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História Carnage - XII. ye have purified your souls


Escrita por: VenusNoir

Notas do Autor


Forasmuch as ye know that ye were not redeemed with corruptible things, as silver and gold, from your vain conversation received by tradition from your fathers; but with the precious blood of Christ, as of a lamb without blemish and without spot: who verily was foreordained before the foundation of the world, but was manifest in these last times for you, who by him do believe in God, that raised him up from the dead, and gave him glory; that your faith and hope might be in God. Seeing ye have purified your souls in obeying the truth through the Spirit unto unfeigned love of the brethren, see that ye love one another with a pure heart fervently: being born again, not of corruptible seed, but of incorruptible, by the word of God, which liveth and abideth for ever.. (1 Pet 1:18-23)¹
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a gente se encontra de novo no epílogo e só isso que eu tenho pra falar hj mesmo </3
e obrigada pelos comentários, pessoal, eu ainda vou responder todos!

Capítulo 13 - XII. ye have purified your souls


(A carta a seguir nunca chegou a seu destinatário)

 

Byun Baekhyun

Rua 12, 7

Yanggu-gun Gangwon-do

EM MÃOS

 

Clinton Correctional Facility, NY, 05/02/14

 

Baekhyun,

Eu tenho pouco tempo e só uma caneta e um papel para escrever a você tudo o que sinto que um pai deveria dizer a um filho. Então, veja, talvez seja natural eu não ter ideia alguma de por onde começar. Não é só isso o que me trava; quando tinha a sua idade, eu já havia decidido que jamais teria uma pessoa dependendo de mim, em qualquer sentido ou circunstância cabível. Mas, a despeito de, como eles dizem, eu nunca ter querido deixar minha descendência sobre a terra, você existe. Você existe e é parte de mim. E hoje eu me alegro por saber que nada vai mudar isso.

 

Meu pequeno Baekhyun, nós não vamos nos conhecer nessa vida, não é? Appa errou muito e errou feio – foi separado de você para sempre. Tento pensar que estou pagando minhas dívidas aqui dentro, no entanto, isso não é verdade. O único débito que vou saldar é aquele que tenho com a justiça. Appa não vai mentir pra você, Baekie, nem esconder ou omitir. Se você perguntar, seu zŭ fù vai te contar tudo de errado que eu fiz, e não se acanhe, eu sei que ele não vai perder a oportunidade de me humilhar e de te colocar contra mim. Infelizmente, eu me dirigi a você tarde demais. O espaço da folha é pequeno, não vai dar pra eu explicar o porquê de eu estar nesse lugar.

 

Baekie, por favor, não cometa os mesmos erros do seu appa. Respeite sua omma, cuide dela. Afaste-se de seu zŭ fù, não permita que ele continue fazendo coisas feias com você. Estude bastante, se esforce pra ser uma pessoa decente e não toque em nada ilegal. Se um colega ou mesmo zŭ fù lhe oferecer cigarros e bebidas, não aceite. Seja um bom menino. Mantenha a calma. Procure refúgios, e não seja abatido. Não se deixe ser massacrado por sua própria mente e pelas lembranças. Tenho certeza que você é capaz disso.

 

Baekie, as fotos que sua omma me enviou estão penduradas na parede acima da minha cama. Você é tão bonito, minha criança, tão parecido com ela. Todos os dias, quando acordo, procuro sua imagem. Você é o que me mantem vivo, filho. Eu tentei ficar longe de você por todos esses anos, pois não queria te contaminar ou te influenciar de um jeito ruim, como eu estava certo de que faria, mas seu zŭ fù está aí com vocês e sob todas as perspectivas ele é pior que eu. Ele foi até vocês porque estava ressentido e buscando uma maneira de se vingar de mim, mas eu prometo que ele não vai mais te usar para me atingir.

