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História Falling in love for the last time. - Heaven.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, gente. Sei que demorei para postar, mas estou gritando desculpas, vou ser mais rápida com o próximo. Agradeço os comentários do capítulo passado, mais uma vez vocês me fizeram sorrir por tempo indeterminado. Vou só dar um aviso rápido, no vou usar de grosseria e nem nada, apenas avisar que todas as coisas que escrevo aqui e todas as ideias que tenho para essa fic, são MINHAS, não roubei da fic de ninguém e nem preciso, acho que posso criar meus textos sozinha. Estou dizendo isso apenas para deixar claro aos terceiros que estão dizendo merda por ai, enfim. Façam uma boa leitura, eu amo vocês. ♥

Capítulo 29 - Heaven.


 

Camila POV.

O som era suave, baixo, delicado e quase inaudível. Meus olhos mantinham-se fechados para que eu pudesse ouvi-lo com mais atenção. Aquele som era um alicerce, uma poça de compreensão, uma mão estendida para mim no escuro daquela noite. O som feito de vibrações que aumentavam e diminuíam em poucos intervalos me deixava com um gosto de satisfação na boca, um sorriso no canto dos lábios e o coração bailando em uma dança sem fim dentro do meu peito.

Aquele som que me fazia perceber que eu não poderia parar de lutar se intensificou quando eu suspirei, suspirei porque me dei conta mais uma vez naquela madrugada, naquela semana e naquele mês, que era por conta daquele som que eu não poderia desistir nunca, que eu tinha que lutar com todas as minhas forças pela minha felicidade, pela nossa felicidade. Aquele som que na minha vida - sem dúvida alguma - era o mais essencial, era nada mais e nada menos que a respiração de Lauren, a respiração leviana que ela me deixava ouvir pelos fones colocados perfeitamente em cada um de meus ouvidos.

A respiração dela foi tudo o que eu ouvi por quase meia hora, nós ficamos em silêncio por quase meia hora. Palavras para quê? Eu tinha certeza que ela estava sentindo e pensando o mesmo que eu. Meu corpo nu sobre sua cama me jogando sem dó em lembranças recentes, arrepios memorizados, um prazer alucinógeno desfrutado da melhor maneira que poderia ter sido desfrutado.

Virei meu corpo de lado e encarei uma foto de Lauren em um porta-retrato na mesinha do not. Ela sorria de olhos fechados, nariz enrugado e aquele gorro que eu tanto amava nos cabelos. Aquela garota era minha, dá para acreditar?

“Amor?”

Arrepiei-me ao ouvir sua voz, estava mais rouca que o normal, quase sonolenta.

“Ei.”

Respondi sem desviar meus olhos da foto.

“Se você não tivesse se mexido agora eu iria jurar que caiu no sono.”

Sorri mordendo o lábio inferior.

“Eu estou aqui, não vou dormir até que você durma primeiro, não se preocupe.”

“Então vamos ficar acordadas porque eu não quero dormir.”

Ela disse rindo baixinho e eu imaginei perfeitamente seus lábios curvados naquele sorriso que tanto me fazia falta. Suspirei de saudade.

“Eu fico acordada a semana toda se isso for te deixar feliz, Lo.”

“Amor, se isso não fosse humanamente impossível, eu até pensaria em pedir.”

Ela disse quebrando o meu barato e eu me deixei rir.

“Para de estragar o romantismo dos outros, caramba!”

Lauren riu, uma gargalhada. Sua respiração ficando mais afoita a cada segundo. Eu queria tanto abraçá-la, tanto tê-la atrás de mim naquele momento para que pudéssemos dormir de conchinha.

“Desculpe, amor.” Respirou fundo “Você sabe que não posso perder a chance de corrigir alguém.”

Rolei os olhos.

“Mas esse alguém sou eu, tua namorada, eu deveria ficar livre dessa tua chatice.”

Resmunguei fazendo beicinho, mesmo que ela não pudesse ver. Mas de alguma forma, assim como eu, ela sacava as coisas no ar.

