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História Falling in love for the last time. - Crazy.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Oi, meninaaaaaaaaaaaas. <3333333 Devo uma explicação, né? Então, meu pc está gongado, ele liga, fica ligado por um determinado tempo e desliga, assim não tenho como escrever e postar. Mas hoje, como ele está ligado até agora, o que é um milagre, eu consegui terminar de escrever e vou postar. Mas deixo avisado que se eu demorar de novo é por causa disso, apenas tenham paciência, não vai durar muito tempo. Enfim, amo vocês e estava com saudades. ♥ Ps: Qualquer erro, conserto depois.

Capítulo 42 - Crazy.


 

Três dias se passaram desde o acontecimento no show de Fortaleza, três longos e horripilantes dias. Parecia que estávamos vivendo em um confinamento, todos os nossos passos sendo monitorados. Jodi estava fazendo marcação cerrada, controlava até nossas respirações no mesmo metro quadrado. Camila e eu não voltamos a dormir juntas desde a madrugada no quarto de Dinah, não voltamos a sentar uma ao lado da outra nas idas e vindas dos show’s, não voltamos a nos aproximar nos camarins e muito menos conversar no meio de todo mundo, não por falta de vontade, mas sim porque Jodi não permitia. Algo dentro de mim me dizia que mais um pouco ela me colocaria louca, eu estava aos poucos caminhando para um sanatório.

Naquela tarde nós pousamos em Brasília, capital do Brasil. Estávamos exaustas por conta do pouco tempo que tivemos para o descanso, o cansaço era nítido em nossos lentos gestos e rostos sem expressões. Camila passou o dia inteiro com dor de cabeça, ela mal conseguia piscar direito, percebi sentada na minha poltrona dentro da van que ela lutava para se manter de olhos abertos. Meu coração estava apertado, queria tanto tomá-la em meus braços, cuidar da dor que ela sentia, colocá-la para dormir, mas como fazer isso com aquele diabo em cima de nós?

Arrastamos-nos pelo corretor do hotel, um silêncio denunciando o quanto apreciaríamos o pouco tempo que tínhamos para dormir antes do show.

: - Desfaz essa carinha.

Mani disse beijando a minha bochecha enquanto andávamos, Camila na frente com Dinah e Ally.

: - Estou tão cansada mentalmente que você não faz ideia, Mani.

Dei um sorriso triste e sem dentes para ela, descruzando nossos braços para olhá-la assim que parei em frente à porta do meu quarto.

: - Eu faço sim e isso está me agoniando. – Ela suspirou melancólica e me abraçou, acariciando meu cabelo. Gostava tanto de deitar no ombro dela, gostava tanto da proteção que ela me passava, mas infelizmente, naquele momento, nem mesmo Normani conseguiu me deixar mais animada. – Tenha paciência, vai ficar tudo bem.

: - Quero muito acreditar.

Confessei quando nos separamos, seus olhos me analisando.

: - Confie em mim.

Mani disse sorrindo e apertando o meu nariz entre os dedos, me arrancando uma risadinha.

: - Posso atrapalhar um pouquinho?

A voz fraquinha de Camila tomou o ambiente quando ela se aproximou, parando ao nosso lado com os braços cruzados embaixo dos seios. Sorri para ela, àquela era a primeira vez no dia que ficávamos tão próximas, dá para acreditar?

: - É claro que sim, eu já estava de saída. – Mani beijou minha bochecha e logo depois a cabeça de Camila. – Nos vemos mais tarde, bom descanso.

: - Pra você também, Mani.

Desejei quando a vi sair, Camila apenas sorriu. Seus olhos estavam tão opacos, sem aquele brilho que eu tanto admirava. Seu corpo miúdo coberto por uma calça jeans branca, all star branco e uma blusinha de mangas curtas cinza, seus cabelos colocados sobre o ombro direito enfeitados por uma trança. Abatida, mas linda, sempre linda.

: - Só queria te olhar de perto um pouquinho antes de entrar no meu quarto e dormir.

Camila disse soltando uma risadinha, piscando lentamente ao enrugar a testa.  

: - Você precisa mesmo descansar o máximo que puder até a hora do show. – Me aproximei mais dela e levei meus dedos até suas têmporas, massageando. – Tome um analgésico para dor de cabeça, por favor. E o mais importante, coma algo antes, não cometa o erro de ingerir remédio de barriga vazia. Eu te observei o dia inteiro e você não empurrou nenhum pouco de comida para dentro.

Camila suspirava na minha frente, pequenos gemidos por conta da pressão que eu mantinha sobre suas têmporas, seu corpo curvando-se para frente automaticamente enquanto ela tentava relaxar. Preocupava-me tanto, minha vontade era de sentá-la em meu colo e dar-lhe comida na boca.

