos ficar de conchinha. Enterrei meu rosto em seus cabelos e respirei fundo, ela não vestia nada mais que calcinha e sutiã.

: - Pensamos nisso depois, agora vamos dormir, por favor. Eu nem consigo piscar mais.

: - Você está de cueca. – Camila disse o óbvio e bocejou, segurando minha mão ao redor de sua cintura para entrelaçar nossos dedos. – Eu amo quando você usa cueca.

Eu não disse? Bocejei em seus cabelos e passei minha coxa direita por cima de suas pernas, prendendo-a em mim.

: - Coloquei pra você...

: - Eu sei...

: - Aham.

Eu nem sabia mais o que estava dizendo, acho que nem ela, pois a sua respiração pesada foi a única coisa que ficou audível. Ela pegou no sono rapidamente e eu não demorei a segui-la.  

Uma cosquinha gostosa era feita no meu couro cabeludo, mas o sono não me deixava abrir os olhos. Eu me mexi na cama e suspirei, não era possível que Camila já queria que eu levantasse, sendo que não tinha nem três horas que havíamos dormido.

: - Amor, deixa eu dormir só mais um pouquinho. – Eu resmunguei e ouvi uma risadinha, enterrando mais o meu rosto no colchão. A cosquinha gostosa desceu para a minha nuca, logo para o meu pescoço. Por mais que eu tivesse gostando daquele carinho, eu queria dormir mais um pouco. – Camz... por favor.

Fiz beicinho mesmo sem abrir os olhos, ela sempre se rendia quando eu fazia aquilo.

: - Não é a Kaki, Lolo. – Eu ergui as sobrancelhas quando escutei aquela voz seguida de uma risada gostosa e divertida. – É a Sofi.

Sofia. Abri meus olhos de forma tão rápida que ela se assustou. Sentei na cama em um pulo e a puxei para os meus braços, fazendo-a gritar.

: - Sofi. – Comecei a encher suas bochechas de beijos enquanto ela ria. – Ai, meu Deus, que saudades.

: - Tá me apertando, Lolo. – Ela tentava me empurrar pelos ombros, claro que o ato foi em vão. – Ai, Kaki, me ajuda.

Ela gritou me dando pequenos tapas no peito, me fazendo rir enquanto beijava todo o seu rosto gordinho. Que saudades eu sentia daquela pestinha, miniatura de Camila, com um pouco menos de bunda.

: - Ei, não está com saudades de mim?

Perguntei a encarando, fazendo biquinho. Sofia levou as mãos até a cintura e bateu de leve o pé direito no chão, do mesmo jeito que Camila fazia quando estava irritada com algo.

: - É claro que eu tô com saudades, Lolo, mas você nem me deixou falar e já foi me agarrando igual agarra a Kaki.

Ela acusou com os olhos estreitos e eu explodi em uma gargalhada. Se ela soubesse o jeito que eu agarrava a irmã dela...

: - Tudo bem, eu já parei. – Joguei as mãos para o ar em sinal de rendição. – Agora eu quero um beijo bem gostoso aqui na minha bochecha e um abraço. Vamos, mocinha.

Sofia riu toda sapeca e se jogou em meus braços, enchendo a minha bochecha de beijos como eu fiz com ela, seus braços pequenos em torno do meu pescoço me dando o abraço que só ela sabia.

: - Eu sinto saudades de você lá em casa pra gente brincar.

Ela resmungou quando nos separamos, me fazendo sorrir triste e acariciar suas bochechas rosadas.

: - Eu também, pequena, eu também. – Me curvei para frente e beijei sua testa. – Mas me diz, que horas chegaram?

: - Tem um tempinho, a Kaki pediu pra eu subir e te acordar enquanto ela conversava com o papa e a mama.

Sinu e Alejandro. Eu não sei dizer se temia mais a minha mãe ou o pai de Camila, mesmo ele sendo um amor de pessoa. A situação era diferente, não é?

: - E como eles estão? Digo... Seu pai está nervoso?

 Eu perguntei levando a mão até a nuca e coçando discretamente, meu coração saltando um pouco.

: - Não, ele está normal, igual todos os dias. – Soltei a respiração que me peguei prendendo sem perceber. – Vamos descer, Lolo?

: - Vamos sim, deixe-me apenas escovar os dentes e lavar o rosto.  – Me levantei da cama e beijei sua cabeça, andando na direção do banheiro. – Espera ai, eu já venho.

