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História Falling in love for the last time. - I wont give up.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, meninas. Primeiramente agradecendo os comentários do último cap, como sempre, vocês me fizeram sorrir. ♥ Bom, quero dizer que esse capítulo ficou mimimi, porque eu quis e porque era necessário. UASHUSH Gosto de manter esse balanço, intercalando sempre. O cap foi inspirado na música "I won't give up - Jason Mraz" portanto, peço que escutem a música enquanto fazem a leitura, no POV da Camz para ser mais específica, fica bem melhor. Enfim, é só isso. Amo vocês. <3 PS: Qualquer erro ou qualquer letra faltando, pode deixar que eu irei enxergar e consertar. Na maioria das vezes só consigo ver depois, então, conserto depois. UHSASHUA

Capítulo 34 - I wont give up.


 

Lauren POV.

 Três dias se passaram desde nossa reunião com Simon, três dias longos e cansativos. Estávamos pegando firme nos ensaios, passávamos a manhã inteira juntamente com a tarde ocupadas, não tínhamos tempo nem para respirar. Naquele final de mais um dia exaustivo, voltamos para casa praticamente nos arrastando, as forças para subir as escadas em direção aos quartos eram completamente nulas.

Tomei um banho demorado e quente, Camz resolveu que tomaria banho em seu quarto, não reclamei. Na verdade acho que não reclamei porque não tinha forças para tal coisa, se não teria pedido que ela se banhasse junto comigo. Deixo claro que no meu relacionamento com Camila ainda tínhamos nossa privacidade, mas não fazíamos questão de usá-la nunca, então quando ela decidia fazer algo sozinha eu me sentia um pouco livre demais. Sempre prezei minha liberdade, mas quando ela envolvia fazer qualquer coisa sem ter Camila movendo-se junto comigo, a situação se tornava desconfortável.

É um pouco intenso, mas sempre gostei de intensidade e não estava disposta a abrir mão dela. Quando pedi Camila em namoro naquele 23 de Setembro eu sabia que iríamos nos tornar quase uma pessoa só, e foi isso o que nos tornamos praticamente. E quer saber? Orgulhava-me disso, me orgulhava do que éramos, do que sentíamos. Poucas pessoas no mundo conseguem ter a chance de se apaixonar e amar alguma vez na vida, eu estava tendo essa chance e não deixaria que Camila se movesse para o desconhecido nem dois centímetros sem mim.

Quando a pessoa preenche todos os espaços que antes estavam vazios, você não precisa que ela se afaste, você só precisa que ela permaneça exatamente ali nos lugares que ocupou, que encheu de calor. Você só precisa dela, porque ela é o que te faz ser uma pessoa melhor. E não existe nada nesse mundo que barre o prazer de se tornar alguém melhor por quem se ama, por você e pelo famoso “nós”.

: - Lolo?

Falando em quem se ama, ouvi Camz me gritar do corredor, tinha certeza que ela estava com a cabeça pelo lado de fora da porta de seu quarto. Terminei de vestir a blusa e caminhei sorrindo até a porta, abrindo e colocando a cabeça para o corredor. Não falei? Lá estava ela, os cabelos caindo para o lado, um sorriso besta nos lábios.

: - Oi, boo. – A mandei um beijinho no ar.

: - Traz suas coisas pra cá, nós vamos dormir no meu quarto hoje.

: - Você quem manda.

Sorri e ela retribuiu. Eu iria perguntar o porque da decisão de dormir no quarto dela, mas Camila interrompeu meu raciocínio quando sua mão que apoiava seu corpo curvado escorregou na madeira da porta e a levou ao chão. Um baque alto e oco, seu ombro batendo com toda a força. Acho que nunca corri tão rápido na minha vida, logo estava ajoelhada ao lado dela, minhas mãos nervosas indo parar em seus ombros.

: - Amor, se machucou?

: - Ai, caramba!

Ela ria um pouco, mas eu sabia que estava sentindo dor pela careta que fazia. Com calma Camz apoiou as mãos no chão, erguendo o corpo e sentando-se na minha frente. Era tão estabanada a minha criança, se Camila não caísse ao menos uma vez no dia não era Camila.

: - Eu sei que está sentindo dor, conheço essa carinha. Diga-me, onde dói? – Perguntei tocando alguns pontos um pouco nervosa, eu vi o jeito que ela caiu, então temia que pudesse ter magoado algo de forma profunda. – Você é tão estabanada, amor. Eu fico com medo de te deixar sozinha e você cair, pode quebrar um dedo, uma perna, o braço, nunca se sabe.

Toquei a beira de seu ombro direito e a ouvi gemer baixo. Pronto, tinha achado onde doía.

: - Está tudo bem, só está dolorido, cai de mau jeito.

Camz disse sorrindo de canto enquanto fazia umas caretas. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados, ela vestia moletom rosa de bolinhas brancas e regata. Tão neném, nem parecia aquela mulher formada no meu quarto há alguns dias atrás. Suspirei preocupada e segurei embaixo de seus ombros, me erguendo um pouco.

: - Vem, levanta. Vou pegar gelo para colocar ai em cima, vai acabar ficando bastante roxo. Espera-me na cama, eu já venho.

Acariciei em cima do local dolorido e dei um beijo em sua testa, a empurrando gentilmente para dentro do quarto.