: - Não estou sentindo fome, meu estômago anda enjoado.

Ela confessou abrindo os olhos para me fitar quando parei com a massagem, correndo minhas mãos por seus braços.

: - Mas precisa tentar, caso contrário não vai parar em pé.

: - Tudo bem, amor. – Engoliu a saliva que se formou em sua boca e pegou uma de minhas mãos, beijando a palma. – Prometo tentar.

: - Isso. – Acariciei seu rosto e suspirei.

: - Ainda estão fora de seus quartos? Depois vão reclamar que não tiveram tempo o bastante para descansar.

Travei os dentes quando escutei aquela voz, os olhos de Camila observando por cima dos meus ombros. Soltei seus braços e me virei de frente, encarando Jodi com os braços atrás de seu corpo.

: - Nós já estávamos entrando.

Camz disse baixo, sem intenção de erguer o tom de voz por conta da dor de cabeça.

: - Ótimo. Cinco horas até o show.

Respirei fundo e deslizei os dedos trêmulos pelo cabelo.

: - Enfim, se nos dá licença...

Eu disse exasperada levando a mão até o ombro de Camila, abrindo a porta de meu quarto para empurrá-la pra dentro. Sim, para dentro do meu quarto mesmo, Jodi já sabia muito bem o que estava acontecendo, eu só me perguntava o por que dela não ter ligado para os produtores e contado sobre a situação, a questão era essa.

: - Muita calma, está pensando que vou deixar que fiquem no mesmo quarto? – Jordi agarrou o braço de Camila, puxando-a para frente. – Camila vai para o quarto dela e você para o teu.

: - Ela não está se sentindo bem e eu vou ficar com ela. – Rebati dando um passo para frente, agarrando no outro braço de Camila, puxando-a para mim. – Solta o braço dela.

Pedi entre os dentes, os olhos de Camz estavam arregalados, ela me encarava assustada para logo depois encarar Jodi.

: - Cabello já é bem grandinha e sabe se cuidar sozinha, vai parar o quarto dela.

: - Ela vai para o meu quarto.

Esbravejei sentindo minhas bochechas arderem, minha cabeça latejar. Eu odiava aquela mulher, odiava o fato dela estar tocando em Camila com aquelas mãos imundas.

: - Lauren...

Camz me implorou com os olhos para que eu não respondesse, mas não dava, eu não podia deixar que ela fizesse de nós o que quisesse, não mais.

: - Não discuta comigo, menina, não vou aturar desaforos seus.

: - Jodi, poderia soltar o meu braço? Por favor.

Camz pediu piscando os olhos com um pouco mais de pressa, podia ver o incômodo que ela estava sentindo.

: - Vou te colocar dentro do teu quarto primeiro.

Dito isso ela puxou Camila em sua direção, fazendo-a se soltar de mim bruscamente. Larguei a mochila que eu tinha nas costas no chão, andando na direção delas em passos firmes enquanto Jodi praticamente a arrastava para o quarto. Com rapidez eu agarrei na mão de Camila, praticamente entrando entre ela e Jodi antes de gritar.

: - SOLTA O BRAÇO DELA. – Com uma força maior da que eu tinha normalmente, tirei a mão de Jodi do braço de Camz, colocando-a atrás de mim. – NÃO TOCA NELA, EU NÃO QUERO QUE VOCÊ ENCOSTE UM DEDO NA MINHA NAMORADA.  

A encarei debaixo, mas ainda sim segurei nossos olhares furiosos. Camila tremia nas minhas costas, eu não estava atrás, mas tremia de raiva. Jodi me olhava de cima como quem olha um inseto, sua respiração afoita fazendo seu rosto tomar uma coloração vermelha.

: - Você é muito abusada. – Ela rosnou dando um passo mais para frente. – Eu não vou deixar que grite comigo, você vai aprender a respeitar os mais velhos, menina. Se seus pais não lhe deram educação, comigo você vai aprender.

Levei minha mão até a mão de Camz e entrelacei nossos dedos, passando meu dedão nervosamente por sua pele na tentativa de acalmá-la. Podia apostar que sua dor de cabeça havia aumentado de intensidade e estava surtando por isso. Na verdade, eu estava surtando por tudo.

: - Como se você tivesse alguma moral para me ofender, Jodi.

Eu ri cinicamente e neguei com a cabeça.

: - A homossexual é você, Jauregui, logo a sua moral para qualquer coisa está bem pequena.