 

Filho, appa ama você. Não, não apenas ama. Se eu sei o que é amor, é por sua causa. Você é precioso demais pra mim. Vou te explicar: eu não pensava haver felicidade verdadeira na vida. Mas quando eu me apaixonei por você, contemplando seu rostinho na primeira fotografia que sua mãe me enviou, uma tirada quando você tinha cinco anos, sentado num balançador, meias até os joelhos, vestindo o uniforme da escola, a expressão iluminado por um sorriso genuíno e tão inocente, quando eu vi você pela primeira vez, filho, meu coração se encheu de um sentimento maior, mais sereno e mais terno que qualquer outro. Você preencheu os vazios e sarou as feridas. Appa é tão grato.

 

Encontrei uma forma de garantir que você vai ficar bem. Me perdoe por não ter sido um pai bom e presente. Achei que, ao permanecer longe, estaria te poupando. Eu estava enganado, Baekie. Agora me arrependo por minha negligência. Enquanto escrevo essa carta, estou cumprindo um plano que talvez me ajude a me redimir.

 

Não se preocupe com appa. Cresça forte e saudável. De novo, eu amo você.

 

Seu pai.

 

X

 

Com o pulso cerrado, Baekhyun havia batido três vezes na porta pesada de mogno que encerrava a sala do diretor então ausente. Atrás de uma ampla mesa de tampo de vidro e cercada por uma sóbria decoração em tons de cinza e preto, uma velha senhora aparentando cerca de oitenta anos o recebeu. Apesar da idade avançada, ela não parecia decrépita – deu todas as mostras de estar em plena razão e domínio de si mesma. Por um instante, estranhando o duro olhar fixo que caiu em sua figura abatida e incerta, Baekhyun pensou se ela não seria mais uma louca que por acaso havia invadido o cômodo, se fazendo passar pela tal mentora do Dr. Kim. Ao pedir ao enfermeiro gentil (como era mesmo o nome dele? Kim Ryeowook?) permissão para uma ligação, ele polida e didaticamente lhe esclareceu que não podia autorizar o telefonema. Que, uma vez que Baekhyun havia dado entrada há poucas semanas, para ter qualquer contato com alguém de fora, parentes ou amigos, ele devia se reportar ao diretor em pessoa. E, como o Dr. Kim estava de férias, seria preciso falar com a Dra. Shachor.

 

Shachor convidou Baekhyun a sentar numa cadeira. E foi só quando ele tomou assento que ela decidiu sorrir, moderada, mas um tanto irônica. Baekhyun não compreendeu o motivo de seu sorriso; achou melhor falar de uma vez o porquê de estar ali. Ela lhe punha um tanto apreensivo.

 

“Eu apenas vim aqui para pedir permissão para um telefonema”, ele anunciou, simplório, tentando, o mais sutil que podia, desviar-se do olhar implacável da mulher.

 

“Você é Byun Baekhyun, não é?”, para seu alívio, ela parou de encará-lo. Remexia num pequeno baú de madeira escura e entalhada. De lá ela tirou isqueiro e cigarro. Acendeu-o e voltou-se a Baekhyun outra vez. “Ofereceria um a você se o Dr. Kim não tivesse inventado uma norma para proibir os pacientes de fumar”, ela deu de ombros, como se lamentasse. A essa altura, aparentava um pouco mais de empatia. “Até isso! Na época em que eu coordenava a clínica não era assim. Mas todos esses estudos recentes... Para mim soam tão controversos e pretensamente revolucionários. O Dr. Kim dá muita atenção a eles, porém. Já eu não sou tão crédula”

 

“Tudo bem, senhora”, Baekhyun agitou sua mão no ar, recusando. Era inegável que estava ansioso. “Estou tentando parar de fumar”

 

Shachor ergueu as sobrancelhas, admirada. “Ah, verdade? Isso é bom. Eu devia tentar parar também. Tive vários tipos de câncer ao longo da vida, mas não estou certa de que o cigarro foi a causa principal de qualquer um deles”

 

Shachor tragou novamente e sorriu de um jeito diferente. Era menos hostil do que o anterior, mas nem por isso menos intimidante. Na verdade, Baekhyun ficou muito mais inquieto com a nova expressão em seu rosto enrugado.