: - Não demora, amor.

Camz fez beicinho pra mim, a mão parada sobre o ombro. Quase desisti de descer. Voltei para perto dela e selei seus lábios.

: - Um minuto.

Eu disse baixinho e me afastei antes que ela me convencesse do contrário. Ajeitei meu Iphone que estava caindo no bolso do short que eu usava e desci as escadas, encontrando Ally e Dinah jogadas no sofá. Estavam tão sonolentas que eu aposto que nem sabiam que filme era.

: - Ei, subam para o quarto, lugar de dormir é na cama. Se dormirem no sofá vão acordar com a coluna destruída.

Eu disse baixo cutucando a perna de Dinah, a cabeça de Ally em seu colo.

: - Não estamos dormindo, chata, estávamos vendo filme.

Ally bocejou e se encolheu no sofá, quase uma posição fetal. Rolei os olhos com sua mentira.

: - Aé, e qual filme que está passando?

Perguntei cruzando os braços embaixo do peito. As duas me encararam por longos segundos, expressões pensativas e intrigadas. Eu acabei rindo.

: - Ah, sei lá. Deixa quieto.

Dinah riu bocejando e esticando os braços para cima. Neguei com a cabeça.

: - Sério, vão para a cama. – Eu ia saindo da sala quando parei no meio dela sobre o tapete felpudo, me virando. – Já comeram alguma coisa?

: - Já, mamãe. – Dinah disse rindo enquanto rolava os olhos. – E você, vai jantar a essa hora?

: - Não, estou indo pegar um pouco de gelo para colocar no ombro da Camz, ela acabou de cair e está sentindo dor.

Suspirei preocupada e me afastei dois passos.

: - A Mila só não deixa a cabeça cair do pescoço porque é grudada.

Ally bocejou de novo.

: - Coloca gelo mesmo antes que fique roxo fluorescente, ela é muito branca pra ficar marcada assim.

Dinah disse em uma expressão mais séria e eu apenas concordei, virando-me de costas para seguir em direção à cozinha. A sala de nossa casa era enorme, por isso o sofá em L ficava encostado em uma parede e a grande TV de plasma embutida em outra. Praticamente tudo naquela casa era embutido nas paredes, o que era bom, porque se as coisas fossem soltas pelos cantos com toda a certeza nós quebraríamos tudo em poucos meses, já que tínhamos pessoas estabanadas demais presentes ali dentro, estabanadas e afoitas.

A parede central daquele ambiente era completamente coberta por uma foto de nós cinco, a foto de capa do EP “Better Together”. Era estranho andar em direção à cozinha todos os dias e nos ver ali paradas, como o pôster de um ídolo que você coloca na parede, sendo que ali as ídolas éramos nós. Acho que nunca iria me acostumar.

Deixei meus pensamentos de lado quando cheguei na cozinha. Peguei um saquinho transparente, tirei cubos de gelo de um compartimento da geladeira, coloquei dentro do mesmo saquinho e dei um nó. Andei até a pia, abri uma das gavetas que ficavam embaixo e peguei um pequeno pano vermelho. Enchi um copo com água gelada e estava pronta para sair da cozinha quando senti meu Iphone vibrar em meu bolso. Ergui a sobrancelha e coloquei o copo rosa de acrílico em cima da bancada, sacando o celular. Eram dois sms’s. Número? Desconhecido. Abri mesmo assim porque poderia ser algo importante. Preciso dizer que me arrependi imediatamente?

Você sabe o quanto é nojento isso o que você está fazendo, não sabe, Lauren? Pensei que você fosse um pouco mais sábia. Mas o que esperar de você, não é mesmo? Sempre tropeçando. Não sei se você sabe, mas mesmo assim irei te dizer: Continue com essa coisa nojenta que mantém com Camila que você vai ver onde esse teu sonho vai parar.

 Eu não queria, mas senti meu peito arder.

Esse Deus que você insiste em dizer para confiarmos não aprova o que você está fazendo nenhum pouco. Eu tenho certeza que você não é gay, só está se deixando levar por más influências. Então pare e pense, vale a pena arriscar tua carreira por algo tão nojento? Sinceramente, muitos de teus fãs se inspiram em você, acha que está dando um bom exemplo para eles? Espero que você acorde, digo isso em nome de muitos fãs que não tiveram a coragem de dizer.”

 Abaixei a mão que segurava o Iphone e fechei meus olhos, não podia acreditar que tinha mesmo acabado de ler aquilo. Meu coração batia acelerado contra o meu peito, um desconforto visível fez minhas pernas tremerem. Será possível que toda aquela palhaçada iria recomeçar? Todas as afrontas, todas as coisas que me faziam chorar. O ano que se passou foi um puro tormento, eu recebia mensagens como essas quase todos os dias, outros assuntos, mas não deixavam de me magoar. Surtei no Twitter uma vez, disse o que estava sentindo e fiz um pedido silencioso para que pudessem parar. Finalmente as coisas se acalmaram, até aquele momento. O problema é que o assunto usado para me afrontar não envolvia apenas eu, mas também Camila. O assunto envolvia toda a luta interna que eu mantinha comigo, não era justo. Não podia ser.