: - Jodi, para. – Camila se colocou entre nós duas quando em um impulso eu avancei na direção dela. Às vezes o meu problema era esse, ser impulsiva demais, mas naquele momento seria bom, ela merecia uns bons tapas na cara. – Já chega. Eu vou para o meu quarto, não era isso que você queria? Agora nos deixe em paz.

Camz me olhou, levou suas mãos até o meu rosto e se pois a massagear com os dedões as minhas bochechas.

: - Respira... Acabou. – Eu estava inalando com força, tentando focar o meu olhar no dela para não continuar fitando com desprezo Jodi em suas costas. – Nós nos falamos mais tarde.

Meu coração estava... Eu nem ao menos sabia o que estava sentindo, se era dor, se era decepção, se era desespero, se era desolação, se era medo, se era raiva, se era ódio, talvez fosse tudo junto.

: - Você vai ficar bem?

Perguntei umedecendo os lábios, segurando nossos olhares.

: - Vou. – Ela sorriu triste, sabia que estava tentando me convencer. – Agora vai...

 Segurei em seus ombros e me curvei para frente, colocando meus lábios em sua testa e fechando os olhos. Deixei ali um pequeno beijinho, seguido de um deslize do meu nariz por seus cabelos cheirosos. Busquei seu cheiro só para me acalmar.

: - Eu te amo. – Beijei sua bochecha, ouvi Jodi bufar impaciente. – Até mais tarde.

: - Anda, Cabello.

: - Eu também te amo.

Camz ignorou a ordem imediata de Jodi e me respondeu, sorrindo de canto.

Com calma ela foi se afastando de mim, virando-se de costas para fazer o caminho curto até o seu quarto. Jodi a acompanhou até a porta, esperou que ela entrasse e verificou se estava trancada. Rolei meus olhos e parei em frente a minha, me concentrando em abrir quando ela parou em minhas costas.

: - Essa sua malcriação não vai passar por debaixo do pano, Jauregui, espero que esteja ciente.

Fechei meus olhos e respirei fundo, minha mão direita tremendo enquanto eu me abaixava para pegar a mochila no chão.

: - Sinceramente? Não consigo entender o porque de você ainda não ter ligado para fofocar.

: - Posso esperar um pouco mais. Quanto maior a queda, Lauren, maior é o aprendizado. Quando eu tiver que contar sobre tudo o que está acontecendo, tenha certeza que mostrarei as provas sobre o que falo. – Não me virei para olhá-la, apenas fechei as mãos em punhos. – Agora entre, não vou tolerar atrasos. Até daqui a pouco, senhorita.

E como se nada tivesse acontecido, Jodi se afastou com um sorriso no rosto, sumindo da minha visão. Respirei tão fundo que senti meu peito arder, entrei em meu quarto e bati a porta com força.

: - Merda. – Joguei a mochila no chão e levei minhas mãos até meu cabelo, parando no meio do quarto. Não iria chorar, não iria me permitir chorar por causa daquele demônio, não iria... – Desgraçada. Nojenta. Que ódio.

Andei até a grande cama e me sentei, pegando o travesseiro para afundar meu rosto no tecido macio. Juntei todas as minhas forças e gritei, gritei e gritei até que senti minha voz falhar. Eu estava ficando maluca, ela estava me deixando louca, eu sabia que estava.

: - Eu vou surtar. – Comecei a dizer para mim mesma enquanto tentava praticamente me sufocar. – Eu vou pirar, eu vou pirar.

Joguei-me de costas na cama e fechei meus olhos, deixando meus pensamentos se focarem em Camila, naquele sorriso, naquele cheiro delicioso... Suspirei. Eu precisava me manter sã, eu precisava me manter de pé por ela, não tinha outra escolha. Mas como? Você conseguiria?

Tudo o que menos fiz no meu tempo de descanso foi dormir, passei o tempo inteiro tentando colocar minha cabeça no lugar. Queria ligar para Camila, mas ao mesmo tempo não queria acordá-la, então me deixei vegetar em cima daquela cama, tentando evitar as lágrimas a todo custo. Mais ou menos meia hora antes do horário que estava marcado para a nossa saída, meu celular começou a tocar dentro da minha mochila, o que me fez correr com pressa na esperança de que fosse Camila. Não era, mas o nome que vi me fez sorrir por um instante.

: - Pai.

Eu disse assim que coloquei o telefone na orelha, andando até  a cama para me sentar.

: - Oi, meu amor. – Ouvi seu suspiro. – Como você está?

: - Bem. – Menti, não queria preocupá-lo. – E você?

: - Bem? Não está mentindo pra mim, está? Conheço essa sua voz.

: - Estou bem, pai. – Tornei a mentir, esfregando meu rosto com a mão livre. – Eu só estou cansada, todas estamos, nossos dias estão puxados com todos os show’s e entrevistas.