Fiz minha higiene e vesti um short de Camila, dando uma ajeitada no cabelo antes de voltar para o quarto e pegar Sofia no colo com muito custo, ela estava mais pesada, muito mais.  Do topo da escada eu pude enxergar Sinu, Alejandro e Camila sentados no sofá, pareciam conversar normalmente, nenhum sinal de alteração. Pelo visto as meninas não haviam acordado, e nem eu queria que elas acordassem naquele momento. Desci as escadas com Sofi no colo, ela estava agarrada ao meu pescoço como nos velhos tempos, quando ela era um pouco menor. O frio na minha barriga enviava um leve tremor para as minhas pernas, eu estava nervosa com a conversa que provavelmente teria com os meus sogros, antes de enfrentar meu pai e minha mãe... Mais uma vez.

: - Lauren. – Sinu se levantou assim que me viu, acompanhada de Alejandro. Eu sorri receosa para eles e troquei um olhar cúmplice com Camila, colocando Sofi no chão. – Venha até aqui, querida.

Ela disse amorosa e abrindo seus braços para mim, me deixando emocionada pelo jeito doce de me tratar desde o dia que nos conhecemos. Aproximei-me dela e a abracei, uma sensação maravilhosa de proteção se instalando em meu corpo. Sinu beijo minha bochecha a afagou meu cabelo quando nos separamos, olhando em meus olhos do mesmo jeito que Camila fazia quando queria me analisar.  

: - Como você está?

Me perguntou sorrindo tristemente, eu podia ouvir Camila falar algo com Sofi atrás de mim.

: - Eu não sei.

Eu respondi sincera e envergonhada, abaixando os meus olhos.

: - Eu não ganho um abraço? Não me lembro da última vez que fizemos isso, filha.

Olhei para Alejandro e ele sorria para mim, tirando qualquer dúvida que eu pudesse ter na minha cabeça sobre suas reações aos últimos acontecimentos. Suspirei aliviada e o abracei, deitando minha cabeça em seu peito.

: - Vai ficar tudo bem, logo seu pai estará aqui.

: - Vocês falaram com ele?

Perguntei quando nos separamos, procurando Camila com os olhos e a chamando discretamente com a mão.

: - Sim, ele ligou para nós assim que fomos informados sobre a reunião. Não conseguimos comprar passagens para o mesmo voo, por isso chegamos primeiro que ele e sua mãe.

Camila se aproximou de mim e entrelaçou nossos dedos, mantendo a outra mão em meu braço. Sinu e Alejandro nos olharam por um tempo, Sofi já não estava ali, imaginei que tivesse subido para brincar em um dos quartos.

: - Por que não se sentam? Vamos conversar um pouco, ok?

Sinu pediu apontando para o sofá atrás de nós, fazendo com que Camila e eu trocássemos um olhar temeroso, bem, o meu era temeroso, o dela confiante.

Fizemos o que ela pediu e nos sentamos, não nos separamos nenhum centímetro, nossos dedos entrelaçados em cima da minha coxa direita. Aquilo não parecia incomodar os pais de Camila, pois não recebemos nenhum olhar negativo. Camz vestia pijama, um conjunto de calça e camisa preta com bolinhas brancas, bem meigo. Seu cabelo estava bagunçado e seu rosto um pouco inchado, como eu, ela não havia dormido direito.  

: - Lauren, eu vou te fazer uma pergunta e quero que você me responda com sinceridade, ok?

Alejandro me perguntou enquanto curvava seu corpo para frente, apoiando os cotovelos em seus joelhos. Sinu olhava para ele curiosa, Camila da mesma forma, eu apenas engoli a saliva que se formou em minha boca.

: - Ok.

Respondi lutando para respirar, o olhar que ele me lançava estava revirando o meu estômago. E eu que comecei a achar que ele reagiria de boa, por que estava me olhando daquele jeito? Apertei a mão de Camila.

: - Na real, quais são as suas intenções com a minha filha?

Em um estalo, nós três olhamos para Alejandro com olhos arregalados e testas enrugadas. Eu me engasguei com a saliva e comecei a tossir intensamente.

: - Alejandro! – Sinu exclamou.

: - Papa!

Camila fez o mesmo enquanto dava pequenos tapas em minhas costas, onde eu tentava sem sucesso recuperar o fôlego.

: - O quê? É só uma pergunta. Lauren, querida, está tudo bem. – Alejandro sorriu quando eu ergui a cabeça, puxando o ar com força. – Respira.