 

“Então, Baekhyun. Você quer fazer uma ligação. Mas está aqui há menos de um mês. Segundo nosso regulamento, pacientes com dependência química, como eu sei que é seu caso, só recebem permissão para contato direto com familiares e amigos passados três meses da data de internação. A escrita é único meio de comunicação que você pode ter com eles por enquanto. Mande-lhes cartas, é o mais apropriado. Eles devem entender”

 

Baekhyun pigarreou; não estava desapontado, já esperava ter seu pedido negado. No entanto, esperava também persuadir Shachor. Era uma questão urgente, afinal.

 

“Eu sei disso, um dos enfermeiros me avisou sobre essa norma. Mas o caso é que eu não tenho o endereço da pessoa com quem eu quero falar, tampouco há alguém que entregue uma carta a ela em mãos. Eu só tenho seu telefone. E... como eu posso dizer isso... Hoje é aniversário dele. Eu só queria desejar feliz aniversário”

 

“Mas você compreende que, se eu abrir uma exceção a você, estarei sendo injusta com os outros?”, Shachor deu uma última tragada e esmagou o cigarro no cinzeiro diante de si. Baekhyun suspirou, esfregando a testa e arrumando a franja que, de tanto que crescera, começava a atrapalhar sua visão.

 

“Eu compreendo, sim, senhora”

 

“Diga, Baekhyun, eu andei lendo seu prontuário e gostaria de confirmar uma coisa com você. É verdade que você se automedicava?”

 

Baekhyun vacilou na resposta por um momento, mas não viu necessidade de mentir. Ele já havia contado aquilo para o médico que fizera sua triagem, de qualquer forma.

 

“É verdade”

 

Shachor elevou as sobrancelhas sobre a testa de rugas profundas e extensas. “Não sabia que as pessoas ainda faziam isso. Ainda mais quando é tão difícil arrumar remédios de tarja preta sem prescrição médica. Se bem que a oferta no mercado negro deve muito bem suprir a demanda”

 

“Desde que você conheça os caras certos, é possível conseguir qualquer coisa”

 

Shachor se acomodou no encosto de sua cadeira, fitava Baekhyun com evidente interesse.

 

“Mas onde você esperava chegar tomando carbolitium e nada mais?”

 

“A lugar algum”, ele riu, relaxando de repente. “A senhora acha que um drogado bipolar como eu tem qualquer visão do futuro?”

 

“Não tem?”

 

Foi a vez de Baekhyun de sorrir. “Nunca tive. Gente que nem eu vive um dia de cada vez. E às vezes escolhe não viver. Às vezes só atropela os dias e relembra o passado”

 

“Ah, você é um nostálgico?”

 

“Não. Acho que sou só traumatizado”

 

Shachor ergueu-se e dirigiu-se à porta. Antes de fechá-la atrás de si, chamou Baekhyun.

 

“Venha. Eu vou deixar você fazer sua ligação”

 

X

 

A sra. Do, percebendo que não adiantava chamar seu filho ou bater à porta de seu quarto, resolveu simplesmente girar a maçaneta e entrar. Um garoto que provavelmente tinha a mesma idade de Kyungsoo esperava na sala, e ela o acomodara – penalizada por ele ser tão jovem e já ter uma deficiência física que o obrigava a andar por aí se apoiando numa bengala –, servira-lhe café e se esforçara para ser gentil, mas nem o fato de a deficiência dele inspirar compaixão podia esvanecer a sensação agourenta e desagradável que ele inadvertidamente transmitia. Esperava que Kyungsoo o atendesse logo, pois – não havia passado nem quinze minutos desde que ele chegara, perguntando por Kyungsoo – ela já se via receosa e desconfortável na presença daquele rapaz.

 

Para seu desgosto, a porta estava trancada. Ela bateu com mais força, não se empenhando em disfarçar o quanto estava nervosa. Kyungsoo não costumava se trancar no quarto e ignorar a mãe, por que decidira fazer isso logo agora?

 

Todavia, a insistência da sra. Do foi tamanha que Kyungsoo a atendeu. Tinha os olhos inchados e vermelhos, como se tivesse chorado por um bom tempo. Kyungsoo não chorava com facilidade. Ela o fitou, culpada e pesarosa.