“Você está fazendo beicinho que eu sei, boo, pode parando.” Adorava quando ela me chamava de boo. Sorri apaixonada. “Eu vou me controlar com você, eu prometo. Até porque se eu fosse te corrigir sempre, eu ia te fazer apagar cada tweet para pontuar corretamente. Porque amor, você não usa vírgulas em nada, eu tenho que ficar tentando adivinhar o que você quer dizer e...”

“Lauren!” Chamei a atenção dela erguendo as sobrancelhas. Sério mesmo que ela ia ficar me dando aula via Skype de madrugada? Eu ri enfezada. “Você é minha mulher, não minha professora, para de ser chata.”

“Essas coisas me irritam.” Ela disse sincera e eu podia imaginar perfeitamente a carinha dela de ‘eu não queria ser grossa, apenas ajudar’. Aquilo quase me fez rir, quase. “Eu tenho paranóia com isso, você sabe, eu fico me corrigindo porque eu odeio erros”.

“Eu sei, mas vai fazer alguma diferença na nossa relação os meus tweets sem vírgulas, amor?”

Resmunguei rolando os olhos novamente. Lauren suspirou, ficou em silêncio alguns segundos e depois tornou a falar.

“Não” Pela voz dela eu sabia que ela estava com um biquinho lindo, cheia de raivinha. Ai, meu bebê. Era até irônico chamar Lauren de bebê, mas você não sabe o quanto ela poderia ser fofa quando queria. “Mas você poderia tentar colocar as vírgulas e...”

“Lauren Michelle, já chega.” Eu disse explodindo em uma gargalhada, levando minha mão para baixo e puxando o cobertor para cima de mim. “Que mulher chata, meu Deus. Já chega, se falar disso de novo eu desligo o Skype na tua cara.”

“Você não é nem maluca.” Lauren resmungou. Ouvi um barulho na cama e sabia que ela estava se virando. “Ninguém bate telefone, Skype ou sei lá o que na minha cara, fique sabendo.”

Ai que vontade maldita de estar em cima dela naquele momento, beijando aquela boca de lábios afortunados e vermelhos, parando apenas para olhar o verde de seus olhos. Que merda era aquela distância.

“Não sou mesmo.” Eu disse manhosa me rendendo. “Eu jamais deixaria você falando sozinha.”

“Eu sei.” Ela estava sorrindo, eu sabia que estava. “Amor, mudando de assunto um pouco, me responde uma coisa?”

“É claro que sim.”

Suspirei e me vire de barriga para cima, puxando o cobertor até o meu pescoço e ajeitando o pequeno microfone em meus seios. Estava um pouco frio no quarto, as janelas estavam fechadas, mas o clima era por conta do ar condicionado que Normani insistia em manter ligado. Estava quase levantando para desligar. Ouvi Lauren suspirar, a respiração fraca bem pertinho. Fechei os olhos.

“Como vamos chamar nossos filhos?”

Fui tão pega de surpresa com aquela pergunta que senti meu coração acelerar de espanto. Ela fazia aqueles planos? Ela tinha aquela vontade? Será que ela queria para nós o mesmo que eu queria? Comecei a me fazer todas aquelas perguntas antes que pudesse me pronunciar, um sorriso enorme em meu rosto.

“Filhos? Você quer ter filhos comigo?”

Mordi o lábio inferior e encarei o teto escuro.

“É claro. Com quem mais eu poderia ter bebês a não ser com você? Se não for para dizer que são nossos filhos, eu prefiro não tê-los. Não quero outra pessoa os chamando de ‘filhos’ sem ser você.”

Ah! Lauren. Levei as duas mãos ao rosto para esconder o riso abestalhado que me veio à tona. Como ela podia ser tão perfeita, tão... Surreal? Era inacreditável o que ela me fazia sentir dizendo aquelas coisas.

“Pois então eu acho que teremos lindos bebês, Lo."

Eu disse sorridente e ela riu do outro lado, um risada alegre que me contagiou no mesmo instante.

“É claro que teremos bebês lindos, Camz, você é linda.”

Corei. Pois é, mesmo distante de mim Lauren conseguia me fazer corar violentamente. Neguei com a cabeça mantendo o lábio inferior mordido.