: - Posso entender, filha. – Que saudades eu sentia dele, seria tão bom ter seu colo naquele momento. – Está se alimentando bem? E Camila?

: - Estou, pai, não se preocupe. – Sorri triste. – Camila também está, vai adorar saber que você ligou.

: - Mande um beijo para ela. Eu estive com Alejandro e Sinu ontem, sentia falta dos meus amigos. Sinu está morrendo de saudades de Camila, Sofi nem se fala. Alejandro que é um pouco mais fechado, mas mesmo assim não me engana com aquela cara de durão.

Meu pai riu e eu o acompanhei, meu sogro era mesmo turrão quando queria, mas por dentro... Uma manteiga derretida.

: - Também sinto falta deles. – Levantei os ombros. – E de Chris, de Taylor...

: - E de sua mãe?

Meu pai perguntou, eu suspirei em um lamento. Não posso ser hipócrita e dizer que não sentia falta da minha mãe, pois eu sentia e sentia muita, mas não conseguia lidar com a pessoa que ela estava se mostrando ser.

: - Não posso dizer que não sinto, não é, pai? Mas você sabe que a situação não é nada fácil.

: - Ela quer falar com você, me pediu para que ligar.

Não, não.

: - Pai, não quero falar com ela.

Fechei meus olhos, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

: - Lauren, por favor, ela é sua mãe. Clara pode estar errada em agir dessa forma, mas sente a tua falta. Não tem um dia que ela não me diga isso.

: - Não vou demorar mais que cinco minutos, ok? Preciso desligar, já temos que sair para o show.

: - Tudo bem, apenas fale o básico com ela. – Eu tinha outra escolha? – Se cuida, ok? Façam um bom show, concentre-se. Mande um beijo para a minha nora e para o resto das meninas, diga que sinto falta delas e que as amo muito.

A menção da palavra “nora” me fez sorrir. Meu pai era maravilhoso demais.

: - Eu digo sim. Eu te amo, pai. Estou com saudades.

: - Eu também te amo, querida. Saudades é pouco o que eu sinto, mas logo nos vemos. Vou passar para a sua mãe.

: - Ok.

Suspirei impaciente, estava considerando a opção de tacar o telefone pela janela.

Demorou alguns segundos e pude ouvir meu pai dizendo algo do tipo: “Clara, sem brigas.”

Cocei a nuca e esperei mais um pouco, um breve silêncio antes da voz da minha mãe se fazer presente do outro lado da linha.

: - Filha?

: - Oi, mãe.

Eu disse mais fria do que gostaria, me condenei rapidamente.

: - Você está bem?

Pressionei os lábios antes de responder, me levantando para começar a andar pelo quarto.

: - Estou e você?

Menti para ela também, pouco me importava.

: - Com saudades. – Ela suspirou, era um suspiro de lamentação. – E preocupada também, você está tão longe, um país tão diferente...

: - O Brasil é um país maravilhoso, todos são muito hospitaleiros e calorosos, as coisas estão seguras por aqui, não se preocupe.  

: - Como se fosse fácil para uma mãe não se preocupar com a filha de dezoito anos.

 Ela riu baixinho, eu neguei com a cabeça.

: - Eu sei me cuidar.

Parei na porta da varanda e inalei o ar com força, precisava de um pouco mais de oxigênio nos pulmões.

: - Vejo que sabe. – Aquilo foi irônico? – Mas me conte, os brasileiros são mesmo bonitos como dizem? O que você está achando deles?

Está vendo só o motivo de eu não querer falar com ela?

: - Não estou interessada neles.

Eu disse sem humor nenhum na voz, minha pulsação começando a se alterar.

: - Como não, filha? Não teve tempo de sair ainda? Você e as meninas deveriam sair para paquerar.

Clara, como voltei a chamá-la, riu do outro lado, uma irritação sem tamanho me atingindo em cheio.

: - Dinah namora, Ally namora, eu namoro e Normani não está interessada nisso no momento, então, respondendo a sua pergunta, não saímos e nem vamos sair para paquerar.

: - Mas Lauren...

: - Mãe, quando é que você vai parar de fingir que não sabe da verdade? – Esbravejei dando um pequeno tapa na parede atrás de mim. – Quando é que vai parar de fingir que não está vendo o que está acontecendo? Pelo amor de Deus, para de tentar me empurrar para as tuas convicções, isso me magoa tanto.

Não consegui mais segurar as lágrimas que prendia e deixei que elas caíssem furiosas, me fazendo segurar um soluço na garganta. Eu não precisava mais daquele tormento na minha vida, quando já tinha que enfrentar todos os obstáculos incluídos no meu dia.

