História Inimigos ou Amantes? - Nós dois.

[...]

Gaara pov's on

Merda, desde quando eu sou tão frágil? Fiquei como um idiota apaixonado implorando para ser amado, na frente dela. Não acredito, o que aconteceu com o meu orgulho?!

Está em pedaços agora.

         Maravilha, eu passei por cima do meu orgulho para levar um belo de um fora. 

Talvez não devessemos ficar juntos mesmo. Talvez o destino não queira a nossa união.

Senti uma pontada de dor no meu coração com esse pensamento. Juntamente, suas palavras voltaram na minha cabeça.

"- VOCÊ NÃO PRESTA! PERVERTIDO! NUNCA MAIS TOQUE EM MIM!"

         Ah, sim. Eu prometi nunca mais tocá-la. Foi o certo, não quero tocá-la sem seu consentimento, eu me sentiria mal. Mas...porque estou sentindo um peso nas minhas costas...?

"- EU SOU CASADA GAARA!"

         Ela diz isso como se eu não soubesse que ela tinha amantes. Eu via ela saindo as escondidas com vários homens. Sai provavelmente sabia, mas não se importava. Afinal, ele também a traía com suas secretárias, ou até modelos famosas. Um dia eu quase o peguei transando com a própria empregada dentro do escritório, na mansão. A Ino só dava o troco.

Mas dói saber que ela já pertenceu a outros homens. Saber que por trás daquele sorriso, havia uma mulher infeliz. Só era eu que percebia aquilo...?

         Sorri fracamente, fechando os olhos. 

Pelo o menos uma coisa temos em comum:

A infelicidade.

         Cheguei perto da fogueira e percebi que não tinha mais água. Tenho pegar água no rio que tem na floresta. O caminho é longo, mas certamente eu não podia pegar a do mar. 

Peguei algumas folhas de bananeiras e um cipó, as enrolei e as prendi com cuidado para elas não rasgarem, fazendo elas ficarem similares a uma concha. Adentrei dentro da floresta.

No percurso eu tentei não pensar na minha coversa com a Ino, mas alguns pensamentos vinham. Eu os reprimia, pensando em outra coisa. Eu avistei uma clareira e me aproximei, algo me chamou atenção.

- Isso é...!

Gaara Pov's off

Ino pov's on

          Andava em passos largos e apressados. Precisava falar com ele mais que tudo. Botar para fora tudo o que eu sinto e me jogar nos braços dele. Que se foda o Sai, eu nem sei se vou sobreviver mesmo. Eu quero é tentar ser feliz.

Cheguei onde estava a fogueira, ele fica lá a maior parte do tempo. Ela estava apagada e ele não estava lá. Franzi o cenho, olhando em volta. Ele não parecia estar na água. 

Vi no chão rastros de suas pegadas. Aquilo levava a floresta. Mas o que diabos aquele babaca foi fazer na floresta? Ah, já sei. A água deve ter acabado e ele foi buscar mais água no rio que tem aqui perto. Sim, deve ser isso.

Engoli o seco. Se há algo que eu odeio mais que altura, perfumes falsificados e o Sai, são insetos. Céus, que lugar tem mais insetos que florestas?! Já posso imaginar aqueles besouros estranhos, aqueles mosquitos que ficam picando toda a hora e aquelas teias de aranhas nojentas. Dane-se, eu nunca gostei de verde mesmo.

Fechei os olhos e suspirei, tomando coragem. Se uma aranha descer nas minhas costas como nos filmes, eu acho que tenho um treco. Mas eu tenho que fazer isso. Tenho que falar com ele o mais rápido o possível.

Abri os olhos decidida. Me aproximei da mata com cautela, verificando se não havia nenhum inseto perto de mim. 

Covarde. Seus sentimentos por ele não tão fracos assim?

Minha mente me repreendeu com essa pergunta. Tremi. Abaixei a cabeça e pensei. Ah, que se dane, um inseto não irá me matar. Meu Gaara está me esperando.

Andei com pressa, não me importando com os insetos ao meu redor ou os que estavam no chão. Decidi ignorá-los para diminuir o medo e nojo, olhando apenas em linha reta.

Tentei ouvir algua coisa, algum som, ou até ver algum rastro para saber em que direção Gaara tinha ido. Mas dentro da floresta é muito escuro e denso, os barulhos que os  pássaros faziam também não ajudavam. Até que eu avistei uma clareira, me aproximei. Avistei algo enorme.