Fiz o que ele pediu e respirei fundo, eu sentia o sangue concentrado em minhas bochechas, eu deveria estar mais vermelha que um tomate. Camila esfregava as minhas costas nervosamente, acho que ela achou que eu morreria, mas eu também achei. Nunca me imaginei naquela situação, nunca nem se quer cogitei Alejandro me perguntando algo do tipo. É claro que eu sabia muito bem quais eram as minhas intenções com Camila, mas ser encurralada com aquela pergunta me deixou aterrorizada.

: - E então... O que você me diz?

: - Alejandro, não é sobre isso que temos que conversar com as meninas.

Sinu esfregou o rosto envergonhada e negou com a cabeça.

: - Eu só quero ouvir da boca dela, Sinu, deixe de ser chata. Eu quero saber qual será a situação da minha filha daqui para frente. Eu sou o pai dela, não posso confrontar quem ela namora?

: - Ai, meu Deus.

Camila escorregou para baixo ao meu lado, se afundando no sofá. Meus pés formigavam e eu só queria sair correndo dali, mas se ele queria que eu falasse as minhas intenções com a filha dele, eu falaria.

: - Bem, eu... – Comecei tossindo para limpar a garganta, deslizando os dedos pelo cabelo nervosamente. – Eu posso dizer que as minhas intenções são as melhores. Eu sei que Camila contou para o senhor que estamos namorando e eu não tive a chance de conversar com vocês antes sobre isso, mas... Já que estamos aqui agora, eu quero deixar claro que eu amo a Camila mais do que qualquer coisa na minha vida, eu tenho dado tudo de mim todos os dias para fazê-la feliz e acho que eu tenho conseguido. Não precisa se preocupar com nada, eu a protejo com unhas e dentes e cuido dela mais do que cuido de mim. Eu quero que saibam que ela está em boas mãos, eu não vou a lugar algum sem levá-la comigo e também não vou deixar que ela vá sozinha. Desde o dia em que eu a pedi em namoro, ela se tornou a minha prioridade.

Eu falei tudo tão rápido que tive que tomar fôlego quando terminei. Camila olhava para mim com olhos úmidos e brilhantes, um sorriso tímido no canto de seus lábios. Acariciei as costas de sua mão com o meu polegar, mordendo o lábio inferior em resposta. Olhei para Sinu e ela me piscou um dos olhos, Alejandro suspirou e balançou a cabeça em positivo.

: - Você sabe por que eu estou te perguntando isso, Lauren? – Neguei com a cabeça e ele se ergueu, encostando as costas na poltrona em que estava sentado. – Porque eu queria saber como é que Camila vai ficar se tudo tomar um rumo diferente hoje. Eu precisava ter certeza de que eu não estava errando quando aceitei o seu namoro com ela, e sabe qual é a verdade? Eu não errei mesmo. Você é uma menina maravilhosa, vem de boa família e seus pais são pessoas exemplares. Consideramos-nos da mesma família e por mais que a situação esteja incerta, nós não perdemos o nosso laço. Eu só tinha uma preocupação, a dúvida se ela ainda teria você ao lado dela se as coisas mudassem drasticamente. Agora eu sei que você vai estar lá para qualquer coisa, eu só queria te agradecer por cuidar dela para nós.

Eu acho que eu estava chorando, eu tive certeza quando senti as lágrimas descerem por minhas bochechas. Estava tão sensível que já não era capaz de segurar a vontade. Funguei discretamente e passei a ponta dos dedos por um dos olhos. Camila deitou a cabeça em meu ombro e fungou também, me fazendo perceber que estava chorando como eu.

: - Eu que tenho que agradecer. – Beijei a cabeça de Camila e voltei a olhar para eles, os olhos um pouco embaçados por causa das lágrimas. – Pela audição do X Factor que deram de presente para ela, se nós não tivéssemos nos encontrado, eu nem sei quem eu seria hoje.

: - Ah, Lauren...

Sinu fungou, também estava chorando. Nós começos a rir com o clima que havia se formado, quebrando toda a tensão do momento. Limpei minhas lágrimas e passei meu braço direito ao redor dos ombros de Camila.

: - Ok, já chega desse momento dramático em família. – Camz riu entre as lágrimas e negou com a cabeça. – Agora diga o ponto original da conversa, mama.

Sinu respirou fundo e secou os olhos, se ajeitando na poltrona. Ficou alguns segundos em silêncio, mas não tardou para começar a puxar a linha.

: - Vocês sabem que foram irresponsáveis de certa forma, não sabem?

: - Sim.

Respondi abaixando os ombros, por mais que Camila insistisse em dizer que a culpa não foi minha, eu ainda me sentia culpada.

: - Mama, nós não tivemos culpa. Jodi simplesmente invadiu a nossa privacidade.