“Eu espero que em algum dia no futuro a ciência nos dê o privilégio de fazer bebês sem precisar de homens.”

Eu disse sincera, era quase um lamento. Eu sempre achei um absurdo da natureza apenas os homens serem capazes de doar material genético para engravida uma mulher. Tínhamos mesmo que ficar dependente deles?

“Isso já está sendo testado, amor, eu li sobre em uma revista britânica. Eles fizeram uma experiência há algum tempo ao retirar células-tronco da medula óssea feminina e a transformando em espermatozoide, no caso ficou o espermatozoide feminino. Eles querem acabar com essa necessidade dos homens na reprodução humana. Se isso der certo mesmo, daqui há alguns anos teremos uma menininha de cabelos castanhos e traços latinos correndo pelos bastidores dos show’s. Já pensou?”

Lauren me contou sua descoberta toda animada, podia notar o tom de esperança em sua voz para que aquilo se tornasse realidade. Eu não podia estar me sentindo mais eufórica.

“Cabelos castanhos, traços latinos, teus olhos verdes e tua personalidade”

Sorri imaginando, podia ver perfeitamente uma menininha com todos aqueles três jeitos correndo entre nós nos bastidores, fazendo bagunça e perturbando as meninas antes de correr para os meus braços, ou os braços de Lauren. Meu coração vibrou naquele sonho distante e quase... Inalcançável.

“Tua boca e teu sorriso. Ela vai chamar o Simon de tio, as meninas de dindas e nos chamar de mama C e mama L.”

“Eu estou emocionada.”

Nós rimos juntas com toda aquela explosão de uma quase loucura e sonhos perdidos. Seria tão bom se algum dia aquilo acontecesse, se pudéssemos ter uma família de verdade, aceitação em relação ao que desejávamos.

“Ainda vamos ter nossa família, Camz, você vai ver.”

Ela disse convicta, a voz firme. Eu queria tanto acreditar.

“Será?”

Perguntei insegura, eu não conseguia ter certeza de nada sobre o meu futuro, tirando o fato de que amaria Lauren enquanto respirasse. Normal para quem ama, para quem sabe como é se sentir desse jeito.

“Você confia em mim?”

“Mais do que tudo.”

Sorri virando a cabeça para o lado e encarando a foto dela novamente.

“Então acredite quando eu digo que ainda teremos nossa família. Vamos lutar por isso, vamos lutar por nós, vamos lutar juntas. Eu não vou me separar de você por nada, não vou te deixar ir. E te digo que tudo isso vai passar, Camila, tudo isso que estamos passando vai valer a pena lá na frente, eu sei que vai.” Lauren respirou profundamente, como se buscasse apoio em si mesma para acreditar no que havia dito. “Eu sei que vai.”

Eu fechei meus olhos e me deixei levar, se eu queria apoio eu sabia onde encontrar porque meu apoio era ela, Lauren era a base para tudo o que eu cogitasse fazer. Lauren era tudo o que eu queria, quando ela estava deitada em meus braços, eu até mesmo achava difícil de acreditar antes, mas quando a tinha daquele jeito eu sabia que estávamos no paraíso. Amor era tudo o que eu precisava, e eu o achei com ela. Não era tão difícil de enxerga, nós estávamos no paraíso. Alguma vez na sua vida você vai achar alguém que irá fazer o seu mundo virar, te colocar para cima quando você se sentir para baixo. Nada poderia mudar o que ela significava para mim, existiam tantas coisas que eu poderia dizer, mas eu só queria tê-la me abraçando naquele momento, porque eu sabia que o que sentíamos iria iluminar o nosso caminho. Tudo o que eu podia pensar, eu disse, eu disse para ela sob um acumulado de sensações.

“Nossos sonhos vão se realizar através dos bons e dos maus momentos, e eu estarei lá por você, porque eu sei que você é tudo o que eu quero.”

“Isso soa como o paraíso para mim, Camz.”

