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História Au Revoir - Au Revoir


Escrita por: hey_kyunggie

Notas do Autor


I'm back, people.

Venho com um presente à alguém muito importante e especial em minha vida. Mare - minha mamai -, trago-lhe essa BaekYeol depois de tanto tempo. Perdão pela demora, mas este plot foi bem difícil de escrever, pois possuía um mistério por trás de cada palavra. Obrigada por deixar-me participar de sua vida, te amo <3

P.S: Fanda, Debi e Bruno me ajudaram muito. Agradeço à todos vocês e aos outros que eu esqueci de mencionar. Amo vocês.

Capítulo 1 - Au Revoir


Fanfic / Fanfiction Au Revoir - Au Revoir

“Adeus é algo relativo.

Às vezes, ele é para sempre.

Outras vezes, é apenas um ‘até logo’.”

~.~

Seoul, Coréia do Sul, 1995.

A bola quicava. O som de passos rápidos e curtos possibilitava saber que alguém — mais precisamente, uma criança levemente baixa para a faixa etária — corria atrás do objeto. Ao longe, gritos zombeteiros ficavam mais e mais baixos; assim como o Sol, que se recolhia depois de um belo dia de trabalho. Ele não voltaria sem aquela bola.

Mesmo depois de encontrar o que procurava, seguia com o caminho que imaginava ser o que o faria retornar ao seu — não tão — aconchegante lar. O pequenino garoto de dez anos rodava a cabeça de um lado a outro a procura de uma luz ou um sinônimo. Até que sentiu as primeiras gotas caírem.

A chuva começou, mesmo que aquele tivesse sido um dia quente e fresco. As gotas molharam, inicialmente, o cabelo preto e logo pôde ouvir um raio mais para o centro da metrópole e desesperou-se. Os passos enlameados ficavam cada vez mais sujos devido a terra, fazendo trilhas de pegadas na mata onde ele fora parar. O medo estava estampado em seus grandes olhos — grandes demais para sua raça, sendo esse o porquê de sofrer com zombarias e injurias de seus colegas — que percorriam o espaço a sua frente, cada vez mais tenebroso. Cada vez mais misterioso.

Suspirou aliviado quando encontrara a luz sobre forma de casa. Havia apenas um problema: aquela era a tão temida casa mal assombrada coreana, a qual poucas pessoas visitavam — até porque não sabiam direito sua localização — mas, as que viam-na não tinham coragem de explorar mais do que seu quintal antigo e despedaçado pelo tempo.

Mas ele não teria direito a escolha, não é? Apenas seguiu caminho, correndo, até que estivesse debaixo do teto caído do local que já fora o lar de um alguém. Será que esse indivíduo estava vivo para contar a história desse lugar que — haveria chances dessa ideia? — um dia teve um belo jardim e tivesse sido uma boa moradia? Provavelmente não.

Quantas horas esperou que a tempestade passasse? Perdera a conta logo que começara a contar, provando que suas notas de Matemática estivessem absolutamente corretas. Em sua mente infantil, chegara a pensar que teria que passar o resto de seus dias naquele lugar — nem tão — horripilante.

A casa tinha lá seus ares tenebrosos, porém, se seus olhos demonstrassem mais esperteza do que os outros, poderia acabar por concordar com cada detalhe que lhe direi aqui. Talvez ela não fosse tão velha como corriam os boatos, mas pertencesse a algum ano mediano às Grandes Guerras — entre 1920 a 1935, possivelmente. Os tijolos logo não sustentariam mais o peso deles mesmo, desabando a construção abandonada, as janelas majestosas e simples dificilmente deixavam o visitante enxergar algo de dentro.

O vento frio começava a fazer efeito em sua frágil saúde, decidindo-se por adentrar o território desconhecido. A porta estava destrancada, como se algo invisível lhe incitasse a continuar com a loucura que faria, entretanto, aos poucos, sentia o sentimento do medo indo embora, dando a sensação de curiosidade infantil.

Furtou um lampião dos que estavam na parede da entrada e seguiu com seu tour solitário.

A construção tinha dois andares. No primeiro deles, havia uma sala com um sofá comprido — espaçoso para que duas pessoas pudessem deitar-se nele —, uma mesa de madeira podre devido aos anos de ações temporais e, ligado ao cômodo de estar, tinha uma cozinha antiquada, entretanto, demostrava não ter sido muito usada na época em que o local era habitado.