: - Você ainda continua com essa estória?

: - Mãe, eu namoro a Camila, eu não vou sair para paquerar homens ou sei lá quem, nem aqui e nem em qualquer outro lugar, entenda isso. Eu a amo e sou feliz com ela.

: - Não é possível. – Ela esbravejou, pude notar o tom inconformado em sua voz. – Eu jurava que essa palhaçada já tinha acabado.

: - Nós nos amamos e isso não é uma palhaçada. Por que você não pode simplesmente ficar do meu lado assim como meu pai, Sinu e Alejandro?

Sequei os olhos com as costas das mãos, abaixando a cabeça.

: - Não vou concordar com isso. – Ela não mudaria. – Não posso aceitar essa decepção, Lauren.

: - Eu vou desligar.

Disse rapidamente, andando na direção da minha cama, não aguenta mais ouvir a voz dela.

: - Você ainda vai cair na real e ver que estou certa, filha.

: - Você não sabe de nada. – Neguei com a cabeça e me sentei na cama. – Quem precisa cair na real é você, mãe. Agora eu preciso desligar.

Eu disse antes de abaixar a minha mão com o celular e finalizar a ligação. Me deixei chorar por todos aqueles dias, não suportava mais. Sabe qual é uma das piores sensações do mundo? Aquela de ter uma das coisas que mais ama rejeitada pela pessoa que te colocou no mundo. Ver sua mãe não aceitar o que te faz feliz por puro preconceito nos faz fraquejar. Mas quem era eu para falar dela? Eu me aceitava? Eu sabia o que eu era?

: - Vocês vão me deixar doente.

Falei para o acaso me encolhendo na cama, fechando meus olhos para tentar fugir da realidade por um breve momento.

 

As 20:00 em ponto nós estavam atrás do palco, todas concentradas com seus microfones nas mãos. Fizemos uma rápida oração e nos separamos, formando uma fila para a entrada. Dinah estava atrás de mim, suas mãos massagearam meus ombros rapidamente. Aos poucos fomos entrando no palco, assim como nos outros lugares, Brasília nos recebeu muito bem, a famosa gritaria me deixando surda e me fazendo sorrir.

Por um momento eu me libertei dos pensamentos que me assombravam, dei o meu melhor e me coloquei inteira sobre o palco para eles, apenas para eles. Camila e eu não nos olhamos, assim como das outras vezes, mas diferentemente do que pensam, não estava nenhum pouco mais fácil. Passar quase duas horas em cima de um palco ignorando a pessoa que você ama é... Complicado.

Quando o show acabou, nós dos despedidos do público e deixamos o palco em direção ao camarim, acompanhadas pelos nossos seguranças e pelo diabo, vulgo Jodi. Sequei minha nuca com a toalha branca que me deram e bebi um grande gole do copinho de água que segurava, estava completamente suada, desejava um banho mais do que tudo. As meninas não estavam atrás, Ally reclamando sem pausa por conta da roupa que pinicava seu corpo. Nós estávamos rindo quando entramos na sala pequena e gelada por conta do ar condicionado, um choque me fazendo tremer rapidamente por cusa do contato de meu corpo quente com aquele ar frio.

: - Mila, está tudo bem?

Ouvi Mani perguntar quando ia me sentar no sofá de couro preto, ao lado de Dinah que já estava quase deitada. Jodi falava com alguém no celular gritando, fazendo minha cabeça palpitar. Observei Camila e ela estava pálida, tinha uma mão na testa e a outra apoiada na parede. Aproximei-me dois passos.

: - Não estou me sentindo muito legal...

Ela reclamou fechando os olhos.

: - O que você está sentindo? – Perguntei parando em sua frente, ignorando a presença de Jodi quando ela desligou o telefone. – Camila?

: - Me sinto fraca, eu não sei...

Ela ia falando cada vez mais fraquinha, podia ver a veia do seu pescoço saltando rapidamente, seu braço que a apoiava na parede estava trêmulo. Meu coração acelerou.

: - Vamos nos sentar um pouco. – Mani disse passando seu braço pela cintura dela. – Me ajuda, Laur.

Eu ia fazer o mesmo com o braço para levar Camila até o sofá, mas ela nos surpreendeu quando caiu mole sobre o corpo de Mani. Havia desmaiado em um piscar de olhos.

: - Ah, meu Deus. Mila?

Normani resmungou desesperada tentando levantar Camila quando o corpo dela tocou o chão. Eu fiquei tão nervosa que a agarrei pelos ombros, tentando levantá-la.

: - Camz. – A sacudi. – Camz, fala comigo. Amor, pelo amor de Deus.