-Um...avião...?! - Falei comigo mesma estática. O avião devia ter feito um pouso forçado, estava praticamente todo ferrado. Parecia estar a bastante tempo lá. Será que tem sobreviventes? Percebi um movimento dentro do mesmo. Tremi.

Não estamos a sós na ilha...?!

         Um flash de todos os filmes de terror que assisti desse gênero vieram na minha cabeça. Pessoas perdidas na ilha, acontecimentos estranhos e um serial killer saindo matando geral. Ótimo Ino, você é um exemplo vivo que uma pessoa pode ser 100% azarada. 

Parei e arregalei os olhos. Lembrei de algo.

GAARA...!

          Peguei um pedaço de tronco no chão, um pouco pesado para me defender. Não sabia o que me aguardava. Me aproximei do avião cautelosamente, mas com pressa. A porta do avião estava aberta. Apertei o pedaço de madeira em posição de ataque. Entrei.

Era um avião comum, tinha poltronas bem sofisticadas, mas tinha marcas de sangue em alguns lugares. Havia muitas malas espalhadas com roupas em vários lugares, abertas ou fechadas. Não vi corpo algum, se alguém morreu já foi comido ou levado por algum animal.

Me aproximei da cabine do piloto. Vi alguma coisa sentada na poltrona do mesmo. Me aproxiemei, era um esqueleto. Eu gritei de susto, deixando algumas lágrimas escaparem. Ele estava completamente decomposto, sem carne alguma, apenas sujo. Tinha baratas saindo da boca e olhos da caveiras, e ratos ao redor. Tinha um hamburguer em cima de uma mesinha, estava repleta de nojentas larvas. Ele estava com um terno de piloto. Deve estar ali por décadas.

Me afastei, andando apresadamente para trás, e senti que alguém tocou no meu ombro me puxando para trás. Me apavorei. Gritei e bati na pessoa com o tronco com força de olhos fechados me defendendo. A pessoa soltou um grito de dor e se afastou.

- AAAAAAAAH, SOCORRO! ME AJUDEM, SOCORRO!! - Gritava enquanto batia com força na pessoa. A mesma me parou, tirando o pedaço de madeira da minha mão.

- A ÚNICA PESSOA QUE PRECISA DE AJUDA AQUI SOU EU, SUA MALUCA! QUER ME MATAR?!

Essa voz...!

         - GAARA! - Eu não aguentei, me joguei nos seus braços desabando em choro. Percebi que seu coração disparou, ele parecia surpreso. Eu o abracei, vi que ele iria retribuir, mas desistiu. Me decepcionei um pouco, mas não o soltei. Ele me afastou dele e me olhou nos olhos.

- O que aconteceu? - Seu olhar parecia frio, porém preocupado. Senti meus olhos arderem, não sabia se chorava por causa do susto ou por causa da nossa conversa anterior. Mas decidi me esconder na primeira desculpa. Abaixei a cabeça tremendo, apontando para a cabine do piloto.

Ele iria ver o que era, mas eu o segurei pela a camisa engolindo o seco. Estava parecendo uma criança, mas não queria ficar sozinha. Ele entendeu, pegou minha cabeça e a aproximou em seu peito, me cobrindo e não me deixando ver. Me embriaguei com o cheiro de hortelã dele, me sentindo protegida. Abracei sua cintura, aproveitando mais o momento. Ele começou a andar, ainda com a mão nos meus cabelos. Ele viu o esqueleto e se surpreendeu.

-Jesus...Isso é realmente muito nojento. - Comentou com nojo. Eu assenti sem olhar. Ele continuou. - Venha, vamos sair daqui. Mais tarde eu volto para ver se tem mantimentos, como roupas ou com sorte, um rádio. - Ele deu meia volta me levando com ele em direção a saída.

-Não devíamos limpar esse avião e dormir aqui mesmo? Pelo o menos não iremos ficar debaixo da chuva. É um bom lugar para dormir, é um pouco mais perto do rio também. - Gaara ficou pensativo.

-É uma boa idéia, mas de vez em quando temos que ir para a maré verificar se não há algum barco próximo.