Subindo as escadas cuidadosamente, o pequenino vasculhava o lugar desconhecido com seus olhos brilhando de curiosidade e com uma pequena partícula de hesitação.

No início do corredor, um cheiro diferente subiu por suas narinas e logo foi identificado como o cheiro de tinta. Levantou o olhar — o qual estava direcionado para o teto observando cada parte do lustre caro e cheio de pó, estilhaçado — e, com sua leitura avançada, leu com cuidado cada palavra escrita naquele tom negro.

“Quem aqui adentrar, jamais compreenderá o quão importante foram às memórias segredadas por essas paredes, agora antigas e sujas, ou pela cama quebrada do quarto que já me pertencera e, até mesmo, pelo lustre estraçalhado pelo vento forte.”

Continuou a andar, mais lentamente devido o impacto das palavras que, mesmo pela pouca idade, ele entendera perfeitamente. O dono daquela casa escrevera as palavras em tinta preta. Virou à direita.

Dentro do quarto da pessoa que se dizia o dono do horripilante território, mais palavras foram lidas pela criança, que agora já não sentia mais medo como no início de seu descobrimento.

“Caro desconhecido, peço-lhe que observe ao seu redor. Talvez ainda seja possível ver as coisas como eu enxergo. Localize as cortinas — agora rasgadas e encardidas — e veja se elas balançam com o leve vento feito pela brisa pós-chuva da estação. Fraca. O Sol lentamente clareia partes cobertas pela sombra da noite, adentrando o vidro da janela quebrada por algo que as ultrapassou enquanto eu não estava. Deve haver também alguns livros espalhados pelo chão, empoeirados e com seu cheiro de velharia preenchendo o ar já poluído pela ação do tempo.”

Enquanto lia, o garoto percebia cada característica que não se alterara. Tudo estava idêntico ao que lhe era lido, dando assim, um ar a mais de mistério. Como o dono dali sabia dos possíveis detalhes do tempo, sendo que este morrera a tanto? Por que tudo aparentava estar idêntico às palavras escritas?

Corria os olhos pelos diversos livros jogados no chão. “Que desperdício” pensara a criança amante da literatura clássica. Todos sujos e estragados pelo tempo.

“Meu caro desconhecido, sente-se que lhe contarei minha triste história, contudo, não a espalhe — eu sei que o fará. O medo é meu grande aliado, assim como a indignação pelo impossível.”

Sentou-se a beirada da cama quebrada, assim como as palavras lhe pediram, e começou a ler as intermináveis frases escritas por uma pessoa de outra época. Morta e, possivelmente, puro osso.

“E aqui está.

Meu primeiro pesadelo.

Meu primeiro amor.

Minha primeira — e única — dor.”

Não sabia quando sairia dali, porém, em seu âmago ansiava por ir até o fim com aquela história — mentirosa ou não — antiga.

~.~

Seoul, parte sul da Coréia, 1932.

Chuva. Dentro de si, ansiava por ver os raios solares novamente, já que nunca fora o tipo de pessoa que se confortava em trancar-se em seu quarto, vendo pela janela o pouco movimento de seu quarteirão. Porém, especialmente hoje, queria ter aquela liberdade novamente.

Queria que parasse de chover para encontrar aquela pessoa.

Quem diria que encontrar-se-iam numa festa qualquer, na qual ambos apenas procurassem diversão? Mas isso não lhes conto, pois há coisas que devem ser guardadas pela escuridão, como uma forma pessoal de segredo.

Observando a chuva, aguardava que a indesejável parasse e pudesse correr pela mata fechada — sob o adormecer do Sol — para adentrar novamente pela porta daquela casa antiga na qual o outro morava.

Byun Baekhyun ansiava reencontrar Park Chanyeol.

Jogara-se no grande colchão de seu quarto, o qual estava espantosamente arrumado. Nenhuma poeira, nenhuma roupa, nada o impedindo caso a chuva parasse repentinamente. Entretanto, ao passar tanto tempo esperando, adormeceu pensando se estaria logo nos braços do outro.

~.~

— Channie.

— Diga, meu amor.

— Você... Conheceu seu pai?