Abaixei-me ao lado dela e em questão de segundos todos estavam ao redor. Ally já chorava, podia ouvir atrás de mim, Dinah segurava a cabeça de Camila junto com Normani.

: - Chamem alguém.

Eu gritei com lágrimas nos olhos, ela estava fria demais, a respiração fraca me desesperando.

: - Cheguem para trás, deixem que ela respire.

Jodi resmungou exasperada entrando na minha frente, pegando o pulso de Camila para verificar a pulsação.

: - Mila, acorda...

Mani suspirou atordoada passando a mão pelo rosto de Camila. O que eu fazia? Chorava, é claro, estava sem reação.

: - Dinah, vai chamar um médico, a pulsação dela está baixa demais.

: - E onde eu encontro alguém? Eu não vi nenhuma ambulância no local.

Dinah secou o suor que se formou em sua testa e se levantou, seus olhos focados em Camila.

: - Dá um jeito, procura, pede informação. – Jodi colocou o braço mole de Camz no chão. – Tem boca para quê?

Dinah bufou furiosa e saiu correndo do camarim, esbarrando em um de nossos seguranças quando passou pela porta. Eu fiquei de joelhos e me curvei sobre Camila, minhas lágrimas molhando o rosto dela.

: - Camz... – Acariciei seus cabelos, dei tapinhas em seu rosto, segurei sua mão, beijei a mesma. – Por favor, acorde.

: - SAIA DE CIMA DELA, LAUREN. – Jodi gritou nos assustando. – ELA PRECISA RESPIRAR. QUER PIORAR A SITUAÇÃO?

: - POR QUE VOCÊ ESTÁ GRITANDO? – Rebati no mesmo tom, levantando meus olhos para encará-la. – NÃO VOU ME AFASTAR DELA.

: - Laur, calma.

Ally acariciou minhas costas, Normani fechou os olhos para respirar fundo.

Jodi me fuzilou antes de se curvar para frente, pegando nos ombros de Camila.

: - Toni, coloque Camila no sofá.  

Toni, um de nossos seguranças, se aproximou do corpo mole de Camz, onde nos afastamos rapidamente para que ele pudesse pegá-la no colo. Nos levantamos e o acompanhamos, observei com o corpo trêmulo quando ele a ajeitou cuidadosamente no sofá, colocando a cabeça dela sobre a almofada.

: - Não se aproximem dela, ou vão sufocá-la.

Por mim eu estaria deitada ao lado dela, mas sabia que ao menos naquele momento, o diabo estava certo, Camz precisa respirar sem qualquer obstáculo. Eu estava nervosa, andava de um lado para o outro no camarim, não parava de chorar. Ally estava encolhida no outro sofá, Mani tentando me acalmar, sem muito sucesso. Camila estava desmaiada quase quatro minutos, aquilo não era bom.

Depois de mais alguns segundos que se igualaram há anos, Dinah apareceu com dois caras vestidos de branco, seu rosto transtornado.

: - Graças a Deus.

Eu disse os encarando, observando temerosa quando se aproximaram do corpo da minha namorada. Abracei Dinah com força e ela deitou minha cabeça em seu peito, me acariciando.

: - Shiu! Vai ficar tudo bem agora, não chora.

Ela dizia sem muita certeza, o que me fez chorar mais ainda. Mani passou um de seus braços por nós, se aproximando.

: - Ela desmaiou do nada?

Um deles perguntou enquanto tentavam reanimá-la, dando leves tapas nas plantas de seus pés já livres dos sapatos retirados por mãos ágeis.

: - Ela disse que não estava se sentindo muito bem, e em segundos desmaiou em cima de mim.

Mani contou esfregando minhas costas, sua voz preocupada.

: - Ela tem se alimentado direito? Parece estar bem debilitada.

Um dos médicos disse levantando com delicadeza as pálpebras dos olhos de Camila, pegando algo em sua maleta, enquanto o outro molhava o rosto dela com um pouco de água fria que estava na garrafinha.

: - Ela não está comendo direito, hoje mesmo não a vi comer nada e nem mesmo beber água.

Eu disse secando os meus olhos, me separando de Dinah para me aproximar um pouco. Jodi me lançou um olhar furioso.

: - Está explicado a queda brusca de pressão que teve. A falta de nutrientes se junta ao cansaço, a desidratação e ai não existe corpo que aguente.

O médico mais velho levou um pequeno paninho na direção no nariz de Camila, dando leves tapinhas nas bochechas dela com a mão livre. Eu observava a tudo estática, queria perguntar se poderia fazer algo, mas parecia que eu havia perdido a voz.

: - Isso, muito bem. – O médico mais novo suspirou passando a mão molhada na testa dela. – Está reagindo.