E como se adivinhasse os meus pensamentos, ela usou a palavra que eu havia usado para descrever o momento. Sorri abertamente. Era tão forte a nossa ligação, tão sobrenatural. Tínhamos uma conexão incrível, às vezes fazíamos o mesmo gesto e ao mesmo tempo, e só ficávamos sabendo disso porque graças a Deus existem vídeos, gifs e fotos. Nossa ligação era tão carregada que eu podia opinar que ela não era apenas dessa vida, mas sim de outras, muitas outras.

Minha relação com Lauren envolve muito mais coisas do que você se quer pode imaginar, do que nós podíamos perceber. Minha ligação com aquela garota não era por nada ou coincidência, era traçada, traçada há muito tempo por alguém que tinha um propósito para nós. A primeira vez que eu coloquei meus olhos em Lauren senti que tinha achado o que há muito tempo procurava, era como se um outro alguém, um outro ser dentro de mim estivesse reencontrando a pessoa que deixou ir embora. Pensar naquilo era tão intenso que senti todo o meu corpo se arrepiar. Mas tudo o que posso lhe dizer é que nem tudo é só o que você pode ver, nem tudo se resume apenas no concreto. E eu sempre soube que Lauren e eu não estávamos nessa pela primeira vez, algo me dizia que estávamos apenas tentando de novo, de novo.

“Je t'aime.”

Sussurrei antes de suspirar, tudo o que eu queria era continuar naquele paraíso distante com Lauren o quanto pudesse, ou até que o dia amanhecesse.

 

29 de Setembro.

 

Lauren POV.

O trânsito estava insuportável, eu já estava nervosa sentada naquele banco. Vestia um short jeans branco, uma regata preta com um pequeno decote, chinelos e meu inseparável Ray-ban, só ele mesmo para cobrir a impaciência de meus olhos. Chris estava no banco do carona, esparramado e com os pés sobre o couro. Eu iria rolar os olhos para ele, mas desisti porque até aquilo me renderia uma boa dor de cabeça. Estávamos indo buscar Taylor na casa de uma amiga, que eu desconhecia até o momento, e depois iríamos lanchar em algum restaurante, queria passar um tempo com eles.

Meu celular vibrou em meu colo e eu abaixei a cabeça para olhá-lo, o pegando em mãos. Sorri ao ver quem estava me chamando no wpp, só ela mesmo para me fazer sorrir quando eu queria colocar a cabeça para fora do carro e mandar todo mundo ir tomar no cu.

Ei, boa tarde, amor. Eu acabei de acordar, por isso não te chamei antes. Eu sei que ontem à noite eu disse que ia te ligar antes de dormir, mas é que Sofia me encheu tanto o raio do saco que eu esqueci. Mas você sabe, ela sente a minha falta e eu preciso dar atenção ao meu bebê. ): Enfim, amor, quando puder me chama aqui, estou com saudades. Te amo.

Fiquei sorrindo igual abestalhada enquanto lia aquela mensagem, eu iria responder quando buzinas quase me deixaram surda. O sinal abriu e os carros começaram a andar, lentamente, mas ao menos estavam andando. Larguei meu celular em meu colo de novo e bufei, iria responder quando empacássemos de novo. O dia anterior para Camila foi cheio, depois que dormimos juntas no Skype na madrugada no dia 27 para o dia 28, ficar com ela cinco minutos no dia foi quase impossível. Ela passou todo o tempo com Sofia, a pequena sentia falta dela e eu não podia exigir atenção o tempo todo, era até injusto. Eu esperei ela me ligar quase à noite toda, não liguei para cobrar porque não queria ser inconveniente, então acabei dormindo com um bico enorme e nostálgica.

: - Lauren, olha aquilo ali. Meu Deus!

Chris se pronunciou todo alerta retirando os fones que tinha no ouvido. Não desviei meus olhos do trânsito na minha frente, não queria nos matar.

: - O quê?

Perguntei erguendo uma mão para colocar meus cabelos sobre o ombro direito.