— Sim, mas... Ele... Ele é um canalha, no qual abusou de mim e de minha mãe. Meus pesadelos do passado são culpa daquele ser foragido e enoja-me ser filho dele... Baekhyun, se eu não fosse filho daquela criatura, poderíamos ficar juntos para sempre?

— Nós ficaremos juntos para sempre.

~.~

Ao reabrir os olhos, encontrou algo — mais especificamente alguém — observando-o. Sentou-se sem muito pensar e acabou por bater a cabeça na coisa a sua frente.

— Ai! Mas o que... — ao abrir a boca, deixou a frase no ar. Não porque quis, é claro, mas pelo beijo sedento que recebia.

— Senti saudade. Sentiu a minha? — aqueles lábios eram seu pecado. Um pecado que gostaria de ter por toda sua medíocre vida. Não foi preciso palavras para que o maior de ambos soubesse a clara resposta, sendo necessário apenas um beijo que se intensificava a cada segundo.

— Vamos logo, Channie. Eu necessito de teu corpo, de teu calor. Eu preciso pecar novamente. — a surpresa do moreno de cabelos âmbar, olhos de mesma cor e dono de lábios grossos perpassou seu rosto por milésimos de segundos. Em seguida, o sorriso de desdém habitual voltava a sua face debochada.

— Não aqui. — aquela voz... Baekhyun morreria com essa voz ao seu lado, caso fosse o desejo de ambos. Esse, na verdade, era o desejo daqueles apaixonados.

— Se não aqui, iremos para sua casa?

Touche.

Em um curto tempo, os dois estavam dando seus primeiros passos na rua. O mais velho — e mais baixo — adorava quando ia para a casa do mais novo. Em uma das vezes que fora lá, Chanyeol tocara piano para ele. Uma melodia calma e concentrada. Quem diria que o moreno tocava algo totalmente contrário à sua personalidade pública?

Ao longe, o destino se tornava visível. A enorme casa, recebida dos pais falecidos do outro, lhes aquecia a alma. Aquele lugar era uma parte de ambos, um local onde encontraram suas alegrias. Aquela casa era parte deles.

A residência do mais novo lembrava os enormes casarões ricos, dos quais Baekhyun sonhava em poder adentrar um deles alguma vez em sua vida. Os tijolos ficavam expostos ao ar livre, porém não afetava em nada o ar majestoso do local, desgastando as peças importantes da casa. Cada pedrinha empilhada naquele monte dava um ar de modernidade futurística muito grande, suas janelas grandes e esbeltas chamavam a atenção, entretanto, não deixavam escapar um mínimo detalhe da vida de quem se encontrava dentro dali.

Longe de todos, a porta foi aberta e — na mesma velocidade em que isso aconteceu — fechada. O corpo menor fora jogado contra a mesma, fazendo surgir um baque surdo que logo foi encoberto por gemidos. As mãos esfomeadas corriam pelo corpo do outro, dando-lhe carícias tanto leves como ferozes. Eles se queriam, assim como o Sol queria a Lua. Mas não podiam.

— Seja meu novamente, Baekkie... — Chanyeol nunca se cansaria de sentir o mais velho estremecer em seus braços após sentir o ar quente sair de sua boca, num sussurro grave e sugestivo.

— Com todo o prazer. Serei seu, Chanyeol. Para sempre. — não bastavam palavras. Os atos demonstravam que aquela relação possuía amor. O amor proibido entre o filho do ditador, Baekhyun, e o filho do maior assassino coreano — por mais que este nunca tenha se manifestado para o filho — da época, Chanyeol.

As carícias se intensificaram, os beijos passaram de apaixonados para carnais. O corpo de ambos clamava pelo do outro, sendo comparados a ímãs de polos opostos.

Sendo sempre o mais apressado, Chanyeol já se encontrava sobre o amante — ambos completamente despidos devido a essa pressa — passando a mão sobre as laterais daquele corpo tão desejado enquanto lambia-lhe o mamilo direito. Baekhyun se contorcia no chão da entrada da casa do mais novo ao mesmo tempo em que agarrava os fios castanhos do mesmo, puxando os curtos fios da nuca o excitando a continuar com seus movimentos desprovidos de timidez. Afinal, Chanyeol não era alguém que poderia se chamar de tímido.