 

“Tem um rapaz aqui chamado Baekhyun atrás de você”, ela sussurrou, tentando não atrair a atenção do visitante. “Eu nunca o vi antes. Quem é ele, Kyungsoo-ah?”

 

À mera menção do nome de Baekhyun, Kyungsoo se retesou, sobressaltado. Seus olhos se arregalaram e ele torceu o nariz – nada disso passou despercebido por sua mãe.

 

“Ele veio aqui atrás de mim?”, indagou, espiando na direção da sala. E, como sua mãe dissera, lá estava seu antigo amante examinando a xícara de café sem no entanto se ater a ela. Kyungsoo franziu o cenho, soltando um muxoxo. “Ele falou alguma coisa?”

 

“Não, só que queria ver você”, a sra. Do juntou as mãos sobre o peito, num gesto que era típico seu. “Eu disse que você estava arrumando as coisas pra ir viajar. Presumi que você não ia querer receber ninguém depois de expulsar Junmyeon e Sehun”

 

Ah, aquilo. É claro que sua mãe não ia perder a chance de trazer isso à tona, e não fazia nem vinte e quatro horas desde que o episódio ocorrera. Kyungsoo ignorou o comentário, realmente não estava a fim de falar sobre Junmyeon e Sehun e a visita deveras inconveniente que eles lhe haviam feito mais cedo. Não estava arrependido e nem achava de maneira alguma que havia exagerado ao mandá-los embora depois de ofendê-los e declarar que rompia a amizade, a camaradagem, o que mais tivesse com eles ou com qualquer um dos rapazes da congregação. Queria distância de todos eles.

 

De onde estava, a sra. Do observou imóvel o filho caminhar rumo ao tal de Baekhyun, aquela criatura esquisita e que a deixara tensa. Nem foi necessário apurar o ouvido para escutar as parcas palavras que eles trocaram. Kyungsoo mandou que Baekhyun o seguisse, o que ele prontamente obedeceu. Pedindo licença, Kyungsoo despachou sua mãe e novamente trancou a porta de seu quarto. E o que a sra. Do haveria de fazer? Deu privacidade a ele e, não menos cismada, voltou a seus afazeres.

 

“O que você está fazendo aqui?”, foi o que primeiro perguntou, sem se virar para Baekhyun. Fechara os olhos e encostara a cabeça na porta, batendo de leve a testa em sua superfície. “Você não tem noção, Baekhyun? Não sabe que é totalmente inapropriado aparecer na minha casa, na casa dos meus pais?”

 

Baekhyun arrastou a bengala no assoalho, desenhando um semicírculo. Havia um vácuo em seu peito lhe roubando todo o ar. Era incapaz de articular uma frase e, ciente disso, se limitou a respirar fundo. Seus olhos não deixavam as costas de Kyungsoo – ele era a única coisa que gostaria de olhar. Nenhuma curiosidade acerca de como era seu quarto, ou o que poderia haver naquele recinto, o demoveu de perscrutá-lo. Se possível, iria gravá-lo com exatidão de detalhes em sua memória. Para nunca deixá-lo ir, mesmo que ele estivesse lhe dando adeus. Para nunca perder qualquer traço ou característica que o compunha; para reconstruí-lo com perfeição em sua mente.

 

“Se você chegasse amanhã, já não iria mais me encontrar aqui”, Kyungsoo virou-se, um sorriso triste tremulava em seus lábios como a chama vacilante de uma vela antes de ser apagada pela chuva. “Eu tô indo embora, Baekhyun. Como eu te disse que iria”

 

“Você parte hoje?”, sua voz soou como se não lhe pertencesse, rouca e entrecortada. Ele logo se calou, desejando nunca mais ouvir aquele som. Era angustiante demais.

 

“Hoje. Praquele lugar onde ninguém pode me achar”

 

Foi o que bastou para fazer Baekhyun vergar. Ele cambaleou uns passos, se jogando sentado sobre a cama logo atrás de si. Empalideceu de súbito, o olhar vazio vagando pelo chão. A bengala caiu a seu lado sem ser aparada.

