História Project DIVA - Put the bottle down, for the love of a daughter

Como nos filmes que eu vejo na TV, acreditava que iriamos ao cemitério ver a minha mãe, o que não foi o caso.

Dallas tirou sua carteira de motorista na semana anterior, ou seja, chegar até onde minha mãe estava foi um tanto... “turbulento”.

Depois de vinte minutos de viagem, Dallas deixou o carro num estacionamento subterrâneo e, juntas, pegamos um elevador. Já é esquisito ficarmos sozinhas e caladas num elevador, imagina só com uma velha fumante fazendo cosplay do Koffing do Pokémon. Uma maravilha ao contrário.

O elevador parou no quinto andar. Lá eu pude notar onde estávamos, graças à uma plaquinha...

DALLAS REGIONAL MUNICIPAL CENTER

—Olha, mana. Pelo visto, você é bem famosa. Seu nome está em tudo quanto é lugar!

—Boba... Nossa mãe me deu esse nome porque ela ama esse lugar.

—Ela ama hospitais?

—Demi! Dallas, Texas, é aqui onde a gente mora! Mamãe gosta tanto daqui que deu esse nome para a sua primeira filha. Você age como se não soubesse. Gosta de se fazer de inocente, hein...

—Me desculpa... — miei quase chorando.

Não demorou muito e ela bancou a compreensiva.

—Eu que te peço desculpas, Demi. Eu só estou um pouco estressada, está bem?

—Tá...

—Eu te amo — ela então meu deu um abraço.

Eu e Dallas fomos até a recepcionista, mas só elas duas conversaram. Eu, certamente, nem prestei atenção na conversa.

—Venha! — Dallas me chamou.

Juntas caminhamos por um corredor vazio, branco e cheio de portas. Estava começando a ficar com medo. O clima estava meio de filme de terror. Estava nervosa para ver a minha mãe, mas sentia que Dallas estava muito mais. Paramos no quarto 501.

O ranger da porta era perturbador. Minha mãe estava imóvel na cama daquele quarto, porém ainda estava acordada. A cor púrpura de seu olho clareou e sua pele estava quase linda, outra vez. Mamãe usando um cobertor grosso. Não é para menos: o ar-condicionado estava gelando.

—Demi... — ela me olhou — preto? Por acaso vai ao velório?

—Pensei que pap... — Dallas esbarrou em mim. De propósito, eu acho. Acho que ela não queria que eu falasse alguma besteira.

—Estamos bem, mãe. E a senhora também vai ficar — Dallas disse.

—Assim eu espero.

Dallas se aproximou dela junto comigo, e juntas beijamos cada lado da face da minha mãe.

Algumas semanas depois, mamãe levou alta e tudo voltou ao normal, ou quase.

Nessas semanas sem a minha mãe, Dallas me levou ao psicólogo constantemente. Acho que ela queria que eu encarasse a realidade melhor. O psicólogo, além de insistir em dizer que o meu sonho era verdade, ele vivia tentando me explicar algumas coisas.

Minha vida iria mudar para sempre. Nunca mais aconteceria os nossos passeios em família, porque ela não vai mais estar completamente unida. Nunca mais poderia ver a minha mãe quando eu bem entendesse, pois ela teria que trabalhar para nos sustentar. E o pior, nunca mais vou ficar esperando o meu pai voltar, porque, certamente, ele nunca mais vai voltar.

De todas as fases ruins em minha vida, tudo aquilo que aconteceu quando eu só tinha quatro anos foi a pior. Foi difícil encarar o fato que meu pai é um criminoso que trocou a sua família pela bebida e pelas drogas.

Se eu soubesse que ele bebia e se drogava antes, eu juro que conseguiria convencer ele a largar a bebida, por amor a sua filha.