 : - Aqui no sinal. Olha só pra isso. – Então eu olhei para onde ele apontava, abaixei o Ray-ban com o dedo indicador até a ponta do nariz para olhar melhor. Era uma mulher, morena e de pele parda, um corpo bonito e um decote que... Ri mentalmente e coloquei o Ray-ban na frente de meus olhos de novo, usando o mesmo dedo indicador. Sacudi a cabeça brevemente para afastar os pensamentos e soltei uma risada pelo nariz. Se Camila tivesse me visto olhando para aquela criatura eu ficaria sem sexo por três meses. – Olha esses peitos. Caralho!

Soltei uma risada com o tom de sua voz e acelerei de novo, o carro passando ao lado da mulher que permaneceu parada no sinal. Chris foi virando a cabeça para olhá-la até que tal coisa se tornou impossível.

: - Você viu que gostosa? Ainda terei uma dessas.

Ela disse sacudindo a cabeça em positivo, largando a mão atrás da nuca. O olhei de forma rápida.

: - Chris, você acha que só porque estou namorando uma mulher, eu tenho que desejar todas as mulheres que passam do meu lado?

Perguntei com um sorriso de canto e senti seu olhar sério sobre mim. E quando eu digo que era sério, era mesmo, nem um vestígio de divertimento.

: - Acho.

Ele disse na lata. Eu explodi em uma gargalhada com as duas mãos no volante, até diminuí a velocidade do carro para rir sem perigo de bater no poste.

: - Por que você acha isso, idiota?

Neguei com a cabeça ainda rindo, foi então que vi um sorriso nascer em seus lábios. Chris era hilário.

: - Porque você é tão homem quanto eu. E isso é ótimo, porque me prova que os Jauregui’s têm um ótimo gosto. Mulher é mesmo indispensável nessa vida.

: - Quando eu penso que você não pode falar mais besteiras, você fala.

Ri incrédula e ele me acompanhou.

: - Graças a Deus que o teu gosto para mulheres é maravilhoso, Camila é linda. – Chris jogou o celular e a carteira no banco detrás, levando o dedo até o som do carro para ligá-lo. Observei, sabia que ele ainda iria continuar a falar. – Mas teu gosto para homens era... Deplorável. Só eu sei o quanto sofri com aqueles moleques que você pegava. Ficava com vontade de dar um murro na cara de cada um, porra.

Ele resmungou me encarando, minha expressão naquele momento deveria ser a mais chocada do mundo, não que eu não soubesse do meu gosto... Estranho para homens.

: - Nem todos eram ruins.

: - Você está de brincadeira? Lauren, o menos pior foi o Paul. Se bem que aquela porra é viado.

Eu ri escandalosamente e o encarei quando parei em mais um sinal vermelho, erguendo o Ray-ban até tê-los no alto da minha cabeça.

: - Da onde você tirou que o Paul é viado, Chris? Ele não é.

: - Lauren, ele é. Quase gazela, você do lado dele era muito mais macho.

Pisquei estática. Quando que Paul Martinez foi tão viado que não percebi? Será que ele era mesmo gay? Ele tinha um jeito meio... Afeminado mesmo, mas gay? Não, não.

: - Ele não parecia gay quando...

Eu comentei distraída me lembrando que eu conseguia excitá-lo. Bem, ele ficava excitado quando nos beijávamos. Senti minhas bochechas corarem com a lembrança. Não que eu gostasse de lembrar daquilo, deixando claro, Paul tinha sido um erro muito grande, infelizmente sofri por causa dele. Chris me encarou horrorizado, os olhos arregalados.

: - Se você me disser que deixou aquele merda tirar a tua virgindade eu vou atrás dele com a arma que meu pai tem na garagem. Eu estou falando sério. Já não me basta você lá chorando por tempo indeterminado por causa dele.

Fiquei vermelha mais ainda. Por que diabos eu estava falando sobre aquilo com meu irmão? Consertei-me no banco e ri sem graça, dando partida no carro quando o sinal abriu.

: - Não, ele não me tocou dessa forma.