 

Kyungsoo assistiu a tudo impassível. Por fora, era como se nada daquilo o atingisse. Mas a realidade era tão diferente.

 

Depois de um tempo, Baekhyun enfim falou.

 

“Eu só vim aqui pra... pra dizer que eu sinto muito, Kyungsoo-ah. Eu não falava a sério quando disse que te odiava. Você sabe disso, não é? Que eu não te odeio. Que na verdade eu te amo. Você sabe disso, Soo? Você deveria saber. Mas... mas se você quiser ir, eu não posso te impedir, eu sei que eu já te causei tanto mal e te trouxe tantas coisas ruins, eu não poderia te impedir de ir. Você tá certo em ir. Eu nunca poderia ser bom pra você, não é, Soo? Então... eu só vim aqui pra dizer que eu entendo. Eu entendo você, sério. Você é uma boa pessoa, você se importou comigo, cuidou de mim durante todo o tempo que ficamos juntos, ficou ao meu lado. Não vou esquecer disso, Kyungsoo, e sou grato pelo que você fez por mim. E... por último, fico feliz de ter tido tempo pra me despedir de você. E pra me desculpar por tudo... Me perdoa, tá? Nada do que eu fiz eu fiz por mal”

 

Baekhyun sequer havia notado que chorava. Havia despejado tudo num fluxo tão espontâneo quanto veloz. Quanto voltou a si, reparou que não só seu rosto estava úmido pelas lágrimas que deixara cair – Kyungsoo também tinha os olhos turvos e mordia o lábio inferior, provavelmente segurando o choro ou uma reação mais exaltada.

 

“Tá tudo bem, Baekhyun. Eu vou embora sem ressentimentos. Você fez muito por mim também, mesmo sem ter consciência disso”, e mirando Baekhyun sem titubear: “Estamos quites, certo?”

 

Mas Baekhyun se deu conta de que não era só perdão o que iria arrancar de Kyungsoo. Nunca foi uma questão de zerar pendências. Sempre foi muito além disso. Muito além. E movido por essa inesperada e imperiosa motivação, ele levantou-se, equilibrando-se com alguma dificuldade, e abraçou Kyungsoo. Era um abraço agoniado, desesperado, violento, exigente e fatal. No segundo em que agarrou a cintura alheia com seus braços febris e trêmulos, o sentiu ceder contra seu corpo – Baekhyun soube que tinha vencido. Kyungsoo podia negar ou fugir, contudo, lhe era impossível resistir por muito tempo.

 

Era como se Baekhyun tivesse um direito natural sobre Kyungsoo. Por que o que mais explicaria Kyungsoo ter se entregado tão rápido? A sra. Do estava logo ali, seu pai não demoraria a chegar do trabalho, as paredes finas de certo revelavam o que eles faziam trancados, visto que nenhum dos dois tinha controle o suficiente para se conter. Kyungsoo despiu Baekhyun por inteiro. Beijou o peito do pé que havia ferido e o acariciou contra seu rosto, balbuciando pedidos de perdão que se misturavam a gemidos. Eles terminaram no banheiro e Kyungsoo trepou em Baekhyun sem preservativo e sem cuidado, o preparando com saliva e um creme para mãos que providencialmente estava ao seu alcance. Ele se enterrou fundo em seu amante, o conduzindo pelos quadris de modo que as nádegas dele se chocassem furiosamente contra sua virilha. Enquanto isso, Baekhyun confrontava, de pálpebras cerradas, seu reflexo no espelho. De vez em quando entreabria os olhos e se embevecia com aquela imagem. Eles dois, fodendo como duas bestas no cio. Nada mais romântico, nada mais adequado.

 

Foi uma foda rápida, mas logo Baekhyun chupava Kyungsoo, dando tudo de si naquele boquete. Faria o possível para mantê-lo ali consigo, naquele ritmo; temia que ele voltasse a si tão logo terminassem. E Baekhyun de antemão tinha impressão de que não suportaria vê-lo sair do banho com o cabelo molhado, o corpo marcado pelo sexo, ele se perguntando o que diabos haviam feito. Por isso, iria distraí-lo ao máximo. Retardar ao máximo aquele momento, que pensava ser inevitável.