— Channie... Isso é tão... AH! — sua frase novamente ficara no ar, enquanto esse se fez faltar em seu organismo. O mais alto segurara seu membro desperto, coberto de seu pré-gozo, começando com rápidos movimentos. Tinham pressa e desejo.

Num piscar de olhos, ambos se tornavam um. Baekhyun gemia o nome do outro — sua bochecha contra o chão gelado contrastando com o calor do prazer de seu corpo — enquanto sentia as mãos do mais alto em sua cintura, fazendo força para que o desejo daqueles amantes fosse saciado.

Assim que se desfizeram — Chanyeol dentro do mais velho e este último, no chão — levantaram-se e seguiram para o quarto do dono da casa. Tomaram um banho rápido, ainda trocando carícias leves, e se deitaram um no braço do outro.

— Baek, eu falava sério quando disse que queria você para mim, apenas.

O coreano de cabelos loiros ergueu a cabeça — a qual estava encostada no peito quente do namorado — e encarou o mesmo. Um sorriso bobo foi visto em seus lábios, os quais foram depositados nos semelhantes de Chanyeol.

— Chan, eu também falei sério. Eu sou teu e você meu. Por mais que isso seja proibido, por mais que nosso amor não possa existir, eu me apaixonei por quem não devia. Porém, esse alguém foi a melhor pessoa que eu já conheci. Você, Chanyeol. Eu decidi te amar e não voltarei atrás com essa decisão até que a morte nos separe.

— Você é minha terra, meu mundo. Só tenho a ti e nada me fará te soltar de meus braços fortes. Eu te amo, meu pequeno Sol.

— Obrigado por me pertencer. Eu também te amo, meu amor.

E assim adormeceram um nos braços seguros do outro, prometendo para si mesmos nunca saírem dali. Promessa que nunca seria cumprida.

~.~

O Sol daquela manhã batia contra a janela do quarto e adentrava-a. O clima pós-chuva fazia a preguiça dos dois amantes estender-se pelo resto da manhã. A copa das árvores balançavam, calmas como o vento.

Em alguma hora, Baekhyun abriu levemente os olhos — devido à claridade daquele Sol tardio — observando o local onde estava. Algumas cenas da noite passada vieram-lhe na memória seguido de sorrisos discretos, mas estampando a grande felicidade que lhe cobria o olhar.

Levantou o olhar feliz e encontrou o dono de cada gota da alegria que sentia. Seu grande amor, seu mundo, seu chão e seu ar. Seu Yeollie. Dormindo, ele parecia um anjo sem asas, tão belo era com seu rosto e feições maduras. Seu anjo do pecado era mais bonito que todos os anjos da Luz, mas também, era mais pecador que todos os das Trevas.

— Amor, pare de me encarar. Sinto-me constrangido assim. — a voz rouca do maior se fez presente, com uma leve sugestão de sono na mesma. Não acordara agora, mas também não havia tanto tempo que ainda estava caído nos braços de Morfeu.

— Yeol, não olhar para você é tortura. Acordar do teu lado promete meu bom humor durante a semana, mas observar-te e amar-te é minha felicidade. — impulsionou-se levemente para depositar um breve selo nos lábios do outro, que lhe segurou a cintura e prendeu-o em sua cela protetora — melhor dizendo, seus braços fortes —.

— Então, far-lhe-ei ser feliz por toda a eternidade, pois amo-te igualmente. Fique em meus braços, seja meu amuleto da sorte. Seja meu Sol diante desse mundo escuro e frio, assim ilumine e aqueça-me.

— Eu prometi-te isso, não é? Eu sempre serei seu. — depois de um tempo em silêncio, uma pergunta surgiu na mente de Baekhyun. Surgiu-lhe como uma lembrança de um sonho. — Channie.

— Diga, meu amor.

— Você... Conheceu seu pai?

— Sim, mas... Ele... Ele é um canalha. Baek, ele abusou de mim e eu tenho medo de que ele lhe faça algo pelo simples fato de eu te amar. Ele é esperto e perspicaz, sendo assim, consegue tudo que quer e, por esse simples fato, tenho medo do que ele possa fazer se souber de nossa relação. Porém, não se preocupe. Estarei lhe protegendo até que a chuva não caia mais sobre este mundo.