Eu pensei em Camila para criar coragem o suficiente pra me mover. Guardei o Iphone no bolso, peguei o copo sobre a bancada e o saquinho de gelo, saindo da cozinha. As meninas ainda estavam na sala, mas nem falei com elas, subi direto o mais rápido que pude. Andei pelo corredor com mãos trêmulas e entrei no quarto de Camila, a encontrando sentada sobre a cama vendo algo na TV.

: - Demorou, Lo.

Disse suspirando e eu sorri um pouco desconfortável, não queria passar para ela a imagem de que algo estava me incomodando.

: - Desculpa, amor, as meninas estão na sala e acabamos iniciando uma conversa.

Menti em partes. Coloquei o copo no chão ao lado da cama e o pano vermelho sobre a coxa assim que me sentei de frente para ela, o saquinho de gelo na minha mão.

: - Isso deve estar congelando e eu estou com frio. 

: - Mas vai colocar gelo sim, se não a dor não vai passar.

Eu disse em um tom mandão como se ela fosse uma criança. Camz suspirou, sabia que não tinha outra opção.

: - Nem está doendo tanto assim.

Disse bufando. Rolei os olhos e soltei uma risadinha triste.

: - Para de mentir só pra não colocar o gelo, amor.

Curvei-me um pouco para frente e posicionei o saquinho sobre a parte dolorida em seu ombro.

: - Ai!

Fez beicinho enquanto piscava os olhos daquele jeito manhoso e eu acabei roubando um selinho.

: - Fica quieta com o gelo ai que vai passar, antes de você dormir eu faço uma massagem. – Peguei o pano vermelho e sequei um pouco da água que escorria por seu braço, por conta do derretimento do gelo dentro do saco. – Para de ser manhosa.

: - Se ficar muito em cima vai doer mais porque o gelo vai queimar a minha pele, amor e... Ai!

Ela encolheu o ombro quando eu massageei o local com os gelos. Sério, nunca vi uma pessoa tão resmungona quanto Camila.

: - Para de resmungar, baby girl, fica quietinha que eu sei o que estou fazendo. – Pedi suspirando, abaixando o braço livre para pegar o copo no chão. – Toma, bebe um pouco de água que não vi você bebendo hoje.

: - Eu bebi.

: - Bebe mais um pouco, se eu deixar você viver com a quantidade mínima que ingeri de água em breve estará definhando. Você já emagreceu bastante o tempo que estive fora pela falta de comida, quer secar pela falta de água?

Segurei o copo na frente de seu rosto, onde ela pegou a muito contragosto. Quando ela queria ser pirracenta...

: - Daqui a pouco você vai me fazer andar com uma garrafa de cinco litros de água pendurada nas costas.

Camila disse depois de beber um gole grande, rindo baixinho. Eu ri meio sem vontade pelo desconforto que estava sentindo e voltei a massagear seu ombro com o gelo.

: - Se isso for te lembrar de molhar a garganta sempre que necessário, vou pendurar logo duas.

: - Você preocupada fica tão velha, parece a mama. Mas eu amo toda essa dedicação, me faz sentir segurança.

A observei curvar a coluna para frente, roçando o nariz pelo meu antes de beijar meus lábios. Eu não queria me desconcentrar dos cuidados em seu machucado, mas me permiti esquecer as palavras que li apenas por alguns minutos em sua boca. Camila me deu um selinho, um beijo no canto da boca, outro selinho, uma chupadinha no lábio inferior seguido de um deslize lento de sua língua por entre os meus lábios. Arfei quando a senti tocar a minha, minha mão em seu ombro deixando o saquinho de gelo cair sobre a cama, se enfiando entre seus cabelos para acariciar bem de leve.

Camz segurou meu rosto entre as mãos, gemendo baixo quando forçou demais o ombro dolorido. Levei a mão livre até ele e fiquei fazendo carinho bem ali enquanto nos beijávamos de forma lenta e apaixonada. A boca de Camila me deixava de pernas bambas, não sabia explicar o jeito que ela me fazia esquecer qualquer coisa. Suguei sua língua rosada e mordi a ponta, separando nossas bocas logo depois para observar seu rosto. Ela manteve seus olhos fechados, fazia isso sempre quando terminávamos um beijo e eu achava adorável. Suas bochechas estavam coradas, suas sobrancelhas levemente erguidas como se ela esperasse por mais um contato. Sorri com o coração acelerado e passei o dedão por seu queixo.

: - Eu te amo. – Sussurrei me sentindo angustiada, precisava dizer aquilo para me sentir segura, para me sentir melhor. – Eu te amo, Camz. Por favor, só não esqueça.

Camila abriu seus olhos e me fitou, eu vi um misto de emoção e confusão neles. Sabia que tinha deixado transparecer mais do que queria em minha voz, me condenei mentalmente.

: - Eu também amo você. – Ergueu a mão para acariciar meu rosto, onde eu logo segurei para depositar um beijo na palma. – E te conheço o suficiente para saber que esse “eu te amo” teve um tom de insegurança que não estava ai antes. O que aconteceu?

Ela me conhecia tão bem. Tentei sorrir o mais convincente possível e neguei com a cabeça, segurando suas mãos entre as minhas. Não iria mesmo preocupá-la com isso, não quando eu podia simplesmente tentar esquecer.