 

Entretanto, por mais que fosse adiado, ele iria chegar. E chegou, como Baekhyun imaginara.

 

Kyungsoo se atirou na cama, resfolegando. Baekhyun, que também tinha tomado uma ducha, havia se vestido e calçava o All Star, preparando-se para ir embora.

 

“Eu vou te dar meu número”, Kyungsoo disse baixo. Baekhyun virou-se e sorriu de canto. O número novo de Kyungsoo já era alguma coisa. “Não quero perder você de vista”

 

“Eu também não ia gostar de perder você de vista, Kyungsoo”

 

Kyungsoo sorriu de um jeito adorável. Baekhyun estreitou os ombros, talvez temeroso de que aquele sentimento terno e morno que acabara de instalar em seu coração se esvaísse se ele não o protegesse. E esse gesto serviu também para enternecer Kyungsoo, que se aproximou dele e o envolveu num abraço suave e amoroso; e beijou-lhe a nunca, enviando arrepios pela espinha do mais velho, que de tão animado com aquela demonstração de carinho, sentiu cócegas e soltou uma risada curta e alta. Kyungsoo prontamente o calou com um beijo.

 

Em seguida, deixou a cama e vestiu as roupas com as quais viajaria. Roupas grossas de inverno. Baekhyun o contemplava cheio de melancolia e saudade antecipada.

 

“Eu não quero deixar você aqui sem saber como você vai ficar”, Kyungsoo sussurrou, quando ambos estavam diante da porta, a ponta de seus dedos acariciando as faces de Baekhyun. “Você vai ficar bem, Baekhyun?”

 

“Eu vou ficar bem”

 

“Você sabe que eu não acredito em você, né?”

 

“Isso é porque você é meio control freak”

 

“Control freak, huh?”, Kyungsoo riu, bagunçando os cabelos já desalinhados de Baekhyun.

 

“Totalmente control freak, na verdade”

 

Kyungsoo hesitou. Enfiou as mãos nos bolsos de seu casaco e fitou Baekhyun com seriedade.

 

“Eu não posso ir embora daqui sem ter certeza que você vai mesmo ficar bem”

 

Baekhyun engoliu a seco. “Você tem minha palavra, Kyungsoo. Eu vou tentar”
 

“Não é o suficiente”

 

“O que você quer além disso, então?”

 

“Que você me deixe resolver isso pra você”

 

“Como?”

 

X

 

Mãe, pai. Esse é Baekhyun. Byun Baekhyun, o nome dele. Eu o conheci numa das vezes em que fui evangelizar na estação. Vocês conhecem a estação. O negócio é que... ele realmente é como qualquer outra pessoa que frequenta a estação. Em alguns aspectos, pelo menos. Mas isso é o de menos. Baekhyun só precisa de tratamento. Então, mãe e pai, vocês vão concordar comigo, não dá pra ir embora em paz sabendo que ele pode ter uma recaída ou uma crise. Vocês são cristãos. E além disso têm condições de ajudá-lo. Eu posso deixá-lo aos seus cuidados? Nós já conversamos e eu sei que ele vai aceitar ser internado. Vocês podem deixá-lo aqui enquanto procuram uma clínica de reabilitação. Ele é uma pessoa decente e de confiança. Podem deixá-lo no meu quarto, eu não me importo. Só insisto para que ele seja levado logo para onde possam acompanhá-lo e tratar dele devidamente. Façam isso, por favor. Enxerguem isso como um ato de caridade e amor ao próximo. E também um favor que estão fazendo a mim.

 

(O sr. e a sra. Do tentaram não dar tanta atenção ao fato de que seu único filho estava de mãos dadas com um rapaz que pelo visto era dependente químico e que o olhava com tanta adoração, era nítido que estava apaixonado. Eles de mãos dadas... e os ruídos que a sra. Do tinha ouvido antes... ela fechou os olhos com força e balançou a cabeça com força em negação. Por amor a seu filho e piedade a alguém necessitado, ela não recusou-se a prestar ajuda).

 


Notas Finais




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