Concordei com a cabeça. Percebi que ainda estavamos bem próximos, Gaara também. Ele me soltou rapidamente, se afastando de ficando de costas para mim. Eu lembrei do meu motivo por ter vindo. Antes que eu pudesse falar algo, ele disse:

-Sinto muito por te tocar. Isso não acontecerá novamente. - Disse seco. Neguei com a cabeça me aproximando.

- NÃO GAARA! ME ESCUTA! - Eu segurei seu rosto com minhas mãos, o fazendo olhar para mim. Ele me olhou supreso.

-In...- Eu o interrompi.

- Eu me arrependo muito de ter dito tudo aquilo, doeu muito em mim quanto doeu para você! Eu não quero ser odiada por você, eu quero que você me toque! Eu quero que você me faça sentir coisa que eu nunca senti! Eu quero que você diga que me ama novamente, eu quero que você me abrace, quero que você me beije...Eu...droga, eu...!  

Tentava procurar palavras para o momento, mas não consegui pensar em mais alguma. Sempre fui péssima em palavras. Meu rosto queimava. Mas que merda, eu devia ter ensaiado para isso. Eu vi que seus olhos brilhavam discretamente para mim, mas ele tentava parecer indiferente. Ele se afastou de mim, e olhou para outra direção, cobrindo seus olhos verdes com sua franja.

- Entenda que eu nunca volto atrás com a minha palavra, Ino.

- Volte atrás por mim! C-Como eu estou voltando para você agora! - gaguejei - Se você dizer que me ama de novo, e-eu...digo para você também! - Eu não acredito que eu estou dizendo isso para esse cara. É muita ironia do destino para cima de mim.

         - Eu não quero que você tenha pena de mim Ino. Você está carente não está? O que quer de mim, luxúria?

- MAS É CLARO QUE NÃO! - Me enfureci. - SE EU ESTOU DISSE QUE EU TE AMO E QUE QUERO PASSAR O RESTO DA MINHA MISERÁVEL VIDA AO SEU LADO, É PORQUE EU QUERO, SEU IDIOTA! SE EU DISSE QUE OS MELHORES MOMENTOS DA MINHA VIDA FOI COM VOCÊ FOI PORQUE É VERDADE, SEU BOBOCA! E SE EU DISSE QUE LARGO O SAI, LARGO A MINHA FAMÍLIA, LARGO TUDO PARA VIVER COM VOCÊ É PORQUE EU VOU, BABACA! - Senti um peso sair das minhas costas. Ele me olhou surpreso.

- O que...? - Caiu minha ficha do que eu disse. Me surpreendi com a minha audácia. Merda, eu e minha boca grande!

- Ah... - Senti meu rosto em chamas. Agora eu sei o que a Hinata sentia quando estava a fim do Naruto.  Ahh, que vergonha.

- O que você disse Ino...? - Ele se aproximou olhando em meus olhos, parecia querer ouvir de novo, ou não estava acreditando.

- F-FOI O QUE VOCÊ OUVIU FOGUINHO! - Neguei repetir tudo aquilo. Ele deu um largo sorriso, com os olhos brilhando. Eu corei com aquilo, o sorriso dele era lindo. Gaara me abraçou, me erguendo no ar. Ele murmurou meu nome algumas vezes. Meus olhos se encheram de lágrimas, eu retribui o abraço com força. Ele me colocou no chão, e começou a brincar com meus lábios com as pontas dos dedos e disse:

- Diga que me ama novamente. - Não sabia se aquilo era uma pergunta ou uma afirmação. Corei.

- P-Por quê? Você não já ouviu uma vez? Porquê vou dizer de novo?

- Porquê eu gosto de ouvir. Uma vez não é o suficiente. - Corei mais ainda.

- O que eu ganho com isso? - Fiz manha. Ele percebeu minha intenções e sorriu.

- Eu digo que te amo também. - Pareceu justo. Sorri.

- Eu te amo e pretendo te amar para sempre, Sabaku no Gaara. - Ele sorriu satisfeito. Ele me roubou um beijo.

Foi um beijo parecido com o anterior, mas melhor. Tinha paixão, pureza e delicadeza. E surpreendente, sem malícia. Nós entrelaçamos nossas mãos uma na outra. Parecia que eu tinha ido para o céu. Quando paramos de nos beijar, eu ainda fiquei de olhos fechados, ainda sentindo seu gosto em minha boca. Senti sua respiração próxima ao meu ouvido. Ele sussurrou.

- Eu te amo e sempre serei seu, Sabaku no Ino.