: - Nada, não se preocupe. – Suspirei quando tornei a encontrar seu olhar castanho intenso. – Eu só estou um pouco cansada, preocupada com a volta ao trabalho, as coisas de sempre.

: - Vou fingir que acredito e esperar pelo momento que vai me contar a verdade. – Disse direta e certa, se aproximando mais um pouco para beijar minha testa. A postura manhosa que ela mantinha até poucos minutos atrás dando lugar a postura de quem estava intrigada. – Jamais vou te forçar a me contar algo se não se sentir a vontade. Por isso, vou esperar. Quando quiser me contar o por que dessa insegurança que senti na tua voz, estarei aqui onde estou agora, na tua frente.

Eu tinha todos os motivos do mundo para chorar naquele momento, mas não o fiz. Coloquei no rosto um sorriso pequeno e devolvi o beijo que ganhei na testa.

: - Eu disse para não se preocupar, está tudo bem. – Afaguei seus cabelos. – Agora vamos, me deixa terminar de cuidar do seu dodói e te colocar para dormir, tivemos um dia exaustivo hoje e amanhã estaremos de pé cedo.

Eu disse tentando mudar totalmente o rumo da conversa e me curvei para colocar sobre o chão o copo de água que Camz mantinha apoiado ao lado da coxa. Não olhei em seu rosto para detectar sua expressão, o que me aliviou um pouco. Peguei o saquinho de gelo caído sobre a cama e o coloquei em cima do pano vermelho, antes que molhasse mais ainda o lençol.

: - Já está bom de gelo, né?

Ela perguntou rindo e eu sorri, estava dando graças a Deus que ela entendeu que eu queria mudar de assunto.

: - De gelo sim, mas de cuidados não. Olha ai, está ficando arroxeado.

: - Você pode dar um beijo, talvez ele sare mais rápido. E olha só, beijo é algo que não dói.

Camila disse piscando os olhos igual aquele gatinho do Shrek, o que me fez explodir em uma risada encantada. Levantei-me da cama e joguei os gelos quase derretidos dentro do copo com água, largando o saquinho em cima.

: - Você joga muito sujo, sabia?

Eu disse enquanto descia o short jeans por minhas coxas, odiava dormir com ele me apertando.

: - E você mais ainda tirando a roupa na minha frente.

Eu ri da cara que ela fez e subi na cama com o Iphone na mão, o largando em qualquer espaço antes de engatinhar em sua direção. A blusa de manga larga que eu usava deixando um vão entre o meu corpo e o tecido por conta da minha posição.

: - Ainda estou de calcinha e blusa, consegue lidar com isso?

Perguntei enquanto a puxava pela cintura, deitando-me de lado na cama e me encaixando atrás dela. Camila riu de surpresa, suas bochechas corando por conta do pequeno susto que ela tomou. Tomei cuidado para não encostar em seu ombro machucado e nos ajeitei de uma forma para que ficássemos de conchinha.

: - Não, mas farei um esforço.

Ela disse baixinho. Eu ri contra a sua pele, depositando um pequeno beijo em cima da marca em roxo claro.

: - Eu poderia tirar suas roupas e o resto das minhas agora mesmo, passar a madrugada acordada te fazendo gemer, mas não farei isso. Primeiro porque você está exausta, segundo porque está com o ombro dolorido e terceiro porque às sete estaremos de pé. Então é bom que esse seu esforço funcione.  

: - Ah, é claro que vai funcionar, ainda mais depois de você ter dito isso com a boca contra a minha pele. Com toda a certeza vai funcionar, Lo.

Ela disse risonha se acomodando mais em meu corpo. Eu sorri e cheirei seus cabelos, tendo total noção que minha vontade era mesmo de me perder no corpo de Camila até amanhecer, mas era racional demais para me deixar levar quando a situação exigia apenas que ela fechasse os olhos e descansasse.

: - Vai funcionar, se você fechar os olhos vai dormir em cinco minutos. 

Beijei seu ombro outra vez e me sentei rapidamente, esticando o braço para apagar a luz do quarto em um interruptor que ficava ao lado da cama. Quando a luz era desligada por ali, automaticamente a luz do abajur se acendia. Ele era feito para preguiçosos como Camila que ficavam com preguiça de levantar da cama para desligar a luz ao se deitar para dormir. Prático, né? Útil mais ainda.

Depois de ter a luz do abajur iluminando o ambiente alaranjadamente, peguei o controle da TV e a desliguei, puxando o edredom para cima e voltando a me deitar de conchinha com Camila. Cobri-nos até a altura dos seios, passando o braço por sua cintura a puxando mais contra mim.

: - Confortável?

Perguntei dando um beijo no pé de seu ouvido. Camz já tinha seus olhos fechados, estava bocejando. Eu não disse que ela estava exausta? Era nítido, ela que lutava contra o sono. Pirracenta.

: - Muito.

Ergueu a mão e coçou os olhos. Sorri e apoiei minha coxa direita por cima da dela, começando a sacudir bem de leve, seu corpo movendo-se na frente do meu quase imperceptivelmente. Eu iria ninar seu corpo até que ouvisse aquele ronco fraquinho sair de sua garganta.

: - Então durma. Se sentir dor de madrugada me chama, ok?