: - Eu sei, minha filha, mas levando em consideração que vocês sabiam como essa mulher se comporta, tirar essas fotos foi um ato impulsivo.

: - Eu concordo.

Resmungou pressionando os lábios, abaixando meus olhos para não fitar Alejandro. Sentia-me incomodada.

: - Eu só quero saber se vocês estão preparadas para encarar as consequências. Seu pai e eu estamos aqui e vamos ficar ao lado de vocês, assim como Michael, já que Clara não está reagindo muito bem com tudo isso. Você tem dezessete anos, mas já tem cabeça o suficiente para agir como uma adulta diante disso, nunca agiu de outra forma antes e eu não quero que faça isso agora. Se fizeram juntas, segurem juntas o que vier por ai, o importante é seguirem o que for melhor para vocês, entenderam?

: - Entendemos, mama. – Camila suspirou e chegou o corpo um pouco para frente, curvando a coluna para apoiar os braços nas coxas. – Eu não sei se estamos totalmente preparadas para essa reunião, mas isso não importa porque temos uma a outra, quando a hora chegar, nós estaremos lá.

: - Eu sei que estarão. – Alejandro passou a mão pela nuca. – Seja lá o que for colocado na frente de vocês, tomem a decisão certa e sigam o coração, apenas ele. Foi assim que eu te ensinei, Camila, é assim que eu quero que aja agora.

: - Se nós estamos aqui até hoje papa, é porque a única coisa que seguimos é o coração. Pode ter certeza.

 

Depois da conversa que tivemos com meus sogros, nós finalmente almoçamos todos juntos assim que as meninas acordaram. O clima estava um pouco tenso, mas nos divertimos bastante com as gracinhas de Sofi na mesa. Sinu cozinhou para nós, tratou de nos distrair da melhor forma que pode até o momento em que tivemos de subir para nos arrumar. Meus pais ainda não haviam chegado, talvez fossem direto para o local da reunião, que nem mesmo eu sabia onde era.

Como estava calor, optei por colocar um vestidinho azul de um pano bem leve, caindo até o meio das minhas coxas. Calcei sandálias baixas e passei apenas um brilho nos lábios, não via motivos para me arrumar. Camila também usava vestido, lilás com alguns detalhes em roxo, combinando com a cor de sua pele. Um laço branco nos cabelos e sapatilhas da mesma cor. Estava tão linda que eu segurei a vontade de beijá-la na frente de todo mundo.

Entrelacei nossos dedos quando nos sentamos no sofá, esperando o carro que iria nos levar para a reunião. As meninas conversavam entre elas, Sinu terminava de pentear o cabelo de Sofi enquanto ela reclamava de alguma coisa, Alejandro fazia uma leitura no jornal do dia. Não demorou muito até que nosso interfone tocasse, meu coração acelerando automaticamente. Respirei fundo algumas vezes e olhei para Camila, que retribuiu o olhar receoso que eu lhe oferecia.

: - Meninas, o carro já está ai fora. – Sinu avisou descendo as escadinhas que antecediam a nossa porta. – Vamos?

Abaixei a cabeça e fixei meu olhar em nossos dedos entrelaçados, aumentando o carinho quase em desespero. Ela tremia, eu não estava atrás.

: - Está pronta?

Me perguntou com a voz abafada, podia sentir a tensão preenchendo o espaço que ocupávamos. Sorri triste e olhei para ela.

: - Não, mas você vai estar lá, então não importa.

Camila curvou-se para frente e encostou seus lábios nos meus de forma gentil, me dando dois selinhos. Ergui minha mão e acariciei seu rosto, colando nossas testas.

: - Eu te amo. – Ela disse depois de um suspiro, erguendo minha mão para depositar um beijo nas costas. – Não esqueça.

: - Eu também te amo. – Selei seus lábios novamente e abri meus olhos, encontrando aquele mar acastanhado que me segurava de pé. – Agora vamos.

O olhar que ela me lançou foi quase um lamento, mas nós não tínhamos tempo para chorar em cima do leite derramado. Uma reunião nos esperava, a decisão de nossos caminhos estava nas mãos de pessoas que mal conhecíamos. Naquele momento a nossa opção era nos segurar na única coisa que havia nos levado até ali: A fé. Mesmo que eu tivesse duvidado da minha por várias vezes nos últimos meses, eu precisava manter o meu último pingo de esperança. E se não fosse para ter fé em Deus, em quem mais poderíamos confiar? Ninguém era mais digno do que ele.   


Notas Finais




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