Camila abriu os olhos com dificuldade, eu suspirei aliviada ao vê-la reagir. Abracei meu corpo com os braços e funguei, sorrindo de leve ao fitá-la.

: - O que aconteceu?

Ela perguntou baixinho depois de um tempo, encarando os médicos em sua frente, sua voz falhada.

: - Você teve uma queda rápida de pressão e desmaiou, querida. Vou te colocar sentada, tudo bem?

Ela concordou sem muito entender, onde eles logo a colocaram sentada sobre o sofá, a segurando pelos ombros.

: - Respire fundo, inale com força e depois solte o ar devagar, o oxigênio precisa entrar com calma, sem pressa, não queremos outro desmaio.

Ela fez tudo do jeitinho que pediram, respirando fundo umas três vezes. Bebeu um pouco de água, ganhou um paninho molhado na testa e mais uma verificada em sua pulsação. Eu estava me corroendo para me sentar ao lado dela.

: - Ela vai se recuperar logo? – Jodi perguntou. – Sabe, a agenda dela não pode parar, ela não pode ficar impossibilitada agora.

Eu ouvi bem? Ela estava ligando para a agenda que tínhamos que seguir e pouco se fodendo para o estado de saúde de Camila?

: - Ela vai ficar bem, vamos apenas levá-la para a ambulância para colocá-la no soro por um tempo, está muito fraca.

: - Ótimo.

Jodi negou com a cabeça e se afastou, deixando todas nós chocadas com a frieza que ela demonstrava no olhar.

: - Lolo...

Ouvi a voz de Camila me chamar, seus olhos fechados, sua língua movendo-se bem devagar em sua boca a procura de saliva.

: - Ei...

Respondi sorrindo tristemente enquanto me aproximava, os médicos se afastaram para ajeitar as coisas em suas maletas. Sentei-me ao lado dela com cuidado e acariciei seu rosto, meus olhos embaçados por causa do choro que me cegou em minutos atrás.

: - Você vai comigo? – Camz negou com a cabeça. – Eu não gosto de agulha.

: - E claro que eu vou com você, vou segurar sua mão e ficar do teu lado até o soro terminar. Tudo bem?

: - Melhor assim.

Sorriu fraquinha e abriu os olhos, me fitando de canto.

: - Você me assustou, não faça mais isso comigo. – Funguei ajeitando seus cabelos em seus ombros. – Você não pode me deixar desesperada desse jeito, não pode.

: - Eu já estou melhor.

Camz segurou minha mão. Ajeitei o paninho molhado que estava em sua testa, podia sentir os olhos das meninas sobre nós, mas ninguém ousava nos interromper.

: - Eu te deixei essa tarde com uma dor de cabeça, e você simplesmente desmaia na minha frente poucas horas depois. – Encostei minha testa em sua bochecha, suspirando. – Vou lhe dar comida na boca todos os dias, você desmaiou porque não anda comendo, bebendo água, além do cansaço. Eu não posso lidar com isso de novo, por favor, prometa que vai se alimentar direito, você nunca foi de não comer.

: - Os últimos dias me deixaram um pouco... Enjoada. – Ela sorriu triste e entrelaçou nossos dedos, a cabeça no encosto do sofá. – Mas eu vou me dedicar.

: - Você precisa.

: - E então, vamos? – Um dos médicos parou em nossa frente, sorrindo gentilmente e estendendo as mãos para Camila. – Quanto mais rápido começarmos, mais rápido você ficará livre.

: - Tenho outra escolha?

Camz perguntou fechando a cara. Eu rolei os olhos e segurei em seus ombros.

: - Não tem.

O médico riu, me ajudando a colocar Camila de pé. Todas as meninas a fizeram um tipo de carinho diferente, colocando sorrisos fracos em seu rosto pálido. Começamos a caminhar lentamente para a saída, Camila totalmente apoiada contra o corpo do médico, que a guiava pela cintura para fora do camarim. Mani suspirou aliviada e sentou-se no sofá ao lado de Ally, que já não chorava mais, parecia orar. Dinah me acompanhou, eu iria pedir para que ela ficasse, que não havia necessidade de ir duas de nós junto com Camila, mas conhecendo Dinah do jeito que eu conhecia... Fora de cogitação.

Camila e os médicos já estavam do lado de fora, Dinah e eu estávamos passando pela porta quando Jodi segurou o meu braço, um aperto firme que me fez dar dois passos para trás rapidamente.

: - Eu estou de olho em você. Não pense que vou fingir que não estou vendo só porque Camila passou mal, porque não vou. Estou deixando que vá até a ambulância com ela porque não quero que fique pior. Mas saiba que quando chegarmos ao hotel, é você no teu quarto e ela no quarto dela. Entendeu?