Acariciei seus cabelos e beijei sem ombro.

: - Ok... Amor. – Um bocejo longo interrompeu sua frase. Sorri com toda aquela sonolência. – Eu te amo.

: - Eu te amo, baby girl. Boa noite.

: - Boa noite.

Com um último suspiro ela se rendeu ao que a puxava, sua mão direita apoiada sobre o travesseiro na frente de seu rosto, seu corpo coladinho ao meu. Apoiei-me no cotovelo esquerdo e a cabeça na mão, fitando seu rosto enquanto movia minha coxa sobre a dela naquele leve balançar. Fiquei ali a ninando por tempo indeterminado, velando seu sono, travando batalhas internas para ganhar da minha própria insegurança.

Não estava insegura sobre o que sentia por ela ou sobre nosso relacionamento, mas sim insegura comigo mesma. Estava angustiada com todas as possibilidades e feridas abertas. Minha cabeça doía naquelas palavras grotescas, minha autoconfiança indo embora de cabeça baixa sem me dar adeus. Aquela confusão que eu tinha dentro de mim sobre não conseguir dizer o que eu era, ou o que não era me deixando louca. Eu queria tanto poder viver sem medo de ser, mas não conseguia quando tudo e todos ao meu redor me lembravam o tempo inteiro que eu deveria temer.

Meus sentimentos estavam fazendo do meu interior um inferno, eu não queria pensar para não sentir, mas estava pensando e sentindo. Fechei os olhos e deitei meu rosto sobre o rosto de Camila, apertando mais um pouco meu braço ao redor dela. Se eu pudesse ficar ali pelo resto dos dias, eu ficaria, seu corpo era o meu refúgio para qualquer coisa no mundo.

 

Camila POV.

 Uma dorzinha chata e aguda não parava de me incomodar, mas não foi isso que me fez abrir os olhos, e sim a falta de calor nas minhas costas. Constatei o que imaginava, a ausência de Lauren na minha cama. Peguei meu celular ao lado do travesseiro com dificuldade por conta do incômodo no ombro e olhei as horas. 3:20 da madrugada. Deitei-me de barriga para cima e passei meus olhos pelo quarto, nenhum sinal dela. Onde ela tinha se metido à aquela hora? Insônia?

Ela estava tão estranha naquela noite, eu sabia que tinha algo de errado, mas não quis forçar a situação. Suspirei sonolenta e coloquei meus pés para fora da cama, levando a mão até o ombro e fazendo uma careta. Eu tinha mesmo que ser tão estabanada? Fiquei me lamentando enquanto rumava para a porta, iria procurar minha namorada e colocá-la na cama de volta, daquela vez eu quem e a faria dormir.

Arrastei-me pelo corredor, um silêncio intimidante. Constatei que ela não estava em seu quarto porque a porta estava aberta e a luz apagada. Lauren nunca dormia de porta aberta, tinha pavor. Caminhei mais um pouco até a porta de vidro da varanda do segundo andar, estava aberta, um vento frio entrava me fazendo arrepiar. Aproximei-me mais um pouco e vi as pernas de Lauren dobradas sobre uma das poltronas, seus braços ao redor de seus joelhos, seus olhos erguidos para o céu. Ela observava imóvel, parecia tão pensativa e perdida em suas próprias preocupações. Desviei meus olhos dela apenas para fitar o que tanto olhava. A lua estava cheia, maior do que o normal, o céu completamente estrelado. Aquela de fato era a noite mais bonita da semana.

Cruzei os braços embaixo dos seios por conta do vento frio e entrei na varanda, me aproximando.

: - Insônia?

Perguntei baixinho chamando sua atenção. Lauren me olhou, seus olhos brilhando tão intensamente que eu constatei no mesmo instante a presença de lágrimas.

: - Bastante. – Sorriu rapidamente antes de passar as costas da mão esquerda coberta por um casaco sobre os olhos. Estava tentando disfarçar, mas disfarçar algo para mim era praticamente impossível. Como ela dizia, eu sacava as coisas no ar. – O que faz fora da cama? Volte já para debaixo do edredom, está frio aqui fora.

: - Eu vim buscar você. – Eu disse encurtando nossa distância, puxando um puff para mais perto e me sentando em sua frente. – Senti falta do teu calor nas minhas costas, me fez acordar.

Confessei erguendo a mão para limpar a lágrima que ela deixou escapar. Posso te dizer que meu coração estava apertado de um jeito que me fez respirar mais rápido, saber que tinha algo machucando a garota que eu amava e não saber o que era estava me enlouquecendo. Lauren sorriu triste e abaixou a cabeça, seus cabelos voando de uma forma linda contra seu rosto por causa do vento. As únicas luzes que iluminavam a varanda eram a da lua cheia acima e as do jardim lá embaixo, nada mais, por isso a coloração de sua pele naquele momento era quase um azulado, pálido e brilhante. Suspirei encantada, passaria o resto da noite suspirando se não estivesse preocupada demais.

: - Desculpe. Deveria ter colocado travesseiros como fiz aquela manhã em Paris, assim não ia sentir falta.

Neguei com a cabeça brevemente e ergui seu queixo para que pudesse olhar em seus olhos. Segurei nossos olhares e corri a mão por sua bochecha, acariciando.

: - Sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, não sabe? – Perguntei passando o dedão por cima do lábio inferior que ela mordia com força, o tirando do meio de seus dentes. – Quero que saiba que a Camila que está aqui agora é a Camila sua amiga, aquela Camila que nunca deixei de ser. Estou aqui como uma velha melhor amiga. Eu sei que falei que não ia te forçar a dizer se não se sentisse a vontade, mas acontece que você está chorando e eu não posso suportar isso, nem como namorada e nem como amiga. Por favor, se abre comigo, me diz o que está te machucando desse jeito, me deixe tentar te ajudar.  

Implorei com toda a intensidade que consegui, era o que eu sentia, estava ao ponto de chorar junto com ela por vê-la daquela forma. Lauren sacudiu a cabeça em positivo e passou a mão pelo cabelo, tirando as mechas que caíam em seu rosto. Observei quando ela pegou o Iphone em seu colo e estendeu a mão para mim, o entregando.

: - Leia. – Engoliu a saliva que provavelmente havia se formado em sua boca. – Recebi hoje quando fui buscar gelo para colocar no seu ombro.

Sua voz estava chorosa, estava me doendo os ossos presenciar aquilo. Peguei o celular de sua mão e destravei o visor, correndo meus olhos pelas palavras presentes naqueles sms’s. Eu senti como se um buraco sem limites de profundidade tivesse sido aberto no meu corpo, uma ferida cicatrizada sendo cutucada com unhas afiadas. Cada palavra presente ali significa o retorno de algo que Lauren temia mais do que o medo de dormir com portas abertas, as acusações. Nunca iria me esquecer de quando ela passou por isso há algum tempo, foram dias intermináveis em uma pressão angustiante. Por que estavam fazendo aquilo com ela de novo? Suspirei dolorosamente e a olhei, seus olhos me fitavam amedrontados.

: - Consegue compreender que tudo o que querem com isso é te deixar desse jeito?

Perguntei largando o Iphone em cima das minhas coxas para segurar suas mãos entre as minhas.

: - Eu não sei como não me sentir assim, como fazer parar. – Eu mordi o lábio inferior com força quando ela se deixou chorar, meu corpo tremendo em uma raiva gigantesca. Eu imploraria para quem fosse que me machucasse da pior forma possível, mas que não encostasse a mão em nenhum fio de cabelo de Lauren, aquilo era me matar trinta vezes mais. – Eu estou tão confusa, Camz. Eu não consigo tomar as decisões certas sobre quem realmente sou. Eu tenho tentado pensar e chegar a uma conclusão, mas o medo da resposta pesa tanto que eu não sei como interromper. Eu acabo nutrindo um julgamento comigo mesma, eu sei, mas não é algo que eu tenha orgulho de sentir. Eu sei que posso ter errado muitas vezes ao longo desses anos, mas não acho que mereça esse tipo de coisa, essa pressão. Queria tanto saber por que é que insistem em me machucar dessa forma.

Ergui a mão para tornar a secar seu rosto, estava trêmula.

: - Você evoluiu muito para estar onde está, amor. Olhe para o que você era antes, olhe para o que é agora. Você só precisa ignorar esse tipo de coisa. Bloqueie o número, xingue no Twitter, faça qualquer coisa, mas não permita que essas pessoas te afetem desse jeito. – Suspirei abaixando um pouco a cabeça para beijar suas mãos. – Eu sei que você é confusa sobre o que é, eu sei que uma verdadeira batalha está acontecendo ai dentro de você, mas olha, independente do que descubra, não vai mudar o fato de não importar a ninguém mais além de si mesma. A única pessoa que precisa saber da tua sexualidade é você, não fica se martirizando com o pensamento de que as pessoas vão achar ruim você ser gay ou não ser. E enquanto aos nossos verdadeiros fãs, preciso frisar o fato de que eles te amam, Lauren, eles te amam de uma forma insubstituível. Aqueles que são fiéis e verdadeiros jamais te julgarão, permanecerão ao teu lado porque seja lá o que você concluir no final dessa confusão, vai te fazer feliz. Como é que eles poderiam lutar contra a tua felicidade? Não dê ouvidos a terceiros, eles só querem lhe ver mal.

: - Por que é tão difícil dizer? Por que essas coisas horríveis me afetam?

Perguntou-me erguendo a cabeça para respirar melhor, seu nariz avermelhado e entupido. Ela inalava com força.

: - Porque infelizmente você guarda um preconceito contra si bem ai dentro. Não é com os outros, é um auto preconceito. – Sorri triste e acariciei seus joelhos. – Primeiro você precisa vencer isso, assim que conseguir passar por cima, essas mesmas palavras não te afetarão mais.

: - Como tem tanta certeza?

: - Porque sou gay. – Fiz uma careta para ela e ri baixinho. A careta que fiz foi por causa da pontada de dor no ombro, mas não disse. – Não passei por toda essa confusão que você está passando, mas tenho consciência que teria passado se não tivesse uma cabeça bem tanto faz para qualquer coisa.

: - Queria ser como você.

Ela praticamente sussurrou enquanto se colocava de joelhos na minha frente, curvando a coluna em minha direção até que tivesse seu rosto deitado em minhas coxas. Meu coração estava saltando embaixo da minha pele, me sentia um pouco inútil por não poder tirar o que ela sentia.