Eu disse usando de sinceridade. Paul e eu brincávamos sim, até cheguei a fazer umas coisas uma vez... Mas nunca havia passado disso, eu nunca permiti que ele retribuísse e que me tocasse mais a fundo. Eu fazia sem vontade? Fazia, mas achava que ele poderia gostar um pouco mais de mim se eu o agradasse. Onde eu estava com a cabeça, meu Deus? Por que ninguém nunca me deu um tapa na cara no passado? Por que Vero e Lucy nunca me falaram que eu estava viajando? Rolei os olhos e suspirei.

: - Acho bom mesmo, meu pai não ia ficar nada alegre.

Chris resmungou pela milésima vez.

: - Você precisa parar com esse teu ciúme.

Eu disse risonha e foi a vez dele rolar os olhos.

: - Se eu não cuidar de você e Taylor fora da visão do nosso pai, quem é que vai cuidar?

Chris era... Sério, ele e Taylor eram de fato os melhores irmãos que alguém poderia ter.

: - Eu te amo, você sabe, né?

Eu disse a ele, esticando meu braço direito para o lado apenas para implicar. Ele odiava quando eu o apertava nas bochechas.

: - Sem muita melação, guarde esse doce para Camila. – Ele riu sem graça e beijou minha mão rapidamente antes que eu voltasse com ela para o volante. – Que aliás, preciso dizer que acho mesmo muito bom eu ser o único hétero da casa. Não terei que ver nenhuma das minhas irmãs grávidas daqui há três ou dois anos.

Ergui a sobrancelha enquanto manobrava o carro para à esquerda, fugindo do trânsito.

: - Chris, Taylor também é hétero.

: - Quem é hétero? – Ele riu alto. – Você está desinformada, Lauren. Taylor pode ser tudo, menos hétero. Talvez ela pense que é, mas não é. Ela vai seguir teus passos.

: - Que palhaçada é essa? Fale-me sobre isso, eu não estou sabendo de nada e nem desconfio. Até onde eu saiba ela sempre gostou de meninos.

O olhei rapidamente, levando a mão até o som do carro para abaixar um pouco, uma música desconhecida tocava.

: - Eu ouvi uma conversa dela com essa amiga, essa que ela dormiu na casa ontem e que estamos indo buscá-la. Enfim, eu ouvi uma conversa das duas no telefone e a conversa era tudo, menos hétero.

Ergui as duas sobrancelhas completamente assustada. Seria possível que Taylor...? Não, não.

: - O que você ouviu?

: - Elas estavam falando sobre algo que rolou ai semana passada, não consegui sacar o que foi, só sei que Taylor disse que estava se sentindo estranha e que elas tinham que conversar.

Tossi rapidamente.

: - E por que você acha que isso pode envolver um assunto que seja tudo, menos hétero?

Chris me olhou com aquela cara de quem diz “você é muito idiota ou pouco idiota?”

: - Porque ela estava falando com essa menina da mesma forma que você falava com Camila no telefone, o mesmo sorriso idiota e a mesma tensão sentida a quilômetros. Olha, Lauren, sou homem, mas sou irmão das duas e sei muito bem reconhecer quando algo não está no lugar, tanto que eu sempre soube que você gostava de Camila, não falava nada porque era coisa tua. Da mesma forma que seja lá o que está acontecendo com Taylor, da minha boca não sairá nada em relação a isso. Mas acho que você como irmã mais velha e mulher deveria sentar e conversar com ela sobre, talvez ela esteja com vergonha de conversar contigo. Ela pode não ser gay completamente, o que acredito que não seja, mas bi... Isso ela pode sim, com certeza.

Aquela informação caiu nas minhas costas como uma bomba. Seria mesmo possível Taylor ser bi ou gay assim como eu? Será que orientação sexual é algo mesmo hereditário? Fiquei me fazendo aquelas perguntas o resto de todo o caminho. Chris não disse mais nada, sabia que ele iria respeitar o meu momento e me deixar refletir, tudo o que ele fez foi me mostrar o resto do caminho. Logo paramos de frente para uma mansão magnífica, um jardim maravilhoso na frente. Olhei para ele como se esperasse uma resposta e o vi sair do carro, fechando a porta e dando a volta para se dirigir pela trilha feita de pedras até a porta da mansão.