~.~

Corria. Os ventos que há pouco lhe eram amigáveis, agora arranhavam-lhe o rosto com sua grande velocidade. Não pensava e muito menos possuía um pingo de razão para cobrir-lhe os pensamentos mais sombrios que habitavam sua mente desesperada. As lágrimas de tensão e sofrimento começavam a descer-lhe a face lentamente. Sua mão direita ardia com o peso que o bilhete segurado por ela fazia.

“Espero que este bilhete lhe faça desespero e angústia, assim como sua mãe fez-me sentir. Não acho que ela tenha lhe contado tudo, mas, se este for o caso, você pagará pelos erros dela, Park Chanyeol, mesmo não sabendo de seus pecados. Estou com seu Sol em mãos e, caso o queira novamente, retorne ao local em que houve o início.

De Park Daesung. Seu pai.”

Aquele que tanto menosprezava voltara para infernizar sua vida. Aquele que tanto odiava retornara das cinzas para trazer-lhe desgraça e dor. Novamente. Temia o perigo que Baekhyun corria, assim como temia o que a mente doentia de seu pai assassino bolara para lhe atormentar. Nunca quis que o mais velho se envolvesse tanto em sua vida, mas já não sabia — e nem queria — viver sem ele. A presença de Byun lhe era necessária.

Já não raciocinava direito ao chegar a casa. Ali, onde tantas memórias felizes lhes foram concedidas, onde cresceu, viveu, conheceu o amor e — consequentemente — a solidão. A raiva ao reencontrar seu pai foi lhe consumindo ao ponto de cegar seus pensamentos. Observando seu redor, encontrara àquele que viera buscar.

Baekhyun estava jogado e encolhido num canto coberto pelas sombras. Em sua boca, estava um lenço encardido para que não gritasse ou fosse ouvido. Ele gemia devido à força com que seus pulsos foram amordaçados, além de várias cordas ao redor de seu pálido corpo nú.

— Baek... — correu até o menor e o fez sentar, abraçando-o em seguida. Enormes hematomas denunciavam que o espancamento fora feito há pouco. Sangue cobria grande parte do corpo encolhido em seus braços. Se tivesse chego antes poderia ter evitado maior sofrimento do mais velho. Ele estava envolvido demais em sua vida. — Meu Deus... O que aquele monstro te fez?

— Olá, meu querido filho. — uma voz atrás de si o assustou. Ao longe, ouviu a porta do casebre velho bater, levando a casa a tremer levemente soltando uma forte fumaça de poeira.

— Olá, querido pai. — em ambas as falas, a ironia e ódio eram claros. Não tentavam esconder a falta de carinho entre aqueles seres de mesmo sangue. Pai e filho repudiavam-se fortemente.

— Vejo que seguiu corretamente os comandos lhe entregues no bilhete. Que bom. Percebe-se que há um pouco de bom senso em seus pensamentos, cujo qual sua mãe não possuía. — as orbes pretas e sedentas por lagos de sangue lhe encaravam fixamente. Quem saberia dizer quantas pessoas já morreram pelas mãos de seu pai? Não, ele não era seu pai.

Silêncio. Não precisavam de palavras para batalhar e — simples e habilidosamente — com seus orbes decidiam quem atacaria. Um leve sinal de fraqueza poderia custar algo caro. Caro demais para qualquer um dos dois pudesse pagar.

— Pelo visto, sua mãe não contou-lhe a verdade... — um sussurro. Apenas isso foi necessário para desarmar Chanyeol. O que aquele maluco lhe dizia? — Sua querida mãe não morreu. Ela está viva e mais próxima do que imagina. Nunca se perguntou o porquê de... — uma pausa. O silêncio ainda reinava no velho local. Baekhyun ainda estava deitado no colo de seu namorado, apenas ouvia a conversa com lágrimas nos olhos. Não tinha forças para negar o que seria dito ao maior, mas achava que não precisaria de tanto, pois sabia que o mesmo não acreditaria ou, caso o fizesse, descobriria que o mais novo não o amava realmente. — ... Sua futura sogra possuir o mesmo nome de sua mãe?

— Mas... Como é? DESGRAÇADO. NÃO MINTA E NÃO DIGA COISAS SEM NEXO ALGUM. — Baekhyun observava as expressões feitas por Chanyeol, mesmo com sua visão cada vez mais turva. Seus olhos pesavam, porém lutava bravamente para que não se fechassem. Gemeu de dor num tom baixo, entretanto, percebeu o olhar dos outros voltados para si. Sentiu uma das mãos do mais novo lhe tocarem a face leve e carinhosamente.