: - Nossa diferença é o que completa o que temos, Lo. – Pousei as mãos sobre seus cabelos em uma leve carícia. – Não mude nunca. Nós tivemos que aprender a ceder a toda essa pressão, mas não podemos deixar de ser o que sempre fomos. Não posso simplesmente deixar de ser retardada, e nem você de ser chata.

Eu disse sorrindo com a cabeça um pouco virada para o lado, observando seu rosto iluminado pela luz da lua. Eu suspirei novamente perdida naquela beleza quando ela sorriu de olhos fechados, um leve fungar em suas narinas.

: - Eu não desistirei de nós. – Ouvir aquilo foi como um sopro de tranquilidade na minha consciência. Eu sabia que ela não desistiria independente de todos os obstáculos internos que estava enfrentando, mas precisava ouvir. – Ainda que eu surte com o ódio da minha mãe, ainda que as pessoas me achem nojenta, ainda que o céu esteja queimando sobre a minha cabeça, mesmo assim eu vou permanecer com você.

Sorri de canto com o corpo arrepiado e deslizei a ponta do dedo indicador pelo contorno de seu nariz.

: - Só vou dizer que se você precisar de um espaço para pensar, você terá esse espaço. Eu esperarei pacientemente para ver o que você descobrirá.

Suspirei fechando os olhos ao sentir o vento soprar meus cabelos contra o meu rosto, um frio gostoso e aconchegante, a noite seria muito mais longa do que imaginei.

Lauren ergueu o corpo e me olhou, seus olhos brilhantes e amedrontados, aquele ar frágil que ela escondia a maioria do tempo, mas que vinha à tona quando uma virgula saia do lugar.

: - Eu não farei nada sem você ao meu lado, Camz. Eu posso ser confusa em relação a muitas coisas, mas eu tenho a certeza de que não posso e não vou fazer nada sem você.

Sorri apaixonada e toquei sua bochecha com uma das mãos, aproximando minha boca da sua para dar um beijinho leve em seus lábios úmidos por conta das lágrimas. Suspiramos em perfeita harmonia, não sei se o arrepio que tive foi por causa do frio ou por nosso contato. Existia a Camila, existia a Lauren e existia Camren, que no caso era uma pessoa só. Já fazia tempos que deixamos de lado as nossas pessoas  para viver apenas uma. Tanto eu quanto ela éramos incompletas quando vivíamos sozinhas, me fundir a ela e me mover junto com todos os sentimentos e planos foi a melhor coisa que já fiz na vida, e tenho certeza que ela na dela.

: - Eu sei que não vai, e nem eu vou sem você. – Lhe dei outro selinho, seus olhos se fechando para me dar mais um quando ousei separar nossos lábios. – Eu vou permanecer aqui e fazer a diferença que eu sei que posso fazer. Logo essa sua angustia vai passar, Lo, apenas não se deixe cair. Temos muito que aprender e muito que enfrentar, mas tenho certeza que Deus está olhando por nós. Tudo o que aconteceu em nossas vidas não foi por acaso e você mais do que ninguém sabe disso. Então vamos nos manter firmes e lutar de cabeça erguida pelo o que nos foi dado. Eu estou aqui, ok? Como amiga, como mulher.

: - Eu te amo. – Lauren disse bem baixinho ao colar nossas testas, nossos olhos se fechando ao mesmo tempo. Passou os braços ao redor da minha cintura e eu afastei as coxas para acomodá-la melhor. Escorreguei os dedos para entre seus cabelos e suspirei. – Obrigado por fazer com que eu me sinta melhor.

: - Venho dedicando todas as horas de todos os meus dias em função disso.

Sorri roçando nossos narizes, aquele vento gostoso misturando as mechas de nossos cabelos.

: - Alguém já te disse que você é o melhor ser humano que existe?

Eu ri baixinho e segurei em seu pescoço com as duas mãos, ainda de olhos fechados.

: - Alguém já me disse que eu sou o bebê mais lindo que existe, agora ser humano... Hmm, ser humano não.

Lauren riu uma risada gostosa e apaixonada, beijando minha bochecha antes de me abraçar apertado. Eu acho que ela esqueceu o meu ombro dolorido, pois passou o braço exatamente por cima dele. Eu reprimi um gemido de dor na garganta e a abracei com mais força, não queria demonstrar que o aperto ali estava me incomodando e ter seu corpo indo para longe de mim. Queria permanecer daquele jeito por um bom tempo, eu suportaria qualquer dor se estivesse em seus braços.

Ficamos naquele abraço por alguns minutos, minha cabeça na curva de seu pescoço, sua respiração calma em meu ouvido, até que ela nos separou um pouco para me beijar. Iniciamos um beijo delicado e gostoso, era mais uma carícia de línguas suave e externa, não chegamos a aprofundar, ficamos apenas trocando pequenas chupadinhas nos lábios e na pontinha da língua. A sensação era tão gostosa, tão quente. Lauren sabia mesmo como usar aquela parte do corpo, fosse de forma ousada ou delicada.

Nos separamos quando não pude evitar um gemido de dor, ela apertou meus ombros um pouco mais forte e acabei me entregando. Lauren me olhou assustada, seus olhos me mostravam que ela estava lembrando de algo que esqueceu momentaneamente.