Demorou alguns minutos até que Taylor aparecesse com uma garota na porta. Ela era loirinha, bem loirinha mesmo, não conseguia enxergar a cor de seus olhos de onde estava, mas apostava que eram azuis. Um corpo bonito, alta e elegante. Ao menos se Taylor tivesse gostando daquela menina, ela tinha bom gosto.

Uma despedida rápida e logo Chris e ela estavam entrando no carro. Chris me encarou com um olhar de “somos cúmplices” e Taylor me deu um beijo alegre na bochecha direita. A olhei e sorri.

: - Bonita a sua amiga.

Frisei o “amiga” e Taylor ergueu as sobrancelhas na mesma expressão que eu fazia quando estava encucada com alguma coisa. Chris soltou uma risada pelo nariz e disfarçou virando o rosto para a janela.

: - O quê? – Ela perguntou com um sorriso sem graça em resposta a cara que eu estava olhando para ela. Vou resumir minha expressão para você: Um sorriso safado no canto dos lábios, uma sobrancelha erguida e os olhos levemente estreitos. – Por que está me olhando com essa cara, Lauren? Eu odeio quando você faz essa expressão.

: - É só amiga mesmo ou...?

: - Ei. – Ela quase gritou. Chris começou a rir sentado no banco ao meu lado. O olhei e lhe dei um tapa no ombro. Taylor estava mais vermelha que um tomate. – O que você quer dizer com isso?

Perguntou deslizando os dedos pelo cabelo novamente, em um gesto idêntico ao meu. Éramos tão parecidas em algumas coisas e tão diferentes em outras.

: - Eu? Nada, nada não.

Pisquei um dos olhos para ela e me virei de frente, rodando a chave para dar partida no carro enquanto ria.

: - Maluca!

Taylor exclamou se encolhendo no banco detrás e eu troquei um olhar com Chris, eu sabia que teria que conversar com Taylor sobre isso quando chegássemos em casa, mesmo que não fosse verdade. Eu queria saber se ela também sentia que poderia ser... Diferente.

Paramos para comer algo em uma lanchonete perto de casa. Eu sabia que estava sendo seguida durante todo o caminho de volta, podia ser tola, mas sabia reconhecer quando paparazzi's estavam no meu pé.

: - Você os viu, né?

Taylor resmungou enquanto olhávamos para fora da porta de vidro ao lado da nossa mesa. Chris tinha ido pagar nossa conta. Rolei os olhos e bufei irritada antes de encostar as costas na cadeira. Odiava aquilo com todas as forças.

: - Vi, e infelizmente sei que vão nos seguir até em casa. Eu odeio isso, Taylor, odeio. Essa é a parte ruim da fama.

Taylor suspirou triste e se aproximou para acariciar meu ombro rapidamente.

: - Essa pressão toda logo vai acabar, depois eles arrumam outra carne podre para repousar, você vai ver.

: - Eu espero.

Sorri para ela. Automaticamente me lembrei da mensagem de Camila que não havia respondido. Peguei o Iphone em meu bolso e abri o app para digitar.

Ei, baby girl, boa tarde. Estou em uma lanchonete com Taylor e Chris, assim que chegar em casa eu te ligo e ficamos juntas. Até daqui a pouco, eu te amo.

: - Mensagem para Camila?

Taylor perguntou sorridente enquanto mordias uma batata.

: - Como sabe?

Bebi um pouco de coca enquanto guardava o Iphone.

: - Você só fica com esse sorriso idiota quando está falando com Camila, não é muito difícil de adivinhar.

Ela rolou os olhos e comeu o resto da batata, me fazendo rir. Aquilo me fez ter uma idéia. Já que eu não poderia estar ao lado de Camz a mimando, arrumaria um jeito de fazer aquilo mesmo de longe.

: - Taylor, você vai procurar na internet pra mim o telefone de uma floricultura em Los Angeles assim que chegarmos em casa.

: - Pra quê?

Perguntou virando-se de lado para me encarar.

: - Quero fazer uma surpresa pra Camz. Vai me ajudar?

: - Estou dentro.

Lembra quando eu disse que tinha os melhores irmãos do mundo? Pois é. 



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