— Baek, fique acordado! — ambos se encaravam, mas Baekhyun já não tinha muitas forças.

— Eu vou ficar.

— Não vai. — devido à preocupação com o outro, Chanyeol havia esquecido-se de que outra pessoa ocupava o local. Assim que levantaram a cabeça, perceberam uma arma apontada para onde se encontravam. — Daqui vocês não escapam com vida.

Novamente o silêncio veio, porém, com um pouco de suspense. Suspense pelo desejo de saber quem sairia vencedor. Baekhyun — ainda extremamente dolorido — tentava a todo custo retirar a si e ao maior do alvo, enquanto que o mais novo de costas para a arma, abraçava o outro, procurando passar-lhe um conforto que nem mesmo ele possuía. Procurando dar-lhe um último beijo.

Um barulho.

Um único tiro.

Uma última lágrima.

E vários gritos de saudade.

~.~

Seoul, Coreia do Sul, 1995.

O pequeno que lia lentamente aquela história possuía algumas lágrimas nos grandes olhos. Quem diria que finais felizes não existiam?

Devagar, continuava a andar pela casa. Após terminar de ler, observou que adentrara uma pequena sala onde havia um piano preto, intocado. Por que as coisas pareciam nunca ter mudado, mesmo com as fortes ações que o tempo trazia?

Aproximando-se do grande objeto, passou a mão pequena e gordinha por onde alcançava. Nada de pó. Nenhum vestígio de sujeira.

Aproximando-se de uma enorme janela da sala, sentiu algo por perto. Olhando por onde pisava, passo a passo, lenta e curiosamente, estremeceu ao ver algo caído. Um corpo morto.

Havia um jovem deitado no chão, seus cabelos castanhos estavam arrumados e caíam em direção ao local em que ‘dormia’. Sereno, com uma expressão relaxada. Era belo. O pequeno poderia acreditar que aquela pessoa — acordada — seria muito bom caráter. As roupas que usava denunciavam que o corpo não era daquela época, mas, sim, de muito tempo atrás. Entretanto, um detalhe minúsculo que muitos não enxergariam, a criança de grandes olhos o fez. Tinta preta.

Diferente de quase tudo situado ali, a tinta mudara no decorrer do tempo — secara nas pálidas mãos do jovem morto —, indicando que ele era a pessoa que contava a triste história de vida. Um sentimento levou o observador a fugir da velha casa abandonada.

Medo.

A criança correu casa a fora, voltando para seu confortável lar. Ele apenas desejava ter os braços de sua mãe — acolhedores e calorosos — ao seu redor, dizendo o que todas diziam: “Vai ficar tudo bem”. Porém, nunca nada fica bem.

No desespero, o garoto não terminara de trilhar o olhar pela cena. Não percebera que — amarrado ao dedo mindinho da mão do morto — havia uma comprida linha vermelha sem nó. E, em seu final, uma arma antiga e empoeirada jazia no outro canto da minúscula sala.

A arma que dera início a tudo.

A arma da história escrita nas paredes.

A arma que matara a grande Lua do pequeno Sol.


Notas Finais


NÃO VENHAM ME DIZER QUE MEU CORAÇÃO É FRIO OU ALGO DO TIPO. EU CHOREI MUITO ENQUANTO DESENVOLVIA ESSE PLOT. É sério, eu chorei.

Para quem não entendeu a mensagem no final: A pessoa que escrevera a história foi Baekhyun. Ele era o jovem morto perto da janela com a tinta preto nos dedos. Chanyeol morreu para protegê-lo, logo depois seu pai fugiu. Baek sobreviveu e escreveu sua tortura nas paredes da casa que era parte deles. A linha vermelha, para quem não sabe, é a linha do destino, que aparece muito em fanarts de couples e de animes, indicando que a vida de duas coisas estava entrelaçada. Quanto mais nós nela, mais difícil foi o relacionamento dessas coisas. No caso, Baekhyun possuía a arma do crime amarrada no final de sua linha, indicando que a vida do mesmo estaria para sempre entrelaçada ao objeto que matara sua Lua.

Foi difícil entender? Peço perdão se ficou complicado ;;

Mare, Feliz Natal. Te amo muito <3


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