: - Deus, amor, me desculpe. – Pediu quase em desespero. – Me perdoa, realmente esqueci do seu ombro, estava tão envolvida te beijando que...

: - Ei, calma, eu não estava ligando para a dor. – Confessei para acalmá-la. – Relaxa, ok?

: - Não. – Por que fui gemer? Acabei despertando aquele lado “mais mãe que Sinu”. Rolei os olhos rindo quando ela se levantou, guardou o Iphone que estava em meu colo dentro de seu bolso, ajeitou o casaco no corpo, secou os olhos e me puxou para cima como se eu fosse quebrar a qualquer momento. Pelo o que me lembro era eu quem deveria estar cuidando dela, não ela de mim. – Vamos para o quarto, está muito frio aqui fora pra você. Nem deveria ter saído da cama, para constar.

: - Amor, eu não estou com uma doença terminal, só com o ombro dolorido.

Fiz beicinho, mas não adiantou, logo ela estava me empurrando pelas costas para dentro de casa, fechando a porta da varanda assim que passamos por ela.

: - Está com dor, não importa se é de doença terminal ou por causa de uma queda, está sentindo dor e fim, tem que ficar quietinha.

Ai, cacete. Eu tinha outra opção?

: - Eu quem deveria estar cuidando de você agora. Como posso trocar os papéis?

Perguntei quando já estávamos entrando em meu quarto. Lauren me olhou com os olhos estreitos e trancou a porta atrás dela, apontando para a cama com o dedo indicador esquerdo.

: - Quero você deitada embaixo do edredom agora. Vamos, anda. – Usando daquele tom mandão de sempre ela me deu dois tapinhas na bunda, me empurrando para frente. – Deite-se e me espere, vou fazer xixi e já venho.

: - Ai, mas que porcaria. – Eu disse enfezada enquanto caminhava para a cama, batendo o pé mesmo, tipo criança birrenta. Eu nunca conseguia dar uma de mãe, ela sempre me contrariava. Deitei na cama emburrada, me virei de lado e fechei meus olhos. – Chata!

Eu disse para mim mesma enquanto sorria sem conseguir me controlar. Lauren era a chata mais linda do mundo, eu não queria que ela mudasse nunca. Senti o colchão afundar atrás de mim depois de alguns minutos, seu cheiro voltando a me confundir. Suspirei quando ela se encaixou em mim de conchinha novamente, seu braço direito envolvendo a minha cintura para repetir a cena em que dormi da primeira vez.

: - Voltei, resmungona.

Disse beijando meu ombro, sua respiração acariciando minha nuca, seus seios em minhas costas, seu quadril coberto apenas pela calcinha, como antes, grudado em mim. Mordi o lábio inferior e me acomodei mais em seu corpo.

: - Não quero papo com você, estou chateada. – Bufei. – Eu queria cuidar de você.

: - Já cuidou. Quando me disse aquelas coisas na varanda estava cuidando de mim sem saber.

Disse baixinho perto do meu ouvido, meu corpo se arrepiou pelo calor de seu hálito cheiroso.

: - Mas eu queria q...

: - Dormir. – Eu ri, não tinha mesmo jeito de domar aquela criatura quando ela enfiava algo na cabeça. – Você queria dormir, vamos estar de pé daqui a poucas horas. Então feche seus olhinhos lindos e durma.

: - Vai me ninar?

Perguntei mais manhosa do que queria. Lauren sorriu contra a pele do meu pescoço e suspirou, enfiando a mão embaixo da minha regata para acariciar minha barriga.

: - É claro que vou te ninar. Só vou dormir depois que você dormir, pode ter certeza.

: - Está bom, então...

Eu disse fechando minha mão sobre o travesseiro, na frente do meu rosto. Lauren levou a coxa direita para cima da minha, começando a balançar meu corpo levemente.

: - Boa noite de novo, amor.

Beijou minha cabeça, deitando a sua no travesseiro atrás de mim.

: - Boa noite. – Bocejei me entregando para aquele balançar. – Não saia da cama dessa vez... Lo. Não gosto de acordar sozinha. Eu te amo.

Eu não ouvi mais nada, acho que ela ficou em silêncio porque sabia que eu estava sonolenta e não queria me despertar. Lauren fazia mágica, não precisou me ninar muito para que eu sentisse que não poderia mais me livrar do que me puxava para a inconsciência.

Tudo o que escutei antes de cair no sono foi um “Também te amo, Camz” no pé do ouvido, tão baixo que poderia ter sido fruto da minha sonolência. Mas me deixei desfrutar de cada palavra antes de dormir sem vontade de acordar tão cedo. Pedi a Deus para que ajudasse a dissipar a angústia que vi naqueles olhos verdes, não suportaria presenciar mais lágrimas quando tudo o que podia fazer era dar o meu ombro para que ela pudesse chorar. Eu olharia para cima à procura de ajuda e respostas quantas vezes fosse preciso, mas não a deixaria cair nunca. Enquanto eu estivesse por perto, Lauren jamais perderia a fé, porque eu iria lembrá-la todos os dias que independente das religiões e dos ensinamentos existentes no mundo, a fé no que acreditamos, seja lá o que for, é o que nos faz caminhar.   

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