História Half a Heart - O Acidente

Minha visão estava turva, não havia sinal de movimento, nem de pessoas por perto, não havia sinal da Malu, eu não estava sentindo nada, ouvindo nada e também não via nada. De longe ouvia minha mãe ela chamava meu nome bem baixinho.

Abri lentamente os meus olhos, tudo embaçava a minha visão “doutor, doutor” ouvia a voz da minha mãe, quando tudo clareou eu pude realmente ver,estava no hospital, em um quarto para ser especifica.

Eu tentava de tudo para ter voz e chamar minha mãe, mais nada, voltei a fechar meus olhos e tentar acordar desse pesadelo, o que tinha acontecido realmente?

~ Nove horas depois ~

Eu despertei novamente minha cabeça ainda estava pesada e rodando, onde eu estava? Perguntei abrindo os olhos e vendo o clarão... No hospital disse a mim mesma lembrando um pouco mais atordoada. Me mexi na cama, enxerguei direito um borrão parado em frente a mim. Pisquei algumas vezes e vi que era só miragem,eu estava sozinha.

Fiz um esforço para me levantar e me sentar, ao lado da minha cama tinha um copo de água, ao longo do quarto tinha flores, balões desejando melhoras, cartões,tinha muita coisa, mesmo sorri ao pensar que a Malu deveria estar do mesmo jeito no quarto dela, sem entender nada como eu.

 A porta abriu devagarzinho, era a mãe da Malu, graças a deus um rosto conhecido, ela se sentou na ponta da minha cama e ficou me observando, pude perceber que seus olhos estavam cheios de lagrimas, mas por quê? Será que ela estava feliz por eu e Malu estarmos bem... por que ela esta aqui e não com a Malu? Na verdade eu queria saber o que tinha acontecido  naquela noite, só me lembro de fechar os olhos e depois acordar aqui.

– Tia, o que houve? – ela continuou silenciosa – cadê a Malu?

– Você não se lembra de nada não é sua irresponsável

 Me assustei com o vocabulário dela comigo, a mãe da Malu sempre foi tão gentil, amorosa, carinhosa com todos e ela gostava muito de mim nunca tinha falado comigo daquela forma antes porém o que eu não tinha entendido foi a parte do irresponsável, o que eu tinha feito?

 – o que eu fiz? Por que esta me chamando desse jeito? – ela se aproximou ficando cara a cara comigo

– VOCÊ MATOU A MINHA FILHA!! – ela gritou que me fez fechar os olhos, e ficou sussurrando “você matou a minha filha, matou a minha filha” e depois se afastou de mim ainda me encarando- Gabrielle, você a matou... matou minha vida... matou ela garota...

 Imediatamente ela começou a chorar caindo no chão da minha cama, eu estava em estado de choque sem conseguir nem abri a boca, foi quando a minha mãe apareceu na porta e viu aquela cena, eu não  sabia o que estava acontecendo

- Regina? Eh...Acho melhor eu conversar com a minha filha – A mãe da Malu soluçava indo em direção à porta

- você não criou uma filha e sim um monstro...

Dona Regina falou dando as costas para minha mãe, que rapidamente fechou a porta e veio para perto de mim. Mamãe pegou na minha mão e olhou dentro dos meus olhos... Merda conhecia aquele olhar...

- Mãe, por favor, o que esta acontecendo? Que historia é essa que eu matei a Malu? – disse não querendo acreditar.

– meu amor, eh... a dois dias você e a Malu sofreram um acidente... - ela engoliu seco... eu já sabia a resposta comecei imediatamente a chorar. - e ela não resistiu aos ferimentos

A ficha não tinha caído minha mãe disse que a minha melhor amiga morreu, a ultima vez que eu vi ela estávamos na festa bebendo e sorrindo, éramos inseparáveis.

 Foi ai que eu lembrei, eu tinha caído no sono quando um barulho tomou conta e eu despertei vendo uma luz e um caminhão em nossa direção, eu fui pega no susto quando agarrei o guidon a Malu gritou e nosso carro saiu capotando e caio no penhasco. A Malu estava gritando e de repente parou quando a olhei parada, imóvel, não falava mais nada, sua cabeça estava sagrando, tentei chamar seu nome, mas eu apaguei.

 Meu deus eu tinha matado a minha melhor amiga, não poderia ser... eu não acreditava...não poderia ser verdade, eu comecei a chorar desesperadamente.

- ela morreu... por... por minha culpa mãe...

- Não filha, não foi culpa sua...

-FOI CULPA MINHA SIM EU ESTAVA BABADA, E EU PEDI PRA LEVAR O CARRO! EU MATEI A MINHA MELHOR AMIGA! –gritei.

- Calma Gabi... – mamãe disse vindo pro meu lado

- mãe, por favor, me diz que vocês estão tentando me passar uma lição – disse em meio a soluços – diz que a Malu esta no quarto dela como sempre, escrevendo no seu diário que ela não sabia esconder, mãe por favor... – disse chorando mais e mais – por favor...

Não sabia se soluça ou se falava, meu coração batia muito rápido tentei me levantar mais minha mãe me segurou na cama e me abraçou, por mais que eu tivesse sido irresponsável, tinha duas pessoas que mais me amavam na vida e que eu sabia que podia contar com elas... e agora uma delas está morta por minha culpa, por minha causa.

- Gabi, meu amor ela bateu a cabeça muito forte e teve um derrame, não tinha nada que poderiam fazer, não foi sua culpa

- Para mãe! a culpa foi minha, toda minha, ate a Dona Regina acha isso – abaixei a minha cabeça ,que já estava começando a doer.

         As imagens de Malu no dia da festa vieram na minha cabeça, ela era a minha amiga desde dois anos de idade, ela foi uma das melhores coisas desde que meus pais se separaram, ela foi a minha melhor e verdadeira amiga, me ajudava em tudo e eu a perdi,não era uma enorme e plena brincadeira dela, Malu não me deixaria, por mais que ela mas que ela amasse pegadinhas, ela não faria isso.

 - Mãe me deixa falar com a dona Regina, por favor.

- Gah você...

- Por favor, mãe... – ela assentiu e saiu do quarto, enquanto isso eu fechei os meu olhos tentando aceitar o que tinha acontecido, quando uma voz me surpreendeu.

– Você me chamou? – despertei da minha imaginação devagar e olhei Regina me encarando

– me desculpa, por favor, me desculpa – eu levantei da minha cama devagar e me ajoelhei aos seus pés -, olha eu sei que a senhora quer que eu desapareça pro provocar a morte da sua filha, mas... Eu sei que a culpa foi minha, estávamos cansadas e nós só queríamos chegar em casa... desculpa – chorei ajoelhada.

Ela se ajoelhou na minha frente e me abraçou, então choramos juntas a perda da melhor pessoa do mundo, a dor dela com certeza estava maior do que a minha, eu tinha certeza, mas ao chorarmos a perda dela nos confortamos uma com a outra. A mãe da Malu perdeu uma filha e eu... bem eu perdi uma irmã.