Quando ela iria parar? Qual era o trabalho dela? Vigiar ou perturbar?

: - Você não tem nada melhor para fazer? – Perguntei soltando o meu braço, senti Dinah segurar completamente tensa os meus ombros. – Camila não precisa da tua falsa compaixão, sei muito bem que está cavando um buraco para nos empurrar dentro. Ainda não sei qual é o motivo de toda essa sua implicância, já que parou de nos vigiar normalmente e passou a nos infernizar. Eu não suporto você, eu não quero você perto de mim e muito menos perto de Camila. E a pergunta quem faz sou eu: Você entendeu?

: - Lauren, vamos...

Dinah sussurrou no meu ouvido, tentando me puxar, mas eu não saia do lugar. Jodi e eu nos encarávamos, eu com a expressão fechada, ela com um sorrisinho ridículo no rosto. Às vezes eu chegava a imaginar que aquele demônio nutria algum tipo de sentimento por Camila.

: - Aprenda a controlar essa tua língua, perdeu uma boa chance de permanecer calada.

Eu iria rebater, mas Dinah foi mais rápida e me puxou pela mão.

: - Lauren, vem, Mila está esperando.

O sorriso de Jodi foi à última coisa que eu vi antes de ser arrastada por Dinah, que me puxava com pressa para fora daquele corredor sufocante. Eu arfava, minha cabeça latejava, comecei a me perguntar por que não podia descontar a minha raiva desfigurando a cara dela, mesmo que por impulso. Meu coração batia com força dentro do meu peito, eu estava tonta, queria me sentar, ou quem sabe deitar, mas tudo o que fiz vou receber os braços de Dinah ao redor da minha cintura quando fiz menção de começar a soluçar.

: - Ei, ei, para com isso. – Dinah me sacudiu um pouco. – Mantenha-se firme, de pé, Lauren, de pé.

: - Eu não consigo. – Me apoiei em seus ombros e nós paramos no meio do caminho, onde ela me encostou na parede com calma, limpando as lágrimas em meu rosto. – Eu não aguento mais.

: - Aguenta sim, você não vai permitir que aquela fodida te deixe desse jeito. – Dinah esbravejou, sabia que aquele instinto maternal estava presente, podia sentir no tom de sua voz. – Engole esse choro, respira fundo e levanta essa cabeça. É isso o que ela quer, será que não percebe? Ela está tentando te derrubar antes de te dedurar. Ela quer ferir você e a Mila antes de entregar suas cabeças. Não vou deixar que você dê autorização. Acha mesmo que esse desmaio da Camila foi só por cansaço físico e falta de alimentação? Claro que não, foi por desgaste emocional também, você não pode se entregar.

: - Eu estou enlouquecendo. – Agarrei na blusa de Dinah e abri os olhos para olhá-la. – Eu estou pirando, ela vai me deixar maluca, ela vai fazer isso junto com a minha mãe, junto com a minha mente, com o resto. Ela vai, eu sei que ela vai.

Comecei a dizer em desespero, naquele momento eu sabia que se não me controlasse só pioraria tudo. Mas como controlar?

: - Lauren, para. – Dinah me apertou contra a parede e segurou meu rosto. – Olha pra mim. – Fiz o que ela pediu e ergui meus olhos, fitando os seus em pânico. – Lembra daquele dia em Paris? Lembra quando descobriram tudo e você entrou em desespero? O que foi que a Mila te disse?

Funguei e fechei meus olhos, segurando nos braços de Dinah.

: - Que eu não podia surtar e deixá-la sozinha.

: - Então, você não pode surtar, você prometeu que não iria surtar, por você e por ela. – Dinah acariciou meu rosto e beijou minha testa. – Por favor, mantenha-se de pé. Eu estou aqui, Ally e Normani também, nós estamos com vocês, só fique de pé, não caia agora.

: - Então me segura. – Eu implorei me deixando ser abraçada por ela, queria me esconder do mundo e em seus braços me parecia um bom lugar. – Só me ajuda.

: - Vai ficar tudo bem. – Dinah beijou minha cabeça. – As coisas vão melhorar. Agora vamos ficar com a Mila, ela morre de medo de agulhas e deve estar se perguntando onde estamos.

: - Tem razão, vamos.

Suspirei ainda trêmula, limpando o rosto com as mãos. Precisava cuidar de Camila, precisava manter minha cabeça com o pouco de sanidade que me restava para segurar nas mãos dela, Dinah estava certa, cair não poderia ser uma opção, mesmo que eu ainda não soubesse o que fazer para me manter de pé. 


Notas Finais


Twitter > @